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3 - Necessidades e Recomendações Nutricionais para Populações Especiais

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DESCRIÇÃO
Determinação das variações fisiológicas e exigências nutricionais, inerentes ao esporte, de acordo com aspectos de aclimatação ambiental,
faixa etária e sexo.
PROPÓSITO
Debater as alterações fisiológicas induzidas pelo esporte em função da faixa etária, sexo e altimetria e suas respectivas demandas
esportivas, dietéticas e nutricionais para elaboração de planos alimentares e de treinamento contribuindo para formação de profissionais de
Nutrição com enfoque em Nutrição Esportiva.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Apontar as modificações e barreiras fisiológicas induzidas pela altitude e suas devidas demandas dietéticas
MÓDULO 2
Identificar requerimentos nutricionais em atletas infanto-juvenis
MÓDULO 3
Definir parâmetros de análise e tratamento dietético na tríade da mulher atleta
MÓDULO 4
Descrever as necessidades nutricionais em idosos engajados em esportes de elite
INTRODUÇÃO
Quando se pensa em preparação esportiva, é natural associá-la ao desenvolvimento de estratégias dietéticas e esportivas para adultos
sadios e em condições de competições naturais em pistas de atletismo, piscinas de natação, academias e outros ambientes do cotidiano
geral, por exemplo. Mas a prática de exercícios físicos é realizada por indivíduos de diversas faixas etárias, com diferentes propósitos e, por
vezes, em locais com barreiras fisiológicas consideráveis.
Em grandes altitudes, a disponibilidade de oxigênio na atmosfera é reduzida, afetando diretamente o funcionamento de vários sistemas no
organismo que dependem de fluxo constante da distribuição de oxigênio para produção energética aeróbica. Contudo, por meio de
estratégias de adaptação, é possível que processos como a eritropoiese e a síntese de proteínas mitocondriais consigam ser
potencializados para melhoria de função e desempenho aeróbico de médio ou longo prazos.
É fundamental, portanto, debater critérios de identificação de risco clínico e nutricional diante de desafios impostos pelo envelhecimento, pelo
desenvolvimento humano, pelos distúrbios de regulação hormonal ou pelos impedimentos geográficos/atmosféricos, no intuito de atender
acuradamente o maior grupo possível de indivíduos envolvidos com esporte de uma maneira geral.
MÓDULO 1
 Apontar as modificações e barreiras fisiológicas induzidas pela altitude e suas devidas demandas dietéticas
TREINAMENTO DE ALTITUDE
O treinamento de altitude tem sido utilizado como estratégia preparatória por diversos atletas, especialmente aqueles envolvidos em
exercícios de endurance, com o objetivo de aprimorar características fisiológicas, sobretudo o aumento da produção endógena de
eritropoetina (EPO) em resposta à privação de oxigênio local.
ENDURANCE
Exercícios de endurance = é a capacidade do atleta de manter determinada força ou contração muscular por longos períodos.
A EPO é um hormônio secretado pelos rins e pelo fígado, em menor concentração, em resposta ao aumento da demanda tecidual ao
oxigênio (O2). Esse hormônio regula a síntese de células vermelhas na medula óssea, cujo processo é conhecido como hematopoiese.
Dentre as principais funções atribuídas às hemácias, destaca-se sua capacidade de transporte de O2 via hemoglobina para contribuição
aeróbica.
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Imagem: Shutterstock.com
Podem ser considerados ambientes de altas altitudes aqueles que atingem elevação de mais de 2 mil metros acima do nível do mar, nos
quais diversas alterações fisiológicas que resultam em manifestações clínicas e bioquímicas positivas ou negativas, dependendo do tempo de
exposição e adaptação ao local, podem ocorrer.
As peculiaridades de tais ambientes interferem diretamente na capacidade esportiva quando comparada a atividades realizadas mais
próximas ao nível do mar. Essas alterações geram grande dificuldade para a performance esportiva ou até mesmo para as condições
naturais de vida, além de associarem-se à dificuldade de estabilidade nutricional. Dentre elas, listamos:
Estado de hipóxia
Alta radiação solar
Baixa temperatura
Umidade relativa do ar reduzida
Ventos intensos
Irregularidade/instabilidade do terreno
A hipóxia hipobárica, que consiste num cenário de baixa pressão atmosférica do meio, gerando reduzida densidade de O2 no ar
(denominado rarefeito), é a característica mais relevante dessas interferências no desempenho, uma vez que afeta diversos sistemas do
organismo.
É preciso tempo de treinamento local para que haja adaptações de rendimento físico. Até que elas ocorram, são observadas modificações
nas atividades (LEMOS et al, 2010):
Cardiorrespiratória
Cardiovascular
Musculoesquelética
Endócrinas
Hematológicas
Imune e nervosa
O quadro a seguir resume as definições de altimetria de acordo com a literatura científica.
Altimetria Altura do nível do mar
Nível do mar 0 a 500 m
Baixa altitude 500 a 2000 m
Altitude moderada 2000m a 3000 m
Altas altitudes 3000m a 5500 m
Altitudes extremas > 5500 m
Quadro: Definição por magnitude da altitude.
Adaptado de Bartsch & Saltin, 2008, por Daniel Ronaldo Chreem.
ACLIMATAÇÃO
A aclimatação é definida como o desenvolvimento de mecanismos de adaptação fisiológica revertida pelas condições ambientais em que o
indivíduo se encontra. É importante enfatizar que aclimatação e aclimatização não são sinônimas.
Aclimatação
Remete à adaptação a condições gerais do ambiente de treinamento.

Aclimatização
Considera apenas o clima local.
Nesse sentido, aclimatar-se se refere a um cenário de melhor aceitação e funcionalidade fisiológica diante da temperatura, pressão
atmosférica, altitude, umidade relativa e demais fatores específicos do ambiente em questão.
Resultados específicos da aclimatação na fisiologia do exercício
Redução da frequência cardíaca submáxima.
Melhor controle hipotalâmico da temperatura central do corpo.
Aumento do volume plasmático.
Sudorese ajustada (isto é, sem extremos).
Diminuição da excreção eletrolítica (em especial sódio).
Menor fluxo sanguíneo cutâneo.
Aumento da síntese de proteínas de choque térmico (fundamentais para resposta ao estresse fisiológico).
A aclimatação, portanto, preserva condições fisiológicas relacionadas ao treinamento, permitindo que o indivíduo tenha melhor desempenho
atlético por promover excesso de atividade:
Termorregulatória
Respiratória
Metabólica
Cardíaca
Musculoesquelética
O gráfico a seguir apresenta as diferenças de frequência cardíaca (FC) entre indivíduos aclimatados e não aclimatados, considerando que
ambos os grupos estejam realizando exercícios físicos de intensidade submáxima (cerca de 50% do VO2 Máx). É possível observar que os
indivíduos aclimatados apresentam FC menor, demonstrando menos esforço e gasto energético para realizar o mesmo tipo de atividade que
os não aclimatados realizam com mais dificuldade, tendo em vista maior FC nesse grupo.
 Gráfico: Frequência cardíaca durante exercício físico submáximo em indivíduos aclimatados e não aclimatados.
Adaptado de Powers, 2014, p. 277, por Daniel Ronaldo Chreem.
O tempo necessário para a aclimatação é incerto. De um modo geral, cerca de 7 a 14 sessões de treinamento podem aproximar as
condições naturais de exercício do ambiente de execução. Porém, em relação à altitude, alguns estudos apontam para adaptações mais
peculiares:
Em altitudes moderadas Observa-se adaptação de 7 a 10 dias.
Em altitudes elevadas De 21 a 25 dias.
Em altitudes extremas Não há sinais crônicos de processo adaptativo.
Em atletas de elite, o processo de aclimatação na altitude moderada pode resultar em:
Reajustes positivos no controle hematológico.
Capacidade de tamponamento do equilíbrio ácido-básico muscular.
Melhor preservação energética no exercício.
Por esses motivos, é compreensível que vários atletas busquem gerar camping de treinamento nesses locais, no intuito de aprimorar a
fisiologia e competir ao nível do mar.
MODIFICAÇÕES NO METABOLISMO ENERGÉTICO E STATUS
NUTRICIONAL
Competições em grandes altitudes também são capazes de interferir na massa corporal total deatletas. Em alguns esportes, é notável
redução de peso tanto durante a competição como nos dias de aclimatação.
Diversos fatores conjugam tais condições, em especial:
Foto: Shutterstock.com
O aumento do gasto energético basal.
Modificações em compartimentos corporais.
Dificuldades absortivas do trato gastrointestinal.
A anorexia induzida pela altitude.
É comum acréscimo da taxa metabólica basal em virtude da demanda do controle de termorregulação hipotalâmica para suportar ambiente
significativamente mais frio que o habitual, ou mesmo demanda energética aeróbica por conta da dificuldade adaptativa. No caso do controle
da temperatura interna, para indivíduos não aclimatados ao frio, há estímulo do aumento da atividade termogênica com ou sem tremor por
condução central do hipotálamo.
Por meio de regulação hormonal em cascata (hipotálamo-hipófise-adrenal) há secreção de adrenalina pela percepção dos receptores
nervosos ao frio do ambiente. A adrenalina possui receptores localizados na membrana do tecido adiposo marrom, que desencadeiam
liberação da proteína lipase hormônio sensível (LHS), que, por sua vez, tem papel fundamental na lipólise de triglicerídeos em ácidos graxos
e glicerol.
Enquanto o glicerol é liberado da célula adiposa marrom em direção ao fígado para servir de substrato gliconeolítico, os ácidos graxos são
enviados mediante transportadores carnitina-palmitoil-transferase (CPT) para sofrerem β-oxidação mitocondrial. Contudo, no espaço
mitocondrial interno do adipócito marrom, diferentemente do que ocorre em uma série de outros tecidos, os ácidos graxos podem ser
utilizados também como precursores termogênicos devido à capacidade de ativação de proteínas de desacoplamento (UCP) ou
termogeninas, especialmente a UCP-1.
A UCP-1 é capaz de receber o fluxo de prótons de hidrogênio advindo das nicotinamidas e flavinas adenina nucletotídeos (NADH e FADH2,
respectivamente) produzidas tanto na
β-oxidação como nas reações mitocondriais intermediárias do ciclo de Krebs.

Enquanto a cadeia de transporte de elétrons utiliza o abastecimento de hidrogênio para síntese de ATP, as UCP-1 convertem estes prótons
em calor, ou seja, há um aumento substancial na demanda energética não somente para suporte de síntese de ATP, mas também para
direcionamento termorregulatório (FENZL & KIEFER, 2014).
O conteúdo de tecido adiposo marrom pode variar de acordo com a idade, local de nascimento, conteúdo adiposo e vários outros fatores
condicionantes. Esse mecanismo é essencial para, por exemplo, recém-nascidos suportarem hipotermia pós-parto. A imagem a seguir
esquematiza e ilustra o processo de termogênese no tecido adiposo marrom.
Imagem: Adaptado de Fenzl & Kiefer, 2014, p. 27, por Daniel Ronaldo Chreem
 Fisiologia da termogênese no tecido adiposo marrom.
Observe que, além do frio, outros fatores endógenos (PGC1α, PRDM16, BMPs, METRNL, Irisina, FGF21 etc.) são capazes de estimular a
atividade de UCP-1.
Antropometricamente, o decréscimo de tecido muscular esquelético pode ser reflexo do resultado do incremento do déficit energético
associado à hipóxia ambiental. A redução da disponibilidade de oxigênio impacta, até que a aclimatação seja estabelecida, a atividade
energética oxidativa resultando em alterações no turnover proteico, isto é, na regulação entre a síntese e a degradação proteica, que, nesse
caso, é intensificada.
 ATENÇÃO
Esse aumento de proteólise muscular em função da hipóxia hipobárica gera, gradativamente, redução na
concentração total de massa livre de gordura. Por exemplo, em ensaio científico foi observado que a área
transversa de fibras musculares foi reduzida em aproximadamente 20% do seu conteúdo original
(MAGALHÃES, et al 2002).
Tendo a dimensão que o conteúdo hídrico consiste num dos mais prevalentes componentes da massa magra total, vale ressaltar a dinâmica
da desidratação corporal na altitude. Até o período ajustado de aclimatação, observa-se redução de cerca 1 a 2L de água do peso total.
Curiosamente, ao contrário do que se espera, a desidratação em ambientes de grande altitude pode ser bastante severa. Uma das razões
para este processo reside na inalação de ar seco acompanhada de hiperventilação respiratória. A frequência respiratória elevada em
associação à redução da densidade do ar, diminuição da temperatura do ambiente e declínio da pressão parcial da água no ar é capaz de
potencializar perda hídrica diária em quase 50%.
Foto: Shutterstock.com
 VOCÊ SABIA
Não é apenas o conteúdo de tecido magro que é afetado em altas altitudes. A massa gorda é amplamente
degradada em virtude da demanda energética, termogênese e, eventualmente, gliconeogênese. Estima-se
que em altitudes de até 5 mil metros 70% da perda de peso de indivíduos esteja associada à lipólise de
tecido adiposo.
A digestibilidade e a biodisponibilidade de alguns nutrientes, em especial do ferro, também são afetadas no cenário de hipóxia. Dentre os
carboidratos, a absorção de monossacarídeos parece sofrer algum tipo de influência, principalmente em altitudes extremas. A d-xilose
presente em alimentos de origem vegetal, leite, mel e frutas pode ser mal absorvida pelo intestino de indivíduos expostos a altitudes
superiores a 5 mil metros. Acima desse nível, dificuldades de absorção de outros carboidratos e de lipídios, em geral, são comumente
observadas.
ALTERAÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS
As mudanças mais marcantes, como aparecimento de sinais e sintomas desagradáveis referentes à altitude, são identificadas mais
frequentemente em atletas que se expõem a altitudes elevadas ou extremas. A exposição aguda à hipóxia, que pode variar de poucos
minutos a horas, é capaz de acometer a função neuropsicológica regular, sendo observados efeitos de déficit de rendimento, tais como:
Dores de cabeça
Vertigens
Fraqueza generalizada
Redução de tempo de reação
Dificuldade na tomada de decisões
Diminuição da memória de curto prazo
Dificuldade de manutenção de estado de alerta
Distúrbios cognitivos
No que tange à exposição crônica, que considera um período de dias a semanas de manutenção da hipóxia, a privação contínua de O2 por
tanto tempo é capaz de gerar remodelamento fisiológico em funções centrais.
Nesse cenário, são listados efeitos como:
Imagem: Shutterstock.com
Distúrbios da realidade
Enxaquecas
Alucinações visuais e auditivas
Isolamento social
Alguns desses efeitos podem se estabelecer por meses, mesmo após a retomada ao convívio/treinamento ao nível do mar.
DESEMPENHO ESPORTIVO ― LIVE HIGH X TRAIN LOW
A exposição controlada à altitude, isto é, sem condições extremas, consegue gerar modificações fisiológicas, ao longo da aclimatação, que
potencializam o consumo de oxigênio máximo e concentrações séricas de hemoglobina, além de reduzirem o pico de remoção de lactato e a
frequência cardíaca submáxima. Por exemplo, uma exposição diária de aproximadamente dez horas já é capaz de desenvolver, em longo
prazo, mecanismos contrarregulatórios benéficos.
 ATENÇÃO
Os estudos científicos costumam observar mudanças razoáveis em altitudes predominantemente moderadas,
embora em altitudes elevadas (após aclimatação) alterações benéficas sejam quantificáveis.
Dentre os protocolos de adaptação à altitude destacam-se as estratégias denominadas de Live High x Train Low (em tradução livre, “viva em
altas altitudes e compita em baixas altitudes”), que usualmente se distribuem em (LANCASTER & SMART, 2012):
Hipóxia natural de 18 a 24 horas/dia em altitudes de até 2 mil e 500 metros.
Hipóxia artificial contínua longa, de 8 a 17 horas/dia, variando altitude de 2 mil e 500 metros a 5 mil e 500 metros.
Hipóxia artificial contínua curta de, 1,5 a 5 horas/dia, variando altitude de 2 mil e 500 metros a 5 mil e 500 metros.
Hipóxia artificial intermitente breve, de 1,5 horas/dia, variando altitude de 2 mil e 500 metros a 5 mil e 500 metros.
Gradativamente, nota-se a redução de biomarcadores de fadiga muscular, como a concentração sérica de lactato. Até que a aclimataçãoocorra, a excreção muscular do lactato é significativa, gerando fadiga muscular periférica precoce pelo aumento de acidez local. Contudo,
após a adaptação, a taxa de lactatemia reduz em comparação a indivíduos que treinam ao nível do mar, gerando clara vantagem anaeróbica.
Evidentemente, os maiores benefícios esportivos ocorrem sobre as variações biofísicas cardiovasculares e aeróbicas, gerando maior
consumo de volume de oxigênio máximo e, consequentemente, melhor desempenho atlético.
ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS
Ingestão dietética em ambientes de altitude elevada
Diversas publicações científicas e ensaios clínicos apontam para inúmeras modificações em hábitos alimentares diante de ambientes de
grande altitude. A redução da ingestão alimentar consiste na principal observação de impacto dietético em condições de ar rarefeito. Os
fatores que costumam levar à redução do apetite e consumo alimentar estão associados ao conjunto de sensações da doença da altitude
(também denominada de doença aguda da montanha) e à diminuição do apetite como mecanismo de prevenção de fome visando à
preservação e à subsistência humana.
As alterações gastrointestinais decorrentes da hipóxia geram modificações nos padrões alimentares de alpinistas e montanhistas, por
exemplo. A combinação de anorexia, interferências peristálticas e armazenamento gástrico costumam gerar padrões alimentares de refeições
menos volumosas e mais espaçadas por meio das quais os atletas raramente atingem condição de empanzinamento, incluindo períodos de
repouso. Também é natural observar maior ingestão glicídica nesses atletas, talvez pela melhor digestibilidade quando comparada ao
consumo lipídico.
Foto: Shutterstock.com
Em suma, nutricionalmente o estado negativo do balanço energético é, na maioria das vezes, atingido não necessariamente pelo aumento do
gasto energético, mas sim pela má ingestão energética. A dificuldade de se atingir consumo energético compatível à demanda individual
ainda se intensifica quando há problemas absortivos, destacadamente em relação ao consumo de lipídios de uma maneira geral.
Diretrizes nutricionais em ambientes de altitude elevada
Hidratação
Macronutrientes
Energia
Micronutrientes
Hidratação
A conjunção de perda de massa hídrica, demanda hídrica do treino e desafios ambientais requer maior reposição de fluidos em altitudes
relevantes. Adicionalmente, a diminuição da sensação de sede e aumento de estímulo à diurese pode agravar a dificuldade de regulação de
fluidos corporais.
Dentre as principais recomendações para hidratação destacam-se (MEYER et al, 2011):
Levar em consideração que a perda de água na altitude pode ser o dobro quando comparada ao nível do mar; em média, somente em
relação ao processo respiratório alterado pode se notar perda de 1L/dia.
Realizar constantes pesagens antes e após o treino, para medir perda hídrica pelo suor.
Se possível, quantificar conteúdo urinário excretado.
Ingerir cerca de 4 a 5 litros de água por dia. Note que essa quantidade pode ser aumentada de acordo com os pontos supracitados.
Macronutrientes
O consumo ajustado de macronutrientes deve corresponder à necessidade de retenção de massa livre de gordura e à manutenção/ao
incremento adaptativo das atividades fisiológicas. Na referência da preservação de tecido muscular é natural a busca pelo aumento
significativo do consumo proteico. Contudo, alguns cuidados devem ser considerados na ingestão de fontes alimentares ou até mesmo de
suplementos proteicos (STELLINGWERFF et al, 2019):
O consumo exacerbado pode estimular o processo de termogênese, dificultando a termorregulação do ambiente.
A ingestão proteica tende a gerar saciedade e a prejudicar o consumo energético.
 RECOMENDAÇÃO
A recomendação de ingestão de carboidratos pode variar de acordo com o tipo de esporte, altimetria,
adaptação ao treinamento e outros fatores. Entretanto, de maneira geral, o preparo e a reposição de
glicogênio muscular devem ser regularmente conduzidos pela dieta dos atletas envolvidos em esportes de
altitude.
O quadro a seguir apresenta detalhadamente as principais diretrizes de ingestão de macronutrientes em ambientes de altitude.
Macronutriente Recomendação Justificativa
Proteínas 1,6g por Kg de massa corporal/dia
Fornecer pool de aminoácidos plasmáticos
no intuito de sustentar balanço energético
negativo local
Carboidratos
Pré-treino/competição: 1,2 a 1,5g por Kg de massa corporal
cerca de 1h antes do treino
Pós-treino/competição: a partir de 1,2g em até 30 minutos após
o exercício
Intratreino/competição: doses de 30 até 90g de carboidrato por
hora de atividade
Ingestão diária: normo a hiperglicídica, coincidindo com
concentrações a partir de 6g (podendo chegar a 10g) de
carboidratos/Kg de massa corporal/dia ou compreendendo
concentração superior a 55% da demanda energética total
Aumentar reservas e restabelecimento de
glicogênio muscular e ofertar conteúdo
energético não proteico para atingir
necessidade calórica diária
Lipídios
Ingestão de 1 a 1,9g de lipídios/Kg de Massa Corporal/dia ou
ajuste de 25 a 40% da demanda energética total
Atender demanda energética diária, tanto
no intuito de preservar proteólise muscular
como no de manter homeostasia plena
Quadro: Recomendações de macronutrientes em esportes de altitude elevada.
Adaptado de Meyer et al, 2011, por Daniel Ronaldo Chreem.
Energia
As necessidades energéticas de atletas em altitude elevada costumam variar de 4 mil até mesmo a 9 mil Kcal ao dia, como observado em
ultramaratonistas de provas nórdicas. De modo geral, a indicação de consumo de energia gira em torno de 55 Kcal por Kg de massa corporal
ao dia.
Para atender demanda energética individual, é necessário levar em consideração:
• Taxa Metabólica Basal (TMB), obtida por calorímetros ou por equações preditivas como:
• Cunningham, 1991: Massa Magra x 21,6 + 370, ou
• Harris-Benedict, 1919:
Homens = 66 + (13,7 x peso em Kg) + (5 x estatura em cm) – (6,8 x idade em anos)
Mulheres = 655 + (9,6 x Peso em Kg) + (1,8 x Estatura em cm) – (4,7 x idade em anos)
• Gasto Energético da Atividade Física (GEAF), obtido por conversão do consumo de oxigênio em Equivalentes Metabólicos (MET)
multiplicados pelo tempo do exercício, em horas, e o peso do indivíduo em Kg. O MET também pode ser alcançado por consultas a
tabelas na literatura científica.
• Termogênese induzida pela dieta, geralmente resultante de 10 a 15% da soma da TMB com GEAF.
Micronutrientes
O aumento substancial do estímulo à hematopoiese demanda alterações nas concentrações de hemoglobina nos eritrócitos. Em atletas com
distúrbios no metabolismo do ferro, seja por deficiência/insuficiência na ingestão, seja por outras possibilidades, o rendimento, a adaptação e
a estada em grandes altitudes são significativamente agravados. Recomenda-se monitoramento da ferritina sérica de 4 a 10 semanas antes
da exposição à hipóxia. As referências para ferritina variam de acordo com o sexo: homens devem apresentar medidas superiores a 40 μg/L,
e mulheres acima de 30 μg/L.
A imagem resume as orientações de triagem nutricional em relação ao metabolismo do ferro para indivíduos que pretendem aclimatar-se ou
competir em grandes altitudes.
Imagem: Adaptado de Stellingwerff et al, 2019, por Daniel Ronaldo Chree
 Triagem de biomarcadores relacionados à hematopoiese em função do preparo e competição na altitude.
Para finalidade de interpretação do eritograma, como parte do hemograma completo, leve em consideração que:
A quantidade total de hemácias sinaliza risco de anemia hemolítica caso as medidas sejam baixas.
A concentração de hemoglobina remete ao conteúdo da proteína para transportar oxigênio, e em baixos valores pode sinalizar anemia
ferropriva.
O Volume Globular/Corpuscular Médio (VGM ou VCM) identifica o tamanho das hemácias. No caso de medidas inferiores a 80 fL,
independentemente do sexo, há apontamento para anemia microcítica, condicionada à deficiência de ferro ou de vitaminas do
complexoB, como vitamina B6. No caso de medidas superiores a 96 fL há risco de anemia macrocítica por deficiência de folato, por
exemplo.
A Hemoglobina Corpuscular/Globular Média (HCM ou VGM) e Concentração de Hemoglobina Corpuscular/Globular Média (CHCM ou
CHGM) identificam nível de pigmentação das hemácias. Medidas inferiores a 27 de HGM e 32 de CHGM demonstram anemia
hipocrômica, resultante de deficiência de ferro e de seus elementos associados, como vitaminas do complexo B, em especial a B12.
A ingestão de ferro em altitude está mais associada ao estímulo adaptativo da normatização da massa de hemoglobina do que
necessariamente com o efeito anti-hemolítico ou mesmo abastecedor deste micronutriente. Para assegurar que a adaptação ou rendimento
esportivo em altitude seja efetivo, considere as seguintes questões relacionados à biodisponibilidade de ferro:
FATORES QUE AUMENTAM A BIODISPONIBILIDADE
Consumo de ferro associado a fontes alimentares ricas em vitamina C, em especial frutas cítricas.
Ciclo menstrual feminino causa perdas mensais de ferro. Contudo, nota-se que mulheres que têm regulação hormonal normalizada
apresentam boa disponibilidade de ferro.
Protocolos de ingestão de doses diárias de ferro (a partir de 100mg) favorecem a biodispobilidade para competição.
FATORES QUE REDUZEM A BIODISPONIBILIDADE
Cálcio, cafeína, vitamina E e outros fatores antinutricionais (principalmente encontrado em ervas utilizadas na preparação de chás)
podem dificultar a absorção de ferro.
Exercícios muito intensos causam liberação significativa de hepcidina, proteína que interfere negativamente na biodisponibilidade do
ferro. Nessas condições, recomenda-se periodização na suplementação de ferro de 2 horas antes e 4 a 6 horas após o treino.
Treinamentos em pistas de gelo, que envolvem ataque constante ao solo rígido/congelado pelos pés (como alpinismo) podem aumentar
o grau de hemólise por microlesões/sangramento local, favorecendo a diminuição da disponibilidade de ferro.
Devido à privação de oxigênio em grandes altitudes ocorre uma elevação significativa de radicais livres no organismo, principalmente os de
Espécies Reativas de Oxigênio/Nitrogênio (ERON). Nesses casos, recomenda-se que se considere o aumento da ingestão de antioxidantes
para aclimatação ou competição em altitude.
De maneira ampla, a dieta desses atletas deve ser composta de fontes alimentares, não necessariamente suplementares, de vitamina C,
vitamina E, betacaroteno, selênio, zinco, magnésio e compostos fenólicos encontrados no cacau, uva roxa, erva mate, cúrcuma e camellia
sinensis (utilizada para preparo do chá verde, chá preto, chá vermelho e chá branco).
AS DEMANDAS DIETÉTICAS NECESSÁRIAS PARA ATLETAS EM
TREINAMENTO DE ALTITUDE
O mestre Daniel Ronaldo Chreem fala sobre as demandas dietéticas necessárias para atletas que treinam em altitude.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. INDIVÍDUOS QUE BUSCAM COMPETIR EM ALTITUDES RELEVANTES DEVEM, PRIORITARIAMENTE, SE
PREPARAR PARA ENFRENTAR CONDIÇÕES DESAFIADORAS DE DESEMPENHO. DO PONTO DE VISTA
NUTRICIONAL, A ATENÇÃO AO MELHOR CONSTRUTO DE RESERVAS NUTRICIONAIS OCORRE POR MEIO
DO ATENDIMENTO À DEMANDA ENERGÉTICA, HÍDRICA, DE MACRO E DE MICRONUTRIENTES. PARA
INDIVÍDUO DE 53 KG, SEXO FEMININO, 1,58 CM DE ALTURA E 37 ANOS É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) Sua demanda hídrica deverá ser em torno de 2,5 litros de água ao dia para auxiliar na reposição de fluidos inerente ao déficit da altitude.
B) Recomenda-se consumo de 65g de proteína ao dia.
C) O consumo energético total deve considerar algo em torno de 2500 Kcal ao dia.
D) A atleta deve consumir cerca de 315g de carboidratos ao dia, distribuindo aproximadamente 65g antes e 65g imediatamente após o
exercício.
E) O consumo lipídico deve ser predominante, no intuito de oferecer o máximo de calorias não proteicas. A ingestão deve ser a partir de 130g
de lipídios ao dia.
2. A ALTITUDE, DE MODERADA A EXCESSIVA, INTERFERE DIRETAMENTE NO CONTEÚDO DO
COMPARTIMENTO CORPORAL DE ATLETAS DE ELITE QUE SE ENGAJAM NESTAS CONDIÇÕES. DENTRE AS
PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES NA SUA COMPOSIÇÃO CORPORAL É INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) Há redução significativa de massa muscular esquelética, em virtude da demanda energética local.
B) A massa gorda total e todos os componentes da massa livre de gordura são degradados, tanto para provisão energética como para
subsistência ambiental.
C) A desidratação na altitude está associada exclusivamente aos fenômenos termorregulatórios. Ou seja, uma vez controlada a temperatura
interna do atleta, a perda hídrica é reduzida.
D) A ingestão exacerbada de proteínas pode, inclusive, facilitar o processo de balanço nitrogenado e energético negativos.
E) A lipólise corporal ocorre demasiadamente não somente para atender os requerimentos energéticos diários, mas também para colaborar
no processo de termorregulação dissociada ao tremor.
GABARITO
1. Indivíduos que buscam competir em altitudes relevantes devem, prioritariamente, se preparar para enfrentar condições
desafiadoras de desempenho. Do ponto de vista nutricional, a atenção ao melhor construto de reservas nutricionais ocorre por
meio do atendimento à demanda energética, hídrica, de macro e de micronutrientes. Para indivíduo de 53 Kg, sexo feminino, 1,58
cm de altura e 37 anos é correto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
O consumo hídrico na altitude costuma exigir ingestão a partir de 4 litros de água ao dia. A ingestão de proteínas, embora difícil, deve atingir
valores hiperproteicos em torno de 1,6g/Kg de peso ao dia. No caso da atleta em questão, algo em torno de 85g/dia. Para facilidade na
formulação da necessidade energética diária, considera-se demanda a partir de 55 Kcal/Kg de peso ao dia. Assim, no caso da atleta sua
demanda seria de valores a partir de medida aproximada de 2900 Kcal.
Em relação à ingestão glicídica, indica-se medidas a partir de 6g de carboidratos por Kg/dia, ou seja, no caso em questão, um valor
aproximado de 315g/dia. Ainda, deve-se recomendar consumo pré-treino (até 1h antes) de 1,2 a 1,5g de carboidratos/Kg peso/dia, e pós-
treino (até 30 min, no máximo) a partir de 1,2g/Kg de peso/dia, aproximando ambos os valores de 65g.
A ingestão lipídica, embora importante em altitude, deve atingir consumo máximo de até 1,9g/Kg peso/dia, ou (no caso da atleta) 100g/dia.
2. A altitude, de moderada a excessiva, interfere diretamente no conteúdo do compartimento corporal de atletas de elite que se
engajam nestas condições. Dentre as principais modificações na sua composição corporal é INCORRETO afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
A diminuição de água corporal também está relacionada ao ar rarefeito local e a influências sobre o estímulo da inapetência, aumento da
diurese e ausência de sede.
MÓDULO 2
 Identificar requerimentos nutricionais em atletas infanto-juvenis
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DEMANDAS FISIOLÓGICAS EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Crianças, caracteristicamente, são indivíduos com requerimentos fundamentais para cognição e crescimento. O período da infância constitui-
se numa fase da vida de grande vulnerabilidade do ponto de vista nutricional justamente em função de sua significativa rapidez de
desenvolvimento geral.
 ATENÇÃO
Se considerarmos que a desnutrição hospitalar é frequentemente subdiagnosticada na realidade brasileira e
mundial, a visão da fragilidade nutricional infantil é intensificada. O comprometimento do crescimento geral e
o aumento das taxas de mortalidade infantil são as principais consequências do processo de desnutrição em
pediatria (CAO, 2014).
A adolescência, especificamente, compreende o período de maturação sexual e de intensas mudanças de distintas etiologias, tais como
evoluções fisiológicas, estruturais, psicossociais, emocionais e culturais. O crescimento vertical puberal ágil é resultado da intensa produção
e secreção hormonal corporal, que afeta todos os órgãos do corpo. Sendo assim, nota-se demanda energética significativa, o que pode gerar
potencialperigoso para escassez ou déficit de energia em alguns casos. A finalização da adolescência ocorre quando o indivíduo completa
sua formação de personalidade individual, integração social peculiar e independência de escolhas, inclusive econômicas (HEALD, 1985).
Em função da sobreposição entre requerimentos fisiológicos e percepções pessoais e psicológicas, a avaliação nutricional puberal demanda
cuidado amplo do nutricionista.
Foto: Shutterstock.com
Nesta fase, os hábitos alimentares mudam intensamente e a desestruturação dietética é comum. Nota-se que há tendências de se realizar
corriqueiramente lanches pobres e rápidos e pular refeições. Outras vezes, são identificados altos níveis de restrição alimentar que
costumam relacionar-se com as preocupações de autoimagem corporal, desencadendo alterações de hábitos de dieta.
Embora não haja indicação absoluta e consenso na literatura, a utilização de referências clínicas manifestadas (ou relatadas) pode servir
como indicativos do estágio de maturação sexual de adolescentes. Os próximos dois quadros classificam as características dos estágios de
maturação sexual para meninos e meninas, respectivamente. Já o terceiro quadro classifica por fases da puberdade os estágios de
maturação sexual.
Sexo
masculino
Pelos pubianos (P) Genitália (G)
Estágio 1 Nenhum Características infantis sem alteração
Estágio 2 Pelos finos e claros. Pequeno aumento (ou ausente) do pênis; aumento inicial do volume
testicular.
Estágio 3 Púbis coberto. Crescimento peniano em comprimento.
Estágio 4
Tipo adulto: sem extensão para
coxas.
Crescimento peniano, em comprimento e diâmetro.
Estágio 5
Tipo adulto: com extensão para
coxas.
Desenvolvimento completo.
Quadro: Características clínicas entre meninos e estágio de maturação sexual de Tanner.
Adaptado de Mussoi, 2014, p. 267 e 269, por Daniel Ronaldo Chreem.
Sexo
masculino
Pelos pubianos (P) Genitália (G)
Estágio 1 Nenhum Características infantis sem alteração
Estágio 2 Pequena quantidade: longos, finos e lisos. Brotos mamários: início de aumento (formação) da mama.
Estágio 3
Aumento de quantidade e espessura, mais
escuros e encaracolados.
Maior aumento de mama e aréola, sem definição de
contornos entre o mamilo e aréola.
Estágio 4
Tipo adulto: mais densamente na região púbica,
sem alcançar as coxas.
Maior aumento de mama e aréola, com definição de
contornos entre o mamilo e a aréola.
Estágio 5 Tipo adulto, invadindo parte medial da coxa. Mamas com aspecto adulto.
Quadro: Características clínicas entre meninas e estágio de maturação sexual de Tanner.
Adaptado de Mussoi, 2014, p. 269, por Daniel Ronaldo Chreem.
Masculino Feminino
Pré-púbere 1 a 2 1
Púbere 3 2 a 3
Pós-púbere 4 a 5 4 a 5
Quadro: Classificação dos estágios de maturação sexual de Tanner.
Adaptado de Mussoi, 2014, p. 269, por Daniel Ronaldo Chreem.
Independentemente da demanda esportiva, alguns micronutrientes devem receber atenção especial entre crianças e adolescentes. O
próximo quadro elenca referências bioquímicas de vitaminas e minerais na infância e puberdade.
Biomarcador Referências Considerações/Interpretação
Zinco > 70 µg/dL Diminuído na deficiência de zinco e hipoalbuminemia.
Retinol >1,05 µmol/L Diminuído na deficiência de zinco e distúrbios hepáticos.
Vitamina E
Crianças: 7-35 µmol/L
Adolescentes: 14-42
µmol/L
Relação direta com perfil lipídio bioquímico e dietético.
Vitamina D (25-
OH)
Verão: 15-80 µg/dL
Inverno: 14-42 µg/dL
Reduzida em deficiências na concentração e metabolismo da vitamina D e no uso
de medicamentos anticonvulsivantes.
Vitamina C 22,7-85,2 µmol/L -
Vitamina B12 147-616 pmol/L
Reduzida na deficiência de folato, B12 e medicamentos, como fenitoína, inibidores
de bomba de prótons, neomicina.
Vitamina B6 14,6-72,8 nmol/L Reduzida na deficiência de B6 e medicamentos, como isoniazida.
Folato
Neonatos: 11-147
nmol/L
Lactentes: 34-125
nmol/L
2-16 anos: 11-48
nmol/L
>16 anos: 7-45
nmol/L
Metotrexato, fenitoína e sulfassalazina antagonizam a utilização do folato.
Cálcio 8,0-10,5 mg/dL
Não reflete de forma direta os estoques corporais e está reduzida na
hipoalbuminemia.
Quadro: Principais micronutrientes no monitoramento do estado nutricional bioquímico de crianças e adolescentes.
Adaptado de SBP, 2009, p. 54 e 55, por Daniel Ronaldo Chreem.
Os dois próximos quadros apresentam referências bioquímicas para diagnóstico de distúrbios do metabolismo do ferro ou indicadores de
anemia para crianças e adolescentes, respectivamente.
Idade Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%)
Menores de 2 anos < 11,0 < 32,9
2 a 5 anos < 11,1 < 33,0
5 a 8 anos < 11,5 < 34,5
Maiores de 8 anos < 11,9 < 35,4
Quadro: Concentrações de hemoglobina e hematócrito para risco de anemia em crianças.
Adaptado de SBP, 2009, p. 56, por Daniel Ronaldo Chreem.
Sexo/Idade Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%)
Sexo masculino
Menores de 15 anos < 12,5 < 37,3
15 – 18 anos < 13,3 < 39,7
Maiores de 18 anos < 13,5 < 39,9
Sexo feminino
Menores de 15 anos < 11,8 < 35,7
15 – 18 anos < 12,0 < 35,9
Maiores de 18 anos < 12,0 < 35,7
Quadro: Concentrações de hemoglobina e hematócrito para risco de anemia em adolescentes.
Adaptado de SBP, 2009, p. 56, por Daniel Ronaldo Chreem.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL INFANTO-JUVENIL ASSOCIADA AO
ESPORTE
Para obtenção dos valores de percentual de gordura em adolescentes, especificamente para homens, é necessária classificação de estágio
de maturação sexual e étnica (SLAUGHTER et al, 1988):
Foto: Shutterstock.com
Cálculo de percentual de gordura para homens (brancos):
PRÉ-PÚBERES: 1,21 X (DCT + DCSE) – 0,008 X (DCT + DCSE)2 – 1,7
PÚBERES: 1,21 X (DCT + DCSE) – 0,008 X (DCT + DCSE)2 – 3,4
PÓS-PÚBERES: 1,21 X (DCT + DCSE) – 0,008 X (DCT + DCSE)E)2 – 5,5
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Cálculo de percentual de gordura para homens (afrodescendentes)::
PRÉ-PÚBERES: 1,21 X (DCT + DCSE) – 0,008 X (DCT + DCSE)2 – 3,2
PÚBERES: 1,21 X (DCT + DCSE) – 0,008 (DCT + DCSE)2 – 5,2
PÓS-PÚBERES: 1,21 X (DCT + DCSE) – 0,008 X (DCT + DCSE)2 – 6,8
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Mulheres (independentemente da etnia e maturação sexual):
1,33 X (DCT + DCSE) – 0,013 X (DCT + DCSE)2 – 2,5
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Caso o somatório de DCT e DCSE ultrapasse 35mm, aplica-se então as seguintes fórmulas:
HOMENS: 0,783 X (DCT + DCSE.) + 1,6
MULHERES: 0,546 X (DCT + DCSE.) + 9,7
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Como referência, a tabela a seguir apresenta classificação nutricional do percentual de gordura para adolescentes de acordo com o gênero.
Classificação Sexo masculino (%) Sexo feminino (%)
Excessivamente baixo 0-6 0-12
Baixo >6-10 >12-15
Adequado >10-20 >15-25
Moderadamente elevado >20-25 >25-30
Elevado >25-31 >30-36
Excessivamente elevado >31 >36
Tabela: Pontos de corte de percentual de gordura para adolescentes.
Adaptado de Mussoi, 2014, p. 164 e 165, por Daniel Ronaldo Chreem.
O quadro a seguir apresenta variadas equações preditivas de percentual de gordura em crianças e adolescentes. Os resultados obtidos por
meio dos cálculos antropométricos podem ser comparados com as medidas de referência descritas na tabela anterior.
Fonte Sexo Equação
Boileau, 1985
(crianças a partir de 8
anos de idade)
Masculino
% Gordura = 1,35 x (DCT + DCSE) – 0,012 x (DCT (Dobra cutânea triciptal) +
DCSE (Dobra cutânea subescapular) )2 – 4,4
Feminino % Gordura = 1,35 x (DCT + DCSE) – 0,012 x (DCT + DCSE)2 – 2,4
Thorland et al, 1984 (11
a 19 anos) + equação
de Siri, 1961
Feminino Equação de Siri (1961): % Gordura = [(4,95/DC (Dobra cutânea) ) – 4,50] × 100
Densidade corporal = 1,1046 – 0,00059 (DCT + DSE (Dobra cutânea subescapular) +
DAM (Dobra cutânea axilar média) + DSI (Dobra cutânea suprailíaca) +
DCAB (Dobra cutânea abdominal) + DCX + DCPm (Dobra cutânea da panturrilhamédia) ) + 0,0000006 (DCT + DCSE + DCAM + DCSI +DCAB + DCX (Dobra cutânea
axilar média) + DCPm)2
Dc = 1,0987 – 0,00122 (DT + DCSE + DCSI (Dobra cutânea suprailíaca) ) +
0,00000263 (DCT + DCSE + DCSI)2
Slaughter et al, 1988
(crianças e
adolescentes)
Masculino % de Gordura = 0,735 x (DCT + DCPm) + 1,0
Feminino % de Gordura = 0,61 x (DCT + DCPm) + 5,1
Quadro: Equações preditivas de percentual de gordura em crianças e adolescentes.
Adaptado de Rossi, 2015, pág. 787, por Daniel Ronaldo Chreem.
Foto: Shutterstock.com
NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES ENGAJADOS EM ESPORTES EM GERAL
Nutricionalmente algumas considerações são relevantes no que diz respeito a atletas infanto-juvenis quando comparados com adultos:
Requerimentos de crescimento vertical e puberal demandam considerada ingestão proteica.
O desenvolvimento mineral ósseo demanda aumento da ingestão de cálcio.
Alto custo metabólico/energético em relação à massa corporal.
Maior taxa de oxidação lipídica durante o exercício.
A desidratação é mais deletéria nesse público.
Taxa e conteúdo de suor/eletrólitos distinta.
O quadro a seguir resume as demandas nutricionais de energia e de macro e micronutrientes entre crianças e adolescentes.
Demanda
nutricional
Recomendação Objetivo
Proteínas 1,2 a 1,7g/Kg de peso/dia Manter oferta de aminoácidos para síntese proteica
Carboidratos
Consumo diário: 3 a 5g/Kg de peso
Durante exercícios prolongados (acima de 1h):
consumo de 1 a 1,5g/Kg de peso/hora de treino
Síntese e reposição de glicogênio muscular, auxílio na
manutenção da glicose sanguínea e fluxo de substrato
energético
Lipídios
Compor de 25 a 35% do Valor Energético Total
do dia
Ajuste da Demanda Energética Total
Ferro
Recomendações dentro da demanda diária
regular, variando de 10 a 18mg/dia
Recuperação de perdas menstruais (adolescentes do
sexo feminino) e estruturação de hemácias
Cálcio
Recomendações dentro da demanda diária
regular, variando de 800 a 1300mg/dia
Regulação do metabolismo ósseo
Quadro: Necessidades nutricionais infanto-juvenis associadas ao esporte.
Adaptado de Meyer, 2007, por Daniel Ronaldo Chreem.
AS DEMANDAS DIETÉTICAS NECESSÁRIAS PARA ATLETAS
INFANTO-JUVENIS
O mestre Daniel Ronaldo Chreem fala sobre as demandas dietéticas necessárias para atletas infanto-juvenis.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CRIANÇAS E ADOLESCENTES APRESENTAM DEMANDAS NUTRICIONAIS ESPECÍFICAS PARA
ATENDEREM PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO VERTICAL, PUBERAL E COGNITIVO. DE MANEIRA
GERAL, A UTILIZAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS, COMO PESO E ESTATURA, ASSOCIADAS À
IDADE CRONOLÓGICA SÃO CAPAZES DE PREDIZER O ESTADO NUTRICIONAL ATUAL. ENTRETANTO, PARA
INDIVÍDUOS NESSA FAIXA ETÁRIA QUE PRATICAM EXERCÍCIOS, A OBSERVAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DOS
COMPARTIMENTOS CORPORAIS, GORDO E MAGRO, PODEM APONTAR PARA EXCESSOS OU DEFICIÊNCIAS
QUE IMPACTAM TANTO A SAÚDE COMO O RENDIMENTO ESPORTIVO. DETERMINE DIAGNÓSTICO
NUTRICIONAL DE ADIPOSIDADE PARA ADOLESCENTE DO SEXO FEMININO, DE 16 ANOS DE IDADE,
NADADORA E QUE APRESENTA AS SEGUINTES MEDIDAS: PESO, 48 KG; ESTATURA, 165 CM; DCT DE 12 MM
E DCPM DE 7 MM.
A) Adiposidade excessivamente baixa.
B) Adiposidade excessivamente elevada.
C) Adiposidade adequada.
D) Magreza.
E) Magreza excessiva.
2. AS NECESSIDADES NATURAIS DE CRESCIMENTO ASSOCIADAS AOS REQUERIMENTOS ENERGÉTICOS E
NUTRICIONAIS DO ESPORTE INTENSIFICAM CUIDADOS REFERENTES À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES. ASSIM, DENTRE OS PRINCIPAIS MICRONUTRIENTES PARA
ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL BIOQUÍMICO INFANTO-JUVENTIL, DESTACAM-SE:
A) Vitaminas lipossolúveis e zinco.
B) Vitaminas lipossolúveis e ferro.
C) Vitaminas lipossolúveis e cálcio.
D) Vitaminas hidrossolúveis, vitamina E, fósforo, magnésio, selênio, zinco e cobre.
E) Vitaminas hidrossolúveis, vitamina A, vitamina D, zinco, ferro e cálcio.
GABARITO
1. Crianças e adolescentes apresentam demandas nutricionais específicas para atenderem processos de desenvolvimento vertical,
puberal e cognitivo. De maneira geral, a utilização de medidas antropométricas, como peso e estatura, associadas à idade
cronológica são capazes de predizer o estado nutricional atual. Entretanto, para indivíduos nessa faixa etária que praticam
exercícios, a observação da composição dos compartimentos corporais, gordo e magro, podem apontar para excessos ou
deficiências que impactam tanto a saúde como o rendimento esportivo. Determine diagnóstico nutricional de adiposidade para
adolescente do sexo feminino, de 16 anos de idade, nadadora e que apresenta as seguintes medidas: peso, 48 Kg; estatura, 165 cm;
DCT de 12 mm e DCPm de 7 mm.
A alternativa "C " está correta.
De acordo com os dados fornecidos é possível realizar equação baseada em diversas fórmulas, como nas equações de Slaughter para
mulheres: 1,33 x (DCT + DCSE) – 0,013 x (DCT + DCSE)2 – 2,5 ou % de Gordura = 0,61 x (DCT + DCPm) + 5,1 % de Gordura = 0,61 x (DCT
+ DCPm) + 5,1 % de Gordura = 0,61 x (19) + 5,1 % de Gordura = 16,7 %. A atleta apresenta valores normais de massa de gordura absoluta
para crianças/adolescentes do sexo feminino, levando em consideração seu respectivo ponto de corte.
2. As necessidades naturais de crescimento associadas aos requerimentos energéticos e nutricionais do esporte intensificam
cuidados referentes à avaliação nutricional de crianças e adolescentes. Assim, dentre os principais micronutrientes para
acompanhamento nutricional bioquímico infanto-juventil, destacam-se:
A alternativa "E " está correta.
Os elementos associados à regulação hormonal e ao metabolismo ósseo, como vitamina A, vitamina D e cálcio, juntamente com vitaminas de
participação direta no metabolismo energético aeróbico e no estímulo orexígeno se destacam nesse período de vida.
MÓDULO 3
 Definir parâmetros de análise e tratamento dietético na tríade da mulher atleta
A restrição dietética energética combinada com amenorreia e desmineralização óssea geram o estado conhecido como “tríade da mulher
atleta”, sobre a qual falaremos mais detidamente a seguir.
PLANEJAMENTO ESPORTIVO E DIETÉTICO DA MULHER ATLETA
Por si só, o esporte de alto rendimento já é extenuante o suficiente do ponto de vista fisiológico em função de suas variadas demandas
metabólicas e energéticas. Contudo, os requerimentos citados concorrem com as naturais demandas teciduais do corpo humano, podendo
gerar prejuízos e manifestações clínicas/bioquímicas relevantes.
 ATENÇÃO
Levando em consideração a sazonalidade e as características individuais do sistema reprodutor feminino,
nota-se que o ajuste da elaboração do planejamento esportivo e dietético deve considerar as nuances
hormonais periódicas para que isso não reflita em depleção de saúde, rendimento ou bem-estar da mulher.
REGULAÇÃO HORMONAL FEMININA
O sistema reprodutor feminino emerge de uma combinação estruturada entre a sinalização do sistema nervoso central até o reflexo de suas
atividades nos tecidos periféricos.
A regulação central das atividades hormonais em mulheres se dá por meio da interação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal (HHG).

Esse eixo depende necessariamente das concentrações de hormônio estrogênio no sistema corporal para que a ovulação aconteça.

Em suma, a glândula hipotalâmica secreta ou inibe o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) de acordo com o aumento ou diminuição
de estrogênio.
O GnRH tem receptores localizados na hipófise (ou pituitária), que por sua vez, em movimento de cascata, secreta tanto hormônio folículo
estimulante (FSH) como hormônio luteinizante (LH). Em resposta aos hormônios hipofisários, os ovários aumentam a liberação de estrogênio,
especialmente estradiol. A priori, o estradiol inibe a síntese de LH e FSH quando se encontra em concentrações mais reduzidas, gerando
controle de feedback negativo. Contudo, ao atingir pico de secreção, o estradiol desencadeia um aumento significativo de liberação de
hormônios hipofisários, culminando nas funções foliculares ovarianas de desenvolvimento de células germinativas(ovócitos), ovulação e
fertilização (CHRISTENSEN et al, 2012). O resumo deste processo é ilustrado pela imagem a seguir.
Imagem: Shutterstock.com
1. O surto de LH somente é liberado após ápice de síntese de estrogênio.
Imagem: Shutterstock.com
2. Isso estimula a atividade hipotalâmica maciça por meio de secreção de GnRH.
Imagem: Shutterstock.com
3. Logo, resulta em surto de LH.
Imagem: Shutterstock.com
4. Para que, assim, os folículos ovarianos controlem a ovulação/fertilização.
O estradiol é sintetizado, em mulheres, nas células de Leydig encontradas no córtex adrenal e, principalmente, nos ovócitos ovarianos.
Entretanto, cabe ressaltar que sua síntese é originada a partir da cascata hormonal oriunda da progesterona-testosterona, mesmo em
mulheres. Por meio de enzimas conhecidas como aromatases, a testosterona é convertida nos três tipos de hormônios estrógenos:
Estradiol
Estriol
Estrona
Tanto a presença de progesterona como dos hormônios estrógenos são capazes de gerar características e efeitos fisiológicos marcantes no
corpo de mulheres nos diferentes ciclos da vida.
Foto: Shutterstock
Na puberdade observa-se:
Desenvolvimento de órgão sexuais.
Crescimento mamário.
Maturação ovariana.
Mineralização óssea.
Desenvolvimento de pelos.
Aumento da libido.
Distribuição adiposa ginoide (maior deposição de gordura nos flancos abdominais e porção glúteofemoral).
Foto: Shutterstock
Em mulheres adultas, essa combinação hormonal resulta em:
Controle da funcionalidade dos órgãos sexuais.
Ovulação/ciclo menstrual.
Controle do desejo sexual.
Gerência placentária na gestação.
Foto: Shutterstock
Na menopausa, com a redução drástica de estrógenos, nota-se:
Interrupção menstrual.
Desequilíbrio do apetite sexual.
Redução de atividade ovariana.
A próxima imagem resume as principais funções dos hormônios estrogênio.
Imagem: Shutterstock.com
 Funções fisiológicas do estrogênio em mulheres.
REGULAÇÃO HORMONAL FEMININA NO ESPORTE
A atividade física de elite pode desencadear distúrbios do equilíbrio do ciclo menstrual em atletas do sexo feminino, gerando até mesmo
interrupção do processo, situação denominada de amenorreia.
Juntamente com desequilíbrios bioquímicos, emergem manifestações clínicas como:
Fadiga excessiva.
Depressão.
Intolerância ao frio.
Perda de esmalte dentário.
Fraqueza generalizada e até mesmo anemia.
Este conjunto de sinais e sintomas é resultado de:
Dieta cuja disponibilidade energética é insuficiente.
Baixo peso corporal.
Baixo conteúdo adiposo corporal (inferior a 8%)..
Treinamentos extremamente intensos.
Privação de sono contínuo.
Baixos níveis de leptina.
Hipersecreção hormonal induzida pelo estresse psicológico, físico, circadiano e/ou imune.
A sensibilidade hipotalâmica pode ser alterada tanto pela redução de estrogênio como pelo estresse gerado por competição energética
endógena. O déficit extremo de liberação de GnRH gera consequências como:
Retardo da menarca em adolescentes
Desequilíbrio ou cessão do ciclo menstrual em mulheres adultas
Neste cenário, a interrupção natural das cascatas hormonais femininas impacta diretamente a funcionalidade estrogênica, podendo
ocasionar:

Aumento de incidência de lesões
Perda mineral óssea


Baixo rendimento esportivo
Bioquimicamente, em atividades extenuantes que englobam grande volume e intensidades de treino, nota-se o aumento das concentrações
de hormônios catabolizantes, como cortisol e adrenalina, ao mesmo tempo em que há redução de LH.
Treinamento efetivamente desgastante não é a única causa para o desequilíbrio no balanço hormonal feminino. A ingestão dietética e o
repouso determinam os rumos das concentrações hormonais, principalmente hipofisárias.
O balanço energético negativo associado ao treino intenso e ao descanso inadequado podem minar gradativamente o eixo HHG, culminando
em hipoestrogenismo associado ao esporte. Especificamente, o risco de distúrbios se estabelece a partir de restrições calóricas inferiores a
30 Kcal por Kg de massa magra. Dentre as atletas mais listadas na literatura se destacam:
Bailarinas
Corredoras fundistas
Ciclistas
Triatletas
Ginastas
Patinadoras
Esses distúrbios, todavia, já vêm atingindo praticantes de atividade física que buscam simples ajuste de composição corporal, por vezes
impulsionados pelos padrões midiáticos de fitness, beleza e bem-estar. Mulheres que realizam treinamentos intensos associados a dietas
muito restritivas podem desencadear as mudanças hormonais que, em médio prazo, certamente irão de encontro a seus objetivos almejados.
A redução da disponibilidade energética no organismo diminui a circulação de insulina e somatomedina C (IGF-1), enquanto aumenta o
cortisol.

A diminuição da atividade de IGF-1 impacta negativamente a secreção hormonal em cascata do eixo HHG, enquanto a presença
corticosolêmica inibe a secreção específica de GnRH.

Essa combinação resulta no prolongamento da fase folicular ovariana em função da ausência de pico estrogênico ou de surto de LH.
Níveis baixíssimos de LH desencadeiam retardo da menarca puberal e desenvolvimento intermitente de amenorreia. Ainda, em contraste com
a atividade do eixo HHG, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) apresenta significativa ação em resposta à falta de disponibilidade
energética. A síntese de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) inibe ainda mais a secreção de LH enquanto estimula a produção de
corticotrofina (ACTH), catecolamínicos (como adrenalina) e glicocorticoides (como cortisol) importantes para lipólise e gliconeogênese.
A reduzida concentração de estrogênio e progesterona impactam:
A capacidade de manutenção da fisiologia óssea.
O desenvolvimento de potência e força muscular.
O controle da termorregulação corporal durante o exercício e em off exercício.
Demais desequilíbrios funcionais estrogênicos.
Foto: Shutterstock.com
O gráfico a seguir apresenta uma cadeia de eventos que podem levar ao desenvolvimento da tríade da mulher atleta.
Imagem: Mosavat; Mohamed; Mirsanjari, 2013, p. 8. Adaptado por Daniel Ronaldo Chreem e Luís Salgueiro
 Espectro da tríade da mulher atleta.
As irregularidades menstruais podem ser classificadas de acordo com as seguintes definições:
Atraso na menarca ou amenorreia primária – Ausência menstrual em adolescentes que já atingiram 16 anos e que apresentam
características sexuais femininas de segundo grau de maturação.
Amenorreia secundária – Ausência de três ou mais ciclos menstruais após menarca.
Oligomenorreia – Menos de seis ciclos menstruais completos por ano.
Anovulação – Ausência de ovulação, mesmo que ocorra sangramento.
Deficiência de fase lútea – A ovulação até pode ocorrer, contudo vem acompanhada de pouco suporte de progesterona para
desenvolvimento do endométrio.
Por vezes, em decorrência da pressão esportiva competitiva ou no anseio de remodelar compartimentos corporais mais esbeltos, mulheres
de diferentes tipos de modalidades atléticas reduzem drasticamente o consumo alimentar. Aditivamente, o crescimento de distúrbios
alimentares e de imagem corporal, como a anorexia e a vigorexia, fomentam um cenário deletério ao combate da tríade feminina. Por essas
razões é indicado que o planejamento esportivo e dietético seja acompanhado de suporte psicológico assim que sinais de interrupção,
retardo ou desarranjos menstruais se manifestem.
O quadro a seguir descreve critérios de avaliação de distúrbios alimentares que podem ser investigados por profissionais de saúde.
Anorexia nervosa Bulimia Transtornos alimentares inespecíficos
A. Desconfiança exagerada associada à
recusa de manutenção de massa
corporal mínima de acordo com critérios
nutricionais (Índice de Massa Corporal,
Índice de Massa Magra etc.).
A. Episódios de alimentação de grande
volume dietético num curto espaço de
tempo, geralmente de forma reclusa, em
conjunto com a sensação de falta de
autocontrole da ingestão alimentar.
1. Para mulheres, todos os critérios para
anorexia nervosasão atendidos, exceto
alterações menstruais.
B. Medo exagerado de ganho de peso
corporal, mesmo estando em baixo
peso/desnutrição.
B. Comportamentos compensatórios da
dieta: autoindução ao vômito, uso de
medicamentos (como laxantes,
diuréticos, estimulantes e
termogênicos), exercício físico
excessivo e prolongamento exagerado
de jejum.
2. Todos os critérios para anorexia
nervosa são atendidos, exceto que,
apesar de perda de peso significativa, o
peso atual do indivíduo ainda permanece
em eutrofia.
C. Negação da gravidade do estado de
desnutrição/magreza.
C. Cominação de descontrole alimentar
e comportamentos compensatórios no
mínimo 2x/semana durante 3 meses.
3. Todos os critérios para bulimia nervosa
são atendidos, exceto que a compulsão
alimentar e os mecanismos
compensatórios inadequados ocorrem
com uma frequência menor que duas
vezes por semana ou por menos de 3
meses.
D. Amenorreia, ausência de (pelo
menos) três ciclos menstruais
consecutivos.
D. Avaliação do estado de saúde/bem-
estar exclusivamente pela autoavaliação
do peso e medidas corporais.
4. O uso regular de comportamento
compensatório inadequado por um
indivíduo eutrófico após comer pequenas
quantidades de comida.
Especificação: Indivíduos
exclusivamente restritivos na dieta ou
indivíduos com hábitos de restrição
calórica associados a aumento da
excreção alimentar.
Especificação: Indivíduos com
atividades purgatórias (vômito e
medicamentos) ou indivíduos com
atividades compensatórias não
purgatórias (exercício e jejum, p. ex).
5. Mastigar e cuspir repetidamente os
alimentos da dieta. Mas não engolir
grandes quantidades de comida em curto
espaço de tempo.
6. Transtorno da compulsão alimentar
periódica: episódios recorrentes de
compulsão alimentar na ausência do uso
regular de comportamentos
compensatórios inadequados,
característicos da bulimia nervosa.
Quadro: Critérios para identificação de transtornos alimentares.
Adaptado de Sundgot-Borgen et al, 2003, p. 48, por Daniel Ronaldo Chreem.
Ainda nos critérios de análise da extensão ou pesquisa de tríade em mulheres desportistas, cabe observar o nível de mineralização óssea
após exame médico de densitometria.
Para determinação de osteoporose, deve-se considerar:
VALORES NORMAIS
Densidade Mineral Óssea (DMO) não apresenta valor abaixo da média (em pelo menos 1 Desvio Padrão ou DP) para mulheres adultas
jovens.
OSTEOPENIA
DMO de 1 a 2,5 DP abaixo da média de adultas jovens.
OSTEOPOROSE
DMO de 2,5 DP abaixo da média de adultas jovens.
OSTEOPOROSE SEVERA
DMO de 2,5 DP abaixo da média de adultas jovens associada a um ou mais casos de fratura por fragilidade óssea.
NECESSIDADES NUTRICIONAIS NA TRÍADE DA MULHER ATLETA
Considerando as possíveis consequências na saúde geral de mulheres engajadas em esportes e incluídas nos critérios da tríade, é possível
estabelecer algumas questões prévias ao tratamento nutricional:
Monitoramento da ingestão energética versus GEAF para se evitar baixa disponibilidade e desequilíbrios entre os eixos HHG e HHA.
 
Determinar etiologia exata da amenorreia.
 
Encaminhar adolescentes portadores de amenorreia primária para acompanhamento médico a fim de evitar perda de desenvolvimento e
crescimento vertical.
 
Realizar triagem de distúrbios alimentares.
 
Averiguar se a atleta se encontra abaixo do ponto de corte energético (menos de 30 kcal por Kg de massa magra).
A oferta de dietas mais hiperenergéticas pode ser a principal abordagem na recuperação das manifestações da tríade em mulheres. Neste
sentido, descobertas científicas apontam para melhorias de indicadores menstruais e ósseos entre mulheres que reduziram a carga de
treinamento por afastamento devido a lesões.
Para atletas cuja margem de ganho de peso necessita de maior controle, duas abordagens parecem ser interessantes no ressurgimento do
ciclo menstrual sem prejudicar o ajuste da composição corporal ótima:
Foto: Shutterstock.com
Oferta aditiva de 350 Kcal ao dia no plano alimentar calculado em conjunto com um dia inteiro (na semana) de repouso de treinamentos
(aumento do consumo vs redução do gasto).
Aumento de 5 Kcal por Kg de massa magra atual no plano alimentar calculado.
Cabe ressaltar que as intervenções energéticas são imprescindíveis, pois nenhum agente farmacêutico ou terapia de reposição hormonal foi
capaz de reestabelecer plenamente todos os indicadores agravados pela tríade, ao contrário do que se observa em poucos dias, cerca de
uma semana, quando o balanço energético positivo é estimulado.
Em relação ao consumo de macronutrientes, as indicações não devem se distanciar dos consensos e diretrizes estabelecidos pelo Colégio
Americano de Medicina Esportiva (ACSM), que diferem as margens de recomendações de acordo com a intensidade e treinabilidade de
duração dos exercícios.
A ingestão ajustada dos macronutrientes deve reestabelecer quadros amenorreicos característicos da tríade, evidentemente acompanhados
do obrigatório ajuste energético. Neste quesito, o nutricionista precisa levantar cuidadosamente a ingestão de fibras na dieta que podem
reduzir a absorção nutricional e energética de atletas. O Quadro a seguir apresenta os requerimentos de macronutrientes no esporte.
Macronutriente Recomendação Justificativa
Proteínas
Praticantes de atividades físicas: 1,0 –
1,3g/Kg/dia
Atletas de elite: 1,6-1,7g/Kg/dia
Fornecer aminoácidos para funções de plasticidade, balanço
nitrogenado e síntese proteica geral.
Carboidratos
Praticantes de atividades físicas: de 3 a
5g/Kg/dia
Atletas de elite: 5-6g/Kg/dia
Atletas de elite em treinos intensos e
volumosos: 7-12g/Kg/dia
Síntese e reposição de glicogênio muscular, e auxílio
glicemiante e energético.
Lipídios Compor de 20 a 35% do VET Ajuste da demanda energética total.
Quadro: Recomendação de macronutrientes para mulheres engajadas em esportes.
Adaptado de Manore et al, 2007, por Daniel Ronaldo Chreem.
Por fim, os principais micronutrientes que devem ser considerados são aqueles que comumente sofrem da restrição energética total.
Destacando-se atenção às vitaminas do complexo B pela participação no metabolismo energético aeróbico; vitaminas e minerais envolvidos
na hematopoiese (ferro, folato, cobalamina); e micronutrientes do metabolismo ósseo (magnésio, cálcio e vitamina D). O levantamento da
ingestão desses micronutrientes deve ser monitorado por meio de inquéritos dietéticos, análises bioquímicas séricas e exames físicos.
A TRÍADE DA MULHER ATLETA: A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO
DO NUTRICIONISTA
O mestre Daniel Ronaldo Chreem fala sobre a tríade da mulher atleta e a atuação do profissional de Nutrição.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A “TRÍADE DA MULHER” SE CARACTERIZA COMO UM CONJUNTO DE DIAGNÓSTICOS CLÍNICOS,
BIOQUÍMICOS, NUTRICIONAIS E PSICOLÓGICOS QUE QUANDO BEM DETERMINADA NECESSITA DE
ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR. OS DISTÚRBIOS MENSTRUAIS, ALIMENTARES E ÓSSEOS PODEM,
SE NÃO TRATADOS, CULMINAR EM FRATURAS E LESÕES RELEVANTES, PERDA DE QUALIDADE DE VIDA E
INSTAURAÇÃO DE DOENÇAS. NESTA LINHA, PARA UMA MULHER DE 26 ANOS DE IDADE, COM CICLO
MENSTRUAL IRREGULAR (4 VEZES NOS ÚLTIMOS 12 MESES), PESO DE 44 KG, 1,59M DE ESTATURA, SEM
LESÕES RELATADAS, % DE GORDURA DE 11%, GASTO ENERGÉTICO TOTAL DE 2411 KCAL E INGESTÃO
REGULAR DE 1680 KCAL É INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) A oligomenorreia estabelecida pode ser fruto do balanço energético negativo de -731 Kcal. Portanto, mesmo que o consumo energético
seja superior a 30 Kcal/Kg de massa magra/dia a atleta ainda apresenta risco de desenvolvimento de tríade.
B) Além do baixo consumo energético frente ao GEAF, a atleta demonstra sinais de magreza de acordo com o Índice de Massa Corporal
(valor inferior a 18,5 Kg/M2). É indicada investigação multiprofissional de critérios de distúrbios alimentares e densitometria óssea.
C) Para uma atleta jovem, abaixo de 30 anos de idade, a terapia de reposição hormonal controlada seria capaz de reestabelecer em curto
prazo a normalidadedo eixo HHG.
D) Estratégias de oferta energética mais modestas, ou seja, que ofereçam acréscimos gradativos ao longo do dia parecem ser interessantes
para mulheres que apresentam dificuldade de ajuste energético. Seja ofertando 350 Kcal a mais no cômputo calórico, seja adicionando 5 Kcal
a mais por Kg de massa magra calculado junto à demanda total.
E) O monitoramento e tratamento do consumo e gasto energético diário por si só seriam capazes de regular o ciclo menstrual da atleta.
2. O ESPORTE, PRINCIPALMENTE DE ELITE, É CAPAZ DE AUMENTAR SIGNIFICATIVAMENTE A DEMANDA
CALÓRICA DE MULHERES ATLETAS. NESTE CENÁRIO, O SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)
DESEMPENHA PAPEL DE CONTROLE ENERGÉTICO POR MEIO DA GLÂNDULA HIPOTALÂMICA. DEVIDO À
ATIVIDADE DO EIXO HHA HÁ PRODUÇÃO DE HORMÔNIOS CATABÓLICOS, EM ESPECIAL DO CORTISOL.
CONCOMITANTEMENTE AO AUMENTO DE SUA SECREÇÃO, QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS
FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS COMUNS?
A) Aumento da lipólise adipocitária, proteólise muscular e glicemia em detrimento da redução de estrogênio, hormônio luteinizante e
progesterona.
B) Redução da proteólise muscular e de hormônios sexuais.
C) Aumento da concentração de adrenalina, corticotrofina, gonadotropina e LH.
D) Redução da glicemia e da aminoacidemia em contraste com o aumento da estrogenemia.
E) Aumento da aminoacidemia, glicemia, glicerolemia e somatomedina C, enquanto há redução de adrenalina, testosterona e progesterona.
GABARITO
1. A “tríade da mulher” se caracteriza como um conjunto de diagnósticos clínicos, bioquímicos, nutricionais e psicológicos que
quando bem determinada necessita de acompanhamento multidisciplinar. Os distúrbios menstruais, alimentares e ósseos podem,
se não tratados, culminar em fraturas e lesões relevantes, perda de qualidade de vida e instauração de doenças. Nesta linha, para
uma mulher de 26 anos de idade, com ciclo menstrual irregular (4 vezes nos últimos 12 meses), peso de 44 Kg, 1,59m de estatura,
sem lesões relatadas, % de gordura de 11%, gasto energético total de 2411 Kcal e ingestão regular de 1680 Kcal é INCORRETO
afirmar que:
A alternativa "C " está correta.
De maneira bastante simplificada, o processo de tríade está majoritariamente associado ao quadro hipocalórico dietético ligado ao GEAF
elevado. A regulação destes processos em conjunto com monitoramento das manifestações clínicas e indicadores de baixo peso são capazes
de, em pouco tempo, reequilibrar a saúde feminina.
2. O esporte, principalmente de elite, é capaz de aumentar significativamente a demanda calórica de mulheres atletas. Neste
cenário, o Sistema Nervoso Central (SNC) desempenha papel de controle energético por meio da glândula hipotalâmica. Devido à
atividade do eixo HHA há produção de hormônios catabólicos, em especial do cortisol. Concomitantemente ao aumento de sua
secreção, quais são as consequências fisiológicas e bioquímicas comuns?
A alternativa "A " está correta.
Os hormônios catabolizantes inibem a secreção em cascata do eixo HHG, reduzindo tanto GnRH, como LH, FSH e estrogênio total.
Metabolicamente, o cortisol é responsável por aumentar a degradação de lipídios (principalmente nos adipócitos) e proteínas musculares,
além de servir como regulador da gliconeogênese hepática/renal.
MÓDULO 4
 Descrever as necessidades nutricionais em idosos engajados em esportes de elite
ESTRESSE OXIDATIVO E ENVELHECIMENTO CELULAR
O processo regular de envelhecimento se deve principalmente à progressão contínua do estresse oxidativo que afeta as células, tecidos e
sistemas orgânicos. Lentamente os órgãos vão sofrendo ataques de radicais livres como as Espécies Reativas de Oxigênio e Nitrogênio
(ERON).
Por definição, um radical livre consiste num átomo de determinada partícula elementar da natureza, como oxigênio e nitrogênio, que sofre
perda de um ou mais elétrons de sua orbital externa. A estrutura atômica basicamente é constituída de núcleo, que contém prótons e
nêutrons, e eletrosfera, onde circulam elétrons, em movimentos aleatórios, de maneira orbital ao núcleo atômico.
Diversas condições endógenas e exógenas ao corpo humano são capazes de alterar a composição dos átomos. Alguns fatores precursores
de radicais livres dentro e fora do organismo são:
Poluição atmosférica
Raios solares
Estilo de vida nocivo (leia-se: dieta desequilibrada, sedentarismo e restrição de sono)
Ingestão alcoólica
Consumo de drogas
Tabagismo
Estresse
A atividade física quando aguda e espaçada ou intensa e extenuante também é capaz de gerar quantidades relevantes de ERON. Como
condição de combate aos radicais livres, tanto nosso corpo como a dieta humana são capazes de apresentar elementos antioxidantes para
defesa do estresse oxidativo.
Foto: Shutterstock.com
A síntese de antioxidantes depende de uma adaptação a uma exposição controlada à presença de ERON, como, por exemplo, na atividade
física crônica (de longo prazo) e de intensidade regular/moderada.
A fim de buscar o reequilíbrio de sua estrutura original, os radicais livres interagem com células e moléculas humanas para a recuperação do
elétron perdido.
 
Geralmente a primeira lesão oxidativa ocorre por meio do processo de lipoperoxidação das membranas fosfolipídicas celulares.
 
Neste cenário, as células vão reduzindo sua integralidade e se tornando mais suscetíveis a disfunções, doenças ou agressões por patógenos
(LIGUORI et al, 2018).
 
Sendo assim, é usual observar profusas alterações fisiológicas em sistemas do organismo, aceleração do envelhecimento e perda de função
orgânica corporal.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS ASSOCIADAS AO
ENVELHECIMENTO
Muitas das modificações associadas ao envelhecimento celular podem estar associadas ao aumento da demanda de nutrientes em idosos.
Neste sentido, as seguintes condições podem ser destacadas:
O aumento do estresse oxidativo intensifica a necessidade de antioxidantes, como vitamina C, vitamina E, betacaroteno, zinco, selênio,
magnésio e fenólicos.
A diminuição da densidade mineral óssea associada à redução da biodisponibilidade de cálcio aumentam requerimentos dietéticos de
vitamina D e cálcio.
A sarcopenia e perda de massa muscular reduzem a demanda energética total.
A imunossupressão induz ao aumento da demanda de antioxidantes, vitaminas do complexo B e proteínas.
Aditivamente é comum identificar fatores clínicos e bioquímicos que interferem no estado nutricional de idosos. O quadro seguinte lista
algumas destas características notáveis:
Aumento Redução
pH gástrico Albumina sérica
Homocisteína sérica Água corporal total
α1-Glicoproteína ácida Massa hepática
Massa gorda (principalmente no tronco) Massa magra total
Fragilidade neuromuscular Função glomerular e renal
Motilidade gastrointestinal
cidade absortiva intestinal
Velocidade de esvaziamento gástrico
Quadro: Alterações clínicas e bioquímicas comuns no envelhecimento.
Adaptado de Amarya, 2018, por Daniel Ronaldo Chreem.
Na velhice observa-se o desenvolvimento da síndrome da fragilidade do idoso, em que é possível identificar a deterioração da densidade
mineral óssea e da massa muscular esquelética associada ao aumento de adiposidade, principalmente central.
Tal combinação costuma gerar o aumento da fragilidade geral do idoso, sendo comum observar:
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Aumento da incidência ou de risco de fraturas.
Dores.
Incômodos.
Perda de independência ou de autonomia de locomoção.
Piora de qualidade de vida (por consequência).
Nestas condições, os processos deteriorantes de osteoporose e sarcopenia emergem como distúrbios que devem ser cuidadosamente
monitorados para que não se intensifique o estado debilitado do idoso.
 ATENÇÃO
A Organização Mundial de Saúde considera a osteoporose como a segunda maior desordem clínica de
necessidade assistencial no planeta, afetando principalmente mulheres idosas. Por definição, a osteoporose
consiste na degradação osteometabólica da microarquitetura do sistema ósseo, aumentando a porosidade do
tecido ósseo e, por conseguinte,a incidência de ruptura neste tecido.
A desnutrição associada ao envelhecimento não somente aumenta as possibilidades de acometimento, mas também de agravamento da
osteoporose. Para acompanhamento da progressão do distúrbio recomenda-se monitoramento por densitometria associada à avaliação
nutricional dietética, por meio da análise de instrumentos de triagem nutricional e inquéritos dietéticos. Em relação ao acompanhamento
bioquímico é indicada a medição de nutrientes relacionados ao metabolismo ósseo, em especial da vitamina D, do magnésio e do cálcio.
Além disso, é importante medir valores de fosfatase alcalina sérica (FA) e, eventualmente, de osteocalcina (SIDDIQUE et al, 2017).
A sarcopenia é um termo associado à perda de massa muscular em idosos em resposta à redução do número de estruturas funcionais
intramusculares da miofibrila, denominada de sarcômero, que é estruturado pelo arranjo organizado de proteínas miofilamentosas densas e
delgadas que são capazes de converter energia química advinda do metabolismo energético (ATP) em energia cinética/mecânica pelo
movimento de contração e relaxamento muscular.
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Com a limitação do número de sarcômero e volume muscular, os idosos perdem a capacidade de desenvolvimento de força. Em média,
idosos que possuem histórico de prática esportiva pregressa costumam apresentar mais tardiamente e menos agressivamente a instauração
da sarcopenia e de seus sinais/sintomas (SIDDIQUE et al, 2017).
As principais teorias sobre a instauração do quadro de sarcopenia apontam para:
Redução de produção hormonal endógena esteroide.
Mutações de DNA mitocondrial da célula muscular.
Dano oxidativo.
Diminuição na condução de estímulos neurais.
Desequilíbrio do catabolismo de citocinas.
Fatores externos (como sedentarismo).
A avaliação da progressão da sarcopenia passa pela análise de:
Medidas de detecção de força muscular.
Biomarcadores bioquímicos.
Exames de imagem.
Exame físico.
Dentre as variáveis para obtenção do nível de força muscular é possível elencar:
Capacidade de flexão e extensão de membros inferiores.
Pressão palmar.
Pinçamento.
No que tange às medidas bioquímicas laboratoriais, devem ser observados:
Valores de proteína c reativa (inflamação sistêmica), interleucina 6 (IL-6) e miostatina.
Fator de Diferenciação de Crescimento (GDF-15).
IGF-1.
Também é importante acompanhar biomarcadores de dano muscular no intuito de acompanhar proteólise muscular, especialmente
esquelética, tais como (MARGUTTI et al, 2017):
Creatino kinase (CK)
Mioglobina (Mb)
Transaminases glutâmico oxaloacética (TGO)
Glutâmico pirúvica (TGP)
Distúrbios neurológicos também são condições inerentes ao envelhecimento. A diminuição da capacidade de transmissão e comunicação de
impulsos nervosos na velhice costuma culminar em variedade de distúrbios neurológicos, alguns de características mais amenas (como
pequena perda de memória, alterações organolépticas e retardo na velocidade de raciocínio lógico), outros de condições mais graves (como
doenças neurodegenerativas).
Nas possibilidades mais preocupantes, as doenças de Parkinson e Alzheimer destacadamente são as degradações neurais mais observadas
nessa faixa etária. Ambas diminuem drasticamente a qualidade de vida e a autonomia do indivíduo. Porém, cabe ressaltar que a taxa de
incidência de acidentes vasculares encefálicos (AVE) ainda é bastante elevada e de grande risco de mortalidade entre idosos.
Especificamente a respeito da involução neural mais lentamente gradativa é possível salientar variações da:
Cognição
Diminuição da capacidade de velocidade de processamento de informações e magnitude da
memorização (armazenamento temporário).
Capacidade de
aprendizagem, intelecto e
memorização
Diminuição na capacidade de realizar multitarefas simultaneamente, agravo na memória de longo
prazo, dificuldade na resolução de problemas (inteligência fluida) e deterioração da assimilação
de novas informações e raciocínio lógico.
Acuidade visual
Presbiopia e degeneração da adaptação visual em ambientes muito claros ou escuros. Também
há perda de campo visual e discernimento de cores.
Audição Presbiacusia
Percepção gustativa
Depleção de acuidade de captação de sabores, especialmente salgados (reduzida) e amargos
(aumentada), resultado em elevação de processos de desinteresse alimentar.
Capacidade olfativa Hiposmia
Sensibilidade tátil
Diminuição do fluxo sanguíneo em direção aos receptores sensoriais associados à desidratação
da pele.
RELEVÂNCIAS CLÍNICAS EM DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS EM
IDOSOS
DESNUTRIÇÃO
Em idosos, a desnutrição costuma estar associada com:
Degeneração da recuperação cicatricial
Depleção cognitiva e da função respiratória e muscular
Aumento do risco de infecções em diversos tecidos
Diminuição de imunoproteção
Aumento do risco de mortalidade (consequentemente)
Na investigação clínica, diversos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento de desnutrição no envelhecimento, inclusive com
indivíduo já em curso da velhice. Dentre as condições clínicas para origem da desnutrição em idosos destacam-se:
Perda de apetite.
Problemas dentários, como perda ou amolecimento de dentes.
Disfagia.
Perda da sensação de olfato e paladar.
Problemas no trato gastrointestinal, como redução absortiva da mucosa intestinal.
Incapacidade física.
Desordens endócrinas, como diabetes e alterações tireoidianas.
Infecções, como do trato urinário.
Interações medicamentosas.
Distúrbios ou desordens neurológicas, como doença de Parkinson ou Alzheimer.
Sinais de magreza.
Perda de peso mensal a partir de 2% da massa corporal.
Características socioculturais, de qualidade de vida e psicológica podem ser determinantes, conjuntamente com questões clínicas. Por isso, é
fundamental que na anamnese do atendimento de idosos constem questionamentos sobre sua moradia (se convive com outros indivíduos, se
possui cômodo próprio ou compartilhado, por exemplo), condição econômica (independência/dependência de organização orçamentária e
compra de insumos, por exemplo) e cuidados psicológicos (possíveis sinais ou diagnósticos de depressão, ansiedade, isolamento social,
demência, por exemplo).
Na abordagem nutricional bioquímica, recomenda-se medição, de maneira combinada com os indicadores antropométricos, clínicos e
dietéticos para melhor diagnóstico do estado de depleção nutricional, dos níveis séricos de (GAVRAN et al, 2019):
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Albumina (risco quando abaixo de 3,5mg/dL);
Leptina;
Eritrograma (principalmente hemoglobina);
Colesterol total (risco quando abaixo de 160 mg/dL).
OBESIDADE
Embora alguns fatores fisiológicos possam contribuir para redução da ingestão alimentar, principalmente aqueles relacionados à dentição e à
percepção sensorial, na primeira fase do envelhecimento é incomum grandes mudanças nos hábitos dietéticos anteriores. Adicionalmente,
indivíduos com boas condições socioeconômicas e autonomia dificilmente alteram de forma significativa o consumo alimentar. Sendo assim,
em muitos idosos o acréscimo adiposo costuma ser observado em decorrência da combinação de menor gasto energético em repouso e em
função do exercício associado à manutenção da ingestão energética. Os principais fatores fisiológicos, comportamentais, ambientais,
patológicos e genéticos que podem levar idosos à obesidade são:
Consumo de fármacos, principalmente aqueles que interferem em mecanismos hormonais endócrinos.
Diminuição da atividade física.
Aumento da lipidogênese inerente à velhice.
Insuficiência de sono.
Hábitos alimentares ruins ao longo da vida.
Atividade enzimática.
Estado hormonal endócrino.
Aumento da ingestão energética.
Muitas destas condições são intensificadas pelo natural aumento da resistência à leptina e perda de sensibilidade hormonal tireoidina,
levando a dificuldades de controle de apetite.
ATIVIDADE FÍSICA VERSUS ENVELHECIMENTO
Atletas idosos geralmente são chamados masters, porém isso varia de acordo

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