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CONFLITOS AMBIENTAIS EM TORNO DA UHE

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Universidade Federal de Campina Grande 
Centro de Tecnologia e Recursos Naturais 
Unidade Acadêmica de Engenharia Civil 
 
 
 
 
CONFLITOS AMBIENTAIS EM TORNO DA UHE DE BELO 
MONTE E OS EFEITOS NAS POPULAÇÕES INDÍGENAS 
 
 
 
 
DIEGO DELEONIS ARAUJO DANTAS 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE 
ABRIL/2021 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................3 
2. CONFLITO EM ANÁLISE..................................................................................5 
2.1 CRONOLOGIA DO CONFLITO...................................................................5 
2.2 TIPO DE CONFLITO.....................................................................................8 
2.3 DIMENSÃO DO CONFLITO.........................................................................9 
2.4 SISTEMA SOCIOECOLÓGICO..................................................................10 
3. A PROGRESSÃO DO CONFLITO....................................................................11 
4. A RODA DO CONFLITO..................................................................................12 
5. A FERRAMENTA DA ―CEBOLA‖...................................................................15 
6. A RESOLUÇÃO DO CONFLITO......................................................................17 
7. CONCLUSÃO.....................................................................................................19 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 A partir do final do século XIX, iniciaram aqui no Brasil os primeiros 
aproveitamentos hidráulicos nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Com isso, os 
investimentos na geração de energia hidroelétrica aumentaram e, na primeira década do 
século XX, já superou a produção das termelétricas. Entre 1960 e 1990, a construção de 
usinas hidrelétricas provocou grandes impactos ao meio ambiente e à população que 
residia nesses locais devido à formação de grandes lagos. Esse tipo de empreendimento 
tem causado inúmeros conflitos principalmente pela realocação das famílias atingidas e, 
também, por conta dos graves problemas ambientais gerados. Logo, naquele período, 
não existia uma discussão por parte da sociedade a cerca da população que era afetada 
por essas obras e, tampouco, sobre as questões ambientais, fazendo com que fossem 
concretizadas grandes obras de usinas hidrelétricas como: Sobradinho (Bahia), Tucuruí 
(Pará) e Itaipu (Paraná). 
 Depois de um período sem muitas preocupações com o meio ambiente, passou-
se a ter uma maior consciência ecológica principalmente depois de grandes eventos 
mundiais como a Conferência Mundial sobre meio Ambiente e Desenvolvimento, 
promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em Estocolmo - Suécia 1972; à 
publicação do Relatório Brundtland - Nosso Futuro Comum (1987); a Conferência para 
o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92. A partir disso, houve uma maior 
pressão social para com o setor elétrico com relação às questões socioambientais, 
fazendo com que as empresas passassem a dar mais atenção a essa temática. 
 Em razão da formação de grandes lagos, esse tipo de empreendimento atinge 
grandes áreas de terras causando a saída compulsória da população, desfazendo os 
costumes e tradições históricas e, ainda, a relação desses povos com o rio. Esses lagos 
também causam efeitos diversos a fauna e a flora da região. Portanto, com a construção 
de usinas hidrelétricas, muitas famílias tiveram que sair de suas terras e residências e, 
segundo Mendes (2005): ―Muitas famílias deixaram de ser reassentadas, e aquelas que 
receberam indenizações, muitas vezes, não conseguiram comprar novas terras, em 
virtude do valor irrisório recebido‖. Mendes (2005) ainda cita um exemplo sobre as 
famílias realocadas em função da construção da usina hidrelétrica de Tucuruí no Pará: 
 
4 
 
―Outras foram reassentadas em terras com baixa fertilidade. Em muitos casos, 
a exemplo de Tucuruí (Estado do Pará), milhares de famílias ainda não foram 
reassentadas e pescadores a jusante da usina hidrelétrica perderam seus meios 
de vida, sem serem compensados por essas perdas‖. 
 
A construção da UHE de Tucuruí, por exemplo, ocasionou uma intensa 
mobilidade da população, que segundo Mendes (2005): ―O deslocamento e 
reassentamento de populações nativas e de migrantes, somados aos impactos 
ambientais, resultaram em intensos conflitos que, na década de 1980, resultaram em 
movimentos sociais com ampla repercussão no âmbito regional e nacional‖. Desse 
modo, os impactos sociais e ambientais ocasionados pela construção dessas usinas 
provocam danos irreversíveis à população e ao meio ambiente e, mesmo com a tentativa 
de diminuir os mesmos, seja por meio do reassentamento das famílias e também 
transferência de parte da fauna da região, essas alternativas acabam por não serem 
suficientes no tocante a impedir maiores perdas. 
O conflito ocorre quando duas ou mais partes constatam que os interesses de 
ambas são incompatíveis, levando a atitudes hostis e, ainda, perseguem interesses a fim 
de prejudicar outras partes. Quanto a esses interesses, Schmid (1998) relata que se 
referem a: acesso/alocação de recursos; controle de poder e participação política na 
tomada de decisão; identidade (cultural, social, política) e status (relacionados com 
sistemas de governo, religião, ideologia). Sabemos que a vida em sociedade é marcada 
pela ocorrência de constantes conflitos, seja pela forma como interagimos socialmente 
ou, ainda, quando estamos diante de algum tipo de mudança da qual não estávamos 
acostumados. Para Coser (1956) conflito social é um: processo interativo e uma forma 
de socialização, que pode consolidar um grupo mal estruturado e fortalecer a 
organização social de uma sociedade ou grupo à beira da desintegração. Quando 
falamos de conflito ambiental estamos nos referindo a um tipo particular de conflito 
social. Quando ocorre a existência de recursos de uso comum ou bens comuns, sejam 
eles naturais ou não, a falta de gestão ou a gestão inadequada dos mesmos acaba por 
fazer com que ocorra a geração de conflitos. 
A partir do momento que existe o conflito faz-se necessário procurar alternativas 
para eliminar/diminuir o mesmo e, então, a partir de estudos sobre o assunto, Ostrom 
(1990) afirma que os usuários dos recursos de uso comum podem gerenciá-los, 
efetivamente, sem intervenção governamental ou privatização, desde que atendam a 
5 
 
Princípios de Governança de Recursos de Uso Comum. Esses princípios têm a 
finalidade de reger um sistema de gestão de bens comuns por parte de uma comunidade 
de utilizadores fazendo com que minimize/evite conflitos. Andando junto com os 
princípios de Ostrom tem o Sistema Socioecológico que foi concebido pelo mesmo 
autor e reformulado por McGinnis e Ostrom (2009), que é uma estrutura que possibilita 
examinar um conjunto comum de variáveis relevantes e seus subcomponentes 
objetivando reconhecer as possibilidades de aumentar políticas sustentáveis conforme as 
especificidades de um determinado sistema. O conflito pode se manifestar de diferentes 
maneiras, que podem ser: em função do número de envolvidos, dos fatores 
intervenientes e de termos de similaridades entre as partes. No caso do conflito em 
função do número de envolvidos, de acordo com (CAP-NET/UNDP, 2008) podem ser 
de quatro tipos: intrapessoal, interpessoal e intragrupo ou intergrupo. Quanto aos fatores 
intervenientes, segundo (CAP-NET/UNDP, 2008) temos o conflito: de dados ou 
informações; de relacionamento; de valor; estrutural e o de interesse. No que diz 
respeito a similaridades entre as partes, para Pignatelli (2010) o conflito pode ser do tipo 
simétrico e assimétrico. Dentro de um conflito podemos encontrar três dimensões, que 
segundoMayer (2000) são: cognitiva, emocional e a comportamental. Estas expressam, 
respectivamente, uma percepção, sentimento e ação sobre o conflito. 
 
2. CONFLITO EM ANÁLISE 
 
2.1. CRONOLOGIA DO CONFLITO 
 
 Desde a idealização inicial do seu projeto, a construção da usina hidrelétrica de 
Belo Monte, que se situa no Rio Xingu, no Estado do Pará, encontra-se responsável por 
inúmeros conflitos ambientais, dentre eles, existe o conflito com as tribos indígenas da 
região devidos aos grandes impactos ambientais provocados pela obra, o qual será o 
foco desta pesquisa. Mas, para entender melhor como iniciou todo o conflito em torno 
da construção da usina, será feita uma cronologia partindo do início do projeto até a 
efetivação do mesmo. Desde sua idealização que aconteceu na década de 1970, durante 
o período da ditadura militar, até o início concreto das obras em 2011, se passaram mais 
de trinta anos. Mesmo sendo o foco de forte oposição de grupos organizados da 
sociedade civil como, por exemplo, os indígenas e os ambientalistas, o projeto nunca 
6 
 
deixou de fazer parte do sonho dos governantes (tanto nos governos militares como nos 
democráticos). 
 No ano de 1986, a imprensa das regiões Sul e Sudeste começou a noticiar que a 
empresa Eletronorte iria começar em breve a concretizar o projeto de Belo Monte. Isso 
fez com que aumentasse a mobilização em torno da construção, principalmente, depois 
que as lideranças indígenas denunciaram internacionalmente a inexistência de uma 
consulta prévia, aos povos indígenas, tanto por parte do governo brasileiro como 
também os responsáveis pelos projetos de barragens e usinas no Rio Xingu. Algumas 
entidades religiosas atuantes na região também começaram a defender os direitos dos 
povos indígenas e isso culminou no I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, de 20 a 
25 de fevereiro de 1989, no Centro de Formação da Prelazia do Xingu, distante oito 
quilômetros de Altamira. Isso fez com que o governo suspendesse o projeto naquele 
momento. A partir de 1993, um grupo de trabalho com os responsáveis pelo projeto da 
usina começou a se reunir no intuito de reverem o projeto a fim de encontrarem 
alternativas que o tornasse viável. Depois de realizadas as mudanças, o projeto foi 
inserido no Programa Avança Brasil, do governo FHC e, posteriormente, dentro do 
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula. 
 Em 2005, por meio do decreto legislativo 788/20053, ocorreu a autorização para 
que se implantasse a UHE Belo Monte, após a realização de estudos de viabilidade pela 
Eletrobrás. Devido à falta de consulta prévia aos indígenas ocorreram inúmeros 
protestos e manifestações por parte de organizações e movimentos sociais. No entanto, 
foram pouco perceptíveis os efeitos dessas manifestações e todas as etapas 
fundamentais do processo se mantiveram e foram aprovadas pelos órgãos públicos 
responsáveis. No mesmo período a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) criou grupos 
de pesquisa para medir os impactos ambientais com a construção da usina sobre as 
comunidades as comunidades indígenas com o intuito de criar programas para 
mitigação dos mesmos. O resultado desses estudos foi incorporado aos estudos de 
impacto ambiental e, com isso, em maio de 2009, foi entregue ao IBAMA o documento 
conclusivo do EIA-Rima, juntamente com o pedido da Eletrobrás para que fosse 
aprovada a Licença Prévia (LP) do empreendimento. A Coordenação das Organizações 
Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) encaminhou à Organização das Nações 
Unidas (ONU) uma carta delatando a violação do direito à consulta livre, prévia e 
informada, visto que iria à contramão do que era previsto para os indígenas na 
7 
 
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre os Direitos dos 
Povos Indígenas. 
 A Licença de Instalação (LI) do empreendimento foi emitida no dia 1 de junho 
de 2011, aprovando que a empresa responsável iniciasse as obras da UHE, embora a 
mesma não tivesse cumprido a maior parte das condicionantes da LP no prazo 
estabelecido. Entre essas condicionantes está o Plano de Proteção Territorial das mais 
de treze Terras Indígenas afetadas pela hidrelétrica, que é uma das principais ações 
mitigadoras previstas, mas a mesma ainda não havia sido iniciada apesar de o 
licenciamento exigir que o plano devesse ter começado em 2010. Após a formalização 
por parte da Norte Energia para que fosse emitida a Licença de Operação de Belo 
Monte, o Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) iniciou a mobilização da 
sociedade para assinar um abaixo-assinado via internet visando exigir que o IBAMA 
não concedesse a LO da usina. Entre os argumentos para essa mobilização estava o das 
centenas de famílias que residiam na área de alagamento, mas que ainda não haviam 
sido reassentadas. Porém, no final de 2015, foi autorizado o preenchimento do 
reservatório e também o início da operação de algumas turbinas da usina devida a 
emissão da Licença de Operação (LO), sendo que nem todas as condicionantes 
socioambientais da LI tivessem sido cumpridas. Uma dessas condicionantes não 
cumpridas trata-se da falta de infraestrutura nos Reassentamentos urbanos Coletivos 
(RUCs) que abrigam os desalojados pelo lago da usina. Além disso, não ocorreu à 
implementação de um plano de ações nas Terras Indígenas (TIs). Em decorrência do 
não cumprimento de todas as condicionantes da LI, ocorreu um novo protesto em 
Brasília contra a construção de Belo Monte, que segundo Fainguelernt (2016): 
―Diversos representantes e lideranças das populações atingidas, movimentos 
sociais (como o MXVPS) e ambientalistas se reuniram em frente ao planalto 
para pedir mais transparência e participação da sociedade na discussão do 
projeto. Este protesto contou com a presença dos índios Mebengokre 
(Kaiapó) que fizeram sua ―dança de guerra‖ e assim expressaram sua 
indignação diante do projeto‖. 
 
 Com o início das obras, o conflito em torno da UHE Belo Monte não chegou ao 
fim ele apenas teve uma mudança em sua configuração. 
8 
 
2.2. TIPO DE CONFLITO 
 
 Após mostrar cronologicamente como foi desencadeando os conflitos em Belo 
Monte, podemos analisar um pouco mais os mesmos, lembrando que o foco aqui serão 
as tribos indígenas, e observar que o tipo de conflito existente com relação ao número 
dos envolvidos trata-se de um do tipo intragrupo ou intergrupo. Já no que diz respeito 
aos fatores intervenientes, ocorre um conflito de dados ou informações devido à 
existência de críticas ao IBAMA, principalmente em relação ao EIA-Rima, em que 
estudos apontam que os impactos socioambientais e a viabilidade da obra não estão 
adequadamente avaliados. Trata-se de uma das primeiras vezes em que é concedida uma 
―licença prévia de instalação‖, uma vez que não houve o cumprimento de todas as 
condicionantes listadas na licença prévia para que a emissão da licença de instalação 
inicial do empreendimento fosse concedida. Pode-se destacar ainda a existência de um 
conflito de interesse, por conta do envolvimento de empresas, governo, comunidades, 
entre outros. Conflitos esses de interesse político, que está relacionado com a 
necessidade de aumento do crescimento econômico do país. Ocorre também o interesse 
ambiental, em que as comunidades necessitam do rio Xingu para a sua sobrevivência e 
temem os efeitos causados pela obra, entre outros. Quanto à similaridade entre as partes, 
temos um conflito estrutural assimétrico, devido às distribuições desiguais ou injustas 
de poder e recursos. Por um lado, existem as comunidades locais e as tribos indígenas 
(lado mais fraco) que buscam derrubar a construção da usina e, por outro, têm as 
empresas e o governo (lado mais forte) com muito mais poder para tornar o projeto uma 
realidade. 
 Uma das posições adotadas para minimizar o conflito foi o reassentamento das 
tribos indígenas atingidas para outras áreas rurais e, também, para a área urbana deAltamira o que ocasionou, neste caso, um rompimento com os moldes tradicionais de 
produção e reprodução da existência desses povos por conta do afastamento da natureza 
e cultura dos mesmos. Também ocorreu o pagamento de indenizações aos moradores 
afetados pela construção e investimentos em ações de compensação ambiental. Além 
disso, segundo Da Silva; Mourão (2018): 
―O primeiro benefício prometido pelo governo submete os indígenas dessa 
região a trasladar o trabalho de artesanato, extrativismo vegetal (em especial 
açaí e castanhas), apicultura, pequenas agriculturas e criação de animais, que 
9 
 
já desempenham como valores de uso, para valores de troca, resultantes em 
produtos a serem comercializados.‖ 
 Com relação aos interesses que envolvem a obra o principal seria o aumento do 
setor energético do país que também está envolvido com interesses políticos. Também 
existe uma preocupação com os danos ao meio ambiente provocados pela construção da 
usina e o quanto as tribos indígenas serão afetadas devido à construção de Belo Monte. 
Além do mais, esses interesses acabam por infringir valores, por exemplo, os indígenas 
que foram obrigados a saírem de sua comunidade de origem provocando uma grande 
mudança em seus costumes criados ali. 
 
2.3. DIMENSÃO DO CONFLITO 
 
 Para o conflito estudado, o fato de parte de a sociedade desejar a proteção 
ambiental, ou seja, não querer a construção da usina devido aos impactos ambientais 
causados e outras partes que desejam o crescimento econômico e um aumento da 
capacidade energética, mas, para a sua efetivação, seja necessário causar esse impacto, 
logo estamos diante de uma incompatibilidade objetiva em nossos desejos, ou seja, 
trata-se de uma dimensão cognitiva. No que concerne à dimensão emocional do 
conflito, o fato das famílias de indígenas que foram obrigadas a saírem de suas 
comunidades e sem uma definição exata do futuro em seus novos locais de morada 
retrata bem esse aspecto. Quanto à dimensão comportamental do conflito podemos 
destacar que mesmo antes da UHE já existia um processo de colonização, em razão da 
concentração fundiária, que ―levou à compressão dos ribeirinhos em ilhas‖, logo a 
construção da usina fez com que se intensificasse ainda mais os conflitos agrários 
existentes na região. Isso ocasionou uma série de problemas para as comunidades, 
inclusive os povos indígenas, e, ainda, deixou os ribeirinhos mais expostos aos 
ruralistas. Portanto essa guerra entre índios, ribeirinhos e fazendeiros acaba provocando 
grandes conflitos, principalmente por parte dos fazendeiros que se dizem os donos das 
terras. 
 
 
 
 
10 
 
2.4. SISTEMA SOCIOECOLÓGICO 
 
 O uso do sistema socioecológico concede aos usuários e gestores a criação de 
um quadro de análise sobre a forma como as variáveis do sistema ecológico, da unidade 
de recursos, dos usuários e do sistema de governança se comunicam uns com os outros 
e os resultados provenientes dessa interação. Além disso, segundo Ostrom, et al. (2007 
apud JUNIOR, et al. 2019) os usuários e gestores podem usar essa estrutura para avaliar 
o efeito e a interação dessas variáveis nos cenários econômico, político e ecológico. 
Para Ostrom (2007 apud JUNIOR, et al. 2019) Tal estrutura permitir uma integração 
entre conhecimento local e a ciência acadêmica. Essa integração permite a construção 
de diagnósticos que combinam os arranjos de governança com problemas específicos 
em um contexto socioecológico. Vista a importância do sistema socioecológico, segue 
abaixo uma imagem contendo o SSE do conflito ambiental em torno da UHE de Belo 
Monte. 
 
 
Fonte: Pessoal 
 
A partir do SSE acima podemos identificar que o deslocamento da comunidade 
do seu local de origem, a geração de energia elétrica e o crescimento econômico fazem 
parte, respectivamente, dos cenários social, econômico e político. O sistema de recursos 
11 
 
envolve a bacia hidrográfica do Rio Xingu e a floresta amazônica. Já dentro do sistema 
de governança temos as legislações pertinentes a recursos hídricos e a áreas de proteção 
ambiental, além de órgãos responsáveis pela gestão e gerenciamento desses recursos 
como, por exemplo, os integrantes do SINGREH (Sistema Nacional de Gerenciamento 
de Recursos Hídricos). Quanto às unidades de recursos do sistema temos além do Rio 
Xingu, a parcela da floresta amazônica utilizada para a instalação do empreendimento. 
No tocante aos atores estão envolvidos o governo, os empreendedores, os movimentos 
sociais, ambientalistas, os indígenas e ribeirinhos, castanheiros, seringueiros, pequenos 
agricultores, pequenos posseiros e a pequena burguesia mercantil. O conflito gerado 
pelo impacto da instalação da usina vem a ser a situação de ação focal que interage com 
o IBAMA, ONGs, a comunidade local e o ministério do meio ambiente que vai resultar, 
dependendo de cada situação, num resultado positivo e/ou negativo para cada envolvido 
no sistema e, neste caso, temos a desapropriação de terras indígenas e ribeirinhas, bem 
como a realocação desses grupos em outras áreas em decorrência da instalação da usina. 
 
3. A PROGRESSÃO DO CONFLITO 
 
 Para dá sustentação ao crescimento econômico que ocorria no país na década de 
1970, principalmente, devido ao crescimento industrial, ocorreu uma busca por fontes 
de energia que fossem alternativas ao petróleo. A partir disso, a hidroeletricidade passou 
a ser vista como a principal fonte energética a ser explorada por conta do seu grande 
potencial de geração e assim iniciaram os estudos para verificar o potencial de geração 
de energia elétrica através de barragens e usinas hidrelétricas nos rios da Amazônia 
brasileira e, a partir de então, se começou a originar um conflito devido essa intenção 
por parte do governo. Com isso começou a ocorrer à formação de lados no conflito onde 
as pessoas que não tinham interesse na questão, começam a mover-se para um lado ou 
outro. 
 A partir do ano de 1986, a imprensa divulgou que estava próximo do projeto da 
UHE de Belo Monte se consolidar e, isso fez com que as posições sobre a obra se 
endurecessem levando a população local a se mobilizarem com o intuito de barrar o 
projeto. Até que em 1989 após o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu as 
autoridades brasileiras que lideravam o projeto decidiram suspender o mesmo e isso de 
deu, principalmente, devido a grande quantidade de manifestações que eram contrárias 
ao empreendimento. 
12 
 
 Em 2005, o decreto legislativo 788/20053 autorizou a implantação da UHE Belo 
Monte, após terem sido realizados estudos de viabilidade pela Eletrobrás. 
 Em 2009 foi aprovada a LP e teve inicio as audiências públicas que são previstas 
na legislação ambiental brasileira e com isso a sociedade civil pode se manifestar a 
partir dos seus argumentos contrários à obra. Nessa mesma época o conflito saiu da 
comunidade chegando até a ONU através de uma carta denúncia sobre a violação dos 
Direitos dos Povos Indígenas que está previsto na Convenção 169 da OIT. 
 No final de 2015, a Licença de Operação foi emitida e a partir de então se 
iniciou uma nova fase do conflito com o acompanhamento e monitoramento das 
condicionantes socioambientais e, além disso, a comunidade cobrou o cumprimento de 
todas as obrigações assumidas com o processo de licenciamento. 
 A partir de então, o conflito em Belo Monte muda a sua configuração e a 
comunidade local passar a buscar melhores alternativas visando minimizar os efeitos 
que seriam causados aos mesmos com a construção da usina e, então, os responsáveis 
pela obra realocaram e pagaram indenizações as famílias atingidas, sendo que, nem 
todos aceitaram as indenizações levando a outros conflitos. 
 Atualmente, com a mudança do fluxo natural de água provocada pela barragem, 
ribeirinhos e indígenas afirmam, segundo reportagem do programa Fantástico da Rede 
Globo, que sentem o impacto da redução da vazão do rio Xingu.Isso se agravou ainda 
mais a partir de fevereiro de 2021, em que o IBAMA autorizou a Norte Energia S.A. a 
controlar a vazão de água em volumes e variações de volume, contrariando o próprio 
órgão. Isso mostra que os conflitos em torno de Belo Monte ainda não foram resolvidos 
mesmo após a finalização do empreendimento e ainda existem muitas cobranças da 
sociedade civil para que os responsáveis pela obra cumpram as responsabilidades e 
condicionantes assumidas. 
 
 
4. A RODA DO CONFLITO 
 
 Um modo de analisar as forças que estão na origem de grande parte dos conflitos 
é através da ―Roda do Conflito‖, da qual estão integradas as maneiras como as pessoas 
se comunicam, suas emoções, seus valores, as estruturas pelas quais as interações 
13 
 
ocorrem, e a sua história. Neste sentido, será apresentado aqui a ―Roda do Conflito‖ 
para o conflito existente com a construção da UHE de Belo Monte. 
 A construção da usina de Belo Monte está no centro da ―Roda do Conflito‖ e 
ligada a ela existem os problemas de comunicação que, neste caso, faltou diálogo entre 
os responsáveis pela obra com as tribos indígenas sobre os resultados dos estudos de 
impacto ambiental do empreendimento e, mesmo quando ocorreu esse diálogo, segundo 
a população ribeirinha, foi de forma inapropriada, o que impossibilitou um 
entendimento acerca do projeto e a devida apropriação do conteúdo relativo aos 
impactos ambientais e sociais da usina. Além disso, o mesmo não foi totalmente 
incorporado no processo de licenciamento fazendo com que às emoções aflorassem e 
provocassem protestos por parte das populações indígenas (coalizão A) desde o início 
do projeto da obra até os dias atuais. Parte disso ocorre em razão do descumprimento da 
Constituição Federal (CF) relacionado à questão indígena, visto que, a mesma 
estabelece: 
"[as] terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse 
permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo [...] dos rios [...] nelas 
existentes" e ainda que "[o] aproveitamento dos potenciais [da energia 
hidráulica] somente poderão ser efetuados mediante autorização ou 
concessão da União [...] na forma da lei, que estabelecerá as condições 
específicas quando essas atividades se desenvolverem em [...] terras 
indígenas". 
 No entanto, não foi elaborada uma lei que determinasse essas exigências e, 
assim, qualquer ato ou ação que permitisse a construção da usina seria nulo. 
 Outro ponto importante trata-se das audiências públicas as quais debateram a 
implementação de Belo Monte em que a Resolução CONAMA 09/1987 define que ao 
final de cada Audiência Pública "[a] ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus anexos, 
servirão de base, juntamente com o RIMA, para a análise e parecer final do licenciador 
quanto à aprovação ou não do projeto". Mas, de acordo com o Parecer Técnico nº 
114/2009 do IBAMA, dispõe que "tendo em vista o prazo estipulado pela Presidência, 
esta equipe não concluiu sua análise a contento. Algumas questões não puderam ser 
analisadas na profundidade apropriada, dentre elas as questões indígenas e as 
contribuições das audiências públicas". Isso demonstra que mesmo havendo diversos 
esforços por parte de movimentos sociais, o próprio órgão reconheceu que devido o 
14 
 
ritmo acelerado para implementação do projeto, fez com que se comprometesse a 
incorporação de contribuições no processo de licenciamento. No que se refere às 
emoções, pode-se destacar os protestos por parte das populações indígenas (coalizão A) 
desde o início do projeto da obra até os dias atuais. Já com relação às diferenças de 
valores, enquanto a população indígena necessita da floresta e do rio Xingu para 
sobreviver (Coalizão A), os responsáveis pela idealização da UHE de Belo Monte 
(Jogador B) objetivam aumentar as fontes para geração de energia elétrica sem ter um 
maior comprometimento com os problemas causados pela obra no meio ambiente e na 
população local. Para os problemas de estrutura, a ausência de previsão e estudos sobre 
a grande quantidade de pessoas, inclusive indígenas, na região de Altamira fez com que 
ocorresse um grande aumento na população local e, com isso, trouxe inúmeros 
problemas para a cidade. Por fim, temos a história na ―Roda do Conflito‖, que começou 
a partir dos estudos sobre o potencial hidrelétrico nos rios da Amazônia e ocorre até o 
início do projeto da usina. 
Segue abaixo o esquema contendo a ―Roda do Conflito‖ para o conflito em Belo Monte: 
A “Roda do Conflito” aplicada a Belo Monte. 
 
Fonte: Pessoal 
15 
 
5. A FERRAMENTA DA ―CEBOLA‖ 
 
 
Outro método para análise de conflito é a chamada ferramenta da ―cebola‖, esta 
possibilita que o observador do conflito identifique os interesses subjacentes e as suas 
necessidades a partir das posições dos envolvidos no conflito. 
Segue abaixo o esquema da ferramenta da ―cebola‖ para o conflito em Belo 
Monte, em que primeiramente, foram aplicados na ferramenta os dados relacionados às 
posições, interesses e necessidades da população indígena. 
 
Ferramenta da “cebola” aplicada a Belo Monte 
 
Fonte: Pessoal 
 
 
 
A posição da população indígena sempre foi contra a construção da usina de 
Belo Monte desde o inicio do projeto, principalmente, por conta do grande impacto 
ambiental que a mesma ocasionaria além da necessidade de reassentamento da algumas 
tribos devido à ocupação do lago. Atualmente, após a finalização da construção da 
barragem, os indígenas ainda lutam para que os responsáveis pela obra cumpram todos 
16 
 
os acordos definidos. E, além disso, os indígenas e ribeirinhos necessitam que seja 
preservada a vazão do Xingu, pois os mesmos já sentem os impactos provocados pela 
alteração constante da vazão do rio a qual provoca uma confusão nos peixes reduzindo a 
sua reprodução e, consequentemente, diminuindo a sua quantidade no rio. Além de 
tudo, é de fundamental importância a preservação ambiental e a garantia de terras com 
água disponível em que possam reproduzir seu modo de vida e garantir a subsistência. 
 
Posteriormente, foram aplicados as posições, os interesses e as necessidades no tocante 
aos responsáveis pela obra de Belo Monte. 
 
Ferramenta da “cebola” aplicada a Belo Monte 
 
Fonte: Pessoal 
 
 
Historicamente, construir a UHE de Belo Monte sempre esteve em pauta desde a 
sua idealização e, com isso, sempre ocorreu essa posição da concretização de Belo 
Monte por parte dos responsáveis pelo projeto, do qual os maiores interesses diziam 
respeito ao aumento de fontes de geração de energia e o crescimento econômico do país. 
Esses interesses partiram, principalmente, por conta do aumento da demanda por 
17 
 
eletricidade que vinham acontecendo devido ao crescimento industrial nas décadas de 
1970 e 1980. 
 
 
6. A RESOLUÇÃO DO CONFLITO 
 
 No que se refere à resolução dos conflitos em Belo Monte, o Instituto 
Socioambiental e o Ministério Público Federal (MPF) foram os mais atuantes na busca 
de soluções para os mesmos, conferindo voz e legitimidade aos afetados, ao mesmo 
tempo em que o judiciário se tornou a instância preferida na procura por soluções aos 
conflitos existentes. Segundo Alonso e Costa (2002 apud Choueri, 2019) há um 
entendimento por parte dos ambientalistas: 
―[...] de que os atuais mecanismos de negociação são ainda incapazes de 
garantir um estilo de resolução plausível dos conflitos socioambientais, mas 
que devem ser aperfeiçoados para serem capazes de produzir resultados 
consistentes com o caráter complexo e integrado dos problemas ambientais‖. 
 Portanto, segundo Choueri (2019) ―O MPF, tornou-se a principal entidade para 
canalizar as demandas das organizações sociais na região, e buscar uma solução para o 
conflito, fato confirmado pelas entrevistas semiestruturadas‖. 
 Além de atuar juntamente com o IBAMA e a Norte Energia a fim de buscar um 
gerenciamento dos conflitos para aqueles afetados pela barragem, o MPFpropôs, até 
2016, algumas Ações Civis Públicas que incluíam, entre elas, ilegalidades no processo 
de Licenciamento Ambiental Federal e apoio aos interesses difusos aos atingidos pela 
barragem de Belo Monte. Outro órgão muito importante na resolução dos conflitos 
trata-se do Instituto Socioambiental (ISA) que atuou na promoção de estudos e 
relatórios a respeito da situação socioeconômica na região da usina. 
Além disso, Choueri (2019) destaca que: 
Considerando o contexto institucional da região, existe, na esfera 
administrativa, alguns espaços sociais para a gestão e resolução dos conflitos 
socioambientais, com destaque para a Casa de Governo, o Comitê Gestor do 
Plano de Desenvolvimento Sustentável do Xingu – CGX (criado pelo 
Decreto n. 7340 em 2010) e o Fórum de Acompanhamento Social. Tanto a 
Casa de Governo quanto o CGX foram iniciativas criadas pelo Governo 
18 
 
Federal que suplementam as iniciativas do LAF (Licenciamento Ambiental 
Federal) e representam um canal para que organizações sociais tenham 
acesso ao Estado. No entanto, ambas carecem de poder decisório para a 
gestão e resolução de conflitos. 
 Além desses métodos citados até aqui, julgo importante, também, a utilização do 
litígio como forma de resolução desses conflitos, principalmente pelo fato de que o 
mesmo fará uso de regras legais que pode ajudar a resolver desequilíbrios de poder 
muito existente nesse conflito de Belo Monte. Outro método utilizado e que tem a 
possibilidade de resolver o conflito de forma mais rápida, menos onerosa e menos 
desgastante é a conciliação e, este já vem sendo utilizado em Belo Monte. Logo, são 
duas formas de resolução de conflito que poderá ajudar a resolver esses impasses 
causados pela construção da usina, mas, além desses, outros métodos estão sendo 
aplicados como é o caso da negociação, que em fevereiro de 2021 a empresa Norte 
Energia buscou negociar um acordo com o IBAMA para retomar as vazões maiores 
para geração de energia, após o órgão ambiental ter determinado que a empresa aumente 
o fluxo de água direcionado a um trecho do rio Xingu visto que o aumento dessas 
vazões estava causando a diminuição da disponibilidade das áreas de desova e 
crescimento para a ictiofauna e, consequentemente, ribeirinhos e indígenas também 
seriam afetados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. CONCLUSÃO 
 
 Portanto, é de muita relevância o uso de ferramentas visando analisar e entender 
melhor o conflito existente para a procura de formas de resolução destes e, ainda, 
colocar em prática a gestão de conflitos a fim de evitá-los. 
 Em suma, o ISA e o MPF foram muito importantes em suas atuações na região 
na tentativa de resolver alguns dos conflitos existentes em Belo Monte, devido esses 
órgãos terem dado voz aos atingidos pela construção da usina. 
 Com relação à atividade pesqueira, fundamental para a população indígena, 
ainda existem problemas de conflitos a serem resolvidos já que as organizações sociais 
ainda chamam a atenção para a redução do pescado na região, sobretudo, devido à 
diminuição da vazão em um trecho no rio Xingu. 
 Diante das inúmeras formas de resolução de conflitos em Belo Monte, faz-se 
necessário que os envolvidos busquem a melhor alternativa para ambos a fim de 
resolver esses conflitos. É importante que exista uma fiscalização mais severa a cerca 
dos cumprimentos ou não das condicionantes acordadas para que não aumentem ainda 
mais os problemas sociais e ambientais causados pelo empreendimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
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dos conflitos socioambientais produzidos pela usina hidrelétrica de Belo Monte (PA) 
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