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Raiva Maria Eduarda Lopes – MEDUESPI 41 A raiva é uma antropozoonose que acomete o sistema nervoso central (SNC) AGENTE ETIOLÓGICO - É um vírus neurotrópico envelopado com formato de projétil. É da família Rhabdoviridae, do gênero Lyssavirus e da espécie Rabies vírus (RA BV) com genoma de RNA simples de sentido negativo Seu genoma é constituído por uma molécula linear de RNA fita simples, o qual codifica cinco proteínas denominadas N, M, L, G e NS, todas com propriedades antigênicas ▪ A glicoproteína G presente no envelope viral tem a capacidade de ligação aos receptores da acetilcolina, fato este que contribui para sua neurovirulência - O vírus da raiva é muito sensível aos agentes externos, tanto físicos quanto químicos, como detergentes, ácidos e bases fortes, formol, água e sabão a 20%, além da luz solar, do calor (é inativado a 60º C) e da luz ultravioleta. O agente permanece infectante por dias a 4°C; a -70°C ou liofilizado (4°C), se mantém durante anos - A infecção se inicia através da introdução do vírus na pele ou nas membranas mucosas. Após isso, ocorre replicação no músculo estriado esquelético adjacente ao local da inoculação e subsequente exposição do sistema nervoso periférico, principalmente as terminações nervosas livres desmielinizadas dos fusos neurotendíneos e neuromusculares - O agente etiológico se dissemina ao longo dos nervos periféricos, em direção SNC, aproveitando-se do fluxo axoplasmático retrógrado, célula a célula, através das junções sinápticas - Uma vez instalado no SNC, a multiplicação viral ocorre, preferencialmente, nas regiões do hipocampo, tálamo, hipotálamo, tronco cerebral, medula e cerebelo - O vírus rábico se dissemina de maneira centrífuga pelos nervos periféricos e autônomos, alcançando medula adrenal, rins, pulmões, fígado, músculos esqueléticos, pele, coração e glândulas salivares (possuem por grama de tecido, maior quantidade de vírus que o SNC) - Sua transmissão ocorre por secreções infectadas, usualmente saliva, as quais atingem o organismo através da mordedura animal ou da ferida aberta. Raramente a inalação de aerossóis contendo vírus, a ingestão ou o transplante de tecidos infectados são capazes de transmitir a entidade nosológica → Sua importância deriva do fato de ser letal em aproximadamente 100% dos casos - A OMS estima que, por ano, 55.000 pessoas evoluam para o óbito devido à doença - Uma vez clinicamente apresentada, as possibilidades de cura são remotas, restringindo-se a poucos relatos de casos. Assim, faz se necessária a adoção de medidas profiláticas específicas, visando a proteção - A observação da formação de inclusões citoplasmáticas eosinofílicas, chamadas CORPÚSCULOS DE NEGRI, constituiu o principal achado histopatológico da raiva, sendo considerado patognomônico da condição ▪ Todavia, em cerca de 20% dos pacientes, podem estar ausentes EPIDEMIOLOGIA - A forma mais frequente de transmissão da moléstia nos países em desenvolvimento é a mordedura por cães ▪ A natureza da agressão deve ser determinada, animais raivosos geralmente atacam sem provocação prévia - Casos raros foram relatados de inalação de partícula virais eliminadas pelos morcegos. A transmissão de humano para humano também foi documentada em alguns pacientes após transplante de córnea e de rim - Com a intensificação das ações de vigilância e controle da raiva canina e felina nos últimos 30 anos, o Brasil alcançou significativa redução nas taxas de mortalidade por raiva Em 2008 foi notificado o primeiro caso brasileiro, e o segundo relato no mundo, de cura da raiva humana em ambiente de terapia intensiva, no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, no qual um jovem de 15 anos, infectado pela mordedura de um morcego hematófago, apresentou recuperação. O procedimento terapêutico aplicado e conduta empregada foram reunidos no primeiro protocolo brasileiro de tratamento para raiva -> o Protocolo de Recife humana, com o predomínio de casos em caráter esporádicos e acidentais - As campanhas anuais de vacinação de cães e gatos no Brasil associadas as demais medidas de controle, como a profilaxia antirrábica humana para pessoas expostas ao risco de contrair raiva, resultaram em significativa redução de casos de raiva humana ▪ O resultado das ações de vacinação antirrábica canina e felina resultaram num grande ganho para a saúde pública, permitindo que o país saísse de um cenário de mais de 1.200 cães positivos para raiva e uma taxa de mortalidade de raiva humana por cães de 0,014/100 mil habitantes em 1999, para um cenário de 13 casos de raiva canina e nenhum caso de raiva humana por cães em 2017 CICLOS EPIDEMIOLÓGICOS - Atualmente são considerados 4 ciclos epidemiológicos: ▪ Urbano ▪ Rural ▪ Silvestre ▪ Silvestre aéreo RAIVA URBANA: é caracterizada pela presença da doença em animais domésticos de estimação (cães e gatos). O morcego hematófago (Desmodus rotundus) é o principal transmissor da doença aos herbívoros domésticos, como bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e suínos, pois estes são a fonte alimentar mais frequente, constituindo o ciclo rural ▪ Os herbívoros domésticos podem também se infectar pela agressão de cães, gatos e mamíferos silvestres raivosos CICLO AÉREO: é importante na manutenção do vírus entre as várias espécies de morcegos, os quais disseminam esse agente viral, pois transpõem barreiras geográficas, na medida em que são os únicos mamíferos que voam. Todas as espécies de morcegos, hematófagas ou não, são suscetíveis ao vírus da raiva, podendo transmitir a condição mórbida e apresentar seus sinais, adoecendo e evoluindo para a morte, por conseguinte, não se trata de portadores “assintomáticos” como se acreditava anteriormente QUADRO CLÍNICO - Período de incubação: varia de dias a anos, com média de 4 a 8 semanas. Esta variação dependerá: ▪ Da distância entre o ferimento no qual foi inoculado o vírus rábico e o SNC ▪ Da quantidade de tecido envolvido na inoculação, dos mecanismos de resposta do hospedeiro ▪ Da carga viral inoculada → Cabe ressaltar que as lesões próximas da cabeça e em crianças costumam ter o período de incubação mais curto - Replica-se no local de inserção (fase de incubação) - Infecta os nervos periféricos, com sintomas mínimos ou mesmo sem sintomas (fase prodrômica) - Ao chegar na medula, o cérebro é rapidamente infectado (fase neurológica) - Disseminação: ex. glândulas salivares - Encefalite com degeneração de neurônios - Fatal desde que a doença clínica seja aparente PERÍODO DE TRANSMISSÃO 2 a 7 dias antes do início dos sintomas no animal 5 a 7 dias depois ocorre a morte do animal FASES DA DOENÇA 1) PRODRÔMICA (inespecífica) - Caracterizada por queixas inespecíficas, como: ▪ Febre, cefaleia, indisposição, mialgias, anorexia e tosse não produtiva - Em 50% a 80% dos casos, acompanha-se de parestesias e/ou fasciculações musculares ao redor do local da inoculação do agente viral ▪ Acredita-se que tais manifestações sejam decorrentes da disfunção dos nervos periféricos devido à reação imunológica dirigida ao vírus rábico em replicação no gânglio sensitivo (ganglioneuronite) - Com a evolução do quadro, começam a surgir sinais indicativos de encefalite, tais como diminuição da acuidade auditiva ou surdez, diplopia, visão turva e estrabismo 2) NEURAL AGUDA - É subdividida em duas formas clássicas da entidade nosológica: furiosa, relacionada principalmente com o vírus transmitidos por canídeos, e a paralítica, associada, geralmente, ao vírus transmitidos por morcegos FORMA FURISOA: 2 a 10 dias após a primeira fase emergem ansiedade grave, excitação e agitação psicomotora. Convulsões generalizadas, meningismo e espasmos musculares involuntários podem fazer parte do contextoclínico, assim como, períodos de confusão mental, intercalados por momentos de lucidez, disartria, hiperestesias, sensibilidade à luz (fotofobia), sensibilidade a ruídos intensos ou brisas leves (aerofobia). A disfagia associada à salivação excessiva integra o quadro tradicionalmente denominado “espumar pela boca”. Em metade dos enfermos, é possível observar espasmos da musculatura da orofaringe, da laringe e diafragmática, geralmente incitadas por tentativas de ingestão de água, ou raramente, pela simples visão dela, caracterizando a hidrofobia. O paciente evolui paulatinamente para o coma, com o êxito letal acontecendo em quatro a 10 dias, geralmente durante convulsão ou ocorrência de apneia FORMA PARALÍTICA: pode ser decorrente da afecção raquimedular, acompanhando ou seguindo a excitação, assemelhando-se, muitas vezes, à síndrome de Guillain-Barré, o que pode dificultar o diagnóstico sobremaneira. Este fato salienta a necessidade da inclusão de testes específicos para a detecção de raiva em serviços de transplante de órgãos, particularmente em doadores com sinais de comprometimento neurológico. Habitualmente, a forma paralítica associa-se à mordedura de morcegos. Deve ser comentado que na região da mordedura ocorre, com alguma frequência, parestesia, dor e prurido, contexto clínico que evolui para paralisia muscular flácida precoce, preservando, geralmente, a sensibilidade. É marcante a ocorrência de febre, geralmente alta e intermitente O quadro de paralisia pode determinar, igualmente, alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária aguda e obstrução intestinal funcional. Apesar de se observar espasmos musculares, os achados clínicos não se alinham aqueles da hidrofobia, destacando-se que a consciência se mantém preservada na maioria dos casos → Os sinais de DISAUTONOMIA são observados nas duas formas da doença e incluem pupilas irregulares e dilatadas, lacrimejamento, salivação, sudorese, hipotensão arterial postural/ hipertensão arterial sistêmica, bradicardia, bradiarritmia, taquicardia e insuficiência respiratória (principais causa de morte) DIAGNÓSTICO - Ressalta-se que nenhuma das técnicas, isoladamente, oferece 100% de sensibilidade, é preciso um conjunto de achados para aumentar a probabilidade. O resultado positivo é diagnóstico para a infecção, porém o negativo não a exclui Sintomas da doença nos animais: Cachorro -> comportamento nervoso, mudam o timbre do latido Morcegos -> voando durante o dia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: na fase inespecífica pode ser confundida com uma infinidade de distúrbios infecciosos, como uma doença viral não específica, mononucleose, bacteremia ou meningite ▪ Vai depender muito do desenvolvimento de raiva furiosa ou paralítica Já nos pacientes com sintomas e sinais de encefalite, outras infecções mais comuns (por exemplo, vírus do herpes simplex, vírus do Nilo Ocidental) e outros distúrbios não infecciosos (vasculite do SNC, encefalopatia tóxica ou metabólica) devem ser descartados → Os casos de raiva podem ser diferenciados pela presença de hidrofobia, aerofobia, disfagia e dor localizada, fraqueza ou parestesia Outras causas de rigidez muscular que podem ser observadas na raiva incluem tétano, distonia por fenotiazina e envenenamento por estricnina. Embora os pacientes com delirium tremens possam demonstrar agitação, apresentar alucinações e tremores, eles não apresentam hidrofobia ou aerofobia A raiva paralítica pode ser confundida com síndrome de Guillain-Barré, poliomielite, vírus do Nilo Ocidental e mielite transversa aguda. Pacientes com poliomielite não apresentam distúrbios sensoriais e a febre geralmente não persiste com o início da paralisia. Outras polineuropatias agudas, distúrbios da junção neuromuscular e processos que afetam a medula espinhal também devem ser considerados TRATAMENTO Não há uma terapia estabelecida para pacientes humanos com raiva!!! - Uma abordagem ao tratamento da raiva humana foi recentemente publicada. O artigo recomendou o uso de uma combinação de terapias e discutiu os prós e contras de se utilizar uma variedade de medicamentos específicos - Em 2004, uma paciente de 15 anos, que teve raiva por mordida de morcego no dedo, foi o primeiro registro de sobrevivência à raiva sem que o indivíduo tenha sido vacinado antes do aparecimento dos sintomas da raiva clínica. Não se sabe se a terapia com um ou mais agentes específicos exerceu um papel importante para o resultado positivo da paciente. Entretanto, daquele momento em diante, houve o registro de no mínimo 13 casos nos quais os principais componentes desta abordagem (o protocolo “Milwaukee”) foram utilizados e que resultaram em desfechos fatais ▪ No Brasil é usado o Protocolo Recife, muito parecido com o Milwaukee dos EUA, focando na sedação do paciente com raiva comprovada - A indução ao coma não tem demonstrado ser útil para o tratamento de doenças infecciosas no sistema nervoso, e não há evidências que deem suporte a esta abordagem para o tratamento da raiva ou outras encefalites virais PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO - É recomendada para médicos veterinários, além de professores, alunos e profissionais que trabalham com animais potencialmente infectados com o vírus da raiva PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO - Os procedimentos visam impedir que o vírus rábico alcance as terminações nervosas adjacentes à solução de continuidade, através da estimulação da resposta imunológica do enfermo e da eliminação das partículas virais da lesão. Deste modo, impede-se o processo de adoecimento - O primeiro cuidado após a mordedura do animal é a exaustiva limpeza do ferimento com água e sabão, fazendo- se, ato contínuo, a antissepsia com álcool iodado, povidine ou clorexidina - A sutura da lesão não é recomendada rotineiramente, mas, nas lesões extensas a aproximação das bordas do ferimento pode ser realizada, situação na qual a infiltração da lesão com soro antirrábico é preconizada - A profilaxia para o tétano é eventualmente necessária, respeitando-se suas indicações consagradas na literatura e nos protocolos governamentais - Mordeduras de cães e gatos em mãos, face, pescoço ou em caso de lesões extensas e profundas, ou ainda com comprometimento ósseo e/ou articular, devem receber antimicrobianos profiláticos pelo risco de infecção secundária ▪ Os fármacos sugeridos são: o Amoxicilina/clavulanato o Ampicilina/ sulbactam ▪ Por cinco dias, visando os germes mais comumente isolados, como Staphylococcus aureus, Pasteurella multocida (principalmente em gatos), anaeróbios e Capnocytophaga canimorsus - No que diz respeito às lambeduras de pele com lesões superficiais, a lavagem com solução fisiológica a 0,9% é eficaz. A lambedura da pele íntegra não é habitualmente considerada de risco ❖ VACINAÇÃO: - Existem no mercado dois tipos de vacinas antirrábica, ambas contendo o vírus inativado: ▪ FUENZALIDA & PALÁCIOS -> é preparada a partir de encéfalos de camundongos RN contendo uma pequena parcela de tecido nervoso, representando o imunobiológico com maior índice de efeitos colaterais (dor, rubor, prurido e linfonodomegalia satélite; as sistêmicas são febre, mal estar, cefaleia, mialgias e artralgias e neurológicas ocorrem devido à reação desmielinizante da vacina, manifestando-se como quadros neuroparalíticos tipo Guillain-Barré, tipo neurítico ou encefalomielite, bastante relacionada ao n° de doses aplicadas e à repetição do esquema vacinal) ▪ CULTIVO CELULAR -> é a mais recomendada pela OMS, por apresentar imunogenicidade comprovada, maior segurança e menores riscos de reações adversas. É produzida e utilizada no Brasil desde 2003, é gratuita e encontra-se disponível em toda rede do SUS → Devido à elevada letalidade da doença não há restrições à vacinação, gravidez, mulheres lactantes, doenças intercorrentes ouconcomitância de outros tratamentos, enfatizando-se que a dose de aplicação independe da idade e do peso do paciente O tratamento consta de quatro doses de vacina, ministradas nos dias 0, 3, 7 e 14 ❖ SORO: - A imunização passiva, realizada por soro, heterólogo ou homólogo, é feita pela infiltração do soro no ferimento, respeitando a dose recomendada a cada enfermo e procurando prover o maior volume possível de infiltração ▪ Caso a região anatômica não permita a introdução de todo o volume do soro, a quantidade restante, deve ser aplicada via IM, em regiões sem muito tecido adiposo e em áreas díspares em relação à administração da vacina - Os soros atualmente produzidos são seguros, todavia, podem causar eventos adversos como reações de hipersensibilidade. A dose utilizada é de 40 UI/kg - Se o mamífero envolvido na exposição humana é selvagem e suspeito ou sabidamente portador de raiva, deve ser eutanasiado e ter sua cabeça enviada para um laboratório da vigilância epidemiológica, com o objetivo de examinar seu cérebro com anticorpos fluorescentes, visando a detecção de Ag virais ou corpúsculos de Negri - Os demais animais são observados por 10 dias, período no qual, se houver o desenvolvimento da moléstia, estará indicado o exame do seu cérebro. Nos casos de mamíferos que escaparam, ou que não possam ser observados, a profilaxia ativa e passiva deve ser assegurada IMPORTANTE: Raiva tem degeneração dos neurônios afetados, no tétano não. Por isso uma doença deixa sequelas enquanto a outra não Poliomielite Maria Eduarda Lopes – MEDUESPI 41 - Doença infectocontagiosa aguda na qual os neurônios motores são acometidos pelo vírus AGENTE ETIOLÓGICO - Poliovírus da família Picornaviridae e gênero enterovírus - É um vírus de RNA positivo, não envelopado e com neurotropismo - Possui 3 sorotipos: I, II e III ▪ Quem pega poliomielite, adquire imunidade para apenas 1 dos sorotipos, nunca os 3 - O vírus penetra nas células humanas por endocitose através do receptor celular PVR (receptor para poliovírus) - Produz erros frequentes de replicação o que gera uma taxa de mutação 1 milhãox maior que células eucariontes EPIDEMIOLOGIA - Surtos: Ásia, África e região norte do Paquistão - 2021: vírus selvagem permanece endêmico em apenas 2 lugares (Paquistão e Afeganistão) que registraram 5 casos nos últimos 12 meses; - Brasil: último caso de poliomielite selvagem foi em 1989; - É obrigatória a notificação de casos de paralisia flácida de instalação aguda em menores de 15 anos; ▪ Pois são casos suspeitos de pólio TRANSMISSÃO - Alta infectividade, baixa patogenicidade (muita gente vai pegar, mas poucos vão manifestar a doença propriamente dita) - Formas de transmissão: ▪ Fecal-oral: água, alimentos ou objetos contaminados com fezes de indivíduos portadores ou doentes; ▪ Oral-oral (secreções nasofaríngeas); ▪ Começa 36-72h após a infecção do indivíduo e mantém-se até 6 semanas após; ▪ Durante epidemias: alta transmissão oral-oral PATOGENIA - Viremia maior se dá pelo aumento da replicação do vírus nos linfonodos, até se disseminarem pelo sangue e chegarem no SNC (vence a BHE) ▪ Diferente da raiva, não se dá por via axonal FORMAS CLÍNICAS – Infecção por polivírus Como é um vírus de alta infectividade, praticamente 100% das pessoas expostas vão se infectar. Porém, a grande maioria das infecções não é aparente - Infecção inaparente 90% ▪ Pessoas imunocompetentes - Poliomielite crônica 10% ▪ Poliomielite abortiva (7%) ▪ Envolvimento do SNC (3%) o Poliomielite paralítica (1%) o Poliomielite não-paralítica (2%) ❖ Infecção inaparente Pessoa apesar de não ter sintomas, contribui para a disseminação do vírus, mantendo-o na comunidade, daí a importância da vacinação, mesmo o vírus circulando, a maioria da população tá vacinada e assim não vai pegar ❖ Poliomielite abortiva Febre, cefaleia, tosse, coriza, vômito, dor abdominal e diarreia ❖ Poliomielite não paralítica Meningite asséptica ❖ Poliomielite paralítica - É a mais perigosa - Padrão de fraqueza muscular muito variado, sempre flácido, afeta mais MMI, distúrbios respiratórios, distúrbios da consciência, encefalite, alterações autonômicas e sinais de comprometimento piramidal (dependendo do nervo acometido) Vírus selvagem -> é o que veio da natureza Vírus vacinal -> pólio adquirida através da vacinação - Paralisia flácida aguda: lesão das células do corno anterior (ventral) da medula, assimétrica; ▪ Fraqueza muscular com sensibilidade preservada e arreflexia do segmento atingido; o Sensibilidade vem da raiz dorsal da medula ▪ Pode haver sintomas de meningite: febre, rigidez do pescoço, dor de cabeça, vômitos; ▪ Dores musculares; ▪ Se houver envolvimento dos nervos cranianos e músculos torácicos, paciente pode demonstrar dificuldade para engolir e insuficiência respiratória; ▪ Pode chegar à paraplegia ou tetraplegia; ▪ Pode ser: espinhal, bulbar ou bulboespinhal; o Relacionado à topografia, ou seja, qual nervo foi lesado pelo vírus DIAGNÓSTICO CLÍNICA: meningite asséptica + fraqueza flácida aguda assimétrica - Exame de fezes: isolamento do vírus ▪ Padrão ouro! É um enterovírus, detectado nas fezes até 6 semanas - LCR: com pleocitose leve e predominância linfocítica ❖ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Outros enterovírus: EVH e EVH-71 ▪ Diferenciado com PCR - Síndrome de Guillain-Barré ▪ Diferenciar pela paralisia simétrica em dias e no Guillain é passível de recuperação, na pólio apenas 1/3 consegue recuperar - Vírus do Nilo ocidental TRATAMENTO - Não há tratamento específico; - Apenas medidas de suporte: ventilação mecânica e monitoramento cardiovascular em pessoas que tiveram acometimento; VACINAÇÃO - Vacina de vírus inativado (IPV): Salk, 1954 ▪ Via intramuscular ▪ Induz formação de IgG ▪ Indicada para regiões com bom saneamento básico ▪ Menor risco para os seres humanos - Vacina de vírus atenuado (OPV): Sabin, 1959 ▪ Via oral (gotinha) ▪ Induz formação de IgG e IgA o A formação desses 2 anticorpos diferentes, potencializa a proteção de indivíduos que são constantemente expostos ▪ Através desse vírus atenuado, refaz o ciclo natural do vírus: propicia imunidade individual e maior imunidade de grupo na população em geral -> disseminação do poliovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo ▪ Produzida a partir de mutações e deleções nas regiões de neurovirulência -> risco de reversão da atenuação (pólio pós-vacinal) o Casos raros, os que aconteceram foram com indivíduos imunocomprometidos VACINAÇÃO NO BRASIL - Dia D, “Zé Gotinha” - Mas desde 2016, devido ao risco do desenvolvimento de pólio pós-vacinal, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de 3 doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (15 meses e quatro anos de idade) PREOCUPANTE! - 2015: 98,2% do público-alvo recebeu as doses - 2020: 75,9% (ministério da saúde) ▪ Brasil entrou em lista de alto risco de volta da pólio
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