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Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos ITPAC Cruzeiro do Sul – Acre Afya – Educação Tecnologia Saúde Curso de Graduação em Medicina Disciplina: Sistemas Orgânicos Integrados – SOI - II Aluna: Maria Fernanda Alves dos Santos Cruzeiro do Sul - AC, 01 de Outubro de 2021 TIC`s: O que orientar a um paciente candidato a uma tireoidectomia total? Quais os riscos que podem ocorrer nesta cirurgia? A tireoide é uma glândula em forma de “borboleta” com dois lobos ligados pelo istmo, localizada na região cervical anterior. Esta, regulada pela hipófise, através da secreção dos hormônios tireoidianos triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), é responsável pela homeostase metabólica, sendo uma das principais glândulas do corpo humano, produtora de hormônios capazes de regular o metabolismo celular e agir na absorção de cálcio. Diversas doenças podem acometer essa glândula, podendo ser classificadas entre alterações funcionais, morfológicas e autoimunes. Atualmente, estima-se que o Câncer de Tireoide (CT) é o de maior prevalência dentre os carcinomas de cabeça e pescoço, sendo responsáveis por 85% desses casos de câncer. A idade média de diagnóstico é de 44 anos e a incidência entre mulheres é três vezes maior do que entre homens. Em geral, o prognóstico dos pacientes é excelente e a taxa de sobrevivência passa de 90%, apesar desta condição poder retornar muitos anos após o diagnóstico inicial. O câncer de tireóide é um evento que apesar de ser o menos agressivo, traz consigo uma série de alterações no organismo. a idade avançada já é um fator de risco conhecido para complicações. A hipocalcemia é uma das complicações mais frequentes, que pode levar a sérias consequências e até mesmo à morte. É difícil estabelecer sua prevalência exata, considerando a ampla gama de definições e as diferenças amostrais. A tireoidectomia total (TT) ou parcial (TP) pode resultar em comprometimento vocal devido à compressão extrínseca da glândula na laringe, intubação endotraqueal, dissecção dos músculos cervicais, hematomas e lesões dos nervos laríngeos. A disfonia pode ocorrer em até 90% dos pacientes, especialmente no pós-operatório imediato, e persistir por três a seis meses em 11% a 15% dos casos. O nervo laríngeo recorrente (NLR), bem como o ramo externo do nervo laríngeo superior (NLS), pode ser temporariamente ou permanentemente lesionado. As taxas estimadas de lesão para o NLS variam de 0,3% a 13% e para o NLR, de 5% a 10%, temporária em 5% e permanente em 0,5% a 2% dos casos. Lesão do NLR é a principal causa de disfonia após tireoidectomia. O nervo laríngeo recorrente tem vários ramos extralaríngeos e relação direta com a artéria tireoidiana inferior, no nível superficial e profundo, e pode ser lesionado quando a artéria é dividida. A paralisia do NLR resulta na imobilidade da corda vocal no lado afetado, causa rouquidão e fadiga vocal como consequência da insuficiência glótica. O nervo laríngeo superior pode ser afetado durante a tireoidectomia quando a artéria tireoidiana superior é ligada ou após a cauterização local, resulta em uma corda vocal menos tensa pela diminuição da atividade do músculo cricotireóideo (CT). Nessas condições, a capacidade vocal de uma mudança rápida no registro é prejudicada, bem como a emissão de sons de alta frequência e a manutenção do timbre. No entanto, alguns autores apontam mudanças nos padrões vocais em 14% a 30% dos pacientes pós-tireoidectomia, mesmo sem lesões nos nervos. As causas incluem a fixação laringotraqueal pela aderência aos músculos pré-traqueais, lesão no plexo neural peritireóideo, traumatismo por intubação, trauma cirúrgico ao CT ou junção cricotireóidea e alterações na irrigação vascular e drenagem linfática e venosa da laringe. A maioria dessas alterações laríngeas é autolimitada. Outra complicação é o hipoparatireoidismo que pode ser causado por lesão, desvascularização ou remoção da glândula. De acordo com os autores, durante a cirurgia, raramente são identificadas todas as paratireoides. Relatam, eles, uma conduta de prevenção da hipocalcemia, que seria o reimplante de imediato de qualquer paratireoide que tenha sido desvascularizada ou removida acidentalmente durante a dissecção. A tetania pós operatória, relacionada também, à remoção ou traumatismo das glândulas paratireóideas. Gonçalves Filho e Kowalski (2006) evidenciam que uma das complicações é a infecção do sítio cirúrgico, que pode estar relacionada ao uso ou não de drenos. No mesmo trabalho, afirma que há um aumento do risco de infecção em pacientes com drenos quando comparados com pacientes não drenados. Os mesmo autores relatam que o uso de dreno não apresenta qualquer beneficio, e só aumenta o tempo de hospitalização, e que a hemostasia é uma medida importante para evitar complicações pós-operatórias como os hematomas. Para garantir segurança da assistência cirúrgica, algumas medidas deve ser realizada pelos profissionais para evitar complicações, tais como: prevenção infecção de sítio cirúrgico, anestesia segura, equipes cirúrgicas eficientes e mensuração da assistência cirúrgica. Devem ser feitas orientações ao paciente sobre os cuidados pós operatório, salientando a importancia, do uso de cálcio, principalmente após cirurgia. Ele é prescrito para evitar ou tratar os sintomas desagradáveis da hipocalcemia, como formigamentos e câimbras. São utilizados quase sempre temporariamente, e serão retirados conforme a função das glândulas paratireoides se restabelecerem. Orientar sobre a necessidade de reposição dos hormônios tireoidianos que vão parar de ser produzidos com a retirada da tireoide, para garantir o bom funcionamento corporal pois , além de outras funções, regulam o metabolismo. Evitar tomar qualquer medicação que contenha ácido acetilsalicílico por 10 dias antes da cirurgia. Remédios como, AAS, Aspirina, Buferin ou Melhoral, por exemplo, não devem ser tomados. O uso destes remédios aumenta muito o risco de sangramento durante a cirurgia e no pós operatório. Estar em jejum na cirurgia, de pelo menos 8 horas, dentre outras informações. As orientações ao cliente sobre o processo cirúrgico são essenciais para o sucesso do tratamento, o médico deve esclarer acerca desses riscos, os procedimentos invasivos, a anestesia que será utilizada, se necessitará de ventilação mecânica e utilização de tubos, cateteres, monitorização cardíaca, realização de exercícios respiratórios, presença de dor, administração de medicamentos e outras informações ou dúvidas pertinentes à cirurgia a ser realizada. Essas informações devem ser fornecidas de forma clara, objetiva e planejadas a partir da avaliação das necessidades do cliente, e não deve ser feita de forma simplista, ou direcionadas apenas para as necessidades físicas, mas, considerando também os aspectos emocionais e culturais do cliente. Nesse momento pré-operatório, uma boa relação médico- paciente deve ser cultivada, nessa conjuntura, o esclarecimento das dúvidas apresentadas pelo cliente cirúrgico, garante mais tranqüilidade e menos risco de complicações no período pós-operatório. Um plano de ensino ao paciente, bem idealizado por todos os profissionais envolvidos no cuidado, desenvolvido a partir da admissão e que se adapta as necessidades de aprendizado do cliente, pode reduzir os custos com os cuidados com a saúde e melhorar a qualidade da assistência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Borges AKM, Ferreira JD, Koifman S, Koifman RJ. Câncer de tireoide no Brasil: estudo descritivo dos casos informados pelos registros hospitalares de câncer, 2000-2016. Epidemiol Serv Saúde. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica . HIV/AIDS, hepatite e outras DST. CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA. Brasília, 2006. FREITAS,Fernando [et al.] Rotinas em Obstetrícia. 2011. Germano A, Schmitt W, Ribeiro C, Simões H, Gasparinho G, Ferreira M, et al. Categorização TIRADS (Thyroid Imaging Reporting and Data System) e Bethesda de Nódulos da Tiróide: Experiência Institucional. Revista Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo. 2017; 12: 14-21. GONÇALVES FILHO, J.; KOWALSKI, L. P. Complicações pós-operatórias em tireoidectomias com ou sem dreno. Rev. Col. Bras. Rio de Janeiro, v. 33, n. 6, p. 77- 90, nov./dec, 2006. Silva, Waldine Viana da e Nakata, Sumie. Comunicação: uma necessidade percebida no período pré-operatório de pacientes cirúrgicos. Revista Brasileira de Enfermagem [online]. 2005, v. 58, n. 6 [Acessado 1 Outubro 2021] , pp. 673-676. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0034-71672005000600008>.
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