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MATEMÁTICA Capítulo 8 Números complexos130 Representações geométricas dos números complexos Desde a antiguidade que os números são usados para avaliar comprimentos, mas foram as idéias de René Des- cartes que nos levaram a usar os pontos de uma reta como representantes dos números reais, no modelo chamado de eixo real. Tal modelo consiste na escolha de dois pontos distintos de uma mesma reta, atribuindo o valor 0 (zero) a um dos pontos e o valor 1 (um) ao outro ponto. O ponto associado ao zero passa a ser chamado de origem do eixo. 0 » 1 Feito isso, cada um dos demais pontos da reta fica ime- diatamente associado a um único número real e vice-versa. O ponto do eixo real associado à unidade negativa ( 1) fica localizado de modo que a origem (0) seja o ponto médio do segmento determinado pelas duas unidades (+1) e (−1). 0 » 1–1 A origem do eixo real divide-o em 2 semirretas: uma com todos os pontos associados aos números reais po- sitivos, e a outra com os pontos associados aos números negativos. Rotações em torno da origem Da forma como foi proposto, o eixo permite observar a relação entre dois números reais opostos (+a) e (−a) como se cada um deles fosse o resultado da rotação de 180 o do outro, em torno da origem. 0 » +a–a Assim, interpreta-se que a multiplicação de um número real pela unidade negativa (−1) promove uma rotação de 180 o desse número em torno da origem. ( 1) ⋅ (+a) = a ( 1) ⋅ (-a) = +a A equivalência entre a multiplicação pela unidade ne gativa e a rotação de 180 o em torno da origem do eixo real é algebricamente expressa com o auxílio da sigla “cis”, que tem origem no estudo das funções trigonométricas seno e cosseno Assim: -1 = cis(180 o ) Observe que: I Multiplicar um número real r por (−1) duas vezes suces sivas equivale a multiplicá lo por (+1) II Tomar uma figura geométrica e efetuar duas rotações sucessivas de 180 o dela em torno de um mesmo pon to O equivale a efetuar uma única rotação de 360 o da figura em torno de O III Multiplicar um número por +1 não altera o valor desse número, bem como tomar uma figura e efetuar rota- ções de 360 o não altera a posição da figura. Assim, também se interpreta a multiplicação de um nú- mero real pela unidade positiva (+1) como uma rotação de 360 o desse número em torno da origem. Em termos algébricos, essas observações ficam ex- pressas por: I ( 1) ⋅ (-1) = +1 II. cis(180o) + cis(180 o ) = cis(360 o ) III. 1 = cis(360 o ) Essas novas notações rotacionais para os números também podem ser expressas em radianos: -1 = cis(p) +1 = cis(2p) Seguindo esse padrão, a multiplicação pela unidade imaginária também possui uma interpretação rotacional. Observe que: I Multiplicar pela unidade imaginária (i) duas vezes su- cessivas equivale a multiplicar por (−1). II. Efetuar duas rotações sucessivas de 90 o equivale a efetuar uma única rotação de 180 o . Em termos algébricos, estas observações ficam ex- pressas por: I. (i) ⋅ (i) = 1 II. cis(90o) + cis(90 o ) = cis(180 o ) Conclui-se então que a multiplicação de um número qualquer pela unidade imaginária deva promover uma ro- tação de 90 o do ponto que representa esse número em torno da origem do eixo real. i = cis(90 o ) Rotações de 180 o e 360 o geram o mesmo resultado, sejam elas no sentido horário ou anti horário, mas as rotações de 90 o não. Adota-se então que as rotações indicadas pela sigla cis são sempre feitas nos mesmos sentidos adotados no estudo do ciclo trigonométrico, ou seja: • anti-horário para arcos positivos; • horário para arcos negativos. 0 a ⋅ i » +a–a Por isso, representa-se a unidade imaginária por um ponto localizado logo acima da origem de um eixo real horizontal. 0 » +1–1 i F R E N T E 2 131 Os pontos onde se localizam as unidades (+1), (−1) e ( i ) estão todos a uma mesma distância da origem do eixo real O ponto associado à unidade imaginária negativa (−i) fica localizado de modo que a origem (0) seja o ponto médio do segmento determinado pelas duas unidades imaginárias (+i) e (−i) 0 » +1–1 i –i Ciclos de potências da unidade imaginária Tanto as unidades inteiras, positiva e negativa, quanto a unidade imaginária possuem potências de expoente inteiros que formam ciclos periódicos (Base) Exp ... –2 –1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 ... (+1) +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1 (−1) +1 −1 +1 −1 +1 −1 +1 −1 +1 −1 +1 −1 +1 −1 ( i ) 1 i +1 +i 1 i +1 +i 1 i +1 +i 1 i Usando as interpretações rotacionais das multiplicações pelas unidades (+1), (−1) e (+i) é possível perceber de maneira visual cada ciclo da tabela. Como cada multiplicação por (+1) equivale a uma rotação de 360o em torno da origem, o ciclo de potências da unidade positiva (+1) tem período de um termo: 0 » +1 (+1)n = +1 para todo número inteiro n. Como cada multiplicação por (−1) equivale a uma rotação de 180o em torno da origem, o ciclo de potências da unidade negativa (−1) tem período de dois termos: 0 » +1–1 - = + - = - n n ( 1) 1, se é um número par. ( 1) 1, se é um número ímpar. n n Como cada multiplicação por (+i) equivale a uma rotação de 90o em torno da origem, o ciclo de potências da unidade imaginária ( i ) tem período de quatro termos: = + = + = = - n n n n (i) 1, se é um múltiplo de 4. (i) i, se deixa resto 1 quando dividido por 4. (i) 1, se deixa resto 2 quando dividido por 4 (i) i, se deixa resto 3 quando dividido por 4 n n n n MATEMÁTICA Capítulo 8 Números complexos132 0 i 1–1 –i Assim, sendo r o resto da divisão de um número inteiro n pelo número 4, tem-se que: (i) n = (i) r Exercícios resolvidos 23 O valor da soma S = i + i2 + i3 + i4 + + i10 é igual a A 1 + i b −1 + i C 1 − i d −1 − i E 0 Resolução: i 1 = i i 5 = i 1 = i i 9 = i 1 = i i 2 = 1 i 6 = i 2 = 1 i 10 = i 2 = 1 i 3 = i i 7 = i 3 = i i 40 = 1 i 8 = i 4 = 1 Somando todas essas igualdades, obtém-se: S = i – 1 – i + 1 + i – 1 – i + 1 + i – 1 = −1 + i Alternativa: B 24 Sendo i a unidade imaginária, calcule o valor da ex pressão E = i 2011 + i 2012 + i 2013 A 0 b 1 C −1 d i E – i Resolução: Dividindo 2011 por 4 obtém-se resto 3, portanto, i2011 = = i 3 = -i Dividindo 2012 por 4 obtém-se resto 0, portanto, i 2012 = = i 0 = 1. Dividindo 2013 por 4 obtém-se resto 1, portanto, i 2013 = = i 1 = i. Logo: E = i 2011 + i 2012 + i 2013 = i + 1 + i = 1 Alternativa: B Números inteiros de Gauss No início do século XIX, o astrônomo e matemático ale- mão Carl Friedrich Gauss publicou alguns artigos a respeito dos números complexos, em que tanto a parte real quanto a parte imaginária eram números inteiros. {z = a + b ⋅ i | a ∈ Z, b ∈ Z e i 2 = 1} Conhecidos hoje como números inteiros de Gauss, es- ses números podem ser representados geometricamente em uma malha de pontos coplanares alinhados horizon- talmente e verticalmente, como vértices de quadrados congruentes e adjacentes: 0 Uma vez escolhido o ponto da malha que irá repre- sentar o número zero, os quatro pontos indicados ficam representando os números: +1 à direita -1 à esquerda + i acima - i abaixo 0 +i +1–1 i Dessa forma, os demais números inteiros ficam alinha- dos sobre um eixo real horizontal e os demais imaginários puros, com parte imaginária inteira, ficam alinhados verti- calmente acima e abaixo da origem. » –2i –4 4i –1–2–3 –i 0 3i 2i i 1 2 3 4 5 6 7 Os pontos da malha, localizados fora das linhas horizontal e vertical que passam pela origem, representam os demais números inteiros de Gauss, ou seja, os complexos z = a + bi, com a ∈Z, b ∈Z, i 1= e a ⋅ b ≠ 0 Veja alguns exemplos: » –3 – 2i –3 + 2i –1 + 2i 3 + 2i 2 + 3i 1 + 4i 7 + 4i –2 – i –4 + i 5 + i 1 – i 1 + i 6 – i 1 – 2i 3 – 2i 0 Posições relativas Diversas propriedades geométricas dos números com- plexos podem ser observadas nos pontos em destaque na figura anterior.
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