Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Mestrado em Oncologia Unidade Curricular: BIOPATOLOGIA Rui Henrique Serviço de Anatomia Patológica e Centro de Investigação Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, E.P.E. & Departamento de Patologia e Imunologia Molecular Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar Universidade do Porto Neoplasia: conceitos, classificação e diagnóstico Neoplasia: conceitos fundamentais � Resumo: �Conceitos básicos (neoplasia, hiperplasia, metaplasia e displasia) �Classificação: critérios e nomenclatura �Carcinogénese química, física e biológica �Biologia da célula neoplásica 2 Neoplasia: conceitos, classificação e diagnóstico � Resumo: �Alterações do crescimento e diferenciação celular: hiperplasia, metaplasia, displasia e neoplasia �Critérios de malignidade �Sistemas de classificação e nomenclatura �Graduação �Estadiamento � Aumento do número de células de um tecido ou orgão � Pode ser fisiológica ou patológica � Em regra existe um estímulo subjacente que cessando pode levar à regressão � Frequentemente este estímulo é hormonal Hiperplasia 3 Hiperplasia � Hiperplasia benigna da próstata � Grupo etário > 50 anos � Causa sintomas obstrutivos urinários � Estrogéneos e androgéneos estão envolvidos no processo (estímulo androgénico persistente possivelmente com sinergismo dos estrogéneos) � Histologicamente, quer o componente glandular quer o estromal contribuem para o processo Hiperplasia benigna da próstata 4 Hiperplasia benigna da próstata Hiperplasia benigna da próstata 5 Hiperplasia benigna da próstata Metaplasia � Significa a transformação ou substituição de um tipo de tecido maduro por outro tipo de tecido maduro � Em regra, traduz adaptação a uma alteração do ambiente � Afecta mais frequentemente os tecidos epiteliais de revestimento � A persistência das alterações pode criar condições para o desenvolvimento de displasia e neoplasia (e.g., metaplasia de tipo intestinal na mucosa gástrica e metaplasia pavimentosa na mucosa brônquica) 6 Metaplasia intestinal em mucosa gástrica: presença de células caliciformes e de células de Paneth Metaplasia Através da coloração com diamina férrica é possível identificar a presença de sialomucinas (mucinas coradas de azul) e sulfomucinas (mucinas coradas de castanho) A presença de sulfomucinas indica que é maior o risco de desenvolvimento do adenocarcinoma gástrico (imagem E) 7 Metaplasia ESÓFAGO DE BARRET A – Imagem macroscópica B, C, D, E – Imagens endoscópicas ESOFAGO DE BARRET: Metaplasia gástrica do epitélio pavimentoso esofágico, associada também a metaplasia intestinal (células caliciformes) O esófago de Barret é um factor de risco para o desenvolvimento de adenocarcinoma do esófago Metaplasia 8 Displasia � Proliferação celular com alteração das características morfológicas e da maturação � Implica uma alteração inequívoca do programa de crescimento e diferenciação celular � Devem ser excluídas as condições associadas a processos degenerativos ou reparativos � A lesão é confinada ao tecido Displasia � Displasia gástrica � Lesão precursora do adenocarcinoma (embora nem todas as lesões de displasia originem adenocarcinomas, i.e., podem regredir “espontaneamente”) � Pode ocorrer em lesões de metaplasia (mais frequente) ou no epitélio nativo � Em regra é classificada em 2 graus, que reflectem a gravidade da alteração e o risco de progressão: � Baixo grau � Alto grau 9 Neoplasia � Lesão caracterizada por proliferação celular de novo, não reactiva � Quando forma uma massa identificável pode designar-se por “tumor” � Na prática clínica, os termos “neoplasia” e “tumor” são frequentemente utilizados de forma indistinta 10 Neoplasia � De acordo com a sua história natural (potencial de causar dano ao paciente), as neoplasias são, genericamente, categorizadas em: � Benignas � Malignas � Contudo, o comportamento clínico das neoplasias é mais complexo, sendo considerada, em algumas situações, a existência de uma categoria adicional: � Malignidade intermédia ou “borderline” � A categorização de uma neoplasia é fundamental para a correcta abordagem terapêutica Neoplasia � Neoplasia benigna �Localizada �Circunscrita por cápsula ou tecidos adjacentes comprimidos �Manifesta-se através de ocupação de espaço e compressão �Não metastiza �Se completamente excisada não recidiva 11 Neoplasia � Neoplasia maligna (= cancro) �Capacidade de invasão dos tecidos adjacentes �Capacidade de metastização, i.e., a capacidade de as células neoplásicas se disseminarem e crescerem em locais distantes da origem. A metastização pode ser hematogénea, linfática ou em cavidades revestidas por serosa (pleura, peritoneu) Neoplasia � Neoplasia de malignidade intermédia (“borderline”) �Neoplasias com capacidade de invasão local, mas com baixo risco de progressão e de metastização �Estas neoplasias apresentam elevado risco de recidiva local �Após sucessivos episódios de recidiva pode ocorrer progressão para formas de maior agressividade clínica 12 Neoplasia Com capacidade de metastização Sem capacidade de metastização Localmente invasorSem invasãoDisseminação Não capsuladoCapsuladoCapsulação Perda ou alteração de função Mantem função normal VariávelSemelhantes ao normalDiferenciação Nucléolos volumososNucléolos normais Mitoses atípicasMitoses normais Alto índice mitóticoBaixo índice mitóticoTaxa de crescimento Tumor malignoTumor benignoCaracterísticas 13 Sarcomas 14 Mitoses atípicas Pleomorfismo 15 Classificação das neoplasias Critérios e nomenclatura Classificação das neoplasias � Na maioria dos casos, para além das células neoplásicas, as neoplasias contêm uma quantidade variável de células e estruturas de suporte (“estroma”). Contudo, para efeitos de classificação apenas se considera o componente “neoplásico”. � Critérios de classificação e designação das neoplasias: � comportamento clínico (“benigno” vs “maligno”) � tipo de tecido no qual se diferenciam (“histogénese”) � localização do tumor primário (“topografia”) 16 Classificação das neoplasias � De forma simplificada, podemos definir grandes grupos de neoplasias quanto à histogénese: � Epitelial � Mesenquimatosa � Melânica � Hemato-linfóide � Outros (células germinativas, tecidos imaturos, etc) Classificação das neoplasias � Neoplasias com diferenciação epitelial: � Benignas: � Ao tipo de célula acrescenta-se o sufixo –oma � Adenoma: neoplasia epitelial benigna com diferenciação glandular � Papiloma: neoplasia epitelial benigna com diferenciação pavimentosa ou urotelial � Malignas: � Utiliza-se a designação genérica “carcinoma”, em alguns casos como sufixo � Adenocarcinoma: neoplasia epitelial maligna com diferenciação glandular � Carcinoma pavimentoso (epidermóide, espinocelular): neoplasia epitelial maligna com diferenciação pavimentosa 17 Adenoma da tiróide Adenocarcinoma do cólon 18 Adenocarcinoma Adenocarcinoma gástrico 19 Adenocarcinoma Carcinoma espinocelular 20 Carcinoma espinocelular Classificação das neoplasias � Neoplasias com diferenciação mesenquimatosa: � Benignas: � Ao tipo de célula acrescenta-se o sufixo –oma � Lipoma: neoplasia mesenquimatosa benigna com diferenciação adiposa � Osteoma: neoplasia mesenquimatosa benigna com diferenciação óssea � Malignas: � Utiliza-se a designação genérica “sarcoma”, maioritariamente como sufixo � Lipossarcoma: neoplasia mesenquimatosa maligna com diferenciação adiposa � Osteossarcoma: neoplasia mesenquimatosa maligna com diferenciação óssea 21 Osteossarcoma22 Classificação das neoplasias � Neoplasias com diferenciação melanocítica: �Benignas: � Designam-se “nevos melânicos” �Malignas: � Designam-se “melanomas” �Na sua vasta maioria ocorrem na pele, mas podem ocorrer em outros locais (globo ocular, cavidade nasal, cavidade oral, esófago, recto, vagina, próstata, etc.) Melanoma cutâneo 23 Classificação das neoplasias � Neoplasias com diferenciação hemato-linfóide � São sempre de natureza maligna, embora de agressividade clínica variável � Basicamente são subdivididas em: � Neoplasias mielóides (incluem as neoplasias derivadas de precursores mielóides, eritróides e megacariocíticos) � Neoplasias linfóides (incluem as neoplasias de linfócitos B, T/NK e de plasmócitos) Linfoma Não-Hodgkin abdominal com invasão do baço 24 Classificação das neoplasias � Neoplasias de células germinativas � Benignas: teratoma maduro � Malignas: teratoma imaturo, seminoma, carcinoma embrionário, … � Neoplasias de tecidos imaturos � Têm comportamento clínico maligno � Usa-se o sufixo “-blastoma”: nefroblastoma, hepatoblastoma, neuroblastoma, … 25 Nomenclatura CoriocarcinomaMola hidatiformePlacenta Carcinoma urotelialPapiloma urotelialUrotélio Carcinoma folicular Carcinoma papilar Carcinoma medular Adenoma folicular ------------------------ ------------------------ Tiróide ColangiocarcinomaAdenoma dos ductos biliares HepatocarcinomaAdenoma hepáticoFígado AdenocarcinomaAdenomaGlandular Carcinoma espinocelularPapiloma escamosoEstratificado Tumor malignoTumor benignoTipo de epitélio Nomenclatura Mesotelioma----------------Mesotélio RabdomiossarcomaRabdomiomaMuscular estriado LeiomiossarcomaLeiomiomaMuscular liso Cordoma--------------Notocórdio OsteossarcomaOsteomaÓsseo CondrossarcomaCondromaCartilagíneo LipossarcomaLipomaAdiposo unilocular FibrossarcomaFibromaConjuntivo Tumor malignoTumor benignoTipo de tecido 26 Nomenclatura Glioma-----------------S.N. central T.M.B.N.P.*SchwannomaCels. Glia perif. NeuroblastomaGanglioneuromaCéls. Nervosas S.N. periférico Meningioma malignoMeningiomaMeninges MelanomaNevo melânicoCéls. Melânicas LinfangiossarcomaLinfangiomaVaso linfático AngiossarcomaHemangiomaVaso sanguíneo Tumor malignoTumor benignoTipo de tecido * Tumor maligno das baínhas nervosas periféricas Sistemas de Nomenclatura ICD-O (International Classification of Diseases) - World Health Organization SNOMED (Systematized Nomenclature of Medicine) - College of American Pathologists 27 Graduação das neoplasias � Grau de diferenciação (grau de semelhança arquitectural com o tecido original) � Grau nuclear (incorpora aspectos da morfologia da membrana, cromatina e nucléolos) Graduação das neoplasias � Grau de diferenciação � Bem diferenciado (I) � Moderadamente diferenciado (II) � Pouco diferenciado (III) � Indiferenciado ou anaplásico (IV) � Existe uma correlação entre o grau de diferenciação e o comportamento da neoplasia 28 Grau de diferenciação Grau de diferenciação 29 Estadiamento � Pode ser definido como o agrupamento dos tumores malignos em grandes categorias baseado na extensão da doença � A extensão da doença é uma descrição detalhada do grau de disseminação a partir do orgão de origem � Permite a categorização das doenças para definição do prognóstico e da terapêutica Estadiamento � Objectivos do estadiamento: � Responsabilizar o Clínico pela adequada avaliação da extensão da doença, facto que é determinante na escolha da terapêutica � Permitir avaliar o prognóstico numa base individual � Proporcionar um meio de comparação inter-institucional relativamente aos resultados da terapêutica � Permitir uma fácil troca de informação entre investigadores 30 Sistemas de Estadiamento TNM T – Tamanho e extensão local do tumor N – Metastização ganglionar regional M – Metastização a distância Outros: FIGO (ginecologia), Dukes (colo-rectal), Jewett (bexiga), Ann Arbor (linfomas) Estadiamento Sistema TNM cTNM – estadiamento Clínico pTNM – estadiamento Anatomopatológico rTNM – estadiamento para re-tratamento aTNM – estadiamento após Autópsia 31 Estadiamento Sistema TNM T – Tumor Primário TX Não há dados sobre o tumor primário T0 Não há evidência de tumor primário Tis Carcinoma in situ T1, T2, T3, T4 Aumento de tamanho e/ou extensão local do tumor primário (variável de tumor para tumor) N – Metástases em Gânglios Regionais NX Inexistência de dados sobre metastização N0 Ausência de metástases ganglionares N1, N2, N3 Aumento do número de gânglios metastizados M – Metástases Distantes MX Inexistência de dados sobre metastização M0 Ausência de metástases a distância M1 Presença de metástases a distância Meios de Estadiamento � Exame físico � Exames imagiológicos e endoscopia � Marcadores tumorais � Exames analíticos e anátomo-patológicos � Avaliação cirúrgica
Compartilhar