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Profª. Cristiane Literatura Página 1 de 2 Lista de Revisão – 2ª fase – FUVEST 1. Leia os seguintes textos para responder à próxima questão. Texto I Nesse trabalho de confronto e fusão de opostos, Gregório mostra- se hábil na espécie de alquimia dos contrários com que Gérard Genette caracterizou a “fórmula da ordem barroca”, sua “dialética fulminante”. Segundo Genette, a poesia barroca tende a transformar toda diferença em oposição, toda oposição em simetria, e a simetria em identidade. Nos limites desse trajeto, o diferente torna-se idêntico, o outro torna-se o mesmo. (...). Esse tipo de formulação, que, como mostra Genette, indica que no mundo tudo é diferente e tudo é a mesma coisa (tudo dá no mesmo), permite ao homem barroco resolver no nível da linguagem as tensões que a sua consciência dividida não resolvia por outro lado. Fazendo o mundo “vertiginoso e manipulável”, a ordem barroca ao mesmo tempo postula e suspende as contradições. (José Miguel Wisnik) Texto II Ardor em firme coração nascido! Pranto por belos olhos derramado! Incêndio em mares de água disfarçado! Rio de neve em fogo convertido! Tu, que em um peito abrasas escondido, Tu, que em um rosto corres desatado, Quando fogo em cristais aprisionado, Quando cristal em chamas derretido. Se és fogo como passas brandamente? Se és neve, como queimas com porfia? Mas ai! Que andou Amor em ti prudente. Pois para temperar a tirania, Como quis, que aqui fosse a neve ardente, Permitiu, parecesse a chama fria. Texto III Anjo no nome, Angélica na cara Isso é ser flor, e Anjo juntamente: Ser Angélica flor e Anjo florente Em quem, senão em vós se uniformara? Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente? E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus o não idolatrara? Se como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu custódio, e minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que tão bela, e tão galharda Posto que os anjos nunca dão pesares Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. A partir da leitura dos três textos, a) Explique de que maneira as afirmações presentes no texto I aparecem no texto II. b) Que figura de linguagem ilustra as ideias presentes no texto I? Cite dois exemplos dessa figura presentes no texto II. c) Os textos II e III são exemplares da poesia lírica amorosa de Gregório de Matos. Comente de que forma se apresentam os conflitos barrocos nessa vertente da poética do autor. 2. (FUVEST-ADAPTADA) Responda ao que se pede. a) Qual é a relação entre o “sistema de filosofia” do “Humanitismo”, tal como figurado em Quincas Borba, de Machado de Assis, e as correntes de pensamento filosófico e científico presentes no contexto histórico-cultural em que essa obra foi escrita? Explique resumidamente. b) De que maneira, em O cortiço, de Aluísio Azevedo, são encaradas as correntes de pensamento filosófico e científico de grande prestígio na época em que o romance foi escrito? Explique sucintamente. 3. (FUVEST) Leia o texto e atenda ao que se pede. A MÁQUINA DO MUNDO E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino rouco se misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretas lentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado, a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia.* (...) Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. *carpir-se: lamentar-se. a) O ponto de vista do eu lírico em relação à “máquina do mundo” ilustra as principais características de Claro enigma? Justifique. b) Transcreva o verso que sintetiza o evento sublime de que trata o texto. 4. (UNICAMP) Leia o seguinte trecho extraído do romance Angústia. Onde andariam os outros vagabundos daquele tempo? Naturalmente a fome antiga me enfraqueceu a memória. Lembro- me de vultos bisonhos que se arrastavam como bichos, remoendo pragas. Que fim teriam levado? Mortos nos hospitais, nas cadeias, debaixo dos bondes, nos rolos sangrentos das favelas. Alguns, raros, teriam conseguido, como eu, um emprego público, seriam parafusos insignificantes na máquina do Estado e estariam visitando outras favelas, desajeitados, ignorando tudo, olhando com assombro as pessoas e as coisas. Teriam as suas pequeninas almas de parafusos fazendo voltas num lugar só. RAMOS, Graciliano. Angústia, Rio de Janeiro: Ed. Record, 56. ed. 2003, p.140-1. a) No momento da narração, a posição social do narrador personagem difere de sua condição de origem? Responda sim ou não e justifique. b) Na citação acima, o termo “parafusos” remete ao verbo “parafusar” que, além do significado mais conhecido, também tem o sentido de “pensar”, “cismar”, “refletir”, “matutar”. Como esses dois sentidos podem ser relacionados ao modo de ser do narrador personagem? c) De que maneira o segundo sentido do verbo “parafusar” está expresso na técnica narrativa de Angústia? 5. (FUVEST) Leia o excerto de Mayombe, de Pepetela, no qual as personagens “dirigente” e Comandante Sem Medo discutem o comportamento do combatente chamado Mundo Novo. As indicações [d] e [C] identificam, respectivamente, as falas iniciais do “dirigente” e do Comandante Sem Medo, que se alternam, no diálogo. Profª. Cristiane Literatura Página 2 de 2 [d] (...) A propósito do Mundo Novo: a que chamas tu ser dogmático? [C] - Ser dogmático? Sabes tão bem como eu. - Depende, as palavras são relativas. Sem Medo sorriu. - Tens razão, as palavras são relativas. Ele é demasiado rígido na sua conceção da disciplina, não vê as condições existentes, quer aplicar o esquema tal qual o aprendeu. A isso eu chamo dogmático, penso que é a verdadeira aceção da palavra. A sua verdade é absoluta e toda feita, recusa-se a pô-la em dúvida, mesmo que fosse para a discutir e a reforçar em seguida, com os dados da prática. Como os católicos que recusam pôr em dúvida a existência de Deus, porque isso poderia perturbá-los. - E tu, Sem Medo? As tuas ideias não são absolutas? - Todo o homem tende para isso, sobretudo se teve uma educação religiosa. Muitas vezes tenho de fazer um esforço para evitar de engolir como verdade universal qualquer constatação particular. a) Que relação se estabelece, no excerto, entre a forma dialogal e as ideias expressas pelo Comandante Sem Medo? b) No plano da narração de Mayombe, isto é, no seu modo de organizar e distribuir o discurso narrativo, emprega-se algum recurso para evitar que o próprio romance, considerado no seu conjunto, recaia no dogmatismo criticado no excerto? Explique resumidamente. 6. (FUVEST – ADAPTADA) Texto I A uma religiosidade de superfície, menos atenta ao sentido íntimo das cerimônias do que ao colorido e à pompa exterior, quase carnal em seu apego ao concreto (...); transigente e, por isso mesmo, pronta a acordos, ninguém pediria, certamente, que se elevasse a produzir qualquer moral social poderosa. Religiosidade que se perdia e se confundia num mundo sem forma e que, por isso mesmo, não tinha forças para lhe impor sua ordem. (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil. Adaptado) Texto II Terça-feira, 24 de dezembro (1895) Hoje estávamos todos sentados, moços e velhos, debaixo do pequizeiro, felizes da vida. A tarde estava belíssima, como só aqui na Boa Vista. Passou uma mulher pobre e estendendo a mão para nós disse: 'Me favoreçam com uma esmola, pelo amor de Deus!'. Lucas, que estava no grupo, e não perdoa nada, perguntou à pobre: 'Por que é que você, tão moça ainda, está pedindo esmola, em vez de trabalhar?' Ela respondeu: 'Eu trabalhar? Eusou tão pobre!' (Helena Morley,Minha vida de menina) Tendo em vista estas reflexões de Sérgio Buarque de Holanda a respeito do sentido da religião na formação do Brasil e o excerto do diário de Helena Morley, responda ao que se pede. a) As reflexões propostas pelo texto I se aplicam à sociedade representada em Minha vida de menina, de Helena Morley? Justifique resumidamente. b) Há, no segundo excerto, uma inversão da hierarquia estabelecida do bom e do ruim, que resulta da simples inversão do ponto de vista convencional sobre o trabalho e se pode considerar como um mero artifício de retórica. Você concorda com essa afirmação? Responda sim ou não e justifique a sua resposta. 7. (FUVEST) Considere os seguintes versos, que fazem parte de um poema em que Carlos Drummond de Andrade fala de Guimarães Rosa e de sua obra: (...) ou ele mesmo [Guimarães Rosa] era a parte de gente servindo de ponte entre o sub e o sobre que se arcabuzeiam de antes do princípio, que se entrelaçam para melhor guerra, para maior festa? (arcabuzeiam = lutam com arcabuzes, espingardas) a) A luta entre Augusto Matraga e Joãozinho Bem-Bem (do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”) apresenta, conjugados, os aspectos de guerra e de festa referidos nos versos de Drummond. Você concorda com esta afirmação? Justifique sucintamente. b) O conflito entre Turíbio Todo e Cassiano Gomes (do conto “Duelo”) apresenta essa mesma junção de aspectos de guerra e de festa? Justifique sucintamente. 8. (FUVEST) Considere os seguintes trechos do romance A Relíquia. I. E agora, para que cada um esteja prevenido e possa fazer as orações que mais lhe calharem, devo dizer o que é a relíquia... (...) Esmagada, com um rouco gemido, a Titi aluiu* sobre o caixote, enlaçando-o nos braços trêmulos... Mas o Margaride coçava pensativamente o queixo austero, Justino sumira-se na profundidade dos seus colarinhos, e o ladino** Negrão escancarava para mim uma bocaça negra, de onde saía assombro e indignação! *desabou; ** espertalhão. II. (...) a Titi tomou o embrulho, fez mesura aos santos, colocou-o sobre o altar, devotamente desatou o nó do nastro* vermelho; depois, com o cuidado de quem teme magoar um corpo divino, foi desfazendo uma a uma as dobras do papel pardo... Uma brancura de linho apareceu... *fita III. As relíquias eram valores! Tinham a qualidade onipotente de valores! Eça de Queirós, A Relíquia. a) As passagens acima são revelações de diferentes objetos, todos eles contemplados no romance como relíquias. Explicite a que objetos cada um dos trechos se refere. b) No último parágrafo do romance, Teodorico reflete: “... houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao céu – cria, através da universal ilusão, ciências e religiões”. Qual dos três excertos melhor se aplica à reflexão de Teodorico? Justifique
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