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Cirurgia – Amanda Longo Louzada 1 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA DEFINIÇÃO: ➔ Sangramento no tubo digesto que ocorre acima do ângulo de Treitz TERRITÓRIO: ➔ Esôfago ➔ Estômago ➔ Duodeno ➔ Pâncreas ➔ Vias biliares QUADRO CLÍNICO: FORMAS DE EXTERIORIZAÇÃO: ➔ Hematêmese: vômitos com sangue ➔ Melena: evacuações de material enegrecido\vinho\em borra de café que mancha a parede do vaso, com odor muito intenso ➔ Enterorragia: diarreia sanguinolenta, ocorre em hemorragias altas maciças REPERCUSSÕES HEMORRÁGICAS: ➔ Hipotensão ➔ Taquicardia ➔ Tempo de enchimento capilar alargado ➔ Queda da hemoglobina CAUSAS: VARICOSA: ➔ Está no contexto da hipertensão porta ➔ A hipertensão porta leva a formação de varizes esofágicas, de fundo gástrico e gastropatia hipertensiva ➔ Trombose da veia esplênica: por causa da circulação do sistema porta não vai ter varizes esofágicas, mas vai ter varizes isoladas de fundo gástrico ➢ Ocorre após quadro de pancreatite aguda ➔ O enunciado vai trazer um paciente com hepatopatia ou cirrose ➢ Pode não falar direto o diagnóstico, mas o paciente vai ter icterícia, ascite, ginecomastia, pilificação alteração, circulação colateral ➢ Fatores de Risco: • Hepatopatia • Vírus da hepatite B ou C • Etilismo ➔ Para diferenciar varizes esofágicas de gástricas, e que no tratamento de hemorragia digestiva alta causada por varizes gástricas é usado Cianoacrilato NÃO VARICOSA: ➔ A principal causa é doença ulcerosa péptica ➢ Pode sangrar de duas formas: • Gástrica: o plexo submucoso que vai sangrar • Duodenal: ocorre por sangramento da artéria pancreatoduodenal que é ramo da artéria gastroduodenal, e ela se encontra na parede posterior ➔ Outras causas: ➢ Mallory Weiss ➢ Hemobilia ➢ Úlceras de Cameron ➢ Fístula aortoentérica ➢ Dieulafoy ➢ Câncer gástrico ➔ No enunciado vai falar que é um paciente que faz uso crônico de AINES ou um tabagista com epigastralgia ABORDAGEM INICIAL: ➔ O foco do primeiro atendimento é as repercussões hemorrágicas geradas pelo sangramento, e não a origem dele ➔ Fazer ABCDE do trauma ➔ Deve ser feito reposição volêmica com 2 acessos venosos calibrosos, tendo como solução escolhidas os cristalóides ➔ O paciente pode precisar de hemotransfusão ou drogas vasoativas ➔ Deve fazer dose de ataque de Omeprazol IV, na dose de 80 mg ➔ Se o paciente tiver estigma de doença hepática deve ser feito Terlipressina ➔ Se o paciente estiver estabilizado pode ser feito endoscopia digestiva alta, devendo ser feita após 12 a 24 horas do controle do paciente ➢ O paciente deve estar com hemoglobina, plaquetas e RNI em níveis aceitáveis ➢ Vai ser feita para descobrir a etiologia desse sangramento ➢ Se necessário ele pode ser terapêutica ➢ Normalmente os sangramentos cessam espontaneamente DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA: CLASSIFICAÇÃO DE FORREST: ➔ Usada para estimar o risco de ressangramento Cirurgia – Amanda Longo Louzada 2 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ➔ I – Sangramento Ativo: alto risco de ressangramento ➢ IA: sangramento arterial (em jato e pulsátil) ➢ IB: babação ➔ II – Sangramento Recente: ➢ IIA: vaso visível no centro da úlcera - alto risco de ressangramento ➢ IIB: presença de coágulo na úlcera – risco intermediário de ressangramento ➢ IIC: presença de hematina – baixo risco de ressangramento ➔ III – Sangramento Ausente: base clara – baixo risco de ressangramento ESCORE DE ROCKALL: ➔ Pré-endoscopia: ➔ Pós-endoscopia: ➔ Se a soma pré e pós endoscopia for maior que 8 a mortalidade ultrapassa 40% FATORES DE RISCO: ➔ Abuso de álcool ➔ Síndrome de Zollinger-Ellison ➔ Overdose de radioterapia no abdome superior MANEJO: ➔ Endoscópico: ➢ Com Alto Risco de Ressangramento (I e IIA): deve ser feito a dupla terapia endoscópica • Adrenalina + clipe metálico ou Eletrocauterização ou Escleroterapia com cianoacrilato ➢ Risco Intermediário de Ressangramento: • Coágulo Removível: deve remover, classificar e tratar • Coágulo Aderido: adrenalina e se necessário pode fazer um segundo método junto ➢ Baixo Risco de Sangramento: endoscopia apenas diagnóstica ➢ Deve fazer pesquisa de H.pylori • Se teste da urease positivo: deve fazer erradicação com Claritromicina + Amoxicilina + Omeprazol ➔ Medicamentoso: ➢ Omeprazol IV 80 mg, no primeiro atendimento ➢ Manutenção com Omeprazol 40 mg 12\12h MANEJO DA REFRATARIEDADE: ➔ Cirurgia: é o tratamento mais comuns nesses casos ➢ Normalmente esses casos ocorrem por sangramento de ulcera duodenal, com sangramento da artéria gastroduodenal que ressangrou e ficou instável hemodinamicamente ➢ Para paciente que tiveram ressangramento em que a EDA não consegue fazer hemostasia ou fez ressangramento com instabilidade ➢ Pilorotomia e identificação do sítio de sangramento + sutura hemostática na úlcera que está sangrando ± vagotomia e piloroplastia ➔ Falha Endoscópica: quando paciente apresenta um novo sangramento, mas está estável ➢ Deve fazer uma 2ª tentativa endoscópica ➔ Arteriografia + Embolização: é uma estratégia nova, com eficácia incerta e papel indefinido VARIZES ESOFAGO-GÁSTRICAS: MANEJO: ➔ Endoscopia diagnóstica: é possível ver gastropatia hipertensiva, varizes esofágicas ou gástricas ➔ Varizes Esofágicas: ➢ Sangramento Ativo: red ponts – pontos vermelhos ao longo das varizes ➢ Sangramento Recente: White ponts – pontos brancos ao longo das varizes ➢ Tratamento: • Endoscopia com ligaduras elásticas Cirurgia – Amanda Longo Louzada 3 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA • Esclerose com Cianoacrilato para varizes gástricas e gastropatia hipertensiva ➢ Terapia Medicamentosa: Terlipressina ou Octreotide • Já podem ser iniciadas no primeiro atendimento • Deve fazer quinolonas para pacientes cirróticos, para prevenir PBE • Fazer vitamina K para corrigir o RNI • Propanolol para prevenção de ressangramento MANEJO DA REFRATARIEDADE: ➔ Balão de Sengstaken Blakemore: possui capacidade de fazer tamponamento cardíaco, com redução do fluxo ázigos ➢ Não pode ficar mais que 24 horas ➔ TIPS – Shunt porto-sistêmico intra-hepático transjugular: faz uma descompressão do sistema porta, levando o sangue do sistema porta para o sistema cava ➢ Feito por radiologia intervencionista transjugular ➢ Vantagens: • Pouco mórbido • Tira o paciente da urgência ➢ Desvantagens: • Procedimento caro com alta complexidade • A longo prazo gera encefalopatia e trombose ➔ Shunt Portocava Cirúrgico: extremamente mórbido, mas eficaz a o longo prazo ➔ Falha endoscópica Gástrica: TIPS, se não resolver shunt cirúrgico SÍNDROME DE MALLORY WEISS: ➔ Corresponde a 10% dos casos de hemorragia digestiva alta DEFINIÇÃO: ➔ Laceração na mucosa do esôfago distal (junção esôfago-gástrica) HISTÓRIA TÍPICA: ➔ Libação alcoólica ➔ Muitos vômitos sem sangue, até que o excesso de pressão abdominal feita pelo vômito é transmitido de forma súbita para o esôfago distal, rasgando a mucosa e saindo na forma de hemetêmese COMPORTAMENTO: ➔ Mais leve e benigno ➔ Com menor repercussão hemorrágica ➔ Com tendência a autorresolução PERFIL DO PACIENTE: ➔ Etilista ➔ Idoso ➔ Hérnia hiatal ➔ Aumentos de PIA: ➢ Vômitos por outra causa ➢ Tosse crônica MANEJO: ➔ EDA Diagnóstica: laceração de mucosa, longitudinal e do esôfago distal já sem sangramento ➔ EDA terapêutica é exceção HEMOBILIA: DEFINIÇÃO: ➔ Sangramento da árvore biliar CAUSAS: ➔ Trauma abdominal ➔ Instrumentação hepatobiliar QUADRO CLÍNICO: ➔ Hemorragia digestiva alta: ➢ Exteriorização (hematêmese\ melena) ➢ Repercussões hemorrágicas ➔ Dor em hipocôndrio direito ➔ Icterícia ➔ Paciente com história de trauma ou intervenção hepática➔ Tríade de Sandblom: dor em hipocôndrio direito + icterícia + HDA MANEJO: ➔ Endoscopia: sangramento pela papila duodenal ➔ O padrão-ouro para achar o local de sangramento é arteriografia ➔ Para parar o sangramento pode ser feito conduta expectante ou arteriografia com embolização LESÃO DE DIEULAFOY: DEFINIÇÃO: ➔ Anomalia vascular gástrica, em que tem uma artéria tortuosa com calibre aumentado (até 3 mm) localizada na submucosa gástrica Cirurgia – Amanda Longo Louzada 4 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ➔ Pode sangrar ➔ O local mais comum é a pequena curvatura gástrica, a cerca de 5 centímetros da cárdia. MANEJO: ➔ Endoscopia sem úlceras, sem varizes e com lesão de Dieulafoy ➔ Esclerose endoscópica do vaso com ciacrilato, caso continue sangrando deve fazer embolização por arteriografia e cirurgia (ressecção gástrica proximal) em último caso OUTRAS CAUSAS: FÍSTULA AORTOENTÉRICA: ➔ Etiologias: ➢ Aneurisma roto: hematoma direcionado à luz intestinal ➢ Pós-operatório da correção de aneurisma: prótese ulcerando ➔ Quadro Clínico: HDA maciça ➢ Choque hemorrágico franco ➢ Gravidade máxima ➢ Enterorragia ➔ Diagnóstico: ➢ Clínica ➢ Tomografia ➔ Manejo: ➢ Estabilizar ➢ Chamar o vascular para fazer reparo cirúrgico aberto, usa uma dupla prótese ÚLCERAS DE CAMERON: ➔ São úlceras que dão em pacientes com Hérnia Hiatal, devido ao pinçamento do estômago ser no pinçamento diafragmático, deixando o território mais fragilizado facilitando a formação de pequenas úlceras com território normal ➔ Quadro Clínico: ➢ Sangramentos de pequena monta ➢ Sangramentos crônicos ➔ É um causa de exclusão ➔ Manejo: ➢ No sangramento: hemostasia endoscópica ➢ Após o Sangramento: • Tratar RGE associado • Omeprazol • Tratar hérnia hiatal ÚLCERAS DE ESTRESSE: ➔ Sangramento inexplicado num paciente grave ➔ Ocorre em pacientes com grande queimadura (curling) e doenças do SNC (Cushing) ➔ Deve manter o pH gástrico acima de 4 para profilaxia HEMOSSUCUS PANCREATICUS: ➔ Sangramentos nos ductos pancreáticos ➔ Ocorre após trauma, pancreatite aguda ou crônica, que complica com formação de pseudocisto pancreático que fica em contato com a veia esplênica, levando a ulceração e pseudoaneurisma, chegando a um ponto de fazer lesão completa e gerando sangramento ➔ Alguns cistos possuem comunicação com ducto pacreático principal, que vai promover o sangramento através da papila duodenal ➔ Manejo: ➢ Angiotomografia para diagnóstico ➢ Arteriografia com embolização para diagnóstico e tratamento
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