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João Henrique Menezes De Albuquerque OBJETIVOS: 1. Entender os tipos mais prevalentes de anemia carenciais (anemias por alteração do metabolismo de ferro) - A. ferropriva, anemia sideroblásticas e anemia megaloblásticas; 2. Compreender a fisiologia do metabolismo do ferro, ciclo do ácido fólico e Vit B12; 3. Reconhecer os principais sintomas e alterações clínicas e mecanismos; compensatórios das anemias carenciais; 4. Reconhecer as principais causas das anemias carenciais; 5. Definir o diagnóstico clínico e laboratorial das anemias carências; 6. Descrever o tratamento dietético e medicamentoso e profilático das anemias carenciais ANEMIAS CARENCIAIS Anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa deficiência. As anemias carenciais são um grupo de anemias caracterizadas por apresentar carência de elementos fundamentais para a eritropoese: ● Ferro (ferropriva); ● Vitamina B12 ou folato-B9 (anemia megaloblástica); ANEMIA FERROPRIVA: DEFINIÇÃO: Trata-se de um anemia carencial decorrente da deficiência nos estoques de ferro no sangue, componente extremamente necessário para a eritropoese. A deficiência de ferro é a causa mais comum de anemia e muitas vezes resulta da perda de sangue; má absorção, como na doença célica, é uma causa bem menos comum CAUSAS: A deficiência de ferro ocorre quando sua demanda é maior que sua absorção pela dieta, como por exemplo na gravidez e crescimento acelerado na infância. As principais causas de deficiência de ferro são: ● Perda de sangue: perdas menstruais excessivas, doenças do trato gastrointestinal (varizes, úlcera péptica, doenças inflamatórias intestinais, etc), doadores habituais de sangue, distúrbios da hemostasia, hematúria, uso de AINEs e anticoagulantes. ● Má absorção: doença celíaca, gastrite atrófica, gastrectomia, cirurgias bariátricas. ● Dieta: vegetarianos, crianças entre 6 meses e 2 anos, idosos. Grupos de risco para deficiência de ferro: ● Crianças entre 6 meses e 2 anos; João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ● Idosos; ● Vegetarianos; ● Gestantes; ● Doadores regulares de sangue; ● Atletas em treinamento; ● Comunidades com baixa ingestão de ferro; METABOLISMO DO FERRO: FISIOPATOLOGIA: A quantidade de ferro corporal costuma variar de 2,5g a 3,5g, sendo maior nos homens do que nas mulheres devido a diferença da quantidade de massa corporal e pela perda de sangue durante a menstruação, como já foi citado acima. A maior parte do ferro corporal se encontra na hemoglobina e na ferritina. Costuma ser mais absorvido no duodeno e no jejuno superior, logo doenças que acometem essas regiões impactarão diretamente na absorção desse mineral. Tipos de Ferro: O ferro pode ser heme e não-heme, sendo impactado de diferentes formas em sua absorção. ● O ferro heme, presente nas carnes é o melhor absorvido pelo corpo humano; ● O ferro não-heme precisa passar por algumas reações a fim de atingir a forma ferrosa para ser absorvido. Esse tipo de ferro tem sua absorção prejudicada pela ingestão de fibras e uso de alguns antibióticos, como a tetraciclina. Por outro lado, o ácido ascórbico (vitamina C) melhora sua absorção no trato gastrointestinal. Após absorvido, o ferro vai da mucosa intestinal via transferrina (proteína transportadora de ferro, que é produzida anteriormente no fígado) para os eritroblastos, fígado e placenta. A transferrina aumenta durante a deficiência de ferro como tentativa de compensar o déficit. A deficiência do ferro, propriamente dita, começa quando a demanda é maior que a oferta, tornando necessário a utilização das reservas de ferro na medula óssea, levando a uma depleção progressiva desse depósito. Se o déficit de ferro não for corrigido e permanecer ou for muito grave, a produção de eritrócitos será afetada, gerando anemia. Se muito prolongada, a anemia pode causar disfunções nas enzimas celulares ligadas ao ferro. TRANSFERRINA: ● Proteína de transporte do ferro produzida pelo fígado; ● Transporta Ferro desde sua absorção no duodeno e no jejuno superior até o fígado, placenta, eritroblastos, baço, medula; ● AUMENTA durante a deficiência de ferro, para tentar compensar a baixa de ferro; TIBC – CAPACIDADE FERROPÉXICA TOTAL: ● É a capacidade do ferro de se ligar à transferrina; ● Trata-se de uma forma indireta de medir a transferrina; João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ● Estará aumentado na anemia ferropriva; SATURAÇÃO DE TRANSFERRINA: ● Definido por Ferro sérico/TIBC; ● Como na Ferropriva o ferro sérico está dimnuído e a TIBC elevada, a saturação estará diminuída; ● O Índice de Saturação da Transferrina corresponde ao percentual de transferrina que está ocupado pelo ferro. Assim, em condições normais, 20 a 50% dos locais de ligação da transferrina estão ocupados com o ferro. ● No caso da anemia ferropriva, que ocorre pela falta de ferro por deficiência na ingestão, por exemplo, o índice de saturação da transferrina se torna baixo devido à pouca concentração de ferro disponível no sangue; ● DIMINUI na anemia ferropriva; ● Os valores normais de referência da transferrina são entre 15% e 45% para as mulheres e algo como 20% para 50% para os homens, dependendo do laboratório, segundo o especialista. ● “Se a pessoa tem uma saturação de transferrina abaixo desse valor, ela tem deficiência de ferro. FERRITINA: ● A ferritina é a mais importante proteína de reserva do ferro sendo encontrada em todas as células; ● Quando em condições normais, isso representa cerca de 25% de todo o ferro encontrado no corpo humano ● Ferritina baixa: deficiência de ferro; ● Ferritina alta: excesso de ferro; RESUMINDO: ● Ferro sérico: baixo ● Transferritina: elevada; ● TIBC: elevado ● Saturação de transferritina: baixa; ● Ferritina: baixa; APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Quando a deficiência de ferro está se desenvolvendo, só́ ocorre anemia quando já́ há depleção completa dos depósitos reticulo endoteliais de hemossiderina e ferritina (Figura 3.6). À medida que a condição evolui, o paciente passa a mostrar sinais e sintomas gerais de anemia e desenvolve: ● Palidez de pele e mucosas; ● Astenia; ● Sonolência; ● Glossite indolor; ● Queilose angular fissura e ulceração no canto da boca (b) ● Estomatite angular; ● Unhas frágeis, estriadas ou em colher (coiloníquia); (a) ● Cansaço; ● Perda de ânimo; João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ● Perversão do apetite (pica). Em crianças, a deficiência de ferro é particularmente significativa porque causa irritabilidade, má́ função cognitiva e diminuição no desenvolvimento psicomotor. Há evidências de que a administração oral ou parenteral de ferro possa diminuir a fadiga em mulheres ferropênicas (com baixa ferritina sérica) mesmo quando não anêmicas. DIAGNÓSTICO: HEMOGRAMA: A anemia ferropriva é a principal causa de anemia microcítica e hipocrômica ● Microcítica: ● VCM menor que o valor de referência (<80); ● Hemácias menores que o normal; ● Hipocrômica: ● HCM menor que o valor de referência (<27); ● Hemácias com menos hemoglobina, logo, menos capacidade de se aderir a O2 e ferro; ● Citomorfologia; Hemácias menores que o normal e menos coradas com a hemoglobina; DEMAIS EXAMES: ● Ferro sérico: baixo ● Transferrina: elevada; ● TIBC: elevado ● Ferritina: baixa; ● Depósitos de ferro na medula óssea: ausente; ● Eletroforese de Hemoglobina: Normal; TRATAMENTO: João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque A causa subjacente é tratada sempre que possível. Além disso, é administrado ferro para corrigir a anemia e repor os depósitos. FERRO POR VIA ORAL: POSOLOGIA: ● Sulfato ferroso; ● Drágea de 200mg (contém 67mg de ferro); ● Ingerido com estômago vazio a intervalos de pelo menos 6 horas (quantidade varia de acordo com o grau da anemia); ● Tempo: O suficientepara corrigir a anemia e repor os depósitos de ferro, o que geralmente significa pelo menos seis meses A melhor preparação é o sulfato ferroso, que tem baixo custo e contém 67 mg de ferro por drágea de 200 mg. Deve ser ingerido com o estômago vazio a intervalos de pelo menos seis horas. O fumarato ferroso é igualmente barato e eficaz. Se houver efeitos colaterais (náusea, dor abdominal, constipação ou diarreia), eles podem ser amenizados administrando-se o ferro com os alimentos ou utilizando-se uma preparação com conteúdo menor de ferro, como o gluconato ferroso (37 mg de ferro por drágea de 300 mg). Um elixir está disponível para crianças. Preparações de liberação lenta não devem ser utilizadas. O tratamento com ferro oral deve ser mantido durante um período suficiente para corrigir a anemia e repor os depósitos de ferro, o que geralmente João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque significa pelo menos seis meses. A hemoglobina deve subir cerca de 2 g/dL a cada três semanas. Falta de resposta ao ferro por via oral tem várias causas possíveis (Tabela 3.5) e todas deverão ser consideradas antes da indicação de ferro por via parenteral. O enriquecimento do alimento de lactentes com ferro, na África, reduz a incidência de anemia, porém aumenta a suscetibilidade à malária. FERRO VIA PARENTERAL: POSOLOGIA: ● Dose calculada de acordo com peso corporal e grau de anemia; ● Deve ser administrado lentamente e só quando houver imperiosa necessidade de ferro, como em sangramentos do TGI, menorragia severa, hemodiálise crônica sob terapia com eritropoietina e quando o ferro oral se tornar ineficaz ou difícil (doença de Crohn, Bariátrica, Doença celíaca, gastrite atrófica, etc); ● Apresentações: o Ferrodextran (CosmoFer); o Carboximaltose férrica (Ferrinject); o Hidroxi-sucrose férrica (Venofer); o Ferrumoxitol (Feraheme); ANEMIA SIDEROBLÁSTICA DEFINIÇÃO: Trata-se de uma anemia refratária definida pela presença de muitos sideroblastos patológicos – sideroblastos em anel – na medula óssea (Figura 3.14). Esses eritroblastos anormais contêm numerosos grânulos de ferro, dispostos em anel, ou colar, em torno do núcleo, em vez dos poucos grânulos de ferro distribuídos aleatoriamente observados nos eritroblastos normais corados para ferro. Há, também, hiperplasia eritroide com eritropoese ineficaz. As anemias sideroblásticas compreendem um grupo heterogêneo de distúrbios em que a síntese da hemoglobina está reduzida devido à dificuldade de incorporar o heme à protoporfirina para formar hemoglobina e caracterizam-se pela presença de sideroblastos em anel no esfregaço do aspirado da medula óssea. Esses sideroblastos são encontrados em diversas circunstâncias, o que evidencia o amplo espectro de causas de anemia sideroblástica, que podem ser congênitas ou adquiridas. CAUSAS: João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Depende da causa subjacente, mas os sintomas gerais de anemia estão presentes: ● Palidez de pele e mucosas; ● Astenia; ● Sonolência; ● Cansaço; ● Perda de ânimo; DIAGNÓSTICO: A anemia sideroblástica é diagnosticada quando 15% ou mais dos eritoblastos da medula são em anel. HEMOGRAMA: ● Hb, E, e Ht baixos; ● VCM reduzido (Microcítica); ● HCM reduzido (Hipocrômica); ● Anisocitose ou isocitose ESFREGAÇO: Na amostra da medula óssea: presença de sideroblastos; João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque Na amostra periférica: Corpúsculos de Pappenheimer TRATAMENTO: Piridoxina (vit. B6), transfusões recorrentes (casos mais graves), Eritropoetina João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ANEMIA MEGALOBLÁSTICA DEFINIÇÃO: Constituem um grupo de anemias em que o eritoblastos na medula óssea estão macrocíticos (VCM > 98) e mostram uma anormalidade característica – atraso da maturação do núcleo em relação à do citoplasma. O defeito básico responsável por essa assincronia é a síntese defeituosa de DNA, que, normalmente, se dá pela falta de B12 ou Folato (B9). Com menor frequência, esse atraso pode ser por anomalias no metabolismo dessas vitaminas e outros defeitos na síntese de DNA. O diagnóstico depende da avaliação das alterações morfológicas características em sangue periférico e medula óssea, mas se faz necessário definir com exatidão a carência vitamínica que causa a anemia. O diagnóstico diferencial entre a deficiência de vitamina B12 ou folato é fundamental para uma terapêutica correta. OBS.: Nas anemias megaloblásticas por deficiência de B12 e/ou ácido fólico, o VCM é, geralmente, superior a 110 fL e não há reticulose; METABOLISMO DO ÁCIDO FÓLICO E DA VITAMINA B12: VITAMINA B12: Fontes: Boas fontes de vitamina B12 incluem: ● Carnes (especialmente carne bovina, suína, fígado e outras vísceras); ● Ovos; ● Cereais enriquecidos; ● Leite; ● Mariscos; ● Ostras; ● Salmão; ● Atum; Absorção: ● Uma dieta normal já possui uma quantidade em grande excesso de vitamina B12; ● Ocorre principalmente no íleo; ● De 2-3 microgramas por dia Passo a passo: 1. A B12 é liberada das proteínas animais, as quais vem ligada nos alimentos; 2. É então capturada pela haptocorrina (transcobalamina I – TC I), uma proteína R produzida na saliva e no estômago; 3. O complexo B12 – TC I é degradado por enzimas pancreáticas; 4. Molécula de B12 se combina com a glicoproteína fator intrínseco (FI), sintetizada pelas células parietais gástricas; 5. O complexo B12 – FI resiste às enzimas proteolíticas na luz intestinal e posteriormente adere-se a receptores específicos das células epiteliais do íleo terminal, a cubilina; João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque 6. O complexo cubilina/ B12 – FI se liga com uma segunda proteína, a amnionless, que promove a endocitose do complexo cubilina/ B12 – FI, nas células do íleo, onde a vitamina B12 é absorvida e o FI destruído. Transporte: 1. Após absorvida no íleo terminal a B12 se liga à Transcobalamina II (TC II), adentrando na circulação portal; 2. É então distribuída para as células que expressam receptores específicos, os quais internalizam o complexo TC- B12. (ex.: Medula óssea); OBS.: A deficiência de TC II também causa anemia megaloblástica, já que nesse caso a B12 não é internalizada na medula óssea e em outros tecidos. Nesse caso, os níveis de B12 estão normais, já que a maior quantidade de B12 circula ligada à TC I (Haptocorrina). A TC I ou Holo-Hc é produzida e secretada pelos granulócitos. Em casos de policitemia, há aumento da TC I e aumento da B12 circulante, mesmo que isso não signifique necessariamente maior absorção e utilização de B12. Por outro lado, diminuições na holo-Hc podem levar a níveis falsamente mais baixos de vitamina B12. Armazenamento: ● Armazenada em quantidades substanciais, principalmente no fígado; ● Deposita-se no organismo de 2-3 mg; ● Essa quantidade é suficiente para 2-4 anos; Função: João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque A vitamina B12 (cobalamina), juntamente com o folato, é necessária para: ● Formação e o amadurecimento dos glóbulos vermelhos; ● Síntese do ácido desoxirribonucleico (ácido desoxirribonucleico); ● Função normal dos nervos. A vitamina B12 é essencial em diversas reações bioquímicas na natureza, a maioria das quais implica em redistribuição de hidrogênios e de carbonos. No organismo humano, funciona como co-fator essencial para duas enzimas: metionina sintase e L-metimalonil-coA mutase, ambas diretas ou indiretamente envolvidas no metabolismo da homocisteína (Hcy). ATENÇÃO: 1. Metionina sintase: promove a metilação da Hcy à metionina, tendo o 5-metiltetraidrofolato (5- MTHF) como doador de grupamento metil e a metilcobalamina como co-fator; 2. Após a metilação da Hcy, a metionina formada é condensada com o trifosfato de adenosina (ATP), resultando na Sadenosilmetionina (SAM); 3. Em seguida,por uma reação de desmetilação, forma-se a Sadenosil-homocisteína (SAH) com posterior hidrólise para liberar adenosina e Hcy, completando o ciclo; 4. A metilação da Hcy serve para repor os estoques de SAM quando a metionina dietética estiver em baixos níveis; Essas deficiências atrapalham as funções da B12, pois: Funcionalidade da condução nos neurônios: ● A SAM é o único doador de grupamentos metil para numerosas reações de metilação, incluindo algumas essenciais para a manutenção da mielina ● Assim, além do aumento de Hcy, a deficiência de vitamina B12 causará diminuição da SAM e consequente redução de importantes reações de transmetilação do organismo provocando defeitos desmielinizantes no sistema nervoso; Síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA): ● Interromper a metilação de homocisteína para metionina impede conversão de 5–MTHF em tetraidrofolato (THF); ● Ocorre sequestro de folato na forma de 5-MTHF; ● Evidencia-se deficiência de outros metabólitos dos folatos, como o 5,10-metiltetraidrofolato, co-fator fundamental na síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA); Via da metilmalonil CoA: 1. Como desoxiadenosil B12 (ado-B12), atua na conversão de metilmalonil-CoA em succinil-CoA; 2. Acaba deixando de gerar energia, pois o succinil-CoA libera grande quantidade de energia quando perde a CoA, originando succinato. João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ÁCIDO FÓLICO: O ácido fólico (pteroilglutâmico) é o composto-base de um grande grupo de compostos derivados, os folatos. Fontes: ● Folhas verdes; ● Fígado; ● Carnes; ● Peixes; ● Leguminosas; ● Couve-flor; Absorção: ● O folato alimentar (mistura complexa de vários folatos variavelmente reduzidos) é convertido em metiltetra-hidrofolato (metil-THF), uma forma reduzida de monoglutamato que circula no plasma; ● Após entrar nas células, o monoglutamato é convertido em folato poliglutamato, pela adição de 4 a 6 metades glutamato; ● Poliglutamato: É o intracelular, sendo melhor, porém mais difícil de ser absorvido. ● Ocorre principalmente no duodeno e no jejuno; Função: ● Transferem unidades de carbono; ● Realizam conversões de aminoácidos: ● Homocisteína em metionina: Excesso de homocisteína pode causar lesões nos vasos sanguíneos, podendo levar à arteriosclerose vascular e trombose; ● Serina em glicina; ● Participam da síntese de precursores purínicos (importantes na composição do DNA); ● Formação e desenvolvimento de hemácias (pode gerar anemia megaloblástca); ● Formação da mielina, que é responsável por compor a bainha de mielina dos neurônios. João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque A deficiência de folato interfere diretamente na síntese de DNA pois: 1. DNA é formado pela polimerização dos quatros trifosfatos de desoxirribonucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina); 2. Deficiência de folato inibe a síntese de timidilato, impedindo um passo importante na síntese de DNA que é a síntese do monofosfato de timidina; 3. Síntese do monofosfato de timidina necessida de 5,10 metileno-THF-poliglutamato como coenzima; 4. Com a redução da timidina (um dos precurssores da tinina), um dos quatros nucleotídeos que compõem o DNA fica em falta, dificultando sua formação; FISIOPATOLOGIA: Relacionado à Vitamina B12: A vitamina B12 atua, indiretamente, através do metabolismo dos folatos, na síntese do ácido desoxirribonucleico (DNA), da seguinte forma: 1. No organismo humano, B12 funciona como co-fator essencial para duas enzimas: metionina sintase e L-metimalonil-coA mutase, ambas diretas ou indiretamente envolvidas no metabolismo da homocisteína (Hcy). 2. Metionina sintase promove a metilação da Hcy à metionina, tendo o 5-metiltetraidrofolato (5- MTHF) como doador de grupamento metil e a metilcobalamina como co-fator; ● Interromper a metilação de homocisteína para metionina, por falta de B12, impede conversão de 5–MTHF em tetraidrofolato (THF); ● Por conta disso corre sequestro de folato na forma de 5-MTHF; ● Evidencia-se deficiência de outros metabólitos dos folatos, como o 5,10-metiltetraidrofolato, co-fator fundamental na síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA); Desse modo, gerará um defeito na síntese de DNA, dificultando a divisão celular na medula, enquanto que o ácido ribonucléico (RNA) e a síntese de componentes celulares permanecem inalterados, produzindo macrocitose. Portanto, a interrupção da síntese de DNA na deficiência de vitamina B12 é secundária ao transtorno no metabolismo dos folatos. Relacionado ao Folato: A deficiência de folato interfere diretamente na síntese de DNA pois: 1. DNA é formado pela polimerização dos quatros trifosfatos de desoxirribonucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina); 2. Deficiência de folato inibe a síntese de timidilato, impedindo um passo importante na síntese de DNA que é a síntese do monofosfato de timidina; 3. Síntese do monofosfato de timidina necessita de 5,10 metileno-THF-poliglutamato como coenzima; 4. Com a redução da timidina (um dos precursores da timina), um dos quatros nucleotídeos que compõem o DNA fica em falta, dificultando sua formação; João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Apresentação clínica: Instalação insidiosa com sinais e sintomas gradativamente progressivos de anemia; Os sinais e sintomas mais comuns são: ● Palidez de pele e mucosas; ● Perda de apetite; ● Astenia; ● Dores abdominais; ● Enjôos; ● Diarréia; ● Desenvolvimento de úlceras dolorosas na boca e na faringe; ● Alterações da pele; ● Perda de cabelo; ● Cansaço; ● Perda de energia e de vontade; ● Sensação de boca e língua doloridas; ● Durante a gravidez, parto prematuro e/ou a malformação do feto; ● Nas crianças, o crescimento pode ser retardado e a puberdade atrasada; Quanto à deficiência de vitamina B12: ● Além dos sintomas de anemia megaloblástica citados acima; ● Alterações polimórficas que variam de estados mais brandos até condições mais severas; ● Sintomas neurológicos: ● Parestesia; ● Fraqueza - astenia; ● Glossite; ● Neuropatia óptica; ● Neuropatia sensitivo motora; ● Neuropatia autonômica; ● Bexiga neurogênica; ● Intervenção no plexo mioentérico; ● Todas essas alterações costumam ser reversíveis com a reposição da vitamina B12; Quanto à deficiência de Folato: ● Glossite – ardência, dor e aparência vermelha da língua; ● Língua careca; ● Queilite: inflamação dos lábios; ● Diarréia; ● Perda de apetite; ● Hiperpigmentação da pele; ● Esterilidade; ● Diminuição da atividade bactericida; ● Redução das subpopulações linfocitárias João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ● Anemia megaloblástica indistinguível da anemia megaloblástica causada pela deficiência de vitamina B12; ● Na deficiência de folato, ao contrário da deficiência de vitamina B12, não se observa as alterações neurológicas típicas da deficiência de vitamina B12, pois o sistema nervoso do adulto não depende de ácido fólico; OBS.: A deficiência de ácido fólico no início da gravidez pode ocasionar defeitos no tubo neural como mielomeningocele, hidrocefalia e anencefalia, uma vez que o folato é essencial para suprir as necessidades do feto em formação em períodos de constante renovação celular como na gestação, decorrente da intensa atividade do sistema hematopoético para o crescimento do feto e desenvolvimento do sistema nervoso. DIAGNÓSTICO: ● Anemia: ● Hb, Hct e número de hemácias: Baixos; ● Macrocítica: VCM > 98 fL (na maioria das vezes maior que 120-140 fL nos casos graves); ● Normocrômica ou Hipocrômica: HCM normal ou reduzido; ● ATENÇÃO: Reticulócitos diminuídos (ou normais se houver reserva); ● RDW: Normal ou alterado (anisocitose) ● Morfologia: Macrócitos ovais (ovalócitos) ● Leucócitos e plaquetas: podem estar diminuídos, principalmente se o paciente é muito anêmico; ● Neutrófilos hipersegmentados (6 ou mais lobos); ● Medula óssea: hipercelular e com megaloblastos (eritroblastos grandes e com falta de maturação,mantendo aspecto de cromatina frouxa, primitiva, mas hemoglobinização normal); João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque Para diferenciar: ● Dosagem da Homocisteína sérica (VR= 15 a 16 mcg): aumentada na deficiência de B12 e de folato (B9), pois ambos participam na conversão de Homocisteína (Hcy) para metionina; ● Dosagem do ácido metilmalônico (VR= 7 a 270): aumentado apenas na deficiência de vitamina B12, pois apenas ela atua convertendo ácido metilmalônico em succinato através do estímulo à succinato sintase; TRATAMENTO: ● A maioria dos casos só necessita de reposição da vitamina apropriada, por isso a importância de detectar a deficiência certa. João Henrique Menezes De Albuquerque João Henrique Menezes De Albuquerque ● Doses terapêuticas de ácido fólico (ex.: 5 mg/dia) dadas a um paciente com deficiência de vitamina B12 podem melhorar a anemia, mas podem agravar a neuropatia. ● Em pacientes com anemia grave, pode-se iniciar tratamento com as duas vitaminas até dosagem e classificação da deficiência. ● Em idosos, a presença de IC deve ser contornada com diuréticos. ● Transfusões de sangue devem ser evitadas, pois podem causar sobrecarga; OBS.: Tratamento Oral com B12: ● O tratamento oral pode ser preferível em graus leves de deficiência; ● Em hemofílicos, o tratamento oral é preferível; ● Com o tratamento oral é inicialmente difícil suprir as reservas necessárias em anemias mais graves; ● Altas doses orais diárias são necessárias em anemias mais graves; João Henrique Menezes De Albuquerque
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