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Criação em publicidade e propaganda Aula 5: o conceito e o objetivo de comunicação Apresentação Nesta aula, posicionaremos o exercício de criação a uma esfera mais ampla. Entenderemos que criar não é um ato aleatório, mas estratégico. Perceberemos que a criação de um conceito está relacionada à construção de uma marca, que por sua vez se conecta aos negócios de uma grande empresa. Veremos casos reais, bons e ruins, que ajudarão a exempli�car as relações do conceito e do objetivo de comunicação. Objetivos Explicar o que é objetivo de comunicação; Relacionar o objetivo de comunicação ao conceito; Debater sobre a e�ciência do conceito para o objetivo de comunicação. O conceito e as suas relações estratégicas Antes de prosseguirmos, vamos retomar uma passagem em que Roberto Menna Barreto oferece critérios para avaliação do que foi criado a partir dos próprios títulos publicitários. Já naquela época, chama a atenção para as ideias que excedem os objetivos de comunicação do anunciante quando, ao defender uma premissa, deixam o produto ou serviço de lado. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online "Sua desvantagem é que, pela própria generalidade em que estes anúncios se apoiam, qualquer concorrente poderia assiná-lo. Seu poder de garantir a retenção do nome do anunciante na memória é fraco − e qualquer teste de memorização com muitos títulos "geniais" desse tipo vai mostrar que eles são longamente lembrados, muito mais do que o nome do anunciante que pagou pela campanha. Mas, para efeito imediato, ou face à conveniência de boa dose institucional nos anúncios, possibilitam peças magní�cas. Alguns exemplos: O telefone é o meio mais rápido de fazer grandes negócios. E perder outros (GTE Comunicações); O ar que você respira não custa nada. Por isso é tão ruim (CE, ar- condicionado); Os problemas da mulher começam quando ela começa a ser mulher (Cosamea, desodorante íntimo); Já que você não fez sucesso na vida, pelo menos dê a impressão (Trevira); O destino do bom whisky é ser amado num dia e esquecido no outro (OldEight); A melhor maneira de economizar óleo é saber gastar (Mobil); Quem vive numa sociedade de consumo, não pode ter um cartão de crédito que facilita a vida só por 30 dias (Credicard); Se o sol é para todos, por que não libertá-lo? (Chapas Goyana); Melhor do que entender de ações é ganhar dinheiro com ações." (BARRETO, 2004 [1978], p. 201) Há aqui um princípio importante: A genialidade da ideia não pode extrapolar, ser maior, chamar mais atenção do que o objetivo estratégico de uma determinada campanha, pois a publicidade ela é parte de uma engrenagem maior, que deve encaixar em outros estratégias. Dessa maneira, a ideia do conceito adjetivada por criativo trata-se da prática de buscar um modo amplo e sólido para transmitir os objetivos de comunicação. Seja nos meios tradicionais, seja nos novos meios ou nos desa�os por vir. ElisaRiva (Fonte: Pixabay). O objetivo de comunicação Vamos tomar como exemplo a análise dessas 4 peças publicitárias que constituem uma campanha de mídia impressa: Campanha “Colors Makes Personality”. A agência responsável pela campanha explica: "“A Comunicação defende que todas as pessoas são de�nidas por uma cor, começando pela cor escolhida para pintar o quarto e passando pela paleta preferida de cada um para se vestir. Do mesmo modo, os personagens das peças não seriam os mesmos sem as cores que os de�nem como únicos. Entre as “celebridades” que trazem cores em seus nomes, citadas na comunicação, estão Jack Black (preto), Pink (rosa) Floyd, James Brown (marrom) e Doriam Gray (cinza). ” (Acervo CCSP) Importante O conceito constrói sua unidade nas peças tanto do �lme quanto nas de mídia impressa, a partir da abstração que produz um elo entre uma personalidade conhecida e seu sobrenome. Este, por sua vez, detém um sinônimo com uma determinada cor. Este é um perfeito exemplo do que estamos chamando de abstração, de construção de um elo entre a informação que se pretende passar e algum elemento mediador dessa informação, sejam eles: Uma �cção de qualquer espécie, uma ilustração, um mascote, uma piada, uma �gura de linguagem, uma imagem comovente, uma música, um meme etc. Em outras palavras, a língua portuguesa empresta uma compreensão mais aprofundada sobre o assunto, como as �guras de linguagens: Metáfora, hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, prosopopeia, pleonasmo, anáfora, sinestesia, gradação, aliteração, polissíndeto, assíndeto e onomatopeia. A pergunta que devemos fazer é: Será que este conceito, que se apropria de abstrações, é correto ao uso da campanha? Como saberemos se ele é e�ciente? Se de�nitivamente atende aquilo que foi pedido no brie�ng? Leia o texto a seguir, com um exercício proposto. Exercício proposto Clique no botão acima. Analisando a campanha do exemplo acima, responda: Qual é o objetivo dessas quatro peças, deste �lme, deste conjunto em unidade que constitui a campanha “Colors Makes Personality”? Evidentemente, o foco não está em comunicar a abstração das músicas, mas sim em informar o atributo emocional que a variedade de cores pode oferecer ao consumidor. Ou seja, podemos a�rmar, mesmo sem ter qualquer contato com os idealizadores da campanha, que seu objetivo de comunicação é tão claro que podemos expressá-lo em uma frase: Comunicar a variedade de cores da marca de tintas. Em outras palavras, esta clareza oferecida pelo conceito cumpre com o objetivo de comunicação, informando os atributos do produto e ainda o relacionando a aspectos emocionais, mobilizando afetos e os aproximando do público. Questão fundamental para a formação e manutenção do brainding. Atributos atuais de uma marca Kevin Roberts, autor de Lovemarks: O futuro além das marcas, é CEO Mundial da SAATCHI & SAATCHI, um dos maiores grupos de agências do mundo, e explica algumas concepções muito importantes sobre os atributos atuais de uma marca. Sendo eles: Mistério, sensualidade e intimidade Estes são atributos que humanizam a marca. Rafael Sampaio (1999) defende que a propaganda constitui um dos elementos fundamentais para a construção de marcas. Sendo assim, vamos re�etir sobre o que pensa Roberts e como bons conceitos impactam diretamente na construção de uma marca: "As lovemarks não são propriedades dos fabricantes, dos produtores, das empresas. São das pessoas que as amam. (...) Amor diz respeito à ação. Diz respeito a criar um relacionamento expressivo. É um processo constante de se manter em contato, trabalhar com os consumidores, entendê-los, conviver com eles. E é isso que os pro�ssionais de marketing perspicazes, designers sensíveis e pessoas sábias fazem todos os dias nos pontos-de-venda e nas linhas de produção." (ROBERTS, 2005, p. 74) O entendimento do que é marca para o autor vai ao encontro da ideia de conceito criativo. Uma marca não é constituída apenas por propaganda. A propaganda é uma das ferramentas que o marketing irá utilizar para alcançar seus objetivos de mercado. Podemos desenhar um pequeno grá�co esquemático dessa relação organizacional: Objetivos de mercado > Objetivo de marketing > Ferramentas de marketing para alcance dos objetivos. Estratégia de Distribuição e Fidelização > Formação de Brainding (Marcas) Os famosos 4 Ps do Marketing: Produto, Preço, Praça e Promoção > Publicidade e a Propaganda E muitas outras Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Atenção A publicidade e toda a temática de nossa disciplina são ferramentas de marketing que colaboram na construção das marcas. Não podem estar desalinhadas com o processo estratégico mais amplo, visto que as empresas irão desprender grandes investimentos para tal. A propaganda sozinha não irá constituir a marca, não é possível a publicidade prometer algo que os outros setores não podem entregar. Exemplo A Vivo, em uma de suas peças publicitárias, teve rejeição do público, que criticava a empresanos comentários postados nas redes sociais. E por que ocorreu essa rejeição? Ora, porque a marca não foi capaz de entregar o que prometeu, quebrando a con�ança e rompendo o afeto criado pela publicidade, jogando por terra todo o investimento empreendido na construção do conceito. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Importante A propaganda deve estar alinhada com as demais estratégias de empresas e com suas fragilidades. No caso da Vivo, a má distribuição de sinal de conexão deve vir expressa no brie�ng, pois este é um assunto espinhoso para o segmento de telefonias. Destacamos ainda que, por mais criativo que seja o conceito, ele não deve se descolocar do objetivo de comunicação para não criar maiores ruídos. Além disso, é necessário entender que uma peça publicitária vincula não só os atributos físicos de um produto, mas também atributos emocionais e intangíveis. Veja as considerações de Roberts (2005) sobre marcas: "Encontre, conte e reconte grandes histórias. Marcas de amor são infundidas com histórias marcantes e inovadoras. Em seu melhor, podem se tornar lendas míticas. Relembram grandes aventuras da empresa, seus produtos e seus consumidores lendários. Contar histórias glori�ca, dando vazão a novos signi�cados, conexões e sentimentos.“ (ROBERTS, 2005, p. 75) Atividade 1. É possível identi�car o objetivo de comunicação em uma peça publicitária: a) Perguntando aos envolvidos na campanha, ou seja, quem criou. b) Percebendo a clareza que o conceito oferece para informar uma mensagem. c) Observando como reage o público nos comentários de uma campanha. d) A partir de suas abstrações e da escolha de um protagonista. e) Quando o conceito é bem desenvolvido, ele cumpre o objetivo. 2. Roberto Menna Barreto (2004), ao re�etir que é uma desvantagem a generalidade em que esses anúncios se apoiam, fala sobre: a) A maneira como os anúncios se estruturam. b) A má execução dos conceitos. c) A má execução dos conceitos. d) A não utilidade estratégica do anúncio para a marca. e) A um anúncio ruim, mas que cumpre o objetivo de comunicação. 3. Qual alternativa se alinha às a�rmações de Kevin Roberts? a) Uma marca deve contar histórias, pois estas as glorificam, dando vazão a novos significados, conexões e sentimentos. b) Uma marca deve sempre cumprir os 4 famosos P’s do maketing. c) Uma marca é composta principalmente por sua relação com a propaganda. d) Propagandas constroem marcas de sucesso. e) Uma marca deve se apropriar sempre de boas ideias e usá-las em propagandas. 4. Por que Kevin Roberts a�rma que uma marca não pertence ao fabricante? a) Porque ela pertence a uma sociedade anônima. b) Porque há acionistas. c) Porque todos a utilizam. d) Porque uma marca constrói laços de pertencimento com o consumidor. e) Porque vários consumidores, se apropriam da marca. 5. A �nalidade do objetivo de comunicação é: a) Construir o conceito. b) Ajudar na criação de campanhas. c) Servir de referência para a criação das peças publicitárias. d) Alinhar a campanha junto a outras questões estratégicas. e) Criar mídia espontânea nos meios de comunicação. Notas Referências Clube de Criação (CCSP). Acervo. Campanha “Colors Makes Personality”. Disponível em: https://www.clubedecriacao.com.br/ultimas/colors-makes-personality/. Acesso em 23 Jan. 2020. MENNA BARRETO, R. Criatividade em propaganda. 12. ed. São Paulo: Summus, 2004. ROBERTS, Kevin. Lovemarks: O futuro além das marcas. São Paulo: M. Books do Brasil, 2005. SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z: Como usar a propaganda para construir marcas e empresas de sucesso. São Paulo: Campus, 1999. VIANA DE PAULO, R. Contos de criativos: Um panorama sobre as práticas de ensino de criação publicitária e as lições de Roberto Menna Barreto. In: Comunicação e Tecnologia. Nogueira, Maria Alice (Org). Rio de Janeiro: Seses, 2019. Próxima aula Referências para a criação; A importância das campanhas passadas; Estratégias na criação. Explore mais Faça um levantamento de campanhas em que a cultura participativa interceptou o conceito e veja quais foram as saídas pensadas para a marca. javascript:void(0);
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