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A GESTÃO ESTRATÉGICA DAS REMUNERAÇÕES Mais que falar em remuneração é necessário falar em recompensa. O termo remuneração atualmente é limitado e não reflete todas os elementos que compõem a remuneração. Pelo conceito tradicional, remuneração é o composto de salário, benefícios, comissões e outros elementos com apelo monetário, principalmente. Mas esse paradigma está mudando como todos os subsistemas de recursos humanos. Na verdade, como vimos, a própria gestão de recursos humanos que agora assumiu o seu papel estratégico. É imperativo para as empresas adotarem os novos sistemas de recompensas que façam jus às novas expectativas e necessidades das pessoas na organização. Para se pensar e criar uma política de remuneração estratégica é preciso pensar na motivação, no clima, na estrutura organizacional (menos vertical e mais horizontal), recrutamento e seleção alinhados com as atribuições de trabalho, o relacionamento e a aceitação de pares, o reconhecimento e suas variantes de recompensa, avaliação e feedback. Como também já mencionado, as políticas de remuneração estratégica precisam observar os demais subsistemas de RH e avaliá-los quanto a aspectos endógenos (intrínsecos) e exógenos (extrínsecos); como diz Bilhim, (2004:73), deve se fundamentar num sistema de recompensas conectado à cultura organizacional e cujos objetivos estratégicos sejam alcançados na escolha dos melhores talentos, na sua retenção através de motivação, observando tantos aspectos financeiros como não financeiros. É por esses motivos que não tratamos a política de recompensas como algo à parte, como um subsistema, como sempre foi considerada a Remuneração tradicional. Nesse novo formato, a remuneração estratégica honra seu título e se coloca como um dos mais importantes instrumentos da própria gestão estratégica de pessoas, uma vez que ao reter e engajar seus colaboradores, ajuda a empresa a ser mais competitiva e atingir resultados melhores. 28 De maneira mais objetiva, correlacionamos a remuneração estratégica com os demais subsistemas de RH considerando algumas condições: • Definição de tarefas que, somadas, justificam a definição de uma função e sua respectiva remuneração; • Em seguida define-se o perfil do profissional que será contratado para exercer aquela função; tanto perfil quanto função devem estar alinhados à estratégia corporativa; • Definem-se as várias funções, com suas respectivas habilidades, conhecimentos e atitudes; • Alinham-se as informações de perfil, funções e estratégia organizacional com as premissas de recrutamento e seleção; • Criam-se processos de atração e retenção; • Estruturam-se o sistema de avaliação e feedback; • Desenvolvem-se programas de treinamento e desenvolvimento; • Programas de motivação devem ser pensados tendo em vista as necessidades individuais e coletivas; • Também é muito importante investir na formação e no desenvolvimento de líderes capazes; • Investir num clima organizacional favorável às relações, à colaboração, à troca de ideias e à criatividade; A relação acima não tem o objetivo de ser precisa, muito menos apresentar uma ordem adequada para seus desenhos. A intensão foi apenas de ilustrar de que forma os subsistemas de RH se correlacionam com a remuneração, dada sua importância estratégica. • A propósito, todas estas ações devem ser precedidas por aspectos macros da organização. Por exemplo, no âmbito estratégico, a empresa precisa ter claramente definidos os seus propósitos organizacionais (Missão, visão e valores, bem como seu direcionamento estratégico; 29 • Em seguida deve definir suas competências essenciais para, somente então, definir as competências pessoais, divididas por grupos ou funções de acordo com os interesses corporativos estratégicos. 4.1 Ainda sobre estratégia... Nesse ponto vale discorremos sobre o conceito geral de estratégia, como um caminho provido com seus meios para se atingir um propósito. Ou, como diz Mintizberg (1994), trata-se de uma direção, um plano, uma ação para o futuro. Se transportarmos esse conceito para a remuneração, é possível inferir que esta deve ser pensada também para o longo prazo. Desenhar uma política de recompensa estratégica só faz sentido se realmente estiver alinhada à estratégica da organização e caminhar com esta para o futuro almejado. Esse é um dos motivos pelos quais a remuneração estratégica não pode se dissociada de todos os demais subsistemas de RH, antes, está intimamente ligada à própria cultura organizacional. Outro aspecto muito importante da estratégica é a sua dinâmica, isto é, sua capacidade de se modificar e se ajustar às nuances do mercado, da sociedade e dos indivíduos. Falando em indivíduos, outra característica relevante que uma estratégia deve ter é exatamente sua conexão com as pessoas, ou seja, deve haver um alinhamento de propósitos e valores entre indivíduos e organização. Também é imprescindível que o corpo executivo tenha clareza de que os objetivos estratégicos serão executados, em sua maior parte, pelas dimensões táticas e operacionais e, portanto, deve ser comunicado de maneira clara. Sem uma visão clara dos objetivos, não há entusiasmo ou engajamento e, portanto, não há comprometimento na execução. Aliás, esse é um dos motivos pelos quais muitos planos estratégicos não passam exatamente disso: planos. Pressupõe-se, portanto, que a estratégia deve conter o desdobramento das ações que serão executadas em cada dimensão da 30 organização: estratégica, tática e operacional e seu sucesso dependerá, invariavelmente, do entendimento e do engajamento de todos para sua efetiva concretização. Como já mencionado em capítulos anteriores, a gestão de pessoas alcançou o status de nível estratégico há alguns anos e desde então tem produzido importantes mudanças nos propósitos e estratégias organizacionais. Essa evolução permitiu com que o subsistema de remuneração também avançasse, de modo que se tornasse estratégico. Isso porque abrange questões tangíveis e também intangíveis de outros subsistemas e compõem um sistema de recompensa que privilegia o indivíduo e seu potencial. A remuneração estratégica é compatível com a realidade dos negócios atualmente. Diferente da remuneração funcional, tradicional e burocrática das políticas de cargos e salários que somente classificava e generaliza os cargos e funções, remunerando-os em função desses e não das competências e contribuições do trabalhador, o modelo de remuneração estratégica, ao contrário, é o processo mais justo, que provoca engajamento e comprometimento, pois dá oportunidade para o indivíduo evoluir e ser bem recompensado por isso. Um bom modelo de remuneração estratégica irá equilibrar os diversos sistemas de recompensa, tangíveis e não tangíveis, monetários e não monetários, fixo e variável, devendo estar completamente conectado ao direcionamento estratégico. Outro aspecto que não deve ser ignorado, reside no fato de que um pacote de remuneração estratégica bem alinhado à organização irá dar todos os subsídios para que a liderança atue eficazmente na sua implantação e manutenção.
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