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Conteudista: Prof.ª Esp. Alice Zaramella Revisão Textual: Prof. Vinicius Oliveira Objetivos da Unidade: Conhecer os parâmetros das lentes de contato rígidas: curva base, diâmetro, dioptria final, bem como os cálculos envolvidos para uma boa adaptação; Aplicar na prática os conceitos teóricos dos cálculos de lentes de contato rígidas para maior adaptabilidade e conforto do paciente. QUESTION B AN KS Material Teórico Material Complementar Referências Cálculos para Adaptação de Lentes de Contato Rígidas PMMA Metodologias de Adaptação Os cálculos para a adaptação de lentes de contato rígidas são embasados nas medidas ceratométricas do meridiano mais plano da córnea (K) e do meridiano mais curvo (K’). Figura 1 Fonte: Getty Images TEMA 1 de 3 Material Teórico A adaptação pode ser realizada paralela ao meridiano de K ou de K’, dependendo do caso. A metodologia utilizada na adaptação das lentes pode ser: Afastamento apical (CB maior ou mais curva que K); Alinhamento apical; Toque apical. Figura 2 Fonte: Reprodução Fatores Anatômicos e Metodologias de Adaptação Importante! A posição das pálpebras e o eixo do astigmatismo de córnea podem influenciar a escolha do modo de adaptação. Figura 3 Fonte: Reprodução Sendo assim é imprescindível analisar os seguintes pontos: Adaptabilidade e Curva Base (CB) Na adaptação de LC rígidas, o primeiro parâmetro a ser calculado é a CB (curva posterior da lente que ficará em contato com a córnea) em dioptrias ou milímetros de raio. No caso de LC de PMMA, para obtermos movimentos precisos e suaves, iniciamos a adaptação com a CB maior que K. Isso provocará um leve afastamento apical (caso seja excessivo, poderá causar um acúmulo indesejável de filme lacrimal sob a lente). Se a fenda palpebral for estreita e a pálpebra superior cobrir a parte superior da córnea, a adaptação paralela a K pode ser uma boa escolha; Caso a pálpebra superior cubra apenas o limbo superior ou ainda fique acima dele, deve ser realizada uma adaptação interpalpebral paralela a K’ (além de LC com diâmetro menor); No caso de astigmatismo de baixo a médio e a favor da regra, é preciso fazer a adaptação paralela a K em caso de LC RGP; Para astigmatismo contra a regra quando a adaptação em alinhamento for insatisfatória, deve-se tentar a adaptação paralela a K’ ou ainda uma LC com superfície posterior asférica ou uma LC tórica. Figura 4 Fonte: Reprodução Importante! Para uma melhor centralização, essas lentes têm o diâmetro menor que o das demais. A CB da primeira LC para teste pode ser assim escolhida: Córneas esféricas ou com astigmatismos baixos, soma-se 0,50 D à curva K; Ceratometria = 42,00 x 42,00 CB = K + 0,50 D CB = 42,00 + 0,50 CB = 42,50 D Astigmatismo total de córnea até 2,00 D: A CB será o valor de K mais 50% do AC (astigmatismo de córnea) quando o diâmetro da LC for menor que 9 mm; se maior, deverá somar apenas 25% do valor do ATC; Ceratometria = 43,50 x 44,50 D Diâmetro da LC = 8,5 mm AC = K' – K AC = 44,50 – 43,50 AC = 1,00 D CB = K + AC/2 CB = 43,50 + 1,00/2 CB = 43,50 + 0,50 CB = 44,00 D Para astigmatismo de córnea superior a 2,00 D. CB = K + AC/3 Somar ao valor K 1/3 do AC KT = 41,00 x 44,00 AC = K' – K AC = 44,00 – 41,00 AC = 3,00 D CB = K + AC/3 CB = 41,00 + 3,00/3 CB = 42,00 D Dioptria da Lente de Contato X Dioptria da Lente Lacrimal Quanto à lágrima acumulada entre a córnea e a face posterior da LC, podemos nos referir a ela por “filme lacrimal” ou “lente lacrimal”. Essa lente lacrimal tem um poder dióptrico (PLL), que é a diferença entre a CB da LC e as curvas dos 2 meridianos principais da córnea (K e K’). Exemplo: K = 41,00 D K’ = 44,00 D CB = 43,00 D Vamos chamar de PLL1 a diferença entre a CB e o meridiano K e de PLL2 a diferença entre a CB e o meridiano K’. Alguns especialistas utilizam o primeiro cálculo (CB = K + AC/2) para a escolha da CB da primeira lente de teste, independentemente do nível de astigmatismo. Figura 5 A CB é mais curva que o meridiano K, por isso o poder da lente lacrimal é positivo. Você consegue até ver o formato de uma lente positiva! PLL2 = CB – K’ => PLL2 = 43,00 – 44,00 PLL2 = −1,00 D A CB é mais plana que o meridiano K’, por isso o poder da lente lacrimal é negativo. Figura 6 Fonte: Reprodução Dioptria Final da Lente de Contato Uma sobrerrefração deverá ser realizada seguindo todos os passos de afinamento, os mesmos de uma refração. Figura 7 Fonte: Getty Images Cabe lembrar que estamos considerando lentes de contato da caixa de provas com grau esférico o mais próximo possível da refração do paciente (repare: “o mais próximo possível”, porque isso nem sempre acontece). Tabela 1 – Caixa de prova de 50 lentes – PMMA N Dioptria Raio Grau Diâmetro 01 40,00 8,44 2,00 8,9 02 40,25 8,36 2,00 8,9 03 40,50 8,33 2,00 8,9 04 40,75 8,28 2,00 8,9 05 41,00 8,23 2,00 8,9 06 41,25 8,18 2,00 8,9 07 41,50 8,13 2,00 8,8 08 41,75 8,08 2,00 8,8 09 42,00 8,03 2,00 8,8 10 42,25 7,99 2,00 8,8 11 42,50 7,94 2,00 8,8 12 42,75 7,89 2,00 8,6 N Dioptria Raio Grau Diâmetro 13 43,00 7,85 2,00 8,6 14 43,25 7,80 2,00 8,6 15 43,50 7,76 2,00 8,6 16 43,75 7,71 2,00 8,6 17 44,00 7,67 2,00 8,6 18 44,25 7,63 2,00 8,6 19 44,50 7,58 2,00 8,6 20 44,75 7,54 2,00 8,6 21 45,00 7,50 2,00 8,6 22 45,25 7,46 2,00 8,6 23 45,50 7,42 2,00 8,6 24 45,75 7,38 2,00 8,6 25 46,00 7,33 2,00 8,6 26 46,25 7,30 3,00 8,6 N Dioptria Raio Grau Diâmetro 27 46,50 7,26 3,00 8,6 28 46,75 7,22 3,00 8,6 29 47,00 7,18 3,00 8,6 30 47,50 7,10 3,00 8,5 31 48,00 7,03 5,00 8,5 32 48,50 6,96 5,00 8,5 33 49,00 6,89 5,00 8,5 34 50,00 6,75 5,00 8,5 35 51,00 6,62 5,00 8,5 36 52,00 6,49 5,00 8,5 37 53,00 6,37 5,00 8,4 38 54,00 6,25 5,00 8,4 39 55,00 6,13 5,00 8,4 40 56,00 6,03 5,00 8,4 N Dioptria Raio Grau Diâmetro 41 41,00 8,23 12,00 9,0 42 42,00 8,04 12,00 9,0 43 43,00 7,85 12,00 9,0 44 44,00 7,67 12,00 9,0 45 45,00 7,50 12,00 9,0 46 41,00 8,23 +12,00 9,0 47 42,00 8,04 +12,00 9,0 48 43,00 7,85 +12,00 9,0 49 44,00 7,67 +12,00 9,0 50 45,00 7,50 +12,00 9,0 Há um cálculo teórico da dioptria final da LC que servirá de ponto de partida para a sobrerrefração. Mas nem sempre esse valor será a dioptria final da lente de contato, assim como a retinoscopia e a refração final nem sempre são iguais. Muitas vezes, o astigmatismo é corrigido ou eliminado pelo poder dióptrico da lente lacrimal. A dioptria esférica se encontra no meridiano mais plano da córnea. Sendo assim, quando a CB adaptada for diferente de K, o valor esférico da refração prescrita será diferente devido ao poder da lente lacrimal sob a lente. Exemplo: Prescrição dos óculos: −3,00 DE − 1,00 DC × 180 43,00 / 44,00 × 180 CB = 43,50 PLL1 = +0,50D PLL2 = −0,50D Figura 8 Importante! Note que temos dois meridianos para corrigir, e nesses dois No meridiano a 180 temos que corrigir −3,00 D (de acordo com a prescrição), mas nesse mesmo meridiano, quando colocamos a LC, eis que surge um PLL de +0,50 D. Vamos chamá-lo de PLL1. Agora é preciso corrigir −3,50 D. PLL1 = +0,50 D => −3,50 (LC) + 0,50 (PLL) = −3,00. Logo, meridiano corrigido!! No meridiano a 90 temos de corrigir −4,00 D, mas temos um PLL que corrigirá −0,50. Vamos chamá-lo de PLL2 Sendo assim, precisamos de uma lente com − 3,50 sobre esse meridiano. PLL2 = −0,50 D => −3,50(LC) − 0,50(PLL) = −4,00 D. Logo, meridiano corrigido!! Uma lente de contato esférica de −3,50 D corrigirá os dois meridianos. Agora que Você Entendeu Vamos Colocar Isso em Uma Fórmula? Vamos chamar de DLC1 a dioptria a ser corrigida no meridiano K, ou seja, essa dioptria é o valor esférico da prescrição dos óculos. DLC2 é a dioptria que deve ser corrigida no meridiano K’. Para isso, é preciso fazer a transposição da prescrição. Vamos usar o exemplo anterior. meridianos temos o poder da lente lacrimal (PLL) com potências dióptricas diferentes. Figura 9 Agora precisamos definir a dioptria final da lente de contato (DFLC). Não podemos esquecer que temos dois meridianos com valores diferentes a serem corrigidos. Por isso, vamos calcular a DFLC1 e DFLC2 e comparar os valores. Lembre-se de que é o valor da DFLC que usaremos como ponto de partida na sobrerrefração. DFLC1 = DLC1 - PLL1 DFLC2 = DLC2 - PLL2 Tabela 2 – DFLC DFLC1 = −3,00 − DFLC2 = − 4,00 − (− (+0,50) 0,50) DFLC1 = −3,00 − 0,50 DFLC2 = − 4,00 + 0,50 DFLC1 = −3,50 D DFLC2 = − 3,50 D Nesse caso, DFLC1 e DFLC2 são iguais. Uma LC esférica de − 3,50 D corrigirá os meridianos K e K’. Quando a diferença for muito grande, talvez seja necessário adaptar uma LC tórica, para corrigir todo o astigmatismo. Figura 10 – Distância ao Vértice Fonte: Adaptada de Freepik Distância ao vértice é a distância que vai do ápice da córnea até a lente dos óculos, distância essa que tem em média 12 mm. Para calcular a dioptria da LC baseada na prescrição dos óculos, deve-se considerar e compensar a DV quando a dioptria esférica da prescrição for maior do que +/− 4,00 D. Abaixo desses valores as alterações são mínimas. Existe uma fórmula para fazer essa compensação, mas na prática utilizamos as tabelas de compensação já prontas fornecidas pelos próprios laboratórios. Você pode fazer a sua própria tabela como o modelo mostrado abaixo. Tabela 3 – Tabela de Conversão das Dioptrias em Distância Vértice de 12mm Dioptria Lentes Positivas Lentes Negativas 4,00 4,25 3,87 4,50 4,75 4,25 5,00 5,25 4,75 5,50 5,87 5,12 6,00 6,50 5,62 6,50 7,00 6,00 7,00 7,62 6,50 Dioptria Lentes Positivas Lentes Negativas 7,50 8,25 6,87 8,00 8,87 7,25 8,50 9,50 7,75 9,00 10,12 8,12 9,50 10,75 8,50 10,00 11,37 8,87 10,50 12,00 9,37 11,00 12,75 9,72 11,50 13,37 10,12 12,00 14,00 10,50 Diâmetro da LC Rígida O diâmetro das LC rígidas é bem menor se comparado com o das LC gelatinosas. Seu diâmetro não deve ultrapassar o limbo nem atingir a margem inferior da pupila ao piscar. Figura 11 Fonte: Reprodução Há uma relação entre a CB e o diâmetro da LC. Quando mudamos o diâmetro da LC, alteramos a sua CB. Se aumentamos o diâmetro da LC, aumentamos a profundidade sagital; portanto, a CB ficará mais curva. E o inverso também é verdadeiro: ao diminuirmos o diâmetro, diminuímos a profundidade sagital e assim aplanamos a CB. Figura 12 Fonte: Reprodução Resumindo Quando aumenta o diâmetro, aumenta a profundidade, e a CB se torna mais curva. Quando diminui o diâmetro, diminui sua profundidade, e a CB se torna mais plana. Por fim, se alteramos a CB da LC, alteramos o PLL; consequentemente, a dioptria da lente sofrerá alterações. Note que: a cada 0,2 mm alterado no diâmetro da LC, altera-se o raio da CB em 0,125 D ou 0,023 mm. Tabela 4 Diâmetro total CB (Di) RCK (mm) Diâmetro total CB (Di) RCK (mm) Redução – cada 0,2 mm Somar 0,12 Di Reduzir 0,023 mm Aumento – cada 0,2 mm Reduzir 0,12 Di Somar 0,023 mm Na prática, o diâmetro da lente está diretamente relacionado com a caixa de provas de lentes de teste. A caixa de provas que usamos contém lentes já padronizadas pelo laboratório. E é melhor seguir esse padrão, pois, se mudarmos a relação CB/diâmetro, teremos de fazer as compensações necessárias para que não haja erros com relação às lentes definitivas a serem pedidas ao laboratório. Cálculo do Diâmetro das LC RGP Ø = Diâmetro da LC em mm RK = Raio da curva K DHVI = Diâmetro Horizontal Visível da Iris Como usamos a LC da caixa de provas, primeiro observam-se, com o auxílio de uma lâmpada de Burton ou de fenda, a posição e a movimentação da LC sobre a córnea. Figura 13 Fonte: Getty Images Sob o efeito da fluoresceína é possível observar e classificar se a LC está bem adaptada ou se precisa de ajuste. Figura 14 Fonte: Reprodução O que Devemos Avaliar: A posição da LC, seu movimento ao piscar, como ela se desloca com relação ao ápice da córnea e a concentração de fluoresceína sob a lente; Em LC de PMMA, com a CB mais curva que K, presença de fluoresceína na zona central, sua diminuição na zona intermediária e seu aumento na zona periférica; Em caso de LC justa ou muito curva, coloração acentuada do filme lacrimal na zona central (afastamento apical) e ausência de coloração (ou pequena) na zona periférica; Possíveis Ajustes Necessários Se estiver muito justa ou apertada, devemos aplanar; para isso, ou diminuímos o diâmetro da lente e mantemos a CB, ou diminuímos a CB e mantemos o diâmetro. No caso de estar frouxa ou muito solta, devemos ajustar; para isso, ou aumentamos o diâmetro e mantemos a CB, ou aumentamos a CB e mantemos o diâmetro. A LC está bem posicionada, confortável e com boa movimentação? Depois de definidos a CB e o diâmetro da LC, é hora de definir a dioptria final. Usaremos o valor encontrado no cálculo que fizemos para dar início à sobrerrefração. Em LC muito solta ou plana, ausência de coloração no ápice (toque apical) e presença na área intermediária e na periférica. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Fitting GP Lenses Part 1 – Mark Andre TEMA 2 de 3 Material Complementar Fitting GP Lenses Part 1 - Mark Andre https://www.youtube.com/watch?v=8LtavVDuf9c Fitting GP Lenses Part 2 – Mark Andre Assessment of a Gas Permeable Contact Lens Fitting GP Lenses Part 2 - Mark Andre Instructional Video: Assessment of a Gas Permeable Contact Lens https://www.youtube.com/watch?v=cMWQ6ZZJSMQ https://www.youtube.com/watch?v=MroaauXG-tE Ideal GP Lens Fitting Flurosence Pattern Leitura Rigid Contact Lens Fitting Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Ideal GP Lens Fitting Flurosence Pattern https://www.jnjvisioncare.co.uk/sites/default/files/public/uk/tvci/eclp_chapter_6.pdf https://www.youtube.com/watch?v=tW6L6ribFvk FLETCHER, R.; LUPELLI, L.; ROSSI, A. L. Contact lens practice. Oxford: Blackwell Scientific Publications, 1994. p. 17-72. GIRARD, L. J.; SOPER, J. W.; SAMPSON, W. G. Follow up visits. In: GIRARD, L. J. Corneal contact lenses. St Louis: C. V. Mosby Co., 1970. p. 229-68. GORDON, J. M.; HANISH, S. J. Fitting techniques for gas-permeable rigid lenses. In: AQUAVELLA, J. V.; RAO, G. N. Contact lenses. Philadelphia: J. B. Lippincott Co., 1987. p. 39-46. HALES, R. H. Contact lenses, a clinical approach to fitting. Baltimore: Willians & Wilkins, 1982. p. 351. STEIN, H. A.; SLATT, B. J. Fitting guide for rigid and soft contact lenses. 3rd. ed. St. Louis: C. V. Mosby Co., 1990. p. 1-584 TEMA 3 de 3 Referências
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