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AVALIACAO PARA REABILITACAO VISUAL 1

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Conteudista: Prof.ª Renata Carvalho Mendes
Revisão Textual: Maria Thereza Carvalho Rodriguez Guisande
 
Objetivo da Unidade:
Desenvolver no aluno o raciocínio clínico para avaliar as funções visuais e
detectar suas alterações através de testes especí�cos.
˨ Material Teórico
˨ Material Complementar
˨ Referências
Introdução à Avaliação do Sistema Visual
Introdução
A reabilitação visual visa, por meios de métodos especí�cos, reestabelecer a função do sistema
visual. Nesse sentido, o primeiro passo da avaliação envolve a coleta de dados referentes aos
distúrbios sensório-motores do sistema visual e a aplicação de testes especí�cos, a �m de
identi�car possíveis alterações e determinar o plano de reabilitação.
Essa avaliação visual para a reabilitação é de suma importância não apenas para sua formação
acadêmica, mas, principalmente, para sua atuação pro�ssional, visto que a e�cácia da
reabilitação depende da realização minuciosa e precisa da avaliação.  
1 / 3
˨ Material Teórico
Importante! 
A avaliação é a base para a condução de um bom tratamento! 
Para realizar a avaliação visual para a reabilitação, é importante ter
conhecimento das estruturas que compõem o sistema visual e sua
�siologia, pois a compreensão do funcionamento �siológico favorece a
identi�cação dos distúrbios e desequilíbrios apresentados pelo
sistema. 
O sistema visual é considerado pela ciência um dos cinco sentidos do
ser humano que se desenvolve através de estímulos externos. O olho é
o órgão do sistema visual e está intimamente ligado ao cérebro. Para
que o complexo fenômeno da visão ocorra, é necessário que as
estruturas visuais estejam íntegras e funcionando em conjunto.
Vídeo 
Observe no vídeo o movimento do olho, que foi gravado em 240
quadros (frames) por segundo e em câmera lenta. Nele, é possível
visualizar algumas das atividades oculares com detalhes.
Você já havia observado o movimento dos olhos dessa maneira? O que
achou? É impressionante, não é?
Eyes in slow motion
https://www.youtube.com/watch?v=ySMtB5nWxPs
A visão é uma das principais formas de comunicação entre o meio externo e o meio interno do
nosso corpo. Ao abrir seus olhos e permitir que o mundo entre, você está iniciando a viagem
mais complexa do corpo humano depois do cérebro. 
O olho é um órgão muito delicado e de grande precisão. É por meio da visão que temos a
capacidade de enxergar tudo à nossa volta. Para que esse sistema visual desempenhe todas as
suas funções, há muitas estruturas trabalhando em conjunto e em conexão com o sistema
nervoso.
O sistema visual é fundamental em diferentes aspectos do cotidiano, pois é responsável por
processos de percepções especí�cas, tais como a do movimento, a da cor e a da
profundidade. 
Na criança, os órgãos dos sentidos contribuem para seu desenvolvimento desde o
nascimento, visto que representam o canal sensorial dominante para recepção de informações
do meio externo. Nesse sentido, dé�cits visuais podem comprometer o processo de interação,
experimentação e entendimento do meio que circunda a criança, resultando em di�culdades
de aprendizagem. 
No adulto, a visão também representa a interação e a integração com o meio. Sendo assim, o
dé�cit visual pode comprometer a qualidade de vida no âmbito social, educacional e
pro�ssional (na e�ciência e na produtividade).
A avaliação é um processo de coleta de dados e informações que envolve a condução de testes
especí�cos, baseada em raciocínio clínico e com a �nalidade de detectar possíveis alterações
visuais. A avaliação é, portanto, o primeiro fator para a condução e�caz do tratamento, assim
como é muito relevante no acompanhamento da evolução do tratamento.
Re�ita 
Você já parou para analisar como é importante a avaliação para a
reabilitação visual? 
O sucesso da reabilitação está diretamente relacionado aos achados
identi�cados na avaliação. Através da avaliação visual, é possível
quanti�car e quali�car os distúrbios do sistema visual e, com base
nesses dados, desenvolver o protocolo de reabilitação ou constatar a
necessidade de encaminhamento do paciente a outro pro�ssional
quali�cado para a resolução do distúrbio apresentado.
Figura 1 – A imagem representa a avaliação para
reabilitação visual.  Para realizar a avaliação para
reabilitação visual é preciso estar atento a todos os
detalhes
Fonte: Adaptada de Freepik
Para a realização de uma boa avaliação, é necessário desenvolver alguns pontos:
Uma das premissas para o sucesso de uma avaliação é o conhecimento anatomo�siológico
das estruturas envolvidas, pois é partindo do entendimento �siológico que identi�camos o
patológico. 
Para facilitar o desenvolvimento da avaliação visual para reabilitação, no próximo tópico, você
terá uma breve revisão das estruturas que compõem o sistema visual e das suas respectivas
funções. 
Bons estudos!
Anatomia do Sistema Visual
Caro(a) aluno(a), vamos iniciar nossa viagem pelo sistema visual, revendo todas as estruturas
que o compõem, juntamente com as suas respectivas funções. 
O sistema visual é um dos cinco sentidos e o sentido da visão é considerado fundamental no
aprimoramento da percepção do mundo.
Possuir e transmitir segurança e con�ança;
Considerar qual o objetivo na realização da avaliação;
Conhecer as ferramentas que serão utilizadas para atingir o objetivo;
Ter habilidade e conhecimento técnico dos materiais especí�cos para a realização
da avaliação visual;
Ter conhecimento das estruturas que compõem o sistema visual e sua
funcionalidade.
É através da visão que temos a capacidade de enxergar as cores e as formas. Grande parte das
informações que recebemos do mundo externo vem através do sistema visual, que também é
responsável pelo nosso posicionamento no espaço e pela nossa noção de equilíbrio.
As estruturas dos olhos são formadas pela cavidade orbitária ou órbita, bulbo ocular, nervo
óptico e músculos. 
Figura 2 – Cavidade orbitária 
Fonte: Reprodução
Na Figura 2, observamos a cavidade orbitária, o bulbo ocular e seus músculos na visão
anterior.
Como você sabe, os olhos são responsáveis pelo sentido da visão. Eles se encontram no
interior de cavidades ósseas, chamadas de cavidades orbitárias ou órbitas. Há duas órbitas,
localizadas simetricamente uma de cada lado, que protegem e alojam os olhos.
A cavidade orbitária é formada por sete ossos: frontal, maxilar, zigomático, esfenoide,
etmoide, lacrimal e palatino. O osso frontal está localizado na parte superior da cavidade
orbital; a região inferior é formada pelo osso zigomático e pela face orbital da maxila; a região
medial é formada pelo osso lacrimal; a parte lateral é formada pelo ramo frontal do osso
zigomático; e a parede posterior da cavidade orbital é formada pelos ossos esfenoide, palatino
e etmoide. 
Em caso de fratura da cavidade orbital, causada por trauma na face, o bulbo ocular pode ser
deslocado, causando diplopia.
Na Figura 3, podemos observar a cavidade orbital e sua disposição simétrica, uma de cada lado.
Perceba que a cavidade orbital tem a forma de pirâmide.
Figura 3 – Ossos da cavidade orbitária
Fonte: Adaptada de Unplash
Figura 4 – Cavidade orbital na visão lateral
Fonte: JENSEN, 2013, p. 317 
Na Figura 4, observe a cavidade orbital em uma visão lateral. A imagem em amarelo é a
gordura que preenche a órbita com a �nalidade de alojar e proteger o bulbo ocular. 
Saiba Mais 
Em atlas de anatomia ou na internet, pesquise cada osso da cavidade
orbital, separados e em conjunto, comparando seu formato com a
forma piramidal.
O bulbo ocular, também conhecido por globo ocular, é uma estrutura que se localiza na
cavidade orbitária. Ele é constituído por três túnicas ou camadas: uma externa ou �brosa, que
tem a função de proteção, formada pela esclerótica e córnea; uma camada média, constituída
pela coroide, pela íris, pela pupila, pelo cristalino e pelo corpo ciliar; e, por �m, uma camada
interna, composta pelo humor aquoso, pelo vítreo e pela retina. 
Essas estruturas são responsáveis
pelo bom desempenho visual. 
Figura 5 – Camadas do bulbo ocular
Fonte: Adaptada de Freepik
Na Figura 5, é possível observar as três túnicas ou camadas que formam o globo ocular. A
seguir, vamos rever cada uma dessas camadas, bem como suas estruturas e funções.
Lembre-se que a camada externa do bulbo ocular é uma camada protetora, composta pela
esclerótica e pela córnea. A esclerótica ou esclera é o esqueleto �broso que fornece forma,
resistência e proteção ao bulbo ocular. Além disso, também fornece um local de �xação para
os músculos extrínsecos dos olhos. Ela representa a parte branca que recobre três quartos do
bulbo ocular e é composta por �bras de colágeno que lhe conferem resistência. Por outro
lado, a conjuntiva é a túnica ou camada �brosa que recobre a esclerótica e está em contato
com o ar.
Você já teve ou viu alguém com conjuntivite? Pois bem, a conjuntivite é uma irritação ou
in�amação da conjuntiva, que pode ser causada por alergias, infecções bacterianas ou virais. A
conjuntivite infecciosa pode ser altamente contagiosa, sendo transmitida por meio do contato
com as secreções oculares da pessoa infectada. O tratamento é realizado pelo oftalmologista.
Você já teve ou viu alguém com conjuntivite? Pois bem, a conjuntivite é uma irritação ou
in�amação da conjuntiva, que pode ser causada por alergias, infecções bacterianas ou virais. A
conjuntivite infecciosa pode ser altamente contagiosa, sendo transmitida por meio do contato
com as secreções oculares da pessoa infectada. O tratamento é realizado pelo oftalmologista.
Glossário 
Esclerótica: membrana externa branca do olho.
Clique no botão para visualizar.
ACESSE
No conteúdo do botão acima, todos os músculos da face do lado direito foram retirados. Nela,
podemos observar a cavidade orbital, o bulbo ocular e a esclerótica ou esclera, que é a região
branca dos olhos que confere ao bulbo ocular proteção e rigidez, evitando que ele se deforme.
A esclerótica apresenta, na parte anterior, uma área transparente com maior curvatura,
denominada córnea. A córnea é um tecido transparente que �ca na parte anterior do olho e
permite a entrada de luz, executando dois terços das tarefas do foco. Ela recobre a íris e a
pupila, sendo uma superfície de grande poder de refração. A córnea é, portanto, a primeira
lente do olho, que tem a função de formar a imagem nítida na retina. Trata-se, além disso, de
um tecido avascular. 
Em relação à sua estrutura, a córnea é uma lente convexa que conduz a luz para dentro do
olho e qualquer alteração na sua curvatura prejudica a visão. Ela se adapta à esclera como o
visor de um relógio. As partes que a constituem são o epitélio, a membrana de Bowman, o
estroma, a membrana de Descemet e o endotélio. 
Muitas patologias acometem a córnea. O ceratocone, por exemplo, é uma delas. Nessa
patologia, ocorre uma mudança na forma da córnea, que adquire a forma abaulada. O
problema acomete a população jovem e os sintomas apresentados são diminuição da acuidade
Imagem 
Bulbo ocular, esclerótica e cavidade orbital.
https://bit.ly/333jIoX
visual para perto e sensibilidade à luz. A evolução dos sintomas é progressiva e compromete a
acuidade visual.
Quando a córnea apresenta ruptura, mudança em seu formato ou �ca turva, o último recurso
de tratamento é o procedimento cirúrgico, denominado transplante de córnea, que consiste
na substituição da córnea lesada por outra saudável.
Vídeo 
Observe a córnea no vídeo a seguir. Nele, o cirurgião realiza um
transplante de córnea – cirurgia que compreende a substituição de
uma córnea debilitada por outra saudável.  A córnea só pode ser
substituída por outra através de doadores, respeitando o seu tamanho
e forma.  
Transplante de Córnea - Centro Campineiro de Microcirurgia
https://www.youtube.com/watch?v=NBoBkIqMryY
O astigmatismo é uma condição causada por irregularidades na córnea, fazendo com que o
estímulo luminoso incida em diferentes pontos, desfocando a imagem na retina.
Esclerótica e córnea fazem parte da camada externa do bulbo ocular.
Caro(a) aluno(a), descrevemos as duas estruturas que formam a camada externa do bulbo
ocular: esclerótica e córnea. Até aqui está tudo bem? Se sim, então vamos entrar na camada
média ou vascular do bulbo ocular, composta pela coroide, pela íris, pela pupila, pelo cristalino
e pelo corpo ciliar.
Glossário 
Na palavra astigmatismo, a letra “a” signi�ca ausência, enquanto
“stigma” signi�ca ponto. Sendo assim, astigmatismo, na tradução
literal, signi�ca ausência de ponto.
A coroide é uma camada vascular da parede do globo ocular, que �ca entre a esclerótica e a
retina, responsável pelo suprimento de oxigênio e outros nutrientes ao bulbo ocular. Se
abríssemos uma pequena janela na esclerótica, teríamos acesso à coroide. 
A íris é uma membrana circular de 12mm de diâmetro, músculo pigmentado, responsável pela
coloração do olho e que limita a pupila. Sua função é controlar os níveis de luz captados pela
retina, assim como faz o diafragma de uma câmera fotográ�ca. 
A pupila é um orifício delimitado pela íris, localizada no centro, com um diâmetro que varia de
2 a 5 mm. A pupila controla a quantidade de luz enviada para a retina e aumenta a
profundidade do foco. Ela é formada pelo músculo esfíncter da pupila, responsável pelo
movimento de miose, e pelo músculo dilatador da pupila, responsável pela midríase. A miose é
o movimento de contração da pupila e midríase é a dilatação da pupila. 
A íris e a pupila trabalham em conjunto e, em condições normais, nossa pupila contrai e dilata
naturalmente.           
Você Sabia? 
A pupila é um termo que vem do latim e signi�ca menininha, por isso
a pupila é conhecida popularmente como “menina dos olhos”.
A midríase e a miose são mecanismos de defesa e proteção dos olhos. Ao entrar em um
ambiente com baixa iluminação, o sistema nervoso envia estímulos que dilatam a pupila
(midríase), aumentando a quantidade de luz que entra nos olhos e melhorando a visão. Já em
locais com muita iluminação, o sistema nervoso envia um estímulo para que haja contração da
pupila (miose), impedindo que a luminosidade excessiva entre nos olhos, lesionando
estruturas internas importantes como a retina.
O cristalino é a segunda lente do olho e está localizado entre a íris e o humor vítreo. Ele é
transparente e �exível e tem o formato biconvexo. Em relação à função, ele regula o foco da
Vídeos 
No vídeo a seguir, você pode acompanhar os movimentos de miose e
midríase da pupila.
Eye closeup. Iris open and close
https://www.youtube.com/watch?v=ePQSYhE_FHY
imagem – um mecanismo conhecido como acomodação visual, que é realizado com o auxílio
do corpo ciliar.
Vamos observar onde se localiza o cristalino? 
A catarata é uma patologia que acomete o cristalino, que, nesse caso, torna-se opaco e rígido,
impedindo os estímulos luminosos de o ultrapassarem e incidirem corretamente na retina.
Vídeos 
O vídeo a seguir demonstra a localização do cristalino e como a luz
incide sobre ele. 
Anatomia do olho - Cristalino
https://www.youtube.com/watch?v=z-e-Lh5YPcg
Alterações no cristalino podem acarretar em erros de refração, como miopia, hipermetropia,
astigmatismo (que pode ocorrer devido a alterações no cristalino ou na córnea) e presbiopia.
O corpo ciliar é uma estrutura no interior do olho, composta pelo músculo ciliar e pelos
processos ciliares. Sua função é secretar o humor aquoso. Também é responsável pelo foco
dos raios de luz.
O músculo ciliar é responsável por sustentar o cristalino no lugar e pelo processo de
acomodação.
Vimos que a coroide, a íris, a pupila, o cristalino e o corpo ciliar fazem parte da camada média
do bulbo ocular. Agora vamos seguir em frente, descrevendo a camada interna, composta pelo
humor aquoso, humor vítreo, retina e suas regiões.
O humor aquoso é um líquido transparente, com densidade semelhante à do plasma
sanguíneo. É produzido no corpo ciliar, sendo responsável pela nutrição da córnea e do
cristalino. É o
humor aquoso que mantém a pressão intraocular. O seu excesso é drenado pelo
Importante! 
A ação dos pequenos músculos ciliares aumenta a espessura do
cristalino para que o olho focalize em objetos próximos e diminui sua
espessura para focalizar objetos mais distantes, mecanismo conhecido
como acomodação visual.
canal de Schelemm, que circunda todo o olho. Esse processo de drenagem é muito importante
para a saúde da visão, pois o aumento da pressão intraocular pode levar à cegueira. 
O humor vítreo é um �uido gelatinoso e transparente que preenche o interior do globo ocular
e mantém a sua forma. 
A retina é uma camada com terminações nervosas, localizada na região interior do globo
ocular. Ela transforma estímulos luminosos em estímulos nervosos, que são enviados pelo
nervo óptico para o cérebro para serem convertidos em imagens. A retina capta a luz através
dos seus fotorreceptores: os cones e os bastonetes. Os cones são encontrados na região
central e os bastonetes na região periférica. A retina pode se deslocar por trauma ou pelo alto
grau de miopia. 
A mácula é a região central da retina, responsável pela visão dos detalhes. É uma estrutura rica
em cones e está relacionada com a degeneração macular associada ao envelhecimento,
também conhecida por DMRI. 
A fóvea se localiza dentro da mácula, ponto central da visão, onde encontra-se a maior
quantidade de cones. 
Ponto cego, papila ou escotoma é uma pequena área que não contém receptores de luz. É o
local onde o nervo óptico atravessa da retina para o cérebro.
Figura 6 – Estruturas do bulbo ocular
Fonte: Adaptada de JENSEN, 2013, p. 317
Na Figura 6, você pode observar todas as estruturas que compõem o bulbo ocular. É possível
observar a retina e, no canto posterior esquerdo, o descolamento de retina.
Terminamos a descrição das estruturas do sistema visual. Sugiro que você dê uma paradinha e
olhe-se no espelho, observando sua esclerótica, sua íris e sua pupila. Identi�que as regiões
superior, inferior, medial e lateral óssea. Observe também essas estruturas em outras pessoas,
como amigos e família. 
Sistema Nervoso
Os nervos cranianos realizam a conexão com o encéfalo. Os doze pares de nervos partem do
encéfalo, conectando-o aos órgãos do sentido por meio de suas �bras. 
Dos doze pares de nervos cranianos, cinco deles estão relacionados direta ou indiretamente
com o sistema visual. São eles: o II par dos nervos cranianos (nervo óptico); o III par dos
nervos cranianos (nervo oculomotor comum); o IV par dos nervos cranianos (nervo troclear);
o V par dos nervos cranianos (nervo trigêmeo); e o VI par dos nervos cranianos (nervo
abducente). 
O nervo óptico é exclusivamente sensorial e conduz ao cérebro os impulsos visuais captados
pela retina e pela fóvea. O quiasma óptico é uma estrutura em forma de “x”, constituída pelo
encontro dos dois nervos ópticos. Sua função é conectar o cérebro aos olhos, para que os
impulsos nervosos sejam enviados da retina até o córtex. 
Figura 7 – Quiasma óptico
Fonte: Reprodução
A Figura 7 representa o sistema visual em uma vista superior. Também mostra os dois olhos,
o nervo óptico e o quiasma óptico, que é a região em forma de “x” correspondente ao
encontro dos dois nervos ópticos.
A in�amação do nervo óptico causa a neurite óptica. 
O nervo oculomotor comum está relacionado, como o próprio nome diz, ao movimento dos
olhos. Ele se relaciona com quatro dos seis músculos externos que movem os olhos. 
O nervo troclear inerva o músculo oblíquo superior do olho e é o menor nervo craniano. 
O nervo trigêmeo é um nervo misto (sensitivo e motor) e assim é chamado por possuir três
ramos: o oftálmico, o mandibular e o maxilar. Suas �bras sensitivas enviam impulsos
exteroceptivos da conjuntiva ocular.  
O nervo abducente é um nervo motor, responsável pelas informações referentes aos
movimentos dos olhos e ao ajuste do foco de luz.                                          
Figura 8 – Nervos cranianos
Fonte: Wikimedia Commons
A Figura 8 é uma representação da localização dos 12 pares de nervos cranianos. Observe a
imagem e localize os cinco nervos cranianos que estão relacionados ao sistema visual.
Alguns distúrbios referentes à visão estão relacionados com distúrbios neurológicos, como a
cegueira por sequela neurológica e as paralisias ou paresias nervosas que também podem
afetar o funcionamento do sistema ocular. 
Já �zemos uma breve revisão da inervação do sistema visual. Vamos dar sequência ao
conteúdo? A seguir, você irá rever o sistema oculomotor.
Sistema Muscular
Caro(a) aluno(a), os olhos possuem dois grupos de músculos: os músculos extraoculares ou
extrínsecos, que movimentam o globo ocular no interior da órbita, e os músculos
intraoculares ou intrínsecos, que se localizam dentro do globo ocular e controlam a
acomodação do olho.
Glossário 
Acomodação é o mecanismo �siológico que permite que o sistema
visual faça a adaptação necessária para uma visão nítida a diferentes
distâncias. 
Seus olhos se movimentam graças a seis músculos extraoculares, que os mantêm
posicionados. Quando alguns desses músculos se contraem, seus olhos mudam de direção.
Vamos revisar esses músculos responsáveis pelos movimentos do globo ocular?
Os músculos extraoculares são seis: reto superior, reto inferior, reto medial, reto lateral,
oblíquo superior e oblíquo inferior. Observe os músculos extraoculares na Figura a seguir.
Figura 9 – Músculos extraoculares
Fonte: Adaptada de Freepik
O músculo reto medial tem sua origem no esfenoide, no ânulo ou tendão de Zinn, e insere-se
na esclerótica medial, por baixo do músculo oblíquo superior. Ele é inervado pelo III nervo
craniano e tem a função de adução.
O músculo reto lateral tem sua origem no osso esfenoide, no tendão de Zinn, e insere-se na
esclera. Ele é inervado pelo IV nervo craniano e sua função é a abdução.           
O músculo reto superior tem origem no ânulo ou tendão de Zinn e insere-se na esclerótica de
forma oblíqua. Ele é inervado pelo III nervo craniano e realiza os movimentos de elevação do
globo ocular.
O músculo reto inferior também tem origem no tendão ou ânulo de Zinn e insere-se na
esclerótica de forma oblíqua. Ele é inervado pelo III nervo craniano e faz o movimento de
depressão. 
O músculo oblíquo superior tem sua origem no corpo do esfenoide e insere-se na esclerótica
de forma oblíqua e em leque. O IV nervo craniano inerva o músculo oblíquo superior, sendo
responsável pelo movimento de rotação, depressão e abdução.
O músculo oblíquo inferior tem sua origem na parede média da órbita e insere-se na
esclerótica, 2 mm acima da margem inferior do músculo reto lateral. Ele é inervado pelo III
nervo craniano e realiza movimento de rotação, elevação e abdução.
O movimento monocular é denominado de dução. A adução corresponde ao movimento do
olho em direção nasal. A abdução corresponde ao movimento do olho em direção à têmpora. A
supradução ou elevação é o movimento do olho para cima. A infradução ou depressão é o
movimento do olho para baixo. Por �m, a intorção e a extorsão são os movimentos
rotacionais. 
Os movimentos binoculares ou versões são os movimentos dos dois olhos no mesmo sentido.
Ao olhar para o lado direito, realiza-se a destroversão e ao olhar para a esquerda, realiza-se a
levoversão. Supraversão é o movimento de olhar para cima e infraversão o movimento de
olhar para baixo. Por �m, olhar ao redor é o mesmo que realizar uma cicloversão.
O movimento dos olhos em direções opostas é chamado de vergências. Sendo assim,
convergência é o movimento do olho direito para a esquerda e do olho esquerdo para a direita,
enquanto divergência é o movimento do olho direito para a direita e do olho esquerdo para a
esquerda.
Figura 10 – Músculos extrínsecos do olho
Fonte: Adaptada de JENSEN, 2013, p. 317
Lembre-se: os músculos retos lateral e medial, quando acionados, realizam movimentos
horizontais; os músculos retos superior e inferior, quando acionados, realizam movimentos
verticais; e os oblíquos superior e inferior, quando acionados, realizam movimentos diagonais,
tanto superiores quanto inferiores, para ambos os lados.
Agora, com os olhos descansados, vamos dar continuidade aos estudos. 
Os músculos intraoculares ou intrínsecos são três: o músculo ciliar, o músculo dilatador da
pupila e músculo esfíncter da pupila. Os três já foram descritos anteriormente.
Os anexos oculares, como as pálpebras, têm importantes funções na proteção do globo
ocular. 
As pálpebras superior e inferior são camadas �nas de pele e de músculo que recobrem os
olhos. As pálpebras abrem e fecham rapidamente, a �m de formar uma barreira mecânica,
com o intuito de proteger o olho de objetos estranhos, poeira, vento, insetos e luz intensa.  
Trocando Ideias... 
Que tal você realizar esses movimentos com seus olhos? Você pode
�lmá-los e perceber o que acontece. 
Você sentiu algum desconforto ao realizar os movimentos? 
Se sim, provavelmente você está muito tempo com os olhos �xos na
tela do computador. Então, está na hora de dar uma paradinha, piscar
algumas vezes para lubri�cá-los, olhar pela janela, olhar para o
horizonte e, assim, descansar os olhos. Em seguida, poderemos
continuar com o nosso conteúdo.
Figura 11 – Músculos da pálpebra esquerda
Fonte: Adaptada de DUTTON, 2011
Na Figura 11, numa visão anterior, podemos observar os músculos orbicular e corrugador da
pálpebra esquerda.
O músculo levantador da pálpebra tem origem no ápice da órbita e insere-se na pele da
pálpebra. Ele é inervado pelo III nervo craniano e sua função é elevar a pálpebra superior.
Lesões nesse nervo podem ocasionar ptose palpebral ou blefaroptose.
As estruturas anexas do sistema visual são compostas, além das pálpebras, por cílios,
sobrancelhas e glândulas lacrimais, tendo a função de proteger o globo ocular.
Figura 12 – Estruturas do sistema visual
Fonte: JENSEN, 2013, p. 317
Na Figura 12, podemos observar a anatomia do sistema visual e seus anexos oculares: pálpebra
superior, pálpebra inferior e cílios.
Caro(a) aluno(a), até aqui, descrevemos cada estrutura que compõe o sistema visual e sua
respectiva função, mas como todas essas estruturas trabalham em conjunto para que sejam
formadas as imagens?
Os nossos olhos podem ser comparados a uma máquina fotográ�ca, pois ambos respeitam os
mesmos princípios da física óptica. No entanto, apesar da constante evolução tecnológica, a
máquina fotográ�ca mais moderna ainda não é capaz de superar a e�ciência dos nossos
olhos. 
A transformação de um estímulo externo (estímulo luminoso no caso da visão) em um
estímulo elétrico é chamado de transdução sensorial. O estímulo elétrico é a linguagem que o
nosso sistema nervoso compreende.
Bem, você sabe que a luz que incide sobre um objeto irá re�etir ou será absorvida. Assim,
aquilo que vemos como as cores de um objeto são, na verdade, diferentes comprimentos de
ondas de luz, re�etidas pelo próprio objeto.
A luz re�etida de um objeto atinge nossos olhos e atravessa todas as suas camadas (córnea,
pupila, cristalino e humor vítreo) até atingir a retina. A córnea possui a grande capacidade de
refratar a luz, porém sem variações, diferente do que ocorre com o cristalino, que é uma lente
�exível e transparente, que aumenta sua curvatura, �cando mais convexa, quando um objeto
se aproxima e aumenta sua dioptria, �cando menos convexa, quando o objeto se afasta.
Isto se dá pela capacidade que o cristalino tem de regular o foco –mecanismo que já foi
abordado anteriormente e é conhecido como acomodação visual, realizada com o auxílio do
corpo ciliar. O mecanismo de acomodação do cristalino garante a nitidez dos objetos
independente de suas distâncias.
Do cristalino, o feixe de luz é direcionado para a retina, que não possui a mesma sensibilidade
em toda sua extensão. A região central da retina ou fóvea, que possui o tamanho da cabeça de
um al�nete, é o local onde a luz é focalizada pelas lentes, ou seja, é o ponto central da visão.
A retina recebe a luz e a transforma num potencial de ação, ou seja, em um estímulo elétrico.
Na retina, encontra-se os fotorreceptores que são as únicas células do sistema visual
sensíveis à luz.
As células fotorreceptoras da retina são as últimas camadas de células do bulbo ocular. Os
fotorreceptores fazem, então, a transdução.
Lembre-se de que há dois tipos de fotorreceptores: os cones e os bastonetes. Eles possuem
um terminal sináptico que faz sinapse com as células bipolares e possuem um núcleo e uma
extremidade receptora, com vários discos membranosos. Nesses discos membranosos, estão
as proteínas responsáveis pela recepção do estímulo luminoso e sua transformação em
estímulos elétricos.
Figura 13 – Retina
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons
Observe a Figura 13, nela, observamos o bulbo ocular e, no destaque, a representação
aumentada das células nervosas e dos fotorreceptores localizados na retina.
Os cones e os bastonetes possuem algumas diferenças. Os cones se afunilam na extremidade,
enquanto os bastonetes mantêm o seu diâmetro constante, o que signi�ca que nos bastonetes
há mais discos membranosos do que nos cones. Essa diferença implica no processo de
recepção da luz e explica porque os bastonetes são mais sensíveis à luz. Por isso, em
ambientes escuros, temos a maior atuação dos bastonetes, que possuem maior capacidade de
receber estímulos luminosos de menor intensidade.
Quando temos um estímulo luminoso mais intenso, atingimos o ponto de saturação dos
bastonetes e, então, temos a recepção da luz primordialmente pelos cones. Os cones também
são responsáveis pelo recebimento do estímulo das cores, ou seja, são eles os responsáveis
pelas cores que enxergamos.
Os cones e bastonetes estão conectados aos neurônios, que enviam a imagem invertida
captada por cada olho, através do nervo óptico, para o córtex visual, onde ocorrerá a
decodi�cação da imagem e, então, enxergaremos a imagem nítida e na posição correta.
Figura 14 – Representação do bulbo ocular saudável
Fonte: Adaptada de Freepik
Na Figura 14, observamos um estímulo luminoso atravessando a córnea e o cristalino e
chegando ao ponto central da visão, localizado na retina, projetando a imagem com nitidez –
fenômeno conhecido como refração. 
Quando os feixes de luz sofrem desvios e não chegam focados na retina, a imagem perde a
nitidez – fenômeno denominado erro de refração ou erro refrativo. Os sintomas de erro de
refração são diminuição da acuidade visual, desconforto nos olhos, dores de cabeça, entre
outros. A miopia é o erro refrativo em que a imagem é formada antes da retina, resultando em
di�culdade de visualizar objetos distantes. Já na hipermetropia, a di�culdade é a visão de
perto, pois a imagem é formada atrás da retina.  
Figura 15 – Miopia e hipermetropia
Fonte: Adaptada de Freepik
Na Figura 15, a imagem superior representa um olho hipermetrope (observe que a imagem é
formada atrás da retina). A imagem inferior, por outro lado, representa um olho míope, em
que a imagem é formado antes da retina.  
Percebeu como é fantástico o sistema visual e como o estímulo luminoso se transforma em
visão?
O sistema visual supera qualquer máquina fotográ�ca e é capaz de captar as mais sutis
variações de luz e cor. Além disso, consegue focar de forma rápida e possui visão de
profundidade, também conhecida como visão em três dimensões ou 3D. 
Saiba Mais 
Como você sabe, os cones são responsáveis por detectar as cores. No
olho humano, encontramos três tipos de cones: um que se excita com
a luz vermelha, outro com a luz verde e um terceiro com a azul. É a
combinação dessas três cores que nos permite enxergar um mundo
in�nitamente colorido. Nas pessoas que apresentam discromopsia ou
daltonismo, no entanto, esses cones não funcionam como deveriam e,
por isso, tais pessoas não conseguem enxergar determinadas cores ou
as enxergam diferentes de como são.
A imagem que vemos é resultado do processo que absorve o estímulo luminoso, atravessa
as
camadas do bulbo ocular e chega até o cristalino (lente biconvexa localizada entre a íris e o
humor vítreo), onde é formada uma imagem real e invertida do objeto. Essa imagem é enviada
para a retina (estrutura sensível à luz), onde os estímulos luminosos são transformados em
estímulos elétricos e enviados ao córtex visual através do nervo óptico, para, en�m, serem
decodi�cados e traduzidos na imagem que vemos, na posição correta e nítida. 
Caro(a) aluno(a), chegamos ao �m desta Unidade. Nela, foram abordadas a relevância da
avaliação visual para a reabilitação e a sua importância para prática pro�ssional. Também
vimos as estruturas que compõem o sistema visual e suas respectivas funções.
Bons estudos e até a próxima Unidade!
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Livros  
Os Estrabismos: Teoria e Casos Comentados 
SOUZA-DIAS, C.; GOLDCHMIT, M. Os Estrabismos: Teoria e Casos
Comentados. Guanabara Koogan, 2011. 
ABC da Diplopia 
GAMA, R. ABC da Diplopia. Chiado Editora, 2016. 
Terapia Manual en el Sistema Oculomotor 
PONS, I. P. Terapia Manual en el Sistema Oculomotor. Elsevier España,
S.L.u, 2012. 
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˨ Material Complementar
Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso 
BEAR, M. F. et al. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. 3ª
ed. Artmed, 2008.
  Leitura  
Fundamentos Básicos da Oftalmologia e suas Aplicações
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ACESSE
http://download.uft.edu.br/?d=c03f679c-c242-45f8-a84b-c081b12019d6;1.0:Fundamentos%20b%C3%A1sicos%20da%20oftalmologia%20e%20suas%20aplica%C3%A7%C3%B5es.pdf
DANTAS, A. M. Neuro�siologia Ocular. 1. ed. Rio de Janeiro: Colina/Revinter, 2007.
DOME, E. F. Estudo do Olho Humano Aplicado a Optometria. 6. ed. São Paulo: Senac, 2017.
KANSKI, J. J. Oftalmologia Clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 
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˨ Referências

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