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Conteudista: Prof.ª Esp. Alice Zaramella Revisão Textual: Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin Objetivos da Unidade: Estudar os protocolos de atendimento de pacientes nas diversas modalidades contempladas pela Contatologia; Realizar os procedimentos para a avaliação visual, começando pela anamnese e acuidade visual; Identificar alterações oculares por meio da oftalmoscopia; Realizar retinoscopia estática e dinâmica, neutralizando os movimentos de sombras com as lentes corretas, analisando os testes preliminares e pós- refrativos. Material Teórico Material Complementar Roteiro para Avaliação e Adaptação de Lentes de Contato Rígidas Referências Anamnese Anamnesis – Em tradução literal, trazer à memória. É a ciência que busca conhecer as bases do problema apresentado pelo paciente, seja ele de origem patológica, fisiológica ou anatômica. É o interrogatório feito pelo profissional para investigação, permitindo um diagnóstico presuntivo das alterações, no caso, oculomotoras, visuais e oculares – facilitando a escolha dos exames complementares corretos de cada caso. Como é comum nas Ciências, temos aqui uma técnica e metodologia a seguir. Temos que a boa execução da anamnese resulta em 85% dos diagnósticos, seguidos de 10% dos diagnósticos por exame clínico e surpreendentes 5% dos exames complementares laboratoriais. Em suma, a anamnese é o fator de maior relevância na obtenção de diagnósticos assertivos. 1 / 3 Material Teórico Figura 1 – Anotações durante a anamnese Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Foto de uma anamnese sendo aplicada. À direita, temos o Profissional da Saúde, com jaleco e uma caneta preta, anotando numa prancheta preta as informações relevantes que seu paciente, mais à esquerda, passa. Os dois conversam sentados e apoiam as mãos numa mesa de madeira clara. O paciente está com os punhos sob a mesa e com os dedos entrelaçados, enquanto o profissional estabiliza a prancheta com a mão esquerda e faz suas anotações com a direita. Não é possível visualizar o rosto de nenhum dos dois, bem como as anotações do optometrista. Fim da descrição. É aqui também que se inicia sua relação com seu paciente. A escolha de perguntas bem pensadas garante ao paciente confiabilidade na propedêutica adotada. Nesse momento, surgem diversas dúvidas na mente do paciente, que devem ser esclarecidas de forma inteligível, em linguagem acessível, equipolente ao vocabulário comum no cotidiano dele. Figura 2 – A anamnese deve ser uma conversa informal Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Foto de uma anamnese sendo aplicada. Temos duas pessoas na foto – o Optometrista e a paciente. A paciente está de frente, parecendo que está feliz e entendendo todas as informações que o profissional está passando. Os dois ocupam apenas a metade direita da imagem. Na outra metade, temos ferramentas comuns à optometria, como o refrator de Greens montado numa coluna e, mais à frente e desfocado, um biomicroscópio. O Optometrista está devidamente utilizando EPI – jaleco branco. Ele está de costas, é branco e tem cabelo grisalho. A paciente está de blusa preta de gola larga, com mangas até a altura do cotovelo e calça cinza. Ela também é branca, tem olhos azuis e é loira. Fim da descrição. Com isso em mente, podemos prosseguir com o exame de fato. A primeira informação colhida, geralmente, é a queixa – por qual razão o paciente se dispôs a sair de casa e procurar um profissional da visão? Desde quando sente esse desconforto visual? Qual a sua rotina? Em que hora do dia sente o desconforto aumentar? Mais alguém na família têm queixas relacionadas à visão? Como estamos falando em adaptação de lentes de contato, é de suma importância sabermos sobre o ambiente, o horário ou o tempo de uso e em quais atividades o paciente irá usá-las. Quais cuidados na manutenção da LC são possíveis na realidade do paciente? Será que é necessária a educação sobre higiene e técnicas corretas de manutenção? O paciente está ciente das vantagens e das desvantagens em optar por esse método de correção visual? Avaliação do Candidato Mesmo durante a anamnese, podemos colher informações valiosas sobre o paciente: quais as suas expectativas com relação ao uso de LC? Aparenta ter boa higiene pessoal? Qual é seu ofício? Será que sua profissão é adequada ao uso de LC, se seu objetivo for usá-la durante o trabalho? Quais esportes ele pratica? Ele já sabe manusear as LC? Figura 3 – Adaptação de lentes de contato Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Mulher utilizando técnica para colocar a lente de contato. Com a mão direita, segura uma lente de contato incolor no dedo indicador. O dedo médio está imobilizando a pálpebra inferior. A mão esquerda imobiliza a pálpebra superior, facilitando a aderência da lente de contato aos olhos. Ao fundo, temos um quadro desfocado, é impossível distinguir a figura nele, apesar de identificar a cor azul claro predominante na imagem. Fim da descrição. Após a realização da anamnese detalhada, partimos para a avaliação clínica do paciente, na qual avaliaremos primordialmente a condição de sua visão binocular. Acuidade Visual Iniciamos com a tomada da acuidade visual. Caso o paciente já seja usuário de óculos, a avaliação ocorrerá sem a sua correção e, em seguida, com seus óculos. Não se esqueça de realizar a avaliação tanto para longe quanto para perto, monocular e binocular. Figura 4 – Teste de acuidade visual Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Uma optometrista branca, cabelos castanhos liso na altura do pescoço, de jaleco branco, realiza uma avaliação da acuidade visual usando a escala de Snellen. O paciente está mais à direita da imagem, é um senhor, tem cabelo grisalho, é branco e veste uma camisa azul. Fim da descrição. Semiologia–motora Em Busca de Alterações da Visão Binocular Como estamos avaliando a sua binocularidade, testes avaliativos referentes à condição motora não podem ser desprezados. Figura 5 – Sinoptóforo usado para medir e quantificar desvios Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Na esquerda, temos mulher loira de jaleco branco utilizando o sinoptóforo numa criança que está a direita da imagem. Fim da descrição. Eis alguns exemplos importantes: Caso note alguma alteração, realize o Teste de Ducções, que indicará se há alguma limitação muscular, causadora de uma paresia ou paralisia do músculo. A avaliação de possíveis desvios (tropias e forias), bem como a quantificação em dioptrias prismáticas, pode ser obtida por meio dos Testes de Cobertura (Cover Test), Hirschberg, Krimsky, Maddox. Teste de versões: neste teste, avaliamos possíveis hiperfunções ou hipofunções dos músculos extrínsecos, relacionados ao alinhamento dos olhos. Figura 6 – Endotropia Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Homem jovem, calvo de cabelo preto e olhos castanhos. Veste uma camiseta preta. Apresenta endotropia ou estrabismo convergente. Fim da descrição. Cabe aqui, também, a avaliação da convergência. O ponto próximo de convergência pode ser avaliado com a régua de PPC e um objeto real. Vale a pena lembrar-se de que em alguns casos pode-se substituir o objeto real pela luz de uma lanterna e usar um filtro vermelho em um dos olhos, com a finalidade de causar maior dissociação. Não podemos esquecer, ainda, de avaliar a amplitude acomodativa, que pode ser feita por meio do Método de Donders, no qual usamos uma régua de 50 cm e uma Tabela de Leitura para perto. Há, também, o Método de Sheard, no qual usamos a mesma Tabela de Leitura associada às lentes negativas que irão estimular a acomodação do cristalino. Além de avaliarmos os reflexos pupilares que também fazem parte da avaliação sensorial, iremos avaliar os três graus da visão binocular: O Teste de Luzes de Worth avalia o primeiro e segundo grau da visão binocular. É utilizado para avaliar a binocularidade tanto de longe quanto de perto. Note que, às vezes, o paciente pode ter supressão para longe e não para perto, e vice-versa. 1º grau: percepção simultânea; 2º grau: fusão; 3º grau: estereopsia. Vidros Estriados de Bagolini é também uma ferramenta muito útil na avaliação da percepção simultânea e fusão, principalmente, pelo fato de revelar também supressão central, bem como desvios verticais e horizontais. Por fim, usamos o Teste de Titmus ou Fly Test ou, ainda, o Teste de Frisby para avaliar o 3º grau, a estereopsia. Figura 7 – Titmus test ou teste da mosca Fonte: aepap.org #ParaTodosVerem: O teste de Titmus, junto com um óculos escuro e uma folha divulgando o teste, em um fundo branco. Pacientes portadores de anisometropias terão grande melhora da estereopsia com o uso de lentes de contato. Todos os testes descritos anteriormente devem ser refeitos após a adaptação das lentes de contato, pois as condições binoculares devem melhorar, e nunca piorar. Ceratometria e Refração Uma Ceratometria ou uma topografia é imprescindível, pois precisamos das medidas exatas da curva anterior da córnea para calcularmos os parâmetros da lente de contato a ser escolhida para teste e adaptação. Essa ceratometria também pode ser realizada por um autorrefrator, mas não em casos de ceratocone avançado. Classificação do Ceratocone Grau I ou incipiente (os valores ceratométricos estão abaixo de 46.00 D); Grau II ou moderado (com valores entre 46.00 a 52.00 D e miras mais deformadas); Grau III ou avançado (com valores ceratométricos entre 52.00 a 60.00 D); Grau IV ou severo (as medidas estão acima de 60.00 D). Figura 8 – Topografia de córnea Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Optometrista negra e de óculos grande e branco, do tipo coruja. Sentada em frente ao computador branco, analisa as imagens de uma topografia de córnea na tela do computador. Ao fundo vemos um tonômetro. Fim da descrição. Figura 9 – Refração subjetiva Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Uma jovem paciente posicionada no aparelho foróptero usado para refração subjetiva. Ela é branca e tem cabelos curtos. Fim da descrição. A refração do paciente deve ser atualizada, caso a sua última avaliação tenha sido realizada há mais de 3 meses. Mesmo quando o paciente traz uma receita nova que não foi prescrita por quem o atende no momento, é necessário refazê-la, para garantia da sua melhor condição visual. Faça todos os testes subjetivos, incluindo o afinamento do esférico, bem como o eixo e a potência do cilíndrico e não se esqueça do teste ambulatorial. Monte a refração final na armação de provas e peça para seu paciente andar e ver como se sente. Figura 10 – Os cílios servem para a proteção dos olhos, por outro lado, podem causar úlcera de córnea, dependendo das suas posições Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Foto de um olho. A imagem está bem detalhada. Podemos ver claramente os cílios, a luz refletindo no filme lacrimal e as diferenças de cores da íris culminando na pupila. Fim da descrição. Exame do Segmento Anterior e Anexos Biomicroscopia Começamos pelo exame externo das pálpebras. Posição dos cílios: Oclusão palpebral: Ectrópio; Entrópio. Fenda palpebral (medida em mm); Ponto lacrimal (posição, refluxo); Blefarite; Meibomite; Figura 11 - Lâmpada de fenda. também chamada de biomicroscópio Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Optometrista sorrindo realiza biomicroscopia em criança negra. O optometrista veste jaleco, e a criança usa camisa azul. Fim da descrição. Oftalmoscopia – Fundo de Olho Córnea; Conjuntiva; Pupila; Pressão intraocular. Avaliaremos o segmento posterior e possíveis alterações em todo tapete retiniano. Figura 12 – Oftalmoscopia direta Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem: Optometrista negro realizando oftalmoscopia direta numa criança branca. Fim da descrição. Avaliação do Filme Lacrimal – Quantidade e Qualidade da Lágrima BUT (break up time): Tempo de rompimento do filme lacrimal; Teste de Schirmer. Adaptação Após ter realizado os cálculos e ter selecionado as lentes da caixa de provas, é hora de adaptá-las no paciente. Figura 13 – Avaliação com fluoresceína Fonte: Reprodução #ParaTodosVerem: Foto de um olho sob o efeito do corante da fluoresceína. A imagem é escura e só podemos observar os contornos esverdeados da luz refletida. Fim da descrição. Não se esqueça de informá-lo sobre todos os detalhes, desde a colocação das lentes até as sensações durante todo o processo. Quando a sensação de cisco no olho e epífora passarem, o paciente deve se sentar na lâmpada de fenda e, utilizando a fluoresceína, devemos observar: Avaliar Adaptação e Capacidade de Uso: Posição; Mobilidade; Relação lente-córnea; Padrão de fluoresceína; Piscamento; Lacrimejamento; Fotofobia. Conforto; Satisfação do paciente; Reações oculares à LC; Medida da AV para perto e para longe. Figura 14 – Aspecto de olho saudável quando as lentes de contato estão bem adaptadas Fonte: Getty Images #ParaTodosVerem. Foto de um único lado da face em perfil, o nariz está desfocado. O olho é verde com tons amarelos e azuis. Sobre o epitélio, vemos uma lente de contato e as reações comuns no olho, como a hiperemia. Percebe- se, também, que a lente está bem ajustada no olho. Fim da descrição. Orientações ao Usuário As Principais Complicações Oculares por LC Palpebrais: Ptose e edema palpebral; Conjuntivais: Corneanas: Blefarite e meibomite. Ceratoconjuntivite de limbo superior; Conjuntivite infecciosa; Conjuntivite irritativa; Conjuntivite mucoproteica; Conjuntivite papilar gigante; Hiperemia conjuntival; Olho vermelho agudo matinal. Ceratite numular; Ceratite pseudodendrítica; Ceratite puntada superficial; Desepitelização de córnea; Dissecação: síndrome de 3 e 9 horas; Distorção corneana; Para que haja sucesso na adaptação da LC, um percentual do tempo total dedicado ao paciente deve ser destinado para a orientação do uso e da manutenção. Todo paciente bem informado e atento quanto à manutenção estará menos passível a complicações. Para garantir que o paciente siga as instruções corretamente, cada vez que fizer uma visita de controle, devemos: Edema de córnea; Hipoestesia; Infiltrados estéreis; Lesão arqueada epitelial superior; Neovascularização; Opacidades; Úlceras. Explicar a importância da limpeza e manutenção; Instruir quanto à manutenção; Fazer um treinamento para o manuseio correto da LC; Entregar materiais educativos para o paciente; Recomendar retornos a qualquer sinal ou sintoma de irritação ocular. Figura 15 – Conjuntivite Papilar Gigante Fonte: aao.org #ParaTodosVerem. Foto de um olho com a conjuntiva superior exposta, revelando lesão comum da conjuntivite papilar gigante. Nota-se limbite e formação de papilas gigantes na conjuntiva. Fim da descrição. Retornos Conduta a ser tomada no retorno do paciente: Medir a Acuidade Visual; Examinar a lâmpada de fenda; Conferir o cumprimento das orientações fornecidas, quanto à manutenção da LC; E do estojo, bem como o respeito pelo tempo de uso; Conferir os parâmetros da LC; Lembrar ao paciente que, em sua próxima consulta, ele deverá ficar 24 horas sem as lentes para a realização da topografia ou ceratometria e refração. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos A Importância da Anamnese na Avaliação Optométrica 2 / 3 Material Complementar CBOO EDUCA - A Importância da Anamnese na Avaliação Optomé… https://www.youtube.com/watch?v=rzNZMwmSlws Consulta de Optometria UBI Anamnese Teste de Schirmer Consulta de Optometria UBI Anamnese Teste de Schirmer https://www.youtube.com/watch?v=rzsV3x0FKPc https://www.youtube.com/watch?v=kQ6s1CSFsZE Adaptação de Lentes RGP Adaptação de Lentes RGP https://www.youtube.com/watch?v=dZQgacQqO_c CORAL-GHANEM, C. Lentes de contato gelatinosas tóricas. Arq. Bras. Oftalmol. São Paulo, v. 64, n. 4, jul./ago. 2001 Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0004-27492001000400017>. Acesso em: 18/03/2022. CORAL-GHANEM, C.; KARA-JOSÉ, N. Lentes de contato na clínica oftalmológica. 2. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1998. GHISLANDI, G. M.; LIMA, G. C. Estudo comparativo entre o teste fenol vermelho e o teste de Schirmer no diagnóstico da síndrome do olho seco. Rev. Bras. Oftalmol., s.l., v. 75, n. 6, p. 438- 442, 2016. EBSCOhost. HOLLAND, E. J.; MANNIS, M. J.; LEE, W. B. Doenças da superfície ocular: córnea, conjuntiva e filme lacrimal. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. (e-book) MARTINS, M. A. et al. Clínica médica: doenças dos olhos, doenças dos ouvidos, nariz e garganta, neurologia, transtornos mentais. 2. ed. Barueri: Manole, 2016. v. 6. (e-book) UGURLU, A. et al. Efeitos de duas lentes de contato diferentes nos parâmetros fisiológicos oculares e nos testes de função lacrimal. Rev. Bras. Oftalmol., s.l.; v. 78, n. 6, p. 394-398, 2019. 3 / 3 Referências
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