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PV - 3 Série - Livro 1 - Octa Mais-206

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O termo globalização é usado nos meios de comunica-
ção na tentativa de explicar diferentes aspectos da econo-
mia, da política e da cultura atual, mas nem sempre esse 
termo é conceituado corretamente. Ele pode ser entendido 
como um aspecto do atual momento do capitalismo, que 
tenta imprimir sua lógica a todos os lugares do planeta 
como fornecedor de matéria-prima, de mão de obra ou de 
mercado consumidor.
 � O capitalismo na produção do 
espaço geográfico
O espaço geográfico é o resultado de um conjunto de 
ações naturais ou culturais. Entre elas estão: as possibilida-
des técnicas de cada época, as decisões políticas e o modelo 
econômico adotado. Essas ações podem ocorrer de forma 
simultânea na organização da sociedade e do espaço. 
Esta atividade tem o propósito de caracterizar o processo de internacionalização do capitalismo e a constituição da Divisão 
Internacional do Trabalho (DIT), relacionando-os com a evolução do espaço geográfico. Também apresenta as doutrinas econô-
micas (keynesianismo e neoliberalismo) que orientaram as principais decisões dessa área do século XX.
Internacionalização do capitalismo
2
ATIVIDADE
C4 | H18
No mundo atual, o espaço geográfico é produzido e or-
ganizado segundo o modo capitalista de produção, que des-
de a queda do Muro de Berlim passou a regular de modo 
mais enfático a produção, a circulação e o consumo de bens 
e serviços no mundo.
A expansão da lógica capitalista para todos os cantos do 
mundo submeteu o espaço a uma “unicidade técnica”, pro-
movendo certa homogeneização da paisagem, facilitada pela 
evolução dos sistemas de transporte e comunicação, que tor-
naram possível ligar diferentes pontos do planeta segundo 
os interesses econômicos dados pelo mercado. Diante disso, 
temos um espaço mundial submetido à lógica capitalista de 
produção, que é considerada a característica central do pro-
cesso de globalização.
O capitalismo evoluiu de outras formas de organização 
de trabalho e produção e é o sistema econômico que pre-
domina no mundo atualmente. Ele se baseia nas seguintes 
características gerais:
metamorworks/iStockphoto.com
GEOGRAFIA – FRENTE 2616
ATIVIDADE 2
Internacionalização do capitalismo
Ge
og
ra
fia
2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
O termo globalização é usado nos meios de comunica-
ção na tentativa de explicar diferentes aspectos da econo-
mia, da política e da cultura atual, mas nem sempre esse 
termo é conceituado corretamente. Ele pode ser entendido 
como um aspecto do atual momento do capitalismo, que 
tenta imprimir sua lógica a todos os lugares do planeta 
como fornecedor de matéria-prima, de mão de obra ou de 
mercado consumidor.
 � O capitalismo na produção do 
espaço geográfico
O espaço geográfico é o resultado de um conjunto de 
ações naturais ou culturais. Entre elas estão: as possibilida-
des técnicas de cada época, as decisões políticas e o modelo 
econômico adotado. Essas ações podem ocorrer de forma 
simultânea na organização da sociedade e do espaço. 
Esta atividade tem o propósito de caracterizar o processo de internacionalização do capitalismo e a constituição da Divisão 
Internacional do Trabalho (DIT), relacionando-os com a evolução do espaço geográfico. Também apresenta as doutrinas econô-
micas (keynesianismo e neoliberalismo) que orientaram as principais decisões dessa área do século XX.
Internacionalização do capitalismo
2
ATIVIDADE
C4 | H18
No mundo atual, o espaço geográfico é produzido e or-
ganizado segundo o modo capitalista de produção, que des-
de a queda do Muro de Berlim passou a regular de modo 
mais enfático a produção, a circulação e o consumo de bens 
e serviços no mundo.
A expansão da lógica capitalista para todos os cantos do 
mundo submeteu o espaço a uma “unicidade técnica”, pro-
movendo certa homogeneização da paisagem, facilitada pela 
evolução dos sistemas de transporte e comunicação, que tor-
naram possível ligar diferentes pontos do planeta segundo 
os interesses econômicos dados pelo mercado. Diante disso, 
temos um espaço mundial submetido à lógica capitalista de 
produção, que é considerada a característica central do pro-
cesso de globalização.
O capitalismo evoluiu de outras formas de organização 
de trabalho e produção e é o sistema econômico que pre-
domina no mundo atualmente. Ele se baseia nas seguintes 
características gerais:
metamorworks/iStockphoto.com
GEOGRAFIA – FRENTE 2616
ATIVIDADE 2
Internacionalização do capitalismo
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2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
• Meios de produção e propriedade privada: meios de 
produção são todas as possibilidades existentes para se 
produzir riqueza em uma determinada sociedade. A pro-
priedade privada é aquela que garante a uma pessoa, ou 
a um grupo limitado de pessoas, o direito de uso exclusivo 
sobre determinados bens. A propriedade privada está na 
base não apenas da economia moderna, mas também da 
cultura da sociedade atual.
• Trabalho assalariado: na sociedade capitalista atual, o po-
der econômico, baseado na propriedade privada dos meios 
de produção, é quem divide a sociedade em duas catego-
rias: os proprietários de meios de produção, identificados 
como capitalistas, e os que não têm meios de produção, 
que são os proletários ou os trabalhadores assalariados. O 
preço da força de trabalho, denominado de salário, é de-
finido pelas relações que caracterizam o mercado de tra-
balho em cada momento e lugar. O mińimo a ser pago ao 
trabalhador é estabelecido com base no quanto ele precisa 
para reproduzir sua própria força de trabalho.
• Regulação dos preços pelo mercado: o capitalismo é fun-
damentalmente uma economia de mercado. Isso signifi-
ca que, ao contrário de uma economia de subsistência, 
na qual as pessoas produzem bens para seu sustento, no 
capitalismo, elas os produzem, majoritariamente, para 
vendê-los; por outro lado, muitas pessoas querem vender 
seus produtos, o que leva ao estabelecimento do processo 
de concorrência. Na lógica capitalista de produção, os in-
divíduos são livres para vender e comprar de acordo com 
seus interesses e possibilidades, e é o mercado que, teori-
camente, regula o preço dos bens e serviços por meio da 
oferta e da procura.
• Busca do lucro: a produtividade do trabalho é um dos 
elementos mais importantes para entender o funciona-
mento do capitalismo. Ela resulta da divisão entre o total 
da produção e o tempo gasto para produzi-la. O principal 
objetivo das atividades econômicas no sistema capitalista 
é a obtenção do lucro, ou seja, o ganho (ou retorno) obti-
do em relação ao capital investido.
Teorias econômicas capitalistas
Ao longo da história do capitalismo, surgiram muitas re-
flexões teóricas que buscaram uma compreensão mais pro-
funda sobre o funcionamento desse sistema econômico. Na 
prática, a principal diferença entre essas teorias se referia ao 
papel de atuação do Estado perante a economia de mercado. 
A partir do século XVIII, três “escolas do pensamento econô-
mico” influenciaram nas tomadas de decisões de governan-
tes e dos proprietários dos meios de produção.
O liberalismo
É a teoria econômica que buscava traduzir os princípios do 
capitalismo da época: a livre iniciativa, a propriedade privada, 
as liberdades individuais e o lucro. Seus maiores teóricos fo-
ram Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823). 
O primeiro publicou, em 1776, o livro A riqueza das nações, 
no qual essas ideias liberais estavam presentes, assim como 
a defesa da ampliação das trocas comerciais entre os países 
como estratégia para o desenvolvimento e o enriquecimento. 
Para Adam Smith, a economia de um país deveria sofrer a 
menor interferência possível do Estado, uma vez que ele acre-
ditava na autorregulação do mercado como suficiente para 
definir os preços das mercadoriase a forma de produção des-
tas. Esse movimento foi denominado por esse teórico como a 
“mão invisível” do mercado. Esse conceito também ficou co-
nhecido pela expressão francesa laissez-faire, cujo significado 
é “deixar fazer” ou “deixar acontecer”. 
Segundo esse autor, cada país deveria especializar-se na 
produção de algumas mercadorias, a fim de reduzir seus cus-
tos e ter melhores condições de concorrência no mercado. 
Essa especialização implicaria em treinamento dos trabalha-
dores e na divisão do trabalho para aumentar a produtivida-
de, o que reduziria o tempo para produzir uma mercadoria e, 
consequentemente, a redução do seu custo. Para isso funcio-
nar, além da não intervenção do Estado, o comércio deveria 
ser livre, sem barreiras protecionistas, tarifas e impostos.
Tanto Adam Smith como David Ricardo viveram no con-
texto da Inglaterra durante a Primeira Revolução Industrial, 
quando puderam presenciar a invenção de muitas máquinas 
e o uso da energia a vapor, eventos que aumentaram o ritmo 
da produção da época. Então, eles foram tomados pelo oti-
mismo advindo dos avanços técnicos.
Nesse período, denominado por muitos estudiosos como 
a fase concorrencial do capitalismo, havia milhares de peque-
nas empresas negociando no mercado. Mas, com o crescimen-
to do capitalismo, o que ocorreu foi a concentração do poder 
nas mãos de um número menor de empresas, que foram fi-
cando cada vez maiores, já que, até hoje, a concentração de 
riqueza do capitalismo descontrolado se deve ao fato de que 
a concorrência é vencida por aqueles que já têm mais poder 
econômico para investir ou conquistar mercados.
Foi o liberalismo que orientou a economia capitalista até 
a Primeira Guerra Mundial, quando o mundo se envolveu em 
uma grande crise econômica, gerando a Grande Depressão, 
simbolizada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, 
em 1929. Com o início dessa recessão, muitos países passa-
ram a buscar outras formas de pensar a economia, contando 
com maior participação do Estado.
GEOGRAFIA – FRENTE 2
ATIVIDADE 2
Internacionalização do capitalismo
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2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
O keynesianismo
O keynesianismo é um conjunto de teorias econômicas 
propostas por John Maynard Keynes (1883-1946), econo-
mista inglês que reuniu no livro Teoria geral do emprego, do 
juro e da moeda (1936) preceitos que foram utilizados para 
combater os problemas econômicos gerados pela crise de 
1929 (Grande Depressão). Segundo o keynesianismo, o po-
der público deveria interferir na economia para garantir a 
geração de emprego e o aumento do consumo. 
A intervenção estatal na economia, segundo Keynes, de-
veria ser feita por meio de grandes obras, como rodovias, fer-
rovias, portos, usinas hidrelétricas etc., e também por meio 
do welfare state, Estado de Bem-Estar, que é o conjunto de 
medidas que visam ampliar o acesso da população à saúde, 
educação, moradia e previdência.
Enquanto as grandes obras teriam o papel de gerar em-
pregos, o Estado de Bem-Estar garantiria que uma parcela 
maior do salário do trabalhador fosse destinada ao consumo 
das mercadorias, uma vez que o Estado passaria a pagar uma 
parte dos custos de reprodução da mão de obra.
Do ponto de vista do keynesianismo, a teoria do libera-
lismo − segundo a qual a busca dos interesses individuais le-
varia ao benefićio comum em razão da concorrência − não 
funcionaria, porque, na ânsia de vencer a concorrência, as 
empresas tenderiam a tomar atitudes que, se por um lado 
beneficiariam o consumidor com a diminuição dos preços, 
por outro poderiam comprometer o funcionamento geral 
da economia. O maior exemplo é justamente a substituição 
do trabalho humano por máquinas, que gera desemprego e, 
dessa forma, pode levar a economia à estagnação por causa 
da queda do consumo. Portanto, seria responsabilidade do 
Estado corrigir esse e outros problemas gerados pela ação 
cega das empresas. E, ao contrário destas, que só visam ao 
bem individual, o poder público deveria ter como foco de sua 
ação o bem coletivo, ou seja, o funcionamento geral da eco-
nomia capitalista com a normalidade na geração de empre-
gos, na produção e no consumo de bens. 
Entretanto, apesar de defender a participação do Estado 
na economia, Keynes não propunha a socialização dos meios 
de produção, característica do sistema socialista, mas a ma-
nutenção do sistema capitalista reformado.
Da aliança entre Estado e capital, surgiu, assim, o modelo 
fordista-keynesiano. Durante os anos 1950 e 1960, tal mode-
lo garantiu altos ińdices de crescimento e desenvolvimento 
econômico, principalmente aos paiśes mais ricos, e também 
se expandiu para vastas áreas do planeta.
O neoliberalismo
No fim da década de 1940, o economista austriáco 
Friedrich Hayek (1889-1992) já começara a propor o retorno 
aos ideais liberais, construindo o argumento de que a econo-
mia de mercado moderna é complexa demais para ser regu-
lada por uma instituição central como o Estado. 
O pensamento de Hayek, no entanto, ficou marginaliza-
do até o inićio dos anos 1970, quando os gastos com a mon-
tagem do Estado de Bem-Estar Social e o ganho de poder de 
negociação dos trabalhadores levaram ao endividamento es-
tatal, ao aumento da inflação e à diminuição da taxa de lucros 
das empresas. 
Com a crise do endividamento público e da queda da 
taxa de lucro das empresas, as ideias do economista austriá-
co vieram à tona, e pequenas mudanças foram aplicadas ao 
modelo liberal clássico, principalmente no que diz respeito 
ao controle da inflação por parte do Estado – que é iden-
tificada como uma postura monetarista, ou seja, com ação 
focada na moeda – e às reformas polit́icas, no sentido de 
desmontar o Estado de Bem-Estar, ao menos parcialmente. 
Assim, batizou-se o novo modelo econômico com o nome 
de neoliberalismo. É esse sistema que orienta o processo de 
globalização que existe hoje.
 
Os primeiros paiśes a conhecer governos neoliberais fo-
ram o Chile, a partir do golpe de Estado que colocou 
Augusto Pinochet no poder (1973); a Inglaterra, no go-
verno conservador de Margaret Thatcher (1979 a 1990); 
e os Estados Unidos, com a eleição de Ronald Reagan 
(1981 a 1989), embora este último mais pressionou 
outros paiśes a liberalizar sua economia do que adotou 
propriamente o neoliberalismo.
 
Atenção!
No modelo neoliberal, assim como no liberalismo, a par-
ticipação do Estado na economia deve ser a mínima possível. 
Por isso, medidas como as privatizações são fundamentais 
para que o modelo neoliberal seja implantado. 
Durante a fase do Estado intervencionista, e de acordo com 
o modelo keynesiano, foram criadas, em vários paiśes, empre-
sas estatais ou de capital misto. A intenção era colocar ativida-
des essenciais para a economia sob o controle direto do Estado, 
com o intuito de eliminar a necessidade de atingir lucros. 
A partir dos anos 1970, a existência de empresas estatais 
tornou-se um problema para o Estado e para as empresas 
privadas. Da parte do Estado, o financiamento dos custos de 
GEOGRAFIA – FRENTE 2618
ATIVIDADE 2
Internacionalização do capitalismo
2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA 2020_OCTA+_V1_GEO_F2.INDD / 22-10-2019 (10:41) / ANDERSON.OLIVEIRA / PDF GRAFICA
	Geografia – Frente 2
	Atividade 2 - Internacionalização do capitalismo

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