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ARTICULADORES TEXTUAIS

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ARTICULADORES TEXTUAIS:
Articuladores textuais, ou marcadores discursivos, são recursos linguísticos, geralmente provenientes das classes de conjunções, advérbios, preposições, envolvidas na construção do sentido do texto. Eles relacionam segmentos textuais de qualquer extensão (períodos, parágrafos, sequências textuais ou porções maiores do texto) e contribuem para a interpretação do enunciado, com três funções relevantes: cognitiva, por guiarem o interlocutor no percurso interpretativo do texto; enunciativa, por remeterem ao próprio evento da enunciação; argumentativa, por apontarem a orientação argumentativa do texto.
Por isso, Koch (2006) considera os articuladores textuais em três grandes classes: os de conteúdo proposicional, os enunciativos ou discursivo-argumentativos e os meta-enunciativos.
- ARTICULADORES DE CONTEÚDO PROPOSICIONAL
Marcadores de relação espácio-temporal:
“A primeira vez que ele a encontrou, foi à porta da loja Paula Brito, no Rocio. Estava ali, viu uma mulher bonita, e esperou, já alvoroçado, porque ele tinha um alto grau de paixão pelas mulheres. Marocas vinha andando, parando e olhando como quem procura alguma coisa. Defronte da loja, deteve-se um instante; depois, envergonhada e a medo, estendeu um pedacinho de papel ao Andrade, e perguntou-lhe onde ficava o número ali escrito” (Machado de Assis, “Singular Ocorrência, in Contos, p. 37).
Observação:
“Conta-se que em Palomas, vilarejo encantado na fronteira do Uruguai, uma raposa sonhava invadir um galinheiro onde viviam aves soberbas e orgulhosas das suas cores, penas e ovos” (Juremir Machado da Silva, “Do AI-5 aos áudios da portaria”).
 - Por que os elementos sublinhados não ARTICULADORES TEXTUAIS?
Porque, apesar de todos indicarem lugares, eles não têm a função de articular partes do enunciado. A função coesiva de cada um é:
Palomas: Referente Textual (RT)
vilarejo encantado na fronteira do Uruguai: expressão nominal indefinida que retoma o RT – “Palomas”
um galinheiro: Referente Textual (RT)
onde: elemento de coesão que retoma o RT “um galinheiro”
Indicadores de relação lógico-semânticas (condicionalidade, causalidade, finalidade ou mediação, oposição/contraste, disjunção).
“Fiquei triste por causa do dano causado a tia Marcolina; fiquei também um pouco perplexo, não sabendo se devia ir ter com ela, para lhe dar a triste notícia [...]” (Machado de Assis, “O espelho, Contos, p. 31).
ARTICULADORES ENUNCIATIVOS OU DISCURSIVOS-ARGUMENTATIVOS
São os que encadeiam atos de fala distintos, introduzindo, entre eles, relações discursivo-argumentativas: contrajunção, justificativa, explicação, generalização, especificação, disjunção argumentativa...
Exemplos:
“Seria Eduardo Bolsonaro uma raposinha muitíssimo esperta ou, ao contrário, uma raposa que se atrapalha com antigos ensinamentos do pai e acaba dizendo o que não devia? Ou faz o chamado balão de ensaio, planta para ver o que colhe, deixa falar o coração de todas as raposas? (Juremir Machado da Silva, “Do AI-5 aos áudios da portaria”).
ARTICULADORES META-ENUNCIATIVOS
Estes articuladores “comentam” de alguma forma, a própria enunciação. Podem ser:
- Delimitadores de domínio
“Geograficamente, o Brasil é um dos maiores países do mundo; economicamente, é um país endividado; politicamente, ainda não conseguiu a sua plena independência”.
- Organizadores textuais: sua função é estruturar a linearidade do texto, organizá-lo em uma sucessão de fragmentos complementares que facilitam o tratamento interpretativo.
Primeiramente/depois/em seguida/enfim
Em primeiro lugar/em segundo lugar/por último
Por um lado/por outro lado.
Às vezes/outras vezes
- Modalizadores epistêmicos: assinalam o grau de comprometimento/engajamento do locutor em relação ao seu enunciado, o grau de certeza com relação aos fatos enunciados. 
“Evidentemente, a divisão social do trabalho, associada aos direitos de propriedade e mediada pelo dinheiro, é uma maneira um tanto engenhosa de organizar a produção”.
“Aparentemente, pouco está sendo feito para se desvendar de vez o ‘mistério’ da morte de Antônio da Costa Santos, prefeito da cidade de campinas, cruelmente assassinado no início de setembro”
“Essa raposa, reza a lenda, era mais astuta do que as demais. Parece que era a mais inteligente das raposas de toda a Fronteira Oeste.” (Juremir Machado da Silva, “Do AI-5 aos áudios da portaria”).
OBSERVAÇÃO:
“Jair Bolsonaro, ao censurar o filho em nome da liturgia do cargo, cometeu um interessante ato falho, embora lamentando a atitude do seu menino de 35 anos, o mesmo que pretendia ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos, país onde havia fritado hambúrguer, o que lhe parecia uma boa credencial para o cargo.” (Juremir Machado da Silva, “Do AI-5 aos áudios da portaria”).
- O elemento sublinhado “lhe parecia” não poderia ser um modalizador epistêmico, pois não se refere ao produtor do texto e sim a um dos personagens citados.
- Atitudinais ou afetivos: que encenam a atitude psicológica com que o enunciador se representa diante dos eventos de que fala o enunciado:
“Infelizmente, Recife é uma cidade de mais de um milhão de habitantes” (NURC-REC, D2 05:1067)
“Aparentemente, pouco está sendo feito para se desvendar de vez o ‘mistério’ da morte de Antônio da Costa Santos, prefeito da cidade de campinas, cruelmente assassinado no início de setembro”
OSERVAÇÃO:
“Acuado, repreendido até pelo pai, Eduardo raposinha Bolsonaro recuou, pediu desculpas, fingiu-se de pedra. O rabo, porém, está bem visível. Jair Bolsonaro, ao censurar o filho em nome da liturgia do cargo, cometeu um interessante ato falho, embora lamentando a atitude do seu menino de 35 anos, [...].” (Juremir Machado da Silva, “Do AI-5 aos áudios da portaria”).
- OS ELEMENTOS SUBLINHADOS PODEM SER CONSIDERADOS ARTICULADORES ATITUDINAIS/AFETIVOS?
Os elementos sublinhados “acuado” e “lamentando” não poderiam ser atitudinais ou afetivos, pois não se refere ao produtor do texto e sim aos personagens citados.
- Axiológicos: expressam a valoração atribuída aos eventos, ações e situações que o enunciado faz menção.
“Não por acaso, desde Adam Smith, muita gente boa (e muita gente safada) tem exaltado essa eficiência como forma de alcançarmos o bem-estar geral”.
“Curiosamente, ao mesmo tempo em que proliferam alternativas de consumo e deleite através dessa potente máquina produtora de todo e qualquer tipo de mercadoria, nossos interesses tendem a convergir para atividades cada vez mais especializadas e descoladas das outras esferas da vida.”
OBSERVAÇÃO: A expressão “ao mesmo tempo em que” tem a função de:
- marcador de relação espácio-temporal ou
- trata-se de um organizador textual?
- de caráter deôntico: indica o grau de imperatividade/facultatividade atribuído ao conteúdo proposicional.
“É indispensável que se tenha em vista que, sem moralidade, não pode haver justiça social”.
- os atenuadores: com vistas à preservação das faces.
“Talvez fosse melhor pensar em modificar o atual estatuto, que, ao que me parece, apresenta algumas lacunas que poderão criar problemas futuros”.
“No meu modesto modo de entender, creio que deveríamos refletir um pouco mais sobre a questão”.
- metaformulativos: 
a) comentadores da forma como o enunciador se representa perante o outro no ato de enunciação (francamente, honestamente, sinceramente).
Sinceramente... não consigo entender o que vocês está querendo insinuar.
b) comentadores da forma do enunciado (em síntese, para recordar, em suma, resumidamente...).
“Em suma, a anáfora indireta é um caso de referenciação textual, isto é, de construção, indução ou ativação de referentes no processo textual-discursivo.”
c) nomeadores do tipo de ato ilocutório que o enunciado pretende realizar (eis a questão, a título de garantia, minha crítica é que, cabe perguntar se...)
“O juiz não considerou as provas suficientes para a condenação do réu. Cabe agora perguntar se o rapaz, quando posto em liberdade, será ressarcido dos danos morais e financeiros acarretados pela detenção indevida”.
“Antes, o Brasil perguntava: cadê o Queiroz?
Agora, pergunta:cadê o porteiro?”
(Juremir Machado da Silva, “Do AI-5 aos áudios da portaria”).
d) comentadores da adequação do tema ou dos termos utilizados (por assim dizer, como se diz habitualmente, na ampla acepção do termos, para falar de modo que todos entendam).
e) Introdutores de reformulações ou correções:
“Já sabe que foi em 1860. No ano anterior, ali pelo mês de agosto, tendo eu quarenta e dois anos, fiz-me teólogo – quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de Niterói (...) (Machado de Assis, “O enfermeiro”, p. 90).
f) Introdutores de tópicos:
“A respeito da questão racial no Brasil, gostaria de dizer que...”

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