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DISPNÉIA DEFINIÇÃO: experiência subjetiva de desconforto respiratório que consiste de sensações qualitativamente distintas, variáveis em sua intensidade. A experiência deriva de interações entre múltiplos fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais podendo induzir respostas comportamentais e fisiológicas secundárias. Relatada sua ocorrência em até 20% da população geral. Além de sua presença associar-se a um aumento acentuado da mortalidade, esse sintoma está relacionado com grande morbidade e grave limitação para o desenvolvimento de atividades físicas e sociais. FISIOPATOLOGIA: respirar é um fenômeno inconsciente. Algumas vezes, torna-se uma ação consciente, associada a desconforto. Estando envolvidos processos neurológicos variados. Contudo, até o momento, não foram descritos receptores especializados de dispnéia. Atualmente, alguns autores fazem uma distinção entre sensação e percepção respiratórias. Enquanto a primeira diz respeito à ativação neurológica, resultante da estimulação de algum receptor periférico, a segunda envolve o resultado final do processamento desse estímulo pelo sistema nervoso central e as reações do indivíduo frente à referida sensação. A atividade motora respiratória emana de grupos de neurônios, localizados no bulbo. As descargas respiratórias eferentes ativam os músculos respiratórios, que expandem a caixa torácica, inflam os pulmões e levam à ventilação. Quimiorreceptores, localizados nos vasos e cérebro, bem como mecanorreceptores, localizados nas vias aéreas, pulmões, caixa torácica e músculos respiratórios, estão envolvidos na regulação automática da respiração e também parecem desempenhar um papel em promover as sensações de dispnéia. Mudanças na PCO2 e PO2 são detectadas pelos quimiorreceptores centrais, localizados no bulbo, e pelos quimiorreceptores periféricos, localizados na carótida e aorta. Sinais originados nesses quimiorreceptores são transmitidos de volta para o tronco cerebral, para o ajuste da respiração e manutenção da homeostase acidobásica. Impulsos aferentes a partir de receptores vagais também interferem no padrão respiratório: receptores pulmonares de estiramento são estimulados à medida que o pulmão se expande; receptores de irritação, localizados no nível do epitélio brônquico, são ativados pela estimulação mecânica da mucosa brônquica, altas taxas de fluxo aéreo e elevações do tônus da musculatura brônquica; as chamadas fibras C, localizadas no interstício pulmonar, em proximidade aos alvéolos, respondem a elevações das pressões intersticiais e capilares. Os músculos respiratórios também possuem receptores sensoriais: fusos musculares são abundantes nos músculos intercostais e estão envolvidos em reflexos no nível espinal e supra-espinal. O diafragma contém receptores tendinosos, que exercem atividade inibitória sobre a atividade respiratória central. Todos esses sinais aferentes, gerados por mecanorreceptores pulmonares e torácicos fornecem importantes informações relacionadas à situação mecânica da bomba ventilatória, bem como das mudanças no comprimento e força de contração dos músculos respiratórios. Tais informações permitem ajustes da atividade dos neurônios motores, respiratórios, visando à adaptação frente à mudanças da função dos músculos respiratórios ou da impedância do sistema ventilatório. A informação sensorial seria enviada para centros cerebrais superiores, onde o processamento dos sinais modularia a expressão da sensação evocada, sob a influência de fatores cognitivos e comportamentais. Uma teoria geral para o surgimento de dispnéia, comumente aceita, é a chamada teoria da dissociação eferente-reaferente. Ela postula que a dispnéia resultaria de uma dissociação ou desequilíbrio entre a atividade de neurônios motores, respiratórios, localizados no sistema nervoso central e a correspondente informação sensorial aferente, captada pelos receptores especializados, localizados nas vias aéreas, pulmões e caixa torácica. Quando as respostas aferentes não fossem proporcionais aos estímulos motores iniciais, a respiração tornar-se-ia consciente e desconfortável. Para tanto, descargas surgiriam a partir dos neurônios motores respiratórios e seriam enviadas para áreas sensoriais superiores, ainda não identificadas. Vale salientar que, recentemente, demonstrou-se a ativação do córtex insular em resposta à dispneia provocada por elevações discretas da PaCO2 e baixos volumes correntes. Tal área do cérebro faz parte do sistema límbico e costuma ser ativada por estímulos desconfortáveis, como dores e náuseas. Em pacientes com dispnéia causada por diferentes doenças cardíacas e respiratórias, doenças distintas associaram-se a combinações únicas de frases empregadas para descrever as características do desconforto respiratório. A partir desses estudos, algumas correlações entre o caráter das sensações respiratórias e determinadas condições fisiopatológicas e clínicas começaram a ser traçadas. Como exemplo, frases relacionadas à sensação de aumento do esforço ou do trabalho da respiração são encontradas normalmente, em condições caracterizadas por sobrecargas da mecânica respiratória, como DPOC e doença intersticial pulmonar, bem como na presença de fraqueza neuromuscular. Exemplos de tais frases seriam: “Minha respiração é pesada” e “Parece que o ar não entra”. Indivíduos com asma costumam queixar-se de “sufocação” e “aperto no peito”, enquanto pacientes com insuficiência cardíaca congestiva relatam sensação de “sufocação” ou de “urgência para respirar”. AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DISPNÉIA Situações: doença pulmonar, doença cardiovascular, refluxo gastroesofágico, falta de condicionamento físico e quadros psicogênicos. A Tabela 1 contém uma lista de causas selecionadas do sintoma. Na grande maioria das vezes, o paciente, referindo dispnéia, mostra outros sintomas e sinais sugestivos de uma condição específica. Com uma história clínica e um exame físico bem feitos, o médico pode pedir exames subsidiários, dirigidos, que permitam uma definição clara do diagnóstico. Entretanto, numa porcentagem pequena dos casos, o diagnóstico poderá não ser tão óbvio, sendo necessária a indicação de exames subsidiários mais sofisticados, tais como medidas de hiperreatividade brônquica ou testes de exercício cardiopulmonares. A investigação da queixa de dispnéia envolve uma adequada caracterização do sintoma através da história clínica. Alguns elementos a serem investigados são: Início: época e hora de aparecimento; Modo de instalação: dispnéia de instalação súbita é comum em processos de instalação aguda, como pneumotórax espontâneo ou embolia pulmonar; dispnéia de instalação progressiva é característica de processos evolutivos, tais como DPOC e fibrose pulmonar; Duração: desde o início dos sintomas e duração das crises; Fatores desencadeantes: tipos de esforços, exposições ambientais e ocupacionais, alterações climáticas, estresse, etc.; Comparação: sensação de cansaço, esforço, sufocação, aperto no peito, etc; número de crises e periodicidade: ao longo do dia, semanas e meses; Intensidade: avaliada com emprego de escalas apropriadas e medidas de repercussão sobre a qualidade de vida; Fatores que acompanham: tosse, chiado, edema, palpitações, etc.; Fatores que melhoram: tipo de medicamentos, repouso, posições assumidas e relação com o decúbito. A avaliação da intensidade da dispnéia é um elemento importante tanto em condições clínicas como em experimentais. Ao longo dos últimos anos, inúmeras escalas têm sido desenvolvidas e propostas com essa finalidade. Inicialmente, contudo, é necessário que se faça uma distinção entre os conceitos de dispneia atual e dispnéia usual. A primeira condição reflete as características do sintoma num momento preciso como, por exemplo, durante ou após a corrida em esteira. A segunda diz respeito às limitações provocadas pelo sintoma na execução de atividades do cotidiano como, por exemplo, para subir escadas. Algumas escalas adequadamente validadas para avaliação da dispnéia atualsão a analogicovisual, a numérica e a escala de Borg modificada (Figura2). Exemplos de condições onde elas podem ser utilizadas; durante a realização de testes de exercício, ou quando se avalia a efetividade imediata de uma medicação broncodilatadora, numa crise de asma. A escala analogicovisual consiste de uma linha vertical ou horizontal, geralmente de 10 cm, ancorada, numa extremidade, na ausência total de dispnéia e, na outra, pela pior sensação de dispnéia imaginada ou já sentida pelo paciente. Quando do momento da avaliação, o paciente é orientado a marcar um ponto na escala, o grau do sintoma, posteriormente, sendo facilmente medido pelo uso de uma régua milimetrada. A escala numérica segue o mesmo princípio, fornecendo, todavia, um número menor e pré-selecionado de graus de opção. A escala de Borg foi desenvolvida, originalmente, para a percepção do grau de esforço, realizado durante o exercício. Inicialmente descrita com uma pontuação variando entre 6 e 20, atualmente, é utilizada na forma modificada com escores entre 0 e 10. Essa escala permite uma correlação entre a intensidade dos sintomas classificados em categorias e uma graduação numérica, desenhada para guardar proporcionalidade com a intensidade do esforço. Entretanto, o grau de distinção entre as categorias é um tanto confuso, o que leva a uma difícil compreensão por boa parte dos pacientes. Mais freqüentemente, na prática clínica, estamos interessados em medir a chamada dispnéia usual. Essa medida traduz não apenas o tipo e a intensidade da atividade que desencadeia a dispnéia, como, também, costuma refletir os efeitos do sintoma sobre a qualidade de vida dos pacientes. Inúmeras escalas têm sido empregadas nesse sentido, entre elas: a) Conselho Britânico de Pesquisas Médicas Modificada (MRC); b) Diagrama de Custo do Oxigênio (OCD); c) Índice Basal de Dispnéia (BDI) e Índice Transicional de Dispnéia (TDI) de Mahler; d) Questionário de Dispnéia da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSDQ); e) Componente referente à dispnéia do Questionário da Doença Respiratória Crônica de Guyatt (CRQ). Uma discussão detalhada de todas as escalas acima não seria viável em um capítulo como este, entretanto a escala MRC encontra-se ilustrada na Tabela II. DISPNÉIA: DENOMINAÇÕES ESPECIAIS Dispnéia de Esforço - É o nome dado ao surgimento ou agravamento da sensação de dispnéia por atividades físicas. É uma queixa bastante comum e inespecífica entre portadores de pneumo e cardiopatias. Ortopnéia - É a denominação dada ao surgimento ou agravamento da sensação de dispnéia com a adoção da posição horizontal. O sintoma tende a ser aliviado, parcial ou totalmente, com a elevação da porção superior do tórax pelo uso de um número maior de travesseiros ou pela elevação da cabeceira da cama. Classicamente, surge em pacientes portadores de insuficiência cardíaca esquerda e é associada com o estabelecimento de congestão pulmonar. Nessas condições, a presença de congestão pulmonar leva a rápidas alterações da complacência pulmonar, promovendo aumento do trabalho dos músculos respiratórios, com conseqüente surgimento de dispnéia. A queda da complacência pulmonar é atribuída a elevações da pressão hidrostática intravascular (coluna de sangue situada abaixo do nível cardíaco) nas regiões dependentes do pulmão, que acabam por ocupar áreas mais extensas, quando a posição deitada é assumida. Embora mais freqüente em cardíacos, a ortopnéia também pode ser observada em pacientes com asma ou DPOC. Ela também é uma queixa característica de indivíduos portadores de fraqueza da musculatura diafragmática como, por exemplo, pacientes com doenças neuromusculares. Nessa situação, o decúbito dorsal leva à elevação das vísceras abdominais, que acabam por se opor às incursões inspiratórias diafragmáticas. Dispnéia paroxística noturna - É o nome dado à situação na qual o paciente tem seu sono interrompido por uma dramática sensação de falta de ar, levando- o a sentar-se no leito, ou mesmo levantar-se e procurar uma área da casa mais ventilada, visando obter alívio da súbita sensação de sufocação. Pode estar presente ainda sudorese profusa. Dispnéia paroxística noturna é uma condição comum em pacientes portadores de insuficiência cardíaca esquerda. Nesses casos, admite-se que, durante o sono, a reabsorção do edema periférico leve à hipervolemia sistêmica e pulmonar, com conseqüente agravamento da congestão pulmonar. As sobrecargas hemodinâmicas, que ocorrem em uma fase particular do sono, chamada de fase dos movimentos rápidos dos olhos (REM), podem contribuir para o agravamento da congestão pulmonar e facilitar o surgimento desse tipo de dispnéia. No sono REM, documenta-se grande estimulação dos nervos simpáticos sobre o sistema cardiovascular. Asma cardíaca - É um termo inapropriado, usado para designar a queixa de chiado no peito e a presença de sibilos em pacientes com insuficiência cardíaca esquerda e sintomas de dispnéia. Habitualmente, tais achados são encontrados em indivíduos com ortopnéia e dispnéia paroxística noturna. Admite-se que o estreitamento das pequenas vias aéreas por edema da mucosa e reflexos gerados a partir de receptores nervosos, localizados no interstício pulmonar, com consequente broncoespasmo, estejam envolvidos na gênese de tais fenômenos. Platipnéia - É o nome dado à sensação de dispnéia, que surge ou se agrava com a adoção da posição ortostática, particularmente em pé. Classicamente, esse fenômeno ocorre em pacientes com quadros de pericardite ou na presença de shunts direito-esquerdos. Nesta situação, pode vir acompanhada de ortodeoxia, ou seja, queda acentuada da saturação arterial de oxigênio com a posição em pé. Platipnéia e ortodeoxia são achados clássicos da síndrome hepatopulmonar, que se estabelece secundariamente à presença de dilatações vasculares intrapulmonares. Trepopnéia - É a sensação de dispnéia, que surge ou piora em uma posição lateral, e desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto. É uma queixa não específica, que pode surgir em qualquer doença, comprometendo um pulmão mais intensamente do que o outro. Exemplos dessa condição seriam a ocorrência de derrame pleural unilateral ou paralisia diafragmática unilateral. RITMOS RESPIRATÓRIOS A observação atenta dos pacientes, durante o exame físico do tórax, pode revelar a presença de alterações do padrão do ritmo respiratório (Figura 3). Muito embora o surgimento de tais alterações não implique obrigatoriamente na presença de sintomas de desconforto respiratório e, portanto, na ocorrência de dispnéia, é conveniente comentá-las devido à semelhança de muitos termos. Além disso, tais alterações podem associar-se com distúrbios fisiopatológicos, específicos e receber denominações especiais. Taquipnéia - É o aumento do número de incursões respiratórias na unidade de tempo (Figura 3). Em condições fisiológicas de repouso, esse número, habitualmente, gira entre 12 e 20. A denominação taquipnéia, normalmente, implica também na redução da amplitude das incursões respiratórias (volume corrente). Diversas condições podem cursar com taquipnéia, tais como síndromes restritivas pulmonares (derrames pleurais, doenças intersticiais, edema pulmonar), febre, ansiedade, etc. Hiperpnéia - É um termo, geralmente, usado para designar a elevação da ventilação alveolar secundária, não apenas ao aumento da freqüência respiratória, como, também, ao aumento da amplitude dos movimentos respiratórios. Pode estar presente em diferentes situações tais como acidose metabólica, febre, ansiedade, etc. Bradipnéia - Designa a redução do número dos movimentos respiratórios, geralmente abaixo de oito incursões por minuto. Pode surgir em inúmeras situações, tais como presença de lesões neurológicas, depressão dos centros respiratórios por drogas (opióides, diazepínicos), precedendo a parada respiratória em casos de fadiga dos músculos respiratórios, etc. Apnéia - É a interrupção dos movimentos respiratórios por um período de tempo prolongado. Assim, porexemplo, pacientes com diagnóstico de síndrome da apnéia do sono podem permanecer sem respirar durante minutos, cursando com hipoxemia acentuada e significantes riscos do surgimento de arritmias cardíacas e morte. Evidentemente, indivíduos em apnéia necessitam de suporte respiratório ou então progredirão para óbito. Dispnéia suspirosa - Consiste na presença de inspirações profundas, esporádicas, em meio a um ritmo respiratório normal. (Figura 3) Costuma aparecer em indivíduos com distúrbios psicológicos ou pela simples emoção. Ritmo de Cantani - Caracteriza-se pelo aumento da amplitude dos movimentos respiratórios, de modo regular, secundariamente à presença de acidose metabólica, encontrada, por exemplo, na cetoacidose diabética ou insuficiência renal. (Figura 3) À medida que a acidose metabólica agrava-se, raramente pode haver o surgimento do ritmo de Kussmaul, traduzido pela alternância seqüencial de apnéias inspiratórias e expiratórias. (Figura 3) Ritmo de Biot - É o nome dado a um ritmo respiratório totalmente irregular, no tocante à amplitude das incursões respiratórias e à freqüência. (Figura 3) Aparece em pacientes com hipertensão intracraniana e lesões do sistema nervoso central. Ritmo de Cheynes-Stockes – Caracterizase pela alternância de períodos de apnéia, seguidos por hiperpnéia crescente e decrescente, até a instalação de nova apnéia, e, assim, sucessivamente. (Figura 3) Esse ritmo respiratório ocorre mais comumente em pacientes com insuficiência cardíaca, congestiva, grave, podendo também estar presente em vigência de lesões do sistema nervoso central e hipertensão intracraniana. Nos casos de insuficiência cardíaca, sua gênese é explicada pelo aumento do retardo circulatório dos pulmões para o cérebro. Nessa situação, ocorre uma dissociação entre os valores de pH e PaCO2 no nível pulmonar e no nível dos quimiorreceptores centrais, levando ao surgimento da respiração periódica. BRONQUITE A bronquite é uma inflamação dos brônquios causada, geralmente, por uma infecção. A doença é, geralmente, ligeira e costuma curar-se totalmente. No entanto, a bronquite pode ser grave em pessoas com doenças crônicas que sofrem de afecções cardíacas ou pulmonares e também em pessoas de idade avançada. Causas A bronquite infecciosa manifesta-se com maior frequência durante o Inverno. Pode ser causada por vírus, bactéria e, especialmente, por germes semelhantes a bactérias, comoMycoplasma pneumoniae e Chlamydia. Podem sofrer de ataques repetidos os fumadores e as pessoas que sofrem de doenças crônicas pulmonares ou das vias aéreas inferiores, que dificultam a eliminação de partículas aspiradas nos brônquios. As infecções recorrentes podem ser consequência de uma sinusite crônica, de bronquiectasias, de alergias e, nas crianças, de amídalas e de adenóides inflamados. A bronquite irritativa pode ser causada por várias espécies de poeiras, vapores de ácidos fortes, amoníaco, alguns solventes orgânicos, cloro, sulfureto de hidrogênio, dióxido de enxofre e brometo, substâncias irritantes da poluição. Sintomas e diagnóstico Muitas vezes, a bronquite infecciosa começa com os sintomas de um resfriado comum: nariz que pinga, cansaço, calafrios, dores nas costas e nos músculos, febre ligeira e inflamação da garganta. O sintoma da tosse assinala, geralmente, o começo da bronquite. No início, a tosse é seca e pode continuar assim, mas, com frequência, ao fim de um ou dois dias a pessoa expectora pequenas quantidades de expectoração branca ou amarelada. Mais tarde, pode expulsar muito mais expectoração, que pode ser de cor amarela ou verde. Em pessoas com bronquite grave pode aparecer febre elevada durante 4 ou 5 dias, ao fim dos quais os sintomas melhoram. No entanto, a tosse pode persistir durante várias semanas. Quando as vias aéreas inferiores estão obstruídas, a pessoa pode sentir falta de ar. Também são frequentes os sibilos, especialmente depois de tossir. Pode desenvolver se uma pneumonia. ASMA A asma é uma doença caracterizada pelo estreitamento dos brônquios devido ao aumento da reatividade brônquica face a diversos estímulos que produzem a inflamação; o estreitamento das vias aéreas é reversível. É uma doença inflamatória crônica com hiper-responsividade das vias aéreas inferiores e limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse. EPIDEMIOLOGIA: prevalência mundial 7=10%. No brasil estima-se 10% da população, com a maior parte nos grandes centros urbanos. Pode aparecer em qualquer idade mas apresenta fraco predomínio na infância, sendo diagnosticado até os 10 anos em cerca de 75% dos casos e que pode regredir espontaneamente na fase adulta (30-50% dos casos) O principal fator de risco é a Atopia (predisposição alérgica ou tendência familiar a produzir anticorpos IgE contra alérgenos ambientais). Outros fatores são; a genética (se um dos pais apresenta a doença, a chance do filho desenvolver a mesma chega aos 25%); a vida urbana (devido ao confinamento e contato com alérgenos ambientais e poluentes atmosféricos); e o tabagismo ativo ou passivo PATOGENESE: O pensamento antigo de que a asma era considerada apenas uma bronco constrição mudaram, Atualmente sabe-se que a asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, de intensidade variável, tanto nas vias superiores como nas vias inferiores. Há hiper-responsividade brônquica que quanto mais inflamadas, mais reativas (desencadeados por um agente; alérgenos, condições climáticas, exercício, agentes químicos, fármacos e estress emocional) levando a uma obstrução aguda das vias e então à crise asmática. Isso ocorre devido aos seguintes fatores: broncoespasmo (contração da musculatura brônquica), edema da mucosa e formação de tampões de muco e células epiteliais descamadas no interior do brônquio. A teoria mais aceita (atopica) é dada ao desequilíbrio imunológico relacionada a diferenciação dos linfócitos T-helper. No individuo normal temos 2 subtipos; TH1 e TH2 que se equilibram em funções. O TH1 participa do equilíbrio de infecções enquanto o TH2 da inflamação alérgica. Nos pacientes asmáticos há um predomínio de linfócitos TH2 que são responsáveis pelo processo asmático, como: ● Proliferação de mastócitos (sinalizadores orgânicos de lesão alérgica, liberando citocinas e promovendo a broncoconstricçao) ● Produção de IgE ● Recrutamento de eosinófilos na mucosa respiratória (o grande marco histopatológico da asma) Acredita-se que certas células das vias aéreas, particularmente os mastócitos sejam a causa do estreitamento. Os mastócitos estão distribuídos pelos brônquios e liberam substâncias como a histamina e os leucotrienos que provocam a contração da musculatura lisa, estimulam um aumento de secreção do muco e a migração de certos glóbulos brancos. Os mastócitos podem libertar essas substâncias como resposta a algum estímulo que reconheçam como estranho (um alergeno), como o pólen, os ácaros presentes no pó da casa ou nas escamas do pêlo dos animais. No entanto, a asma é também frequente e grave em muitas pessoas sem alergias definidas. Acontece uma reação semelhante quando uma pessoa com asma faz exercício ou respira ar frio. Igualmente, o stress e a ansiedade podem fazer com que os mastócitos liberem histamina e leucotrienos. Os eosinófilos, outro tipo de células que se encontram nas vias aéreas das pessoas que sofrem de asma, libertam substâncias adicionais, que incluem os leucotrienos e outras substâncias, contribuindo assim para o estreitamento da via respiratória. FASES: ● Liberação de substancias pró-inflamatórias: histamina, bradcinina, prostaglandinas, leucotrienos, PAF – estas substancias produzem Vasodilataçao e edema de mucosa e broncoconstricçao, os leucotrienos aumentam a produção de muco e reduzem a atividade ciliar, esses mediadores também podem expor terminações nervosas do sistema vagal (parassimpático), desencadeando uma resposta neurogênicaaxonal que contribui com ao edema e broncoespasmo. ● Quimiotaxia: leucotrienos B4 e eotaxina e o RANTES atraem os eosinófilos somado a produção de citocinas; liberação de IL1, IL3, IL4, IL6 e TNF_a CLASSIFICAÇÃO: atualmente, utiliza-se os termos; a) asma extrínseca alérgica, b) asma extrínseca não alérgica e c) asma criptogênica (antiga asma intrínseca). A asma extrínseca tem sua gênese relacionada a fatores externos, como alérgenos, agentes químicos e fármacos. A asma criptogênica refere-se aos casos em que não se conhece bem o seu mecanismo, o terno intrínseco foi abolido, uma vez que não se pode descartar fatores externos. 1-ASMA EXTRINSECA ALERGICA: a alergia é o mecanismo principal, quase 90% na infância (2-15anos) e 50-70% nos adultos. Alergia é o processo de resposta inflamatória de inicio rápido, medidos por IgE da superfície dos mastócitos. Os principais alérgicos são: ácaros, baratas (as fezes são os aeroalergicos), gato e cachorro, fungos e seus esporos, grão de polen (esporo produzido pelas flores no intuito de germinação) Assim ocorre a reação conhecida como HIPERSENSIBILIDADE TIPO 1, ou IgE-mediada. Para haver resposta precisa haver sensibilização previa ao antígeno, manifestando-se nos primeiros 10 min após o contato com o alergeno, durando menos de 2horas ou na resposta tardia; iniciando 3-4h e durando mais de 24hrs. A-SENSIBILIZAÇÃO; o antígeno é captado (fagocitado) pelas células dendriticas (APC) da mucosa brônquica, expressando o antígeno em sua mebrana que liga-se ao complexo MHC-II, passando a ser reconhecido pelo linfócito T-helper (CD4) do tipo TH2 dando inicio ao processo de ativação imunológica por produção de IL4 e IL5 que estimula a formação de linfócitos B produtores de IgE. As moléculas de IgE secretadas pelos linfócitos B ligam-se à membrana do mastócito e basófilo, assim os mastócitos e basófilos tornam-se sensibilizados, cheios de IgE na sua superfície. B-RESPOSTA IMEDIATA: o paciente com os mastócitos das vias aéreas sensibilizados pode sofrer resposta imediata após reexposição ao antígeno. O antígeno liga-se à IgE da superfície dos mastócito promovendo degranulaçao e liberação de mediadores inflamatorios (histamina, leucotrienos, bradicinina, triptase) promovendo broncoconstriçao, vasodilatação com edema de mucosa e hiperprodução de muco pelas células caliciformes. Os eosinófilos são atraídos para o local, tornando-se o principal grupo celular, secretando substancias lesivas as células. C-RESPOSTA TARDIA: os mastócitos e eosinófilos (assim como o epitélio) quando ativados, liberam mediadores quimiotaticos para neutrófilos, monócitos e linfócitos. Após 3-4 hrs esses leucócitos acumulam-se juntamente aos eosinófilos na mucosa brônquica, contribuindo para atividade inflamatoria, broncoconstricçao e degeneração das células epiteliais, adquirindo cronicidade. 2-ASMA EXTRINSECA NÃO ALERGICA: apresenta uma reação não-IgE mediada (não é alérgica), mas sim uma irritação da mucosa por substancias toxicas. Agentes químicos podem ser causadores desse tipo de asma. Tambem é denominada de asma ocupacional. Diferencia-se do quadro alérgico por não haver período de latência entre a exposição e o inicio, sendo desencadeado pela exposição ao agente. Agentes da poluição atmosférica contribuem para desencadear crises asmáticas, porem, a principio não participam da gênese da asma. Os principais são; ozônio e dióxido de enxofre. As infecções virais, ar frio, hiperventilaçao, fumo, exercícios físicos e estress ocupacional podem desencadear exacerbações ou crise asmática, porem não participam da gênese da doença. 3-ASMA INDUZIDA POR ASPIRINA: 2-3% dos casos, desencadeada pelo uso a curto ou longo prazo de aspirina. Atribui-se a inibição da COX, principal enzima da síntese das prostaglandinas a partir do acido aracdonico, proveniente dos fosfolípides de membrana. Com a COX inibida, o acido aracdonico seria preferencialmente metabolizado pelo lipo-oxigenase, enzima de formação dos leucotrienos. Mediador químico mais potente e de grande importância na asma, responsável por broncoconstriçao, edema de mucosa, hipersecreção de muco e atração de eosinófilos para as vias aéreas. Contudo, para isso, deve haver predisposição genética do paciente, onde uma enzima (LTC4_sintetase) responsável pela formação dos leucotrienos apresentando aumento de sua atividade nas células bronquicas QUADRO CLINICO Durante uma crise, as vezes o volume residual pode aumentar até 400%. A capacidade total pulmonar (volume total de ar do pulmão após inspiração máxima) pode estar normal ou elevada. Durante a crise asmática, a gasometria geralmente esta alterada. Devido a taquipnéia e hiperventilação, a eliminação de CO2 aumenta, provocando a hipocapnia e ALCALOSE RESPIRATORIA. Em casos mais graves a redução da relação V/Q (ventilação/perfusão) em varias unidades alveolares levando a hipoxemia. Em casos muito graves, a obstrução é tao acentuada que torna ainda maior o trabalho da musculatura acessoria culminando com fadiga respiratória, com aumento dos níveis de CO2. Uma pCO2 em níveis normais já torna-se preocupante, mostrando incapacidade do paciente em manter o trabalho respiratório elevado, como sinal de fadiga, sendo responsável pelas maiores partes dos óbitos. HISTORIA CLINICA: Dispneia, tosse e sibilância é a tríade clássica, as vezes dor no peito, mais intensos à noite ou nas primeiras horas da manha. Desencadeados por exposição a alergeno, infecção viral, mudança climática, fumo, exercício físico, fármaco, estress. Indivíduos que apresentem episódios desta tríade tem asma brônquica ate que se prove o contrario. ASMA SAZONAL: asma extrínseca, exacerbado com alérgenos que aparecem em estações do ano. Ex; polen, fungos... ASMA PERENE: asma relacionada a antígenos de todo o ano (ácaros, animais, etc) TOSSE ASMATICA: pacientes com crises de tosse seca ou mucoide, noturnas e sob uso de antitussígenos. Observa-se que esse sintoma na asma associa-se a hiper-reatividade das vias aéreas mais proximais, ricas em receptores da tosse. RINITE ALERGICA: e dermatite atopica, são condições bastante associadas a asma alérgica e devem ser questionadas O diagnostico da asma é clinico na maioria das vezes, porem as vezes necessitamos de exames para descartar possíveis diagnósticos diferenciais. Alguns diagnósticos diferenciais podem ser: SINAIS CLINICOS: durante a crise o paciente encontra-se taquipneico (> 25 irpm), com o tempo expiratório prolongado em relação ao inspiratório, caracterizando dispneia por obstrução das vias aéreas. Em casos mais graves nota-se sinais de esforço respiratório franco (tiragem). Na crise asmática grave, que cursa com hipoxemia, podemos observar cianose do tipo central (lábios, lobo orelha). Ausculta respiratória: sibilos. Podem ser apenas expiratórios e geralmente difusos. Quando a obstrução é mais intensa ausculta-se os sibilos também na fase inspiratória. Na crise muito grave, pode-se não auscultar sibilos devido ao fluxo aéreo extremamente baixo, havendo redução generalizada do murmúrio vesicular associada a importante esforço ventilatório. Os roncos também podem ser auscultados, especialmente quando as vias aéreas estão cheias de muco. Na crise grave, o paciente pode ainda apresentar pulso paradoxal (por exagerada redução na pressão sistólica durante a inspiração) e assumir a famosa posição de tripé (sentado com os braços estendidos suportando o tórax). EXAMES RADIOGRAFIA: pode ser solicitada visando afastar complicações (pneumonia, pneumotórax). No asmático leve é sempre normal, no asmático moderado e grave podemos notar sinais de hiperinflação pulmonar (padrão semelhante a DPOC). EXAME DO ESCARRO: pode revelar alterações sugestivas de asma: cristais de Charcot-Leiden (precipitados contendo eosinófilos degranulados),espirais de Curschmann (cilindros de muco formados nos bronquíolos, envolto por fibrilas em forma de espiral, corpúsculo de Creola (aglomerados de células epiteliais descamadas). PROVA DE FUNÇÃO PULMONAR: confirma o diagnostico em casos duvidosos e estabelece gravidade na obstrução, baseia-se em; espirometria, calculo dos volumes pulmonares, estimar a capacidade de difusão pulmonar do monóxido de carbono (CO), e gasometria arterial. A-ESPIROMETRIA: o paciente faz inspiração profunda máxima e depois expira de forma forçada todo o ar possível. Os fluxos e volumes de ar expirados são mensurados no aparelho e comparados com valores estabelecidos para o peso, altura e idade. Os principais parâmetros são: ● VEF1,0: é o vol expiratório forçado no primeiro segundo. Reduzido na crise asmática e intercrise. Seu aumento após teste com bronco dilatadores é um critério diagnostico de ama. Asma leve VEF1,0 >80% do previsto, asma moderada 60-80% do previsto, asma grave <60% do previsto. Adulto de 70KG deve estar em torno de 2 litros. ● PICO DE FLUXO EXPIRATORIO (PFE): fluxo expiratório máximo. Para quantificar a gravidade da doença utiliza-se os mesmo valores do VEF1,0. ● CAPACIDADE VITAL FORÇADA (CVF): total de ar que sai dos pulmões após uma inspiração profunda seguida de uma expiração forçada. Na asma moderada e grave pode haver aprisionamento de ar nos pulmões devido a obstrução significativa das vias. ● VEF1,0/CVF: índice de Tiffenau, reduzido na asma, sendo definidor de doença obstrutiva, menor que 75% em adultos ou 86% em crianças. O VEF1,0 reduz-se proporcionalmente muito mais que CVF nas patologia obstrutivas. ● FEF 25-75% fluxo expiratório forçado médio entre 25-75% do ar expirado. CRITERIOS DIAGNOSTICOS DA ASMA 1- Reduçao da relação VEF1,0/CVF (<75% em adultos e < 85% em crianças), com um VEF1,0 aumentando em mais de 12% (ou mais de 200ml ou mais de 7% do valor previsto) com inalação de beta2-agonista de curta ação (prova broncodilatadora positiva) 2- Na presença de VEF1,0 normal no período intercritico, procede-se ao teste provocativo utilizando-se baixas concentrações de agentes broncoconstritores (histamina, carbacol). A queda de mais de 20% no VEF1,,0 significa provocativo positivo, denominado hiper-responsividade brônquica, diagnostico de asma. Na asma induzida pelo exercício espera-se queda de mais de 10-15% do VEF1,0. 3- PEF(peak flow) com variação maior que 20% num período de 2-3 semanas com medidas feitas pelo próprio paciente ou aumento da PEF em mais de 15% após inalação de broncodilatadores ou um curso curto de corticoide oral (2- 3semanas). CLASSIFICAÇÃ O (adotasse critério mais grave) ABORDAGE M TERAPEUTIC A – CRISE ASMATICA 1. BETA2- AGONISTA de Curta ação: São as drogas de escolha no tratamento da crise. Agem estimulando os receptores B2 da musculatura lisa brônquica, levando a broncodilatação de inicio imediato, também inibem o edema e a formação de muco. Devido a existência de receptores B2 em outros tecidos, podem surgir efeitos adversos (taquicardia, taquiarritimias, tremores musculares), quando administrado sob via oral ou parenteral. Por esse fato deve ser utilizada a via inalatória, pois o fármaco pode atingir altas concentrações nas vias respiratórias com mínimos níveis plasmáticos, devida a pequena absorção. A duração de ação desses fármacos é entre 3-6 horas. As vias inalatórias podem ser: NEBULIZAÇÃO: algumas gotas do fármaco são adicionadas a 2-5ml de soro fisiológico formando a solução pronta para nebulização. A administração deve ser feita com mascara, ligada a fonte de O2 com fluxo de 8 L/min. MDI – AEROSOL DOSIMETRADO: expelem jatos contendo doses fixas e determinadas do fármaco. O beta2agonista fica em suspensão em um pequeno recipiente contendo gases propelentes. Quando o paciente dispara o dispositivo, os gases se dispersam com alta pressão, expelindo o jato de aerossol. Para otimizar a inalação, torna- se necessário uma câmara espaçadora, na qual o aerossol se concentra. O paciente faz um inspiração súbita e profunda e em seguida prende o ar por 5-10 segundos antes de expirar. DPI – AEROSSOL COM PÓ SECO: O beta2agonista esta na forma de pó. Quando o paciente encosta a boca no dispositivo e inspira, desencadeia a formação de aerossol que então é inalado. Este método é mais confiável que os outros dois acima, porem é pouco disponível para os beta2agonistas de curta ação. Os B2-agonistas de curta ação existentes no brasil são: ● Salbutamol (ou albuterol) ● Fenoterol ● Terbutalina FARMACOLOGIA Receptores B-Adrenérgicos Os receptores B- adrenérgicos são divididos em três subclasses, denominadas B1, B2 e B3. Todas as três subclasses ativam uma proteína G estimuladora, Gs. A Gs ativa a adenililciclase, resultando em elevação dos níveis de cAMP intracelular. O aumento do cAMP ativa proteinocinases (particularmente a proteinocinase A), que fosforilam proteínas celulares, incluindo canais iônicos. A natureza exata das diferenças de sinalização entre os subtipos de receptores B-adrenérgicos não está bem esclarecida, visto que todos parecem acoplar-se de modo eficiente à Gs. Foi sugerido que a especificidade pode ser conferida pela composição exata das subunidades da proteína G encontrada no complexo receptor. Por conseguinte, a seletividade farmacológica parece residir na distribuição tecidual específica de cada subtipo de receptores B- adrenérgicos e, possivelmente, na ativação das vias de sinalização distais específicas de cada tecido. Os receptores B1-adrenérgicos localizam-se primariamente no coração e nos rins. Nos rins, são encontrados principalmente nas células justaglomerulares renais, onde a ativação do receptor induz a liberação de renina. A estimulação dos receptores B1 cardíacos provoca aumento tanto no inotropismo (força da contração) quanto no cronotropismo (frequência cardíaca). O efeito inotrópico é mediado pela fosforilação aumentada dos canais de Ca2+, incluindo os canais de cálcio no sarcolema e fosfolambam no retículo sarcoplasmático. O aumento do cronotropismo resulta de um aumento mediado pelos receptores B1 na taxa de despolarização da fase 4 das células marca- passo do nó sinoatrial. Ambos os efeitos contribuem para um aumento do débito cardíaco (lembre que o débito cardíaco = freqüência cardíaca _ volume sistólico). A ativação dos receptores B1 também aumenta a velocidade de condução no nó atrioventricular (AV), visto que o aumento da entrada de Ca2+ estimulado pelos receptores B1 aumenta da taxa de despolarização das células do nó AV. Os efeitos importantes dos receptores B-adrenérgicos sobre a força da contração e a freqüência cardíaca fazem com que os antagonistas desse subtipo de receptores constituam agentes de interesse no tratamento da hipertensão e da angina. Os antagonistas dos receptores B1-adrenérgicos também são utilizados na prevenção de um segundo infarto do miocárdio em pacientes que já sofreram infarto, bem como no tratamento da insuficiência cardíaca leve a moderada. Como os antagonistas dos receptores B-adrenérgicos reduzem a velocidade de condução do nó AV, esses agentes são utilizados no tratamento de algumas formas de taquicardia supraventricular. Os receptores B2-adrenérgicos são expressos no músculo liso, no fígado e no músculo esquelético. No músculo liso, a ativação dos receptores estimula a Gs, a adenilil ciclase, o cAMP e a proteinocinase A. A proteinocinase A fosforila diversas proteínas contráteis, especialmente a cinase da cadeia leve de miosina. A fosforilação da cinase da cadeia leve de miosina diminui a sua afinidade pela cálcio- calmodulina, resultando em relaxamento do aparelho contrátil. As evidências disponíveis também sugerem que a ativação dos receptores B2-adrenérgicos pode relaxar o músculo liso brônquico através de ativação dos canais de Gs independente da K+. O efluxo aumentado de K+ leva à hiperpolarização das células musculares lisas brônquicas e, portanto, opõe-se à despolarização necessária para produzir contração. Devidoao profundo relaxamento do músculo liso brônquico mediado pelos receptores B, os agonistas B2 inalados constituem fármacos especialmente úteis no tratamento da asma. Nos hepatócitos, a ativação da cascata de sinalização da Gs dá início a uma série de eventos de fosforilação intracelulares, que resultam em ativação da glicogênio-fosforilase e catabolismo do glicogênio. Por conseguinte, o resultado da estimulação dos hepatócitos pelos receptores B2-adrenérgicos consiste em aumento dos níveis plasmáticos de glicose. No músculo esquelético, a ativação dessas mesmas vias de sinalização estimula a glicogenólise e promove a captação de K+. Recentemente, foi descoberto que os receptores B3- adrenérgicos são expressos especificamente no tecido adiposo. A estimulação dos receptores B3 determina um aumento da lipólise. Essa ação fisiológica levou à especulação de que os agonistas B3 poderiam ser úteis no tratamento da obesidade e do diabetes melito não-insulino-dependente, porém é preciso ainda desenvolver esses agentes farmacológicos seletivos para uso clínico. REGULAÇÃO DA RESPOSTA DOS RECEPTORES A capacidade dos agonistas dos receptores de iniciar uma sinalização distal é proporcional ao número de receptores ativados. Por conseguinte, a ocorrência de mudanças na densidade dos receptores existentes sobre a superfície celular irá alterar a eficácia aparente de um agonista. Assim, as alterações tanto a curto prazo (dessensibilização) quanto a longo prazo (infraregulação) no número de receptores adrenérgicos funcionais são importantes na regulação da resposta do tecido. Quando um agonista ativa o receptor adrenérgico, a dissociação das proteínas G heterotriméricas leva a uma sinalização distal, bem como a um mecanismo de retroalimentação negativa que limita as respostas dos tecidos. O acúmulo das subunidades B na membrana recruta uma cinase do receptor acoplado à proteína G (GRK), que fosforila o receptor nos resíduos da extremidade C-terminal, que atuam como importantes alvos de proteínas inativadoras. Alternativamente, a proteinocinase A e a proteinocinase C podem fosforilar as proteínas G. O estado fosforilado de uma proteína G pode ligar-se a outra proteína, denominada _- arrestina, que inibe estericamente a interação receptor-proteína G, silenciando efetivamente a sinalização do receptor. Em uma escala temporal maior, o complexo receptor–arrestina é seqüestrado, através de um mecanismo dependente de clatrina, em um compartimento endocítico para internalização, um processo denominado infra- regulação. Cada um desses processos é importante na regulação da responsividade do tecido a curto ou a longo prazo. AGONISTAS B-ADRENÉRGICOS A estimulação dos receptores B1-adrenérgicos provoca aumento da freqüência cardíaca e da força de contração, resultando em aumento do débito cardíaco, enquanto a estimulação dos receptores B2-adrenérgicos causa relaxamento do músculo liso vascular, brônquico e gastrintestinal. O isoproterenol é um agonista B não-seletivo, que pode ser utilizado para aliviar a broncoconstrição. Esse fármaco diminui a resistência vascular periférica e a pressão arterial diastólica (efeito B2), enquanto a pressão arterial sistêmica permanece inalterada ou ligeiramente elevada (efeito B1). Como o isoproterenol é um agente inotrópico positivo (que aumenta a contratilidade cardíaca) e cronotrópico (que aumenta a freqüência cardíaca), ocorre aumento do débito cardíaco. O isoproterenol provoca menos hiperglicemia do que a epinefrina, visto que ele estimula a ativação B-adrenérgica da secreção de insulina. Como o isoproterenol é um ativador não-seletivo dos receptores B1- e B2-adrenérgicos, e o seu uso para alívio da broncoconstrição na asma é freqüentemente acompanhado de efeitos colaterais cardíacos indesejáveis, o uso desse fármaco foi suplantado, em grande parte, por agonistas B2-seletivos mais novos. A dobutamina tem sido classicamente descrita como agonista B1-seletivo. Entretanto, sabe-se, hoje em dia, que o efeito global da dobutamina depende dos efeitos diferenciais dos dois estereoisômeros contidos na mistura racêmica. O isômero (–) atua como agonista B1 e como agonista B1 fraco, enquanto o isômero (+) atua como antagonista B1 e agonista B1 potente. As propriedades agonista B1 e antagonista anulam-se efetivamente uma à outra quando se administra a mistura racêmica, e o resultado clínico observado é aquele produzido por um agonista B1-seletivo. A dobutamina possui efeitos inotrópicos mais proeminentes do que cronotrópicos, resultando em aumento da contratilidade e do débito cardíaco. A dobutamina é utilizada clinicamente no tratamento agudo da insuficiência cardíaca. Os agonistas B2-seletivos mostram-se valiosos no tratamento da asma, visto que a estimulação dos receptores B1-adrenérgicos no coração por agonistas _ não-seletivos provoca efeitos colaterais cardíacos desconfortáveis (e, em certas ocasiões, perigosos). Os dispositivos de liberação de fármacos facilitaram ainda mais a estimulação seletiva dos receptores B2-adrenérgicos no tecido-alvo. Por exemplo, o uso de inaladores com aerossóis permite a liberação da dose nas vias aéreas distais, onde o fármaco é mais necessário. A liberação do fármaco nos pulmões também diminui a quantidade liberada sistemicamente, limitando, assim, a ativação dos receptores B1 cardíacos e receptores B2 do músculo esquelético. Os efeitos mais importantes desses agentes consistem em relaxamento do músculo liso brônquico e diminuição da resistência das vias aéreas. Entretanto, os agonistas B2-seletivos não são totalmente específicos para os receptores B2, e os efeitos adversos podem consistir em tremor do músculo esquelético (através de estimulação B2) e taquicardia (através de estimulação B1). O metaproterenol é o protótipo dos agonistas B2-seletivos. Esse fármaco é utilizado no tratamento da doença obstrutiva das vias aéreas e broncoespasmo agudo. A terbutalina e o salbutamol são dois outros agentes dessa classe que possuem eficácia e duração de ação semelhantes. O salmeterol é um agonista B2 de ação longa, cujos efeitos duram cerca de 12 horas. ANTICOLINERGICO: BROMETO DE IPATRÓPIO, fármaco administrado por via inalatória (nebulização ou MDI), com propriedades vasodilatadoras. O mecanismo é a inibição dos receptores muscarínicos da acetilcolina liberada pelas terminações axonais livres hiperativadas na asma. Porem, são drogas menos eficazes e demoram mais tempo para agir (30-60 min). Podem, contudo, ser associadas com os b2-agonistas para efeitos aditivos nos casos de crise asmática moderada/grave ou pouco responsiva a terapia inicial. O brometo de ipatropio é o fármaco de escolha para tratar crise precipitada por beta-bloqueador. CORTICOIDES SISTÊMICOS Inibem os processos imunológicos e inflamatorios. Inibem a formação de citocinas e interleucinas pelas células inflamatórias, especialmente os linfócitos T e eosinófilos, células centrais na gênese da asma. A lipocortina, proteína produzida pela ação glicocorticoide, inibe diretamente o metabolismo do acido aracdonico, bloqueando a fosfolipase A2 (primeira enzima do processo). Com isso, a produção de prostaglandinas e leucotrienos e bloqueada. O uso da prednisona por via oral (40-60 mg VO/dia) nos casos de crise asmática moderada e da metilprednisolona por via venosa (40-60 mg IV 6/6h) na crise asmática grave tem mostrado excelente ação no tratamento agudo. O efeito no entanto demora em torno de 4-6 hrs para ocorrer, pois o mecanismo de ação farmacológico dos corticoides é através da transcrição de novos genes pelo DNA, estimulando a síntese de novas proteínas, entre elas a lipocortina. Os corticoides sistêmicos devem ser mantidos por cerca de 7- 10 dias, não havendo necessidade de suspensão paulatina. O risco de insuficiência adrenal só ocorre após uso continuo por 3 semanas. ABORDAGEM DA CRISE (consenso Bras. de Asma) A primeira abordagem deve começar pelo próprio paciente em casa, através das instruções educacionaisque o permitam reconhecer a crise. Os principais critério de gravidade são: dificuldade de falar, taquipnéia > 30 IRPM, taquicardia > 110 bpm, uso da musculatura acessoria (esforço ventilatório), cianose central e a presença de pulso paradoxal (queda da amplitude de pulso e da PA sistólica na inspiração. O sinal de maior gravidade é a queda do nível de consciência – sonolência, desorientação, torpor – denotando hipercapnia e acidose respiratória por fadiga ou então hipoxemia grave. Esses pacientes devem ser imediatamente intubados e colocados em ventilação mecânica. Nos pacientes sem indicação inicial de suporte respiratório invasivo, os sedativos e analgésicos opioides estão totalmente contraindicados, por serem potencialmente depressores respiratórios. A oxigenoterapia e a oximetria de pulso estão indicadas nos pacientes com crise moderada a grave. TERAPIA DE MANUTENÇÃO: A asma leve é o único grupo de pacientes que não merecem terapia medicamentosa diária. Os pacientes com asma leve persistente, asma moderada ou grave devem ser tratados com medicação diária. CORTICOIDES INALATORIOS: São as drogas de escolha no tratamento de manutenção. Estão relacionados a efeitos adversos como; osteoporose, miopatia, hipertensão,diabetes, ulcera péptica, imunodepressão, efeito estético desagradável (edema e catarata). Entretanto, se administrado por via inalatória, coneguem-se concentrações farmacológica eficazes nas vias aéreas, sem elevar significativamente os níveis plasmáticos. BETA2-AGONISTA DE AÇÃO PROLONGADA: existem dois B- agonistas que podem ser administrados por via inalatória sob forma de aerossol: SALMETEROL e o FORMOTEROL. Essas drogas mostraram-se muito eficazes no tratamento associado aos corticoides in al at óri os . O fár m ac o pe rm an ec e lig ad o ao re ce pt or B2 por até 12h e, além de promover uma broncodilatação prolongada, possui propriedades imunomoduladoras e anti- inflamatorias leves. Devem ser administrados diariamente na posologia 12/12h. O BAMBUTEROL é um B2agonista de ação prolongada via oral, uma vez ao dia. Podendo ser uma alternativa para crianças e idosos que tenham dificuldade na utilização dos aerossóis dosimetrados. É útil também para pacientes com asma noturna. A TERBUTALINA está disponível sob forma de capsulas de liberação lenta. A terbutalina costuma ser bem tolerada em doses convencionais. Em posologia de 12/12h, 5mg. Tem baixo preço em relação aos B2agonistas de ação prolongada XANTINAS: São drogas bastante antigas no tratamento da asma brônquica, estimulantes do SNC, possuem parentesco com a cafeína. Tem efeito broncodilatador discreto porem, com efeito, imunomodulador e estimulante ciliar, bem como analgésico respiratório, utilizada na terapia de manutenção. Teofilina: antiasmática, comercializada sob forma de xarope, comprimidos e capsulas de liberação lenta. É bastante utilizada como adjuvante no tratamento de manutenção da asma. O mecanismo não é bem conhecido mas inibem a fosfodiesterase, que degrada o AMPc, elevando assim os níveis citoplasmáticos dessa substancia. O AMPc promove relaxamento da musculatura lisa e contração da musculatura estriada Efeitos adversos: índice terapêutico (risco/beneficio) baixo, distúrbios gastrointestinais (náuseas, vômitos), taquicardia, arritmias, cefaleias, crise convulsiva generalizada. ESTABILIZADORES DE MEMBRANA DE MASTOCITOS: CROMOGLICATO DE SODIO e NEDOCROMIL SODICO, são drogas alternativas para a manutenção na asma leve e persistente, geralmente na contra-indicaçao ou intolerância do B2 de longa duração. Inibem a degranulaçao dos mastócitos. Essas drogas não tem efeito na crise da asma, sendo usadas somente como manutenção e profilaxia. ANTAGONISTA DOS LEUCOTRIENOS: na asma os leucotrienos são potentes broncoconstritores, causam dano microvascular e aumentam a inflamação eosinofilica. Os antileucotrienos são drogas aprovadas para o tratamento da asma como medicação substituta aos beta2- agonista de longa duraçao e como droga adicional ao uso de corticoides inalatórios e agonista b2 em asma mal controlada. Podem também ser usados como monoterapia na asma persistente leve ou induzida por aspirina. Seus resultados são melhores os estabilizadores de mastócitos mas inferiores aos corticoides inalatórios. Existe relatos de associação dessa droga com a angeíte de Churg-Strauss. CORTICOIDES SISTEMICOS: administrados em pacientes com asma grave persistente ou asma refrataria. Tambem muito empregados para tratar as crises. GASOMETRIA ARTERIAL A interpretação da gasometria arterial, para a identificação de distúrbios do equilíbrio ácido-base é feita em etapas sucessivas: verificação do pH; verificação da PCO2; verificação das bases (bicarbonato) e verificação da diferença de bases (excesso ou déficit). VALORES NORMAIS ● Pressao parcial de oxígenio (PaO2) 96mmHg – 0,4x idade; ● Pressao parcial de dióxido de carbono (PaCO2) – 40+- 5 mmHg; ● PH fisiologico de 7,4 +- 0,05; ● Saturacao de oxígenio (SaO2) - >= 94% ● Bicarbonato (HCO3) – 24 +- 2 mEq/litro Deste modo mostramos que o PH sanguineo é discretamente alcalino, pois tem seus valores normais compreendidos entre 7,35 – 7,45. Alem disso, valores menores caracterizam as acidemias, ao passo que os valores maiores caracterizam as alcalemias. Para a manutensão do PH plasmático nestes restritos niveis sericos normais, são utilizados largamente pelo organismo os chamados sietemas- tampão. Evidente tambem a importancia das funções pulmonar e renal, juntamente com a acão dos sistemas-tampão, na regulação dos niveis plasmaticos do PH. VERIFICAÇÃO DO Ph: O valor do pH da amostra indica o estado do equilíbrio ácido-base. Um pH normal demonstra a ausência de desvios ou sua completa compensação. Se o pH está abaixo de 7,35, dizemos que existe acidose; quando o pH está acima de 7,45, dizemos que existe alcalose. VERIFICAÇÃO DA PCO2: O componente respiratório é avaliado pela quantidade de ácido carbônico existente no sangue. O ácido carbônico existe quase completamente sob a forma de CO2 + H2O. A sua quantidade, portanto, pode ser determinada pela pressão parcial do dióxido de carbono (PCO2). A pressão parcial do CO2 no sangue arterial normal oscila entre 35 e 45mmHg. Um valor anormal da PCO2, acima de 45mmHg ou abaixo de 35mmHg, indica a origem respiratória do distúrbio. Quando a PCO2 está acima de 45mmHg significa que há retenção de CO2 no sangue, o que, em consequência reduz o pH. Existe, portanto, acidose respiratória. Quando, ao contrário, a PCO2 está abaixo de 35mmHg significa que há excessiva eliminação de CO2 do sangue e, em consequência, o pH se eleva. Nessas circunstâncias, estamos diante de um quadro de alcalose respiratória. A alcalose respiratória é sempre consequência da hiperventilação pulmonar, tanto na sua forma aguda como na crônica. A hiperventilação pulmonar pode ser secundária a doença pulmonar ou não. A hiperventilação pode também ser devida à resposta quimioceptora do organismo em consequência de hipoxemia, disfunção do sistema nervoso central ou mecanismo de compensação ventilatória, na presença de acidose metabólica. A hiperventilação que acompanha certos quadros de agitação psico-motora pode produzir alcalose respiratória aguda que leva a tonteiras ou desmaios. Em geral os quadros de alcalose respiratória ocorrem em pacientes sob ventilação mecânica nas unidades de terapia intensiva. São de instalação rápida e não há tempo para que os mecanismos de compensação sejam eficazes. O tratamento consiste em remover as causas da hiperventilação porem quando o distúrbio é leve e persistente a compensação renal consiste em reduzir a absorção dos íons bicarbonato do filtrado glomerular, mantendo a relação do sistema tampão constante. A urina se torna alcalina. Porem a acidose respiratória é consequência da insuficiente eliminação do dióxido de carbono nos alvéolospulmonares. Como a eliminação do dióxido de carbono depende fundamentalmente da ventilação pulmonar, as condições que geram hipoventilação pulmonar, são causas de acidose respiratoria como: traumatismos crânio-encefálicos, intoxicações exógenas, comas de qualquer natureza, resíduo de drogas depressoras, obstrução das vias aéreas altas, atelectasias, pneumonias extensas,etc. Entretanto os quadros de acidose respiratória são de instalação rápida; não há tempo para que os mecanismos de compensação sejam eficazes. O tratamento da acidose respiratória consiste de medidas destinadas a estimular a ventilação pulmonar e inclui estímulo à tosse, toilete bronco-pulmonar, fisioterapia respiratória e ventilação com respiradores mecânicos. VERIFICAÇÃO DAS BASES; A quantidade de bases disponíveis no sangue, indica o estado do componente metabólico do equilíbrio ácido-base sendo disponíveis no organismo para a neutralização dos ácidos. A relação entre o bicarbonato plasmático, controlado pelos rins, e o ácido carbônico, controlado pelos pulmões, determina o pH. Esse princípio permite o cálculo das bases, em função da sua relação com o pH e a PCO2. Existem diversos modos de expressar as bases existentes no sangue. Os dois parâmetros mais correntemente utilizados na prática, são o bicarbonato real e o base excess. O bicarbonato real existente no sangue é calculado à partir do pH e do CO2. O valor normal do bicarbonato real (BR), oscila de 22 a 28mM/L. Quando o bicarbonato real (BR) está baixo, inferior a 22mM/L, significa que parte da reserva de bases foi consumida; em consequência o pH do sangue se reduz, configurando o quadro de acidose metabólica. Quando, ao contrário, o bicarbonato real (BR) está elevado, acima de 28mM/L, significa que há excesso de bases disponíveis no sangue. O excesso das bases eleva o pH, configurando o quadro da alcalose metabólica. A acidose metabólica é acompanhante comum dos quadros de hipotensão arterial severa, choque de todos os tipos e parada cardiorespiratória. Pode ocorrer ainda nas diarréias severas, no diabetes descompensado e na obstrução intestinal alta. O principal tratamento da acidose metabólica consiste na remoção das causas do distúrbio. A alcalose metabólica ocorre quando há excesso de bases, quando há perda de ácidos fixos, como pode ocorrer na estenose pilórica em que o ácido clorídrico do estômago é perdido através dos vômitos. O mecanismo de compensação respiratória é pouco expressivo, nas alcaloses metabólicas. A redução da eliminação de dióxido de carbono produziria hipóxia concomitante; como o centro respiratório é extremamente sensível ao teor de CO2, esta compensação é limitada. Os rins diminuem a produção de amônia e trocam menos ión hidrogênio por sódio, para permitir sua maior eliminação. A reabsorção tubular do íon bicarbonato também fica deprimida. A urina resultante é bastante alcalina. VERIFICAÇÃO DA DIFERENÇA DE BASES: A capacidade total de neutralização das bases é melhor refletida pelo cálculo da diferença de bases (excesso ou déficit de bases existentes). Este parâmetro é calculado à partir das medidas do pH, da PCO2 e da hemoglobina. O resultado expressa o excesso de bases existentes nas alcaloses metabólicas ou o déficit de bases existentes nas acidoses metabólicas. O valor aceito como normal para a diferença de bases é de 2mEq/L ou, em outras palavras: a diferença de bases oscila entre um déficit (BD) de -2,0mEq/l e um excesso (BE) de +2,0mEq/l. Usa-se o termo excesso de bases, do inglês "base excess" (BE) para exprimir o resultado positivo e o termo déficit ou deficiência de bases, "base deficit" (BD) para exprimir o resultado negativo. Um déficit de bases indica a existência de acidose metabólica, enquanto o excesso de bases indica alcalose metabólica. A diferença de bases calculada, na realidade, representa o número de miliequivalentes de bases que faltam ou que excedem para que o pH do sangue seja normal (7,40). AS VIAS AEREAS Comparada ao resto do corpo, a cabeça da criança é proporcionalmente maior do que a do adulto. O peso da cabeça pode causar uma flexão aguda da coluna cervical em crianças com baixo tônus, e esta flexão tende a obstruir a passagem de ar. Neste sentido, é interessante saber que a hiperextensão cervical facilita a passagem de ar. Por isso que bebês com esforço respiratório tendem a hiperextender a cervical e algumas vezes até o tronco. Apesar da cabeça ser maior, a passagem nasal é proporcionalmente menor do que a de um adulto. Isto torna a entubação nasal em crianças mais difícil e arriscada. A laringe encontra-se anatomicamente mais superior no pescoço do que nos anos seguintes, a glote localiza-se entre C3 e C4 e é mais afunilada do que a de um adulto. A epiglote infantil é mais longa, menos flexível e mais horizontal. Desta forma, durante a deglutição a laringe provê uma conecção direta com a nasofaringe. Isto cria duas passagens praticamente separadas, uma para a respiração e outra para alimentação, permitindo a criança que respire e alimente-se ao mesmo tempo. É importante enfatizar que a mucosa da via aérea superior da criança é fina e facilmente traumatizável. Aspirações freqüentes e contínuas podem causar edema e obstrução destas áreas. Além disto, a estimulação mecânica da laringe na criança pode resultar em estimulação vagal e bradicardia. VIA AEREA DE CONDUÇÃO: Estendendo-se da traquéia aos Bronquíolos respiratórios. As vias aéreas de condução na criança são menores e mais estreitas do que as do adulto. A traquéia do recém-nascido tem aproximadamente 5 a 6 cm de comprimento e 4mm de diâmetro, enquanto em pretermos pequenos, ela pode medir apenas 2cm de comprimento e 2-3mm de diâmetro. As vias aéreas aumentam de largura e comprimento com a idade. No entanto, parece haver evidências de que as vias aéreas distais têm um ritmo de crescimento mais lento do que as durante os primeiros 5 anos de vida. Estas vias relativamente mais estreitas até a idade de 5 anos é presumivelmente responsável pela alta resistência periférica ao fluxo aéreo neste grupo. A lei de Poiseuille estabelece que a resistência ao fluxo de ar em um tubo é inversamente proporcional à quarta potência do raio (r) do tubo. Portanto, uma pequena redução no calibre da via aérea da criança devido à inflamação ou edema pode levar à um aumento muito grande na resistência da via aérea periférica. Este fenômeno explica porquê infecções virais das vias aéreas inferiores (periféricas) representa uma grande ameaça à recém-nascidos e crianças pequenas. O suporte cartilaginoso é essencial para a estabilidade das vias aéreas de condução, desde a traquéia até o nível dos bronquíolos segmentares. A fraqueza relativa da estabilidade cartilaginosa em crianças comparada à de adultos leva ao fenômeno de compressão dinâmica da trquéia em situações associadas à altos fluxos expiratórios e aumento da resistência à passagem de ar, tais como ocorrem na bronquilite, asma ou mesmo durante o choro. A árvore traqueobrônquica de um recém nascido é mais complascente, e até a idade de 5 anos, a estrutura bronquiolar tem poucas fibras elásticas. Portanto, a via aérea da criança é mais propensa ao colapso Parede torácica e musculatura: O gradil costal do recém nascido é composto principalmente por cartilagem e tem alta complascência. Durante períodos de esforço respiratório, a parede torácica da criança é facilmente tracionada para dentro. Esta retração da parede torácica pode ser observada acima do esterno (retração de fúrcula esternal), abaixo do esterno (retração sub ou infra esternal) e também entre as costelas (retração intercostal). Ao contrário do adulto, a musculatura torácica da criança é imaturae não garantem um bom suporte estrutural e nem ventilatório. Além disto, as costelas da criança são horizontalizadas. Desta forma, o diâmetro A-P do tórax modifica-se pouco durante a inspiração, isto sobrecarrega o diafragma, o qual move-se principalmente para cima e para baixo, sendo que este movimento tem pouco efeito no aumento das dimensões lateraisdo tórax. Além disto, vísceras abdominais proporcionalmente maiores limitam a excursão vertical. SOPROS TIPOS DE SOPRO: A grande maioria dos sopros a serem encontrados na avaliação inicial da criança são sistólicos e com intensidade variável, na dependência da etiologia do ruído. O sopro sistólico, mais freqüentemente encontrado, é o sopro inocente, relatado a seguir. Entre os sopros sistólicos, patológicos, o mais comum é aquele causado pela presença de uma comunicação interventricular (CIV), com sua característica de alta freqüência, dificilmente não percebido. O sopro diastólico, isolado, na criança, é bastante raro, uma das possibilidades sendo a presença de uma valva aórtica, bicúspide, insuficiente e outra, a insuficiência aórtica, reumática. Outro tipo de sopro possível de ser encontrado é o contínuo, sendo a causa mais comum a persistência do canal arterial (PCA). Situações mais raras, como fístulas arteriovenosas (cerebrais, pulmonares, coronárias) costumam também se manifestar com esse tipo de sopro. SOPRO INOCENTE Esse ruído deve ser considerado como um capítulo especial entre as cardiopatias, na criança. Sua incidência é bastante alta, ocorrendo em aproximadamente 50% das crianças normais(2), na sua grande maioria do tipo sistólico e apresentando características clássicas de serem suaves, sem frêmito e poderem mudar de intensidade com a movimentação do paciente. Esses números encontram-se bem documentados na literatura e indicam a importância de sua correta identificação. Sopro inocente, diastólico não existe e há somente um tipo de sopro inocente, contí- nuo: o “zumbido” (rumor) venoso, audível através da colocação do estetoscópio suavemente, na região da veia jugular esterna. Admite-se que a origem desse ruído seja o turbilhonamento causado pela entrada do sangue da veia jugular esterna na veia cava superior. Uma peculiaridade desse ruído é que ele pode ser abolido pela compressão delicada da veia jugular esterna, logo acima do local onde está aplicada a campânula do estetoscópio. São três os tipos de sopro inocente, sistólico, mais freqüentes. a) Sopro sistólico de Still: é um ruído muito interessante, que freqüentemente preocupa o pediatra e mesmo o cardiologista, na avaliação inicial. Audível na altura do 3º-4º espaço intercostal, esquerdo, na linha paraesternal, apresenta uma característica sonora peculiar, aguda, que chama a aten- ção, sugerindo um sopro patológico. Pode, eventualmente, ser confundido com o sopro da CIV pequena ou também com o sopro sistólico encontrado na estenose subvalvar aórtica. b) Sopro sistólico no foco pulmonar: é um sopro bastante comum em crianças. Identificado no foco pulmonar, tem uma característica suave à ausculta, sem provocar frêmito e, às vêzes, diminuindo de intensidade com a mudança de decúbito ou simples movimentação da cabeça. Pode ser confundi do com o sopro sistólico encontrado em pacientes com comunicação interatrial (CIA), lembrando que, nessa entidade, costuma ocorrer desdobramento fixo da 2ª bulha. c) Sopro supraclavicular: é um sopro também muito comum em crianças, do tipo sistólico, podendo ser audível bilateralmente, na região logo acima das clavículas e sem provocar frêmito. Pode ser confundido com a irradiação do sopro encontrado na estenose aórtica, chamando a atenção a ausência de sopro sistólico no foco aórtico, característico dessa entidade. CONDUTA: Se houver certeza quanto à natureza benigna (inocente) do sopro, não há necessidade de investigação complementar nem de seguimento ambulatorial, sendo importante salientar que essas crianças devem ter alta. Uma questão freqüentemente levantada pelos pais é a possibilidade que existe de desaparecimento do sopro. Apesar desse fato ocorrer com certa freqüência, acreditamos que essa perspectiva não deva ser alimentada, optando-se por uma melhor orientação quanto à benignidade do ruído. Aqueles casos classificados como sopros duvidosos devem ser encaminhados ao cardiologista pediátrico, assim como os sopros obviamente patológicos, para confirmação diagnóstica. O processo de investigação cardiológica é seqüencial, envolvendo eletrocardiograma, radiografia do tórax e ecocardiograma, quando necessário. Exames invasivos dependem do tipo e gravidade da cardiopatia encontrada. O sopro inocente foi encontrado em 82% e o patológico em 18% dos casos. As cardiopatias mais encontradas nessa experiência foram aquelas comumente detectadas nas diversas experiências de outros serviços, como CIV, estenose pulmonar, estenose aórtica, CIA e insuficiencia mitral. A conclusão dessa investigação mostra, inicialmente, a freqüência importante (82%) de crianças portadoras de sopro inocente, fato esse sabidamente conhecido. ABORDAGEM AO PACIENTE COM DISPNÉIA Observar sinais de fadiga respiratória tais como o uso de musculatura acessória, cianose, respiração paradoxal. Monitorizar oximetria de pulso. Entrar em alerta caso a saturação seja menor que 92% (a saturação normal é superior a 95% em ar ambiente). Perguntar ao enfermo quando o quadro iniciou-se. CAUSAS: Obstrução de vias aéreas baixas: asma e DPOC. Obstrução de vias aérea altas: corpo estranho, angioedema e hemorragia. Insuficiência cardíaca. Insuficiência coronariana: angina instável e IAM. Pneumonia. Pneumotórax hipertensivo. Embolia pulmonar. Doença neuromuscular: Miastenia Gravis e Guillain-Barré. CONDUTA: Ter certeza que as vias aéreas estão abertas e que a respiração está adequada. Administrar oxigênio suplementar sob máscara com reservatório com fluxo de 10 a 15 l/min. Obter acesso venoso periférico. Assistir respiração com BVM – bolsa-válvula-máscara – se indicado. Manter saturação > 90%. Monitorizar o paciente com cardioscópio, monitor de pressão arterial não invasiva e oxímetro de pulso. Obter acesso venoso periférico com cateter calibroso. Colher sangue venoso para dosagem de: hemograma, glicemia, creatinina, uréia, troponina, TAP e PTT. Colher gasometria arterial. Radiografar tórax de pacientes descompensados no leito. Aplicar CPAP sob máscara em pacientes colaborativos. Intubar imediatamente pacientes com nível de consciência deprimido (Glasgow ≤ 8), instabilidade hemodinâmica ou fadiga extrema. Empregar broncodilatadores por via inalatória para reverter broncoespasmo. Evitar a aminofilina devido a seu alto potencial de toxicidade. Iniciar ventilação assistida caso necessário. Manter o ritmo cardíaco, oximetria e PNI continuamente monitorizados. Reavaliar o nível de consciência, ABC e sinais vitais a cada 5 minutos no mínimo. Permitir ao paciente que assuma posição de conforto, geralmente o paciente vai optar por ficar semi-sentado. Não obrigar o paciente a deitar. Estar preparado para lidar com parada cardíaca ou respiratória. Tratar a causa específica. Transferir o enfermo para unidade hospitalar em ambulância avançada. CONDUTA Identificar rapidamente ameaças de risco a vida. Avaliar o nível de consciência. Lembrar que quadros de confusão mental, agitação, sonolência e coma, podem decorrer da falta de oxigênio no cérebro ou do acúmulo de CO2 na circulação. Administrar oxigêniosob máscara 10-15 l/min se o paciente apresentar respiração espontânea. Avaliar a presença de obstrução de vias aéreas superiores, são sinais de obstrução incompleta de vias aéreas estridor e prolongamento da inspiração. A obstrução completa de vias aéreas altas caracteriza-se por respirações paradoxais (retrações intercostais inspiratórias), cianose, afonia, ausência de ruídos respiratórios. Verificar se a respiração é adequada quanto a frequência e profundidade. A bradipnéia pode ser adequada na presença de respiração profunda. A taquipnéia em adultos é definida como FR maior que 20/min e a bradipnéia com a FR menor que 10/min. BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA Crianças com doença pulmonar obstrutiva de vias aéreas inferiores apresentam como características comuns, a elevada resistência pulmonar, alterações na relação ventilaçãoperfusão, resultando em hipoxemia e hipoventilação (elevação dos níveis de PCO2). A asma e abronquiolite viral aguda são as doenças pulmonares obstrutivas graves mais freqüentes em pediatria. DEFINIÇÃO: É uma infecção respiratória aguda de etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade. É a infecção de vias aéreas inferiores mais freqüente nos 2 primeiros anos de vida, sendo uma das principais causas de hospitalização de lactentes em o todo mundo. Ocorre em um padrão sazonal, predominando nos meses de outono e inverno. O número de hospitalizações por bronquiolite têm aumentado nos últimos anos, embora a taxa de mortalidade tenha se mantido estável, em torno de 1 a 7%, no mesmo período. Os grupos de maior risco para esse desfecho são os pacientes com história de prematuridade, baixo peso ao nascer (menos de 2500g) e portadores de doença pulmonar crônica, cardiopatia congênita e malformação de vias aéreas superiores. ETIOLOGIA: O principal agente etiológico é o vírus sincicial respiratório (VSR), mas outros podem ser encontrados: adenovírus, parainfluenza, influenza, rinovírus, micoplasma, metapneumovírus e coronavírus. Pode haver presença de mais de um vírus de forma concomitante. FISIOPATOLOGIA: Ocorre uma alteração inflamatória das vias aéreas, acometendo áreas de pequeno calibre (bronquíolos), causando obstrução em graus variáveis devido ao edema local e tampões de restos celulares e secreções. Esse processo inflamatório provoca o fechamento precoce das vias aéreas inferiores com progressivo alçaponamento de ar (maior volume de gás torácico no final da expiração), elevação da resistência durante a inspiração e expiração (aumento nas constantes de tempo), redução da complacência dinâmica que se manifestam por aumento do trabalho respiratório e hipóxia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Comumente há história de exposição a um adulto ou a outra criança com quadro de comprometimento infeccioso das vias aéreas superiores. Após esta exposição, o período de incubação varia de 4 a 6 dias O diagnóstico da bronquiolite viral aguda é eminentemente clínico. Os sinais e sintomas mais freqüentes são: coriza, tosse, irritabilidade, anorexia, febre e, em alguns casos, vômitos. Em aproximadamente 24 a 48 horas podem surgir taquipnéia, sibilância, tiragem, batimentos de asas do nariz, hiperinsuflação pulmonar, taquicardia, crepitações finas e desidratação. Em menores de 6 semanas também pode ocorrer apnéia. Há cianose dependendo do grau de hipoxemia e da taxa de hemoglobina. Outros achados incluem conjuntivite leve, faringite e otite média. A infecção é auto-limitada. Na ausência de complicações a doença geralmente não ultrapassa uma semana. EXAMES COMPLEMENTARES: Pacientes com quadro clínico típico, sem sinais de insuficiência respiratória não necessitam de estudo radiológico do tórax A radiografia de tórax pode ser realizada seguintes situações: ● Quando há dúvida diagnóstica ● Quando a evolução clínica não segue o padrão habitual ● Para pacientes admitidos na UTI A radiografia de tórax pode mostrar imagens não-exclusivas de bronquiolite como: atelectasia, hiperinsuflação, opacidade ao redor do hilo pulmonar e espessamento peribrônquico. Hemograma não auxilia na diferenciação entre infecções virais e bacterianas O leucograma também é inespecífico, não tendo utilidade nestes casos. Alguns especialistas têm, inclusive, recomendado que exames complementares não sejam realizados, rotineiramente, para o diagnóstico desta doença e que devam ser reservados apenas para situações de evolução complicada. A incidência de infecção bacteriana grave em pacientes com bronquiolite é menor que 2%. Nos menores que 60 dias, pode chegar a valores em torno de 10%, sendo que infecção urinária é a causa mais comum de infecção bacteriana invasiva em todas as faixas etárias. Não é necessária a coleta de culturas para pacientes com quadro clínico típico de bronquiolite. A triagem para vírus respiratórios deve ser solicitada para pacientes que necessitem de internação, devido a medidas de precaução (contato, gotículas ou ambas, dependendo da etiologia) A pesquisa de vírus respiratórios em secreção de nasofaringe pode ser útil na confirmação diagnóstica, mas nem sempre é disponível e pode apresentar resultado negativo dependendo do método utilizado. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Causas pulmonares: asma, principalmente por ocasião do primeiro episódio. Esta em geral é diagnosticada posteriormente com a recorrência dos sintomas. Pneumonias bacterianas, reações pulmonares alérgicas, processos aspirativos (corpo estranho, pneumonite química, refluxo gastroesofágico), fibrose cística, enfisema lobar, cistos pulmonares e outras malformações. Causas extra-pulmonares: anomalias vasculares e cardíacas (congênitas e adquiridas), septicemia e distúrbios metabólicos (envenenamento por salicilatos, acidose metabólica). TRATAMENTO A maioria dos pacientes com bronquiolite viral aguda apresenta a forma leve da doença, sendo tratada em nível ambulatorial. Entretanto, cerca de 1 a 3% necessitam hospitalização e, destes, até 15% podem exigir cuidados em unidade de terapia intensiva pediátrica. Nenhum tratamento farmacológico estudado até o momento tem sido efetivo em reduzir o número de hospitalizações ou a necessidade de ventilação mecânica nos pacientes com bronquiolite viral aguda. Os antibióticos não devem ser prescritos, exceto para casos que apresentem infecção bacteriana coexistente. Não há evidências de que o uso de corticóides seja benéfico para estes pacientes. O uso de nebulização incluindo β2-agonistas ou adrenalina pode ser tentado, com avaliação da resposta dos pacientes individualmente, suspendendo sua prescrição se não houver melhora clínica. O tratamento indicado é de hidratação e, em casos mais graves, oxigenoterapia ou mesmo, suporte ventilatório. A maioria dos casos podem ser tratados em domicílio. Critérios de admissão: ● Sinais clínicos de insuficiência respiratória ● Hipoxemia ((92%) ● Letargia ● Incapacidade de ingerir líquidos ● Considerar admissão em pacientes de alto risco: Lactentes jovens, Prematuros abaixo de 35 semanas, Portadores de displasia broncopulmonar, Cardiopatias congênitas cianogênicas ou com repercussão hemodinâmica, Imunodeprimidos TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA: ● Oxigênio: Pacientes com sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio a fim de manter a saturação de oxigênio acima de 92%, e o mesmo deve ser retirado gradualmente, até que a saturação esteja consistentemente acima de 94% em ar ambiente ● Fisioterapia respiratória A fisioterapia respiratória por técnicas de vibração e/ou percussão não diminui o tempo de internação nos pacientes com bronquiolite. Os estudos avaliados não incluem pacientes em ventilação pulmonar mecânica, ou admitidos em unidades de terapia intensiva. Alguns guidelines recomendam a aspiração das vias aéreas superiores como uma medida eficaz. ● Monitorização: Pacientes hospitalizados em unidades de terapia intensiva devem ter monitorização cardíaca e respiratória constantes. Pacientes de alto risco hospitalizados devem permanecer com monitorização cardíaca e respiratória constantes. Pacientes internados na enfermaria com quadros moderados devem ser submetidos a reavaliações clínicas freqüentes, bem como a medidas intermitentes da oximetria. A oximetria contínua em pacientes fora das unidades de terapia intensiva aumenta o tempo de internação hospitalar CRITÉRIOS DE ALTA HOSPITALAR: Sem necessidade de oxigênio – Saturação estável acima de 94% em ar ambiente por mais que 12 horas e, Ingesta via oral acima de 75% do basal DPOC- DOENÇA PULMONA OBSTRUTIVA CRÔNICA Caracterizado por obstrução crônica e difusa das vias aéreas inferiores, irreversivelmente, com destruição progressiva do parênquima. Também se incluem nesta definição os pacientes com bronquite obstrutiva crônica e/ou enfisema pulmonar, os dois principais componentes
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