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@vestibularesumido 83 Figura 26. Divulgação do primeiro lugar no 1° Festival Brasileiro da Música Popular, em 1965. A Jovem Guarda renovou o estilo da música jovem, baseando-se no descompromisso com o conteúdo e na banalidade, de forma a favorecer a descontração e a liberdade nas composições. O ritmo agitado, o uso de gírias e de instrumentos como a guitarra em vez do violão, o órgão no lugar do piano, o baixo elétrico substituindo o acústico, caracterizam as composições. Condizente com a postura musical, as roupas usadas pelos representantes do movimento reforçavam sua proposta, criando moda entre os jovens: cabelos longos para os homens, botas com salto, cores extravagantes, anéis exagerados, saias muito curtas. A música produzida pela Jovem Guarda propiciou o surgimento de novos ritmos e estilos, como o samba jovem de Jorge Ben Jor (1945) e a "pilantragem" de Wilson Simonal (1938-2000). Após grande sucesso, o movimento começou a se esgotar, já no final da década de 1960. Algumas das críticas a ele se referiam justamente ao seu descompromisso e à falta de engajamento político. Os festivais Os festivais de música foram muito populares no Brasil, principalmente entre os anos de 1965 e 1972, com transmissões televisivas seguidas por um público que acompanhava apaixonadamente a disputa entre os concorrentes. Esses festivais ajudaram a divulgar o gênero MPB. A música "Arrastão", de Edu Lobo (1943) e Vinicius de Moraes, interpretada por Elis Regina (1945-1982), foi a grande vencedora do primeiro festival, sendo considerada a canção que deu origem à MPB. Durante as sucessivas edições, foram apresentadas várias músicas de protesto contra a Ditadura Militar. O movimento tropicalista se fez presente com uma proposta inovadora, inserindo a guitarra elétrica na apresentação, em 1967, da música "Alegria, alegria", de Caetano Veloso, acompanhado pelos Beat Boys. Nessa mesma edição, ocorreram outras apresentações marcantes. A canção de protesto "Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, que se tornou uma das canções de protesto mais cantadas no país, obteve o segundo lugar, perdendo para "Sabiá" de Tom Jobim e Chico Buarque de Holanda, interpretada por Cynara e Cybele. O público, que preferia a canção de Vandré, cuja mensagem de protesto era mais direta que a de "Sabiá", também com uma mensagem de teor político, porém mais poética e sutil, vaiou duramente a escolha do júri. Com o aumento da repressão, a partir de 1969, os festivais começaram a perder força e importância, também porque vários cantores e compositores foram perseguidos pelo regime e exilados. @vestibularesumido 84 "Representação" e "apresentação" são, na arte, palavras primordiais. Em Uma e três cadeiras (Figura 1), de Joseph Kosuth (1945), o objeto, a representação do objeto e a simulação do objeto são apresentados ao observador. Essa obra é a ilustração máxima da arte conceitual, que se desenvolveu a partir da segunda metade do século XX, consequência do pensamento que embasa a obra de Marcel Duchamp, que dizia que a sua função era questionar a própria natureza da arte, sua constituição, estrutura e elementos. Na obra de Kosuth, a definição da palavra "cadeira", retirada de um dicionário, é colocada ao lado de uma cadeira e de uma foto de uma cadeira. Cada uma dessas formas de representação ou apresentação do objeto são completas e incompletas ao mesmo tempo. A fotografia da cadeira representa uma cadeira, ao mesmo tempo que não é, de fato, uma cadeira. Já o objeto apresentado é uma cadeira, mas não representa todas as cadeiras que existem, e sim apenas um exemplar. Por fim, a definição da palavra "cadeira" indica o que é esse objeto, contudo não é nem contempla todas as possibilidades de sua existência. Diante desse paradoxo, a arte é apenas o ponto de partida para uma reflexão maior. Simultaneamente ao desenvolvimento das ideias, várias correntes se reorganizam na arte, e algumas manifestações, como as instalações, happenings e performances, reafirmam-se como formas potentes de produção. Os espaços em que as obras de arte ocorrem, seja no meio natural ou urbano, tornam-se vinculados ao pensamento artístico e, em vários casos, formam as próprias obras. As distintas perspectivas entre representação e apresentação se acentuam quando o corpo do artista passa a fazer parte do objeto artístico. Mulheres, negros e indígenas começam a reformular suas identidades à medida que passam a ter liberdade para produzir sua própria arte. Nesse sentido, a arte feminista cumpriu um papel histórico muito importante ao demonstrar como a apresentação de um corpo expõe marcas de diferentes formas de violência. Após a revolução cultural dos anos 1960 e 1970, a década de 1980 reafirmou os novos meios, possibilitando o surgimento de novas manifestações expressivas, como a arte urbana e o hip-hop. O campo da pintura, que vinha presenciando uma crescente impessoalidade abstrata, retomou as figurações com forte expressividade. No Brasil e no restante da América Latina, os processos de redemocratização abriram espaço para um novo cenário musical, especialmente no rock. Daí em diante, o teatro, a música e as artes visuais também passaram a ocupar a cena, com os aspectos da subjetividade sendo motivados por novo vigor. Figura 1. Joseph Kosuth. Uma e três cadeiras. 1965. Cadeira de madeira dobrável, fotografia de uma cadeira e impressão ampliada da definição de "cadeira" de um dicionário. CONCEITO E AÇÃO
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