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25 VO LU M E 2 L IN G UA G EN S, C Ó D IG O S e su as te cn ol og ia s 1. Figuras de linguagem II 1.1. Figuras de palavra Também conhecidas como tropos (figuras em que ocor- rem mudanças internas ou externas de significado), as figuras de palavra funcionam a partir da “realização de um empréstimo“ de uma determinada palavra ou ex- pressão que, por uma aproximação de sentidos, funcio- na de maneira específica dentro de um contexto deter- minado. A seguir, temos as principais figuras de palavra do português: 1. Metáfora; 2. Comparação ou símile; 3. Catacrese; 4. Metonímia (Sinédoque); 5. Antonomásia (Perífrase); 6. Sinestesia. 1.1.1. Metáfora A metáfora é uma figura que transporta a palavra (ou expressão) do seu sentido literal/denotativo para o sen- tido figurado/conotativo. Ela pode ter como base uma ideia afirmativa (em que não existe a presença de ter- mos ou expressões comparativas como, por exemplo, “como“ ou “tal qual“) ou ser motivada pelo conheci- mento prévio que temos de determinado assunto. Veja- mos alguns exemplos: Exemplo 1 (metáfora de afirmação): Você é a escada da minha subida Você é o amor da minha vida É o meu abrir de olhos ao amanhecer Verdade que me leva a viver. (“espeRando na janela” - Música de coGuMelo plutão, 2000). No exemplo apresentado, há várias marcas de afirmação (destacadas em negrito). Ao afirmarmos determinadas si- tuações, podemos transportar o sentido de uma palavra do campo denotativo para o conotativo. Dizer que a pessoa é a escada da minha subida é trazer uma informação metafórica de tom positivo para o leitor, em que entende- mos que essa pessoa é alguém que “me leva para cima”, por exemplo. Exemplo 2 (metáfora de conhecimento prévio): “Achamos a chave do problema“ No exemplo apresentado, a metáfora reside em um conhe- cimento prévio por parte do leitor a respeito da semântica de alguns termos. Por exemplo, a ideia de que “problema“ é algo negativo e de que “chave“ seria algo como "abrir os caminhos / resolver" o problema. 1.1.2. Comparação ou símile Ocorre quando é estabelecida entre palavras ou expressões uma relação marcada pela presença explícita de ter- mos comparativos. No português, os principais termos que estabelecem relações de comparação são: como, as- sim como, tal como, igual a, que nem, entre outros. Esse processo também pode se dar por meio de verbos como “parecer-se” e “assemelhar-se”. Vejamos alguns exemplos de comparação: Exemplos: “Essa pirâmide é alta como um arranha-céu.” “A família está novamente reunida, que nem na noite de Natal.” “O motorista daquele ônibus parece um cantor famoso.” 1.1.3. Catacrese Consiste no emprego de palavra com um sentido diferente do literal para suprir a falta de um termo adequa- do. Trata-se de um “empréstimo” de um termo que, por se tornar recorrente em um sistema linguístico, já não se consegue mais perceber que se trata de um empréstimo (o termo se enraíza na língua). Alguns estudiosos chamam a catacrese de “metáfora obrigatória”, uma vez que seu uso é, muitas vezes, inevitável dentro de um sistema linguístico. FIGURAS DE LINGUAGEM II COMPETÊNCIA(s) 1, 6 e 9 HABILIDADE(s) 1, 3, 4, 18 e 29 LC AULA 6 26 VO LU M E 2 L IN G UA G EN S, C Ó D IG O S e su as te cn ol og ia s Exemplos: “Embarcar no avião/ no trem/ no ônibus“ (origi- nalmente, embarcar diz respeito a entrar em um barco; mas atualmente se refere à entrada em vários tipos de transporte) “Braço da cadeira“ (braço é uma parte do corpo humano que é associada a uma cadeira) “Árvore genealógica“ (a árvore genealógica não é necessariamente uma árvore, mas um desenho esquemático que lembra uma árvore). 1.1.4. Metonímia A metonímia é um mecanismo de substituição de uma palavra por outra que respeita uma relação objetiva entre elas. A relação metonímica pode ser qualitativa (manipula referencias materiais) ou quantitativa (manipula elementos que se pode contar). Alguns estudiosos da língua portuguesa costumam tomar a relação metonímica quantitativa como uma figura de lin- guagem à parte, que recebe o nome de sinédoque. Já outros, consideram essa distinção irrelevante (uma vez que o conceito de metonímia já abarcaria o de sinédoque). § Metonímia qualitativa Uso da matéria em lugar do objeto: Exemplo: “Tem gente que passa a vida correndo atrás do vil metal.” (vil metal = dinheiro) Uso do autor em lugar da obra: Exemplo: “Gosto de ler Machado de Assis desde que era jovem.” (Machado de Assis = ler os livros de Machado de Assis) Uso da marca em lugar do produto: Exemplo: “Lave a louça com Bombril e não se esqueça de esfregar bem!” (Bombril = palha de aço) Uso do proprietário em lugar da propriedade: Exemplo: “Vamos dar uma passadinha lá na Bete para to- mar um café.” (Bete = casa da Bete) § Metonímia quantitativa (sinédoque) Uso da parte em lugar do todo: Exemplo: “Muitas cabeças contribuíram para a elabo- ração desse projeto.” (cabeças = pessoas que usam a cabeça) Uso do singular em lugar do plural: Exemplo: “Nossas autoridades precisam dar mais atenção à mulher” (mulher = mulheres como um todo) Uso do gênero em lugar da espécie: Exemplo: “O homem cada vez cuida mais mal do planeta terra.” (homem = ser humano) 1.1.5. Antonomásia / Perífrase Tanto a antonomásia quanto a perífrase são figuras de linguagem que realizam a substituição de um termo ou expressão curta por uma expressão mais longa que serve para transmitir a mesma ideia. As expressões empregadas como substitutas são bastante conhecidas e facilmente associadas às que foram substituídas, operando a partir da noção de “celebridade“ (o que torna algo ou alguém famoso ou conhecido). Alguns estudiosos dizem tratar-se de um fenômeno retó- rico único, que pode receber qualquer um dos nomes. Já outros, mais exigentes, costumam separar as figuras da seguinte maneira: a) Antonomásia Consiste na substituição de um nome comum por um nome próprio ou, de modo contrário, de um nome próprio por uma caracterização (que seja universalmente reconhe- cida) da respectiva personalidade. Exemplos: A Dama de Ferro retirou-se. (no lugar de Mar- garet Thatcher). Esse rapaz é um Don Juan. (no lugar de mu- lherengo). b) Perífrase Consiste na substituição de um termo próprio e único por uma série de palavras ou uma locução, que defina o termo ou o parafraseie. Exemplos: Visitem a cidade da luz! (no lugar de Paris). Atenção Vale reiterar que, nos vestibulares, tal diferença não é trabalhada tão rigidamente, uma vez que o ponto central da figura reside no sistema de substituição por proximidade e celebridade de alguma palavra.
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