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94 An of!cial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 O USO DA TOXINA BOTULÍNICA NA CORREÇÃO DO SORRISO GENGIVAL: REVISÃO DE LITERATURA The use of botulinal toxin in the correction of gengival smile: literature review. Ligia Santos Pereira1, Flávia Aline da Silva Gonçalves1, Sabrina Oliveira1, Matheus Fraga de Castro1, Rafael de Aguiar Vilela Jr2. 1 Graduando em Odontologia – Instituto Nacional de Ensino Superior e Pós-graduação Padre Gervásio (Inapós), Faculdade de Pouso Alegre. 2 Doutorando em Clínicas Odontológicas – Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic; Professor de Periodontia – Instituto Nacional de Ensino Superior e Pós-graduação Padre Gervásio (Inapós), Faculdade de Pouso Alegre. INTRODUÇÃO Para a estética do sorriso, deve-se ter uma harmonia en- tre cor e forma dos dentes e entre lábios e gengiva. Assim, grandes partes dos estudos evidenciam que durante o sorri- so, o lábio superior deve permanecer posicionado ao nível da margem gengival dos incisivos centrais superiores (Marson et al., 2014). Quando o indivíduo apresenta mais de 3 mm de expo- sição gengival durante o sorriso, considera-se como sorriso gengival (Seixas et al., 2011). Estudos relatam que entre 10% a 29% da população apresenta tal condição. É de extrema importância que o cirurgião-dentista esteja atento à causa do sorriso gengival (Dayakar et al., 2014). Desse modo, uma anamnese precisa e um correto diagnóstico acerca de qual fator etiológico deve estar pre- sente em cada caso, sendo fundamental para um plano de tratamento adequado (Mantovani et al., 2016). As principais causas do sorriso gengival são: dentogengival, dento-alveo- lar, muscular ou uma associação entre as etiologias (Marson et al., 2014; Dayakar et al., 2014). Existem diversas modalidades terapêuticas que podem ser propostas para a correção do sorriso gengival, as quais vão desde procedimentos mais invasivos como a gengivec- tomia ou gengivoplastia, e a miectomia e a cirurgia ortogná- tica; e métodos menos invasivos como a aplicação da toxina botulínica. Essa última, pode ser considera uma alternativa viável aos procedimentos cirúrgicos, visto que, é um método mais conservador, efetivo, rápido e seguro (Pedron, 2015). A toxina botulínica é sintetizada por meio da bactéria RESUMO Nos últimos anos, a demanda por um sorriso cada vez mais estético vêm se tornando comum na rotina clínica. Devido a esse fato, inúmeros pacientes procuram por tratamentos com o intuito de melhorar a aparência estética do seu sorriso. Denomina-se sorriso gengival, indivíduos que apresentam uma exposição gengival com mais de 3 mm durante o ato de sorrir. Desse modo, dentre as possibilidades de tratamento para o sorriso gengival, a toxina botulínica tem sido muito utilizada para promover um sorriso mais harmônico do paciente de forma menos traumática. Assim, o objetivo deste trabalho é revisar a literatura sobre a aplicação da toxina botulínica no tratamento do sorriso gengival. As principais vantagens de se utilizar a toxina botulínica como alternativa terapêutica para os casos de sorriso gengival são a alta tolerância pelo paciente, baixo índice de complicações, facilidade de se empregar a técnica, efeito praticamente imediato e natural. Contudo, por desvantagem pode-se destacar principalmente a curto período de tempo de seus efeitos, sendo necessário a manutenção. Dessa forma, cabe ao cirurgião-dentista realizar uma anamnese minuciosa para selecionar a técnica mais adequada e promover o melhor tratamento para o paciente. Palavras–Chave: Estética Dentária, Sorriso, gengiva. Recebimento: 12/03/19 - Correção: 22/06/19 - Aceite: 11/09/19 95An of!cial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 gram-positiva anaeróbica Clostridium botulinum, a qual inibe a liberação de acetilcolina na junção neuromuscu- lar, dessa maneira, impedindo a contração do musculo. Dentre os sete sorotipos distintos da toxina (A, B, C, D, E, F e G), o mais utilizado na área odontológica é o tipo A (Dall'Magro et al., 2015). Dessa forma, este trabalho possui por objetivo avaliar, por meio de uma revisão de literatura, a utilização da to- xina botulínica na correção do sorriso gengival. MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de uma revisão bibliográfica de literatura, rea- lizada por meio da busca por livros e artigos indexados nas bases científicas SciELO, Pub- Med, Medline e Teses USP (entre 2004 e 2019), com as seguintes palavras-cha- ve: Estética Dentária, Sorriso, gengiva, Toxina Botulínica. REVISÃO DE LITERATURA Estética do Sorriso Durante o ato de sorrir, deve-se observar algumas ca- racterísticas para que o sorriso seja harmônico, tais como: exposição gengival em até 3 mm da margem dos incisi- vos superiores, dentes com forma e estética favoráveis, harmonia entre os segmentos anteriores e posteriores, paralelismo entre o lábio inferior e os bordos incisais dos dentes superiores e simetria e harmonia entre a margem gengival maxilar e o lábio superior (Machado, 2014). Outro fator de extrema importância, são as comis- suras labiais apresentarem uma simetria bilateral e que os corredores bucais ficarem evidenciados para tornar o sorriso mais harmônico. Além disso, o cirurgião-dentista deve-se atentar a opinião do paciente sobre seu sorriso, pelo fato do conceito de estética variar de região para região (Nascimento et al., 2012). Etiologia do Sorriso Gengival Diversos fatores podem estar associados com a etio- logia do sorriso gengival, dentre eles: 1) dentogengival, o qual relaciona-se com a erupção anormal dos dentes, onde geralmente esses pacientes apresentam coroas clí- nicas pequenas; 2) dento-alveolar (esquelética), que está associada ao crescimento anormal da maxila ou uma pro- tuberância excessiva; 3) muscular, no qual ocorre uma hi- peratividade do músculo elevador do lábio superior; 4) de caráter misto, ou seja, ser ocasionado pela interseção de diversas etiologias (Clozza, 2014). Dentre essas principais causas, destaca-se a erupção passiva alterada, que está frequentemente associada ao sorriso gengival. Ela pode ser subclassificada em dois ti- pos, o tipo I se caracteriza pela interposição de tecido gengival sobre coroas curtas, enquanto o tipo II está re- lacionado com a exposição gengival excessiva com uma dimensão gengival normal (Pedron, 2014). Parâmetros Para o Diagnóstico Para o diagnóstico do sorriso gengival, alguns fatores devem ser obrigatoriamente considerados durante a ava- liação clínica, tais como: arco do sorriso, características morfofuncionais do lábio superior, distância interlabial em repouso, proporção largura/comprimento dos incisivos superiores, exposição dos incisivos superiores durante o repouso e a fala (De Mello Sposito, 2014). Além disto, para a avaliação do sorriso gengival po- de-se utilizar o diagrama de referências estéticas denta- rias (DRED), o qual possui referências verticais, permitindo uma melhor visualização dos dentes anteriores superio- res (Seixas et al., 2011; Faria et al., 2015). Esse diagrama, apresenta por objetivo dar uma noção maior ao profis- sional sobre o posicionamento e proporções dos dentes, assim como relações dos mesmos com a com a gengiva e os lábios, numa vista frontal (Seixas et al., 2011; De Mello Sposito, 2014). Os parâmetros estéticos durante a exposição gengival variam entre 2 a 3 mm, sendo considerado um sorriso antiestético quando a gengiva é exposta mais de 3 mm. Devido a esse fato, o sorriso gengival tem sido um tema de grande enfoque dentro da literatura (Marson et al., 2014; Dayakar et al., 2014). Tratamento Para se determinar qual o melhor plano de tratamento para o sorriso gengival, o cirurgião-dentista deve realizar uma anamnese e exame clínico detalhados e diagnosticar qual a etiologia de cada caso (Faria et al., 2015). Uma vez confirmada a etiologia,existem várias possibilidades de tratamentos, os quais possuem suas próprias indicações para cada caso em específico (Oliveira et al., 2013). Dentre as técnicas mais invasivas, pode-se destacar: gengivetomia seguida por elevação do retalho e ostecto- mia, osteoplastia, técnica de miectomia, reposicionamento 96 An of!cial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 do lábio e cirurgia ortognática (Ribeiro-Júnior, 2013; Man- tovani et al., 2016). Já para um tratamento mais conser- vador, destaca-se a aplicação de toxina botulínica (Camar- go et al., 2017). Nos casos onde a etiologia do sorriso gengival rela- ciona-se com à presença de um lábio superior curto ou hiperativo, normalmente não é necessário a realização de algum procedimento cirúrgico periodontal (de Matos et al., 2017). Nesses casos, a indicação mais ponderada na literatura é a aplicação da toxina botulínica A, pois trata- -se de um método simples, rápido, seguro e que apre- senta um resultado praticamente instantâneo (de Paulo et al., 2018). O tratamento com a toxina botulínica ocorre por meio da realização de punções da toxina nos locais previamen- te desinfectados e marcados, logo após sua aplicação, ela começa a agir na comunicação das células neurais com os músculos responsáveis pelo sorriso gengival (Senise et al., 2015). Seu mecanismo de ação consiste em inibir ou até mesmo impedir que a acetilcolina possa realizar ligações com os músculos elevadores da face, não permitindo que ocorra a contração muscular e desse modo, tratando o sorriso gengival (Marciano et al., 2015). Os três principais músculos responsáveis pelo sorriso gengival e que os pontos de eleição para a aplicação da toxina botulínica são: levantador do lábio superior, levan- tador do lábio superior e da asa do nariz e zigomático menor (de Matos et al., 2017; de Paulo et al., 2018). A toxina botulínica apresenta um tempo médio de 4 a 6 meses de duração, sendo necessário novas aplicações para se manter os resultados (Teixeira & de Mello Sposito, 2014). Assim, a utilização da toxina botulínica está indica- da para pacientes que não apresentam alergia a mesma, à albumina humana e/ou á soluções salinas (Magro et al., 2015). Esse tipo de tratamento, trata-se de uma alterna- tiva para outros tipos de procedimentos cirúrgicos mais invasivos, apresentando praticamente os mesmos resul- tados (Clozza, 2014; Mantovani, 2016). O uso de toxina botulínica esta contraindicado para quadros infecção e/ou inflamação presentes nos locais onde será realizado a punção, para pacientes alérgicos, pacientes que apresentem neuropatias musculares, em casos de escleroses múltiplas, Síndrome de Lambert Ea- ton, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), distrofias mus- culares, pacientes que fazem uso de bloqueadores de canais de cálcio e aminoglicosídeos, pacientes gravidas, para casos em que estiver no estágio de amamentação de seu filho (Pedron, 2014; Faria et al., 2015). Em alguns casos, pode ocorrer algumas contusões e/ou desconforto nos locais que receberam as punções. Além disso, em quadros de superdosagem, pode ocasio- nar a paralisia do músculo que recebe as aplicações. Des- se modo, é importante que o profissional tenha um pleno conhecimento técnico das dosagens ideias, para realizar procedimentos seguros e que promovam os resultados esperados (Dall'Magro et al., 2015; Camargo et al., 2016). DISCUSSÃO A altura do sorriso está intimamente relacionada com a idade e sexo do paciente, sendo que, o sexo femini- no apresenta maior pré-disposição a ter sorriso gengival (Oliveira et al., 2011). Assim como, pessoas mais jovens tendem a mostrar uma faixa maior de gengiva durante o sorriso que pessoas mais velhas. Esse fato acontece devi- do a diminuição da atividade muscular com o passar dos anos (Dutra et al., 2011). Segundo autores, os grandes responsáveis pelo sorri- so gengival são os músculos: zigomático maior, zigomáti- co menor, levantadores do lábio superior e da asa do nariz (Pedron, 2017). Os autores relataram que cerca de 75% dos casos onde o sorriso gengival é ocasionado por pro- blemas musculares, a aplicação de toxina botulínica nos principais músculos envolvidos, reduz consideravelmente a exposição gengival (Gonçalves, 2013). A maioria dos autores são unanimes com relação a se realizar um diagnóstico criterioso e buscar identificar a causa do sorriso gengival, para optar pelo melhor proce- dimento a ser realizado. Além disso, ressalta- se a impor- tância de possuir conhecimentos de anatomia facial, ma- nipulação da toxina botulínica e sobre as dosagens ideias (Dutra et al., 2011, Oliveira et al., 2013). A principal desvantagem da toxina botulínica é a ne- cessidade de novas aplicações em um período médio de 3 a 6 meses (Lima et al., 2012) e como vantagem se tratar de uma técnica minimamente invasiva. Esse período de durabilidade da aplicação toxina botulínica está de acordo com o apresentado em outro trabalho, onde os autores relataram que a toxina teve seu maior efeito na primeira e segunda semana, e se manteve por 24 semanas (Sucupira & Abramovitz, 2012; da Escóssia et al., 2014). A aplicação de toxina botulínica do tipo A, é uma 97An of!cial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Braz J Periodontol - March/June 2020 - volume 30 - issue 03 excelente alternativa no meio odontológico para o trata- mento do sorriso gengival. Sendo caracterizada por um procedimento minimamente invasivo quando compara- dos a outros procedimentos cirúrgicos (Camargo et al., 2017). Além disso, é um procedimento de fácil execução e que promove excelentes resultados (Suber et al., 2014). CONCLUSÃO Diante dos fatos, pode-se concluir cientificamente que a utilização da toxina botulínica do tipo A é uma excelen- te alternativa minimamente invasiva para o tratamento do sorriso gengival. Contudo, vale ressaltar a extrema impor- tância de um diagnóstico criterioso para avaliar a causar primária do sorriso gengival, para promover ao paciente o melhor plano de tratamento possível. ABSTRACT In recent years, the demand for an increasingly aes- thetic smile has been increasing in the clinical routine, due to this fact, countless patients look for treatments in order to improve the aesthetic appearance of your smile. It is denominated gingival smile, for individuals who present a gingival exposure with more than 3 mm during the act of smiling. Thus, among the possibilities of treatment for gingival smile, botulinum toxin has been widely used to promote a more harmonic smile. Thus, the objective of this work is to review the literature on the application of botulinum toxin in the treatment of gingival smile. The main advantages of using botulinum toxin as a therapeu- tic alternative for cases of gingival smile are the high tol- erability of the patient, a low rate of complications, the ease of using the technique, and an almost immediate and natural effect. However, due to the disadvantage, it is possible to emphasize mainly in the short time of its ef- fects, being necessary the maintenance. Thus, it is up to the dentist to perform a detailed anamnesis to select the most appropriate technique and promote the best treat- ment for the patient. Keywords: Esthetics Dental, Smiling, Gingiva. 1. Marson FC, Piloto RL, da Rocha OO, Lolli LF, Progiante PS, Silva CO. Percepção da atratividade do sorriso. Revista UNINGÁ Review, 2014;20(1):26-29. 2. Seixas MR, Costa-Pinto RA, Araújo TMD. 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