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1 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE HISTÓRIA
PRÁTICA CURRICULAR CONTINUADA VI – ENSINO DE HISTÓRIA: MUSEUS, GALERIAS E MONUMENTOS
DOCENTE: WILMA DE NAZARÉ BAÍA COELHO
DISCENTES:CAIO HENRIQUE DE MORAES DONZA
EDUARDO PROTÁZIO FILGUEIRAS
EUNICE CAROLINE SOUZA DOS SANTOS
IRLEY BLENDA FREITAS MOREIRA
RELATÓRIO:
A PRÁTICA EDUCATIVA NO MUSEU CASA FRANCISCO BOLONHA
Belém – PA
2022
INTRODUÇÃO 
[...] a educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que, além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos, implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. ( FREIRE, 2017, p. 96) 
O fragmento acima expressa o entendimento de educação para o educador Paulo Freire, que compreende tal prática educativo-crítica como uma especificidade humana e uma forma de intervenção social no mundo.[footnoteRef:1] Em consonância a isso, Selma Garrido Pimenta, pontua que é a educação está presente nas relações sociais que os homens estabelecem entre si para assegurar a sua existência.[footnoteRef:2]A educação é o princípio constitutivo por meio do qual os grupos humanos conservam e transmitem as suas peculiaridades físicas, espirituais, intelectuais, morais para o convívio social. [1: O autor Paulo Freire organizou uma série de orientações sobre o saber ensinar, e como este é um exercício permanente do educador nas práticas educativas. Mais informações sobre, ver : FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 55ª ed. Rio de Janeiro/ São Paulo: Paz e Terra, 2017.. ] [2: Para a autora, o objetivo da Educação é a " humanização dos homens, isto é fazer dos seres humanos participantes da civilização, da sua construção e do seu progresso [...]" conceito e citação extraído de: PIMENTA, Selma Garrido, O estágio na formação de Professores: unidade teoria e prática?, 3ª ed., São Paulo, Cortez, 1995, p.61..] 
A luta por uma educação de qualidade, que garanta o ensino e aprendizagem de habilidades, valores, crenças e hábitos que confluam com a garantia dos direitos humanos e por uma perspectiva de sociedade socioeconomicamente igualitária, é um debate primordial nas instituições de ensino que formam professores para atuar na educação básica. A formação inicial ou continuada dos saberes docentes, as políticas curriculares, as questões salariais e condições de ensino, as características da identidade profissional, são alguns dos aspectos das investigações de diversas pesquisas que ganharam destaque no Brasil.[footnoteRef:3] [3: Dentre as principais pesquisas podemos mencionar: BROTO, C.; SANTOS, V. M.; SILVA, V. B.; OLIVEIRA, Z. V. (Orgs.). A escola pública em crise: inflexões, apagamentos e desafios. São Paulo: FEUSP, 2020. 385 p.; CAIMI, Flávia Eloisa. Por que os alunos (não) aprendem História? Reflexões sobre ensino, aprendizagem e formação de professores de História. Tempo, Niterói, v. 11, n.21, 17-32, 2006; CRUZ, Giseli Barreto da; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Ensino de Didática: um estudo sobre concepções e práticas de professores formadores. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 30, n.04, 181-203, out./dez. 2014; FREITAS, Helena. O trabalho como princípio articulador na prática de ensino e estágios, Campinas, Papirus, 1996; ] 
A formação de professores nas diversas licenciaturas atualmente é alinhado de modo a integrar as articulações entre teoria e prática, entre o aprendizado dos conteúdos curriculares de natureza científica e culturais (disciplinas obrigatórias e optativas), as práticas como componente curricular, os estágios supervisionados, as atividades de complementação de modo a formar profissionais competentes para o mercado de trabalho. Porém, durante muito tempo não foi assim e as licenciaturas, em sua maioria, eram fundamentadas na necessidade de formar exaustivamente os licenciados na integração da teoria, enquanto que as práticas de efetivação dessa teoria não somavam nem 10% da carga total dos cursos. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional[footnoteRef:4], em seu o artigo 65, instituiu uma carga horária mínima de 300 horas para a prática de ensino, em que aguçou posteriormente discussões nos cursos de formação inicial, que por sua vez apontaram carência na dimensão prática oferecida naquelas instituições.[footnoteRef:5] [4: Lei no 9.394, de 9 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, publicada no DOU de 20 de dezembro de 1996.] [5: Para mais informações sobre currículo ver: CERRI, Luís Fernando. Oficinas de Ensino de história: pontes de didática da história na transição do currículo de formação de professores. Educar. Curitiba, n. 27, 221-238, 2006] 
A situação entre a prática educativa do recém formado e sua relação com a realidade escolar começa a mudar em 2002, quando o Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução CNE/CP n.02[footnoteRef:6], que estabelece 400 horas para as práticas como componente curricular, além de outras 400 horas para os estágios supervisionados. [6: CNE. Resolução CNE/CP 2/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 9. ] 
No que concerne as práticas como componente curricular, são atividades que têm como papel a articulação entre o conhecimento científico disciplinar advindo da graduação ao cotidiano da escolar, ou de algum outro espaço. Normalmente, contemplam diversas ações e possibilidades das práticas educativas do ensino básico, como permitir o desenvolvimento de utilização de vários recursos em uma sala de aula, a utilização de fontes literárias, mídias sociais e músicas, por exemplo. Na Universidade Federal do Pará, no curso de Licenciatura em História, essas atividades de prática ocorrem a partir do terceiro período, com a disciplina de Prática Curricular Continuada, disciplina que aparece em seis blocos no total, com temáticas diferentes e complementares.
É nessa perspectiva que o presente relatório busca analisar e refletir acerca das atividades desenvolvidas na disciplina de Prática Curricular Continuada VI - Ensino de História: Museus, Galerias, Monumentos, ministrada pela Professora Doutora Wilma de Nazaré Baía Coelho. A disciplina teve como objetivo realizar reflexões sobre o ensino de História em espaços não-escolares, sobretudo museus, a partir de uma experiência de campo no Museu Casa Francisco Bolonha e discussão da literatura especializada entre os meses de agosto e novembro de 2022.
Para tanto, este relatório será dividido em três partes. Na primeira parte será discutido sobre museu e suas linguagens e conceitos aos longo do tempo, por definição de autores que abordam sobre o tema. Na segunda parte, será retratada as reflexões sobre a prática de observação e mediação na instituição museu Casa Francisco Bolonha. Na terceira parte, será apresentado o resultados e algumas premissas finais sobre a reflexão proposta 
O ESPAÇO MUSEOLÓGICO E SUA LINGUAGEM 
Antes de iniciar a discussão/descrição sobre a prática no Museu Casa Francisco Bolonha, é necessário entender o caminho percorrido pelas pesquisas a respeito das conceituações de museu e sua relação com a história. Para Pereira, Morais e Tamanini (2009), "os museus são espaços de memórias''[footnoteRef:7]. Eles são instituições que carregam histórias, tanto individuais quanto coletivas, de uma localidade específica ou de uma nação". Etimologicamente o termo museu provém do grego mouseion (templo das musas), e de acordo com Desvallées e Mairesse (2013, p. 64), "a forma e as funções do museu variaram sensivelmente ao longo dos séculos. Seu conteúdo diversificou-se, tanto quanto a sua missão, seu modo de funcionamento ou sua administração". [7: Citação recitada de: SOUSA, Daniel Syllas Pereira; MORAIS, Marcelo Bezerra de; TAMANINI, Paulo Augusto. O museu como espaço de memória: o espaço museológico e o ensino de história. Revista Multidisciplinar de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira. Rio de Janeiro,v. 9. n. 18. Mar., 2019. ] 
Durante muito tempo os museus foram instituições aristocráticas, reservados aos amantes e intelectuais da arte, onde apenas transitava a elite, e lugares bem distantes do povo e, sobretudo, em suas representações mais empobrecidas, socialmente tratando. Atualmente os espaços museológicos não são mais vistos apenas como lugar de preservação de memória, mas como instituições produtoras de memória. Diante disso, os autores Pereira, Morais e Tamanini (2009,p.54), apresentam que existem dois tipos de museus: os museus-memória e os museus-narrativa. O primeiro está encarregado de evocar o passado através da memória consubstanciada nas peças e coleções dignas de serem lembradas; o segundo, procura reproduzir um dado conhecimento histórico sobre o contexto histórico.
Se tomarmos Almeida e Vasconcellos (2017, p. 105)[footnoteRef:8] como base, compreendemos que, a respeito de uma exposição [8: ALMEIDA, Adriana Mortara; VASCONCELLOS, Camilo de Mello. Por que visitar museus. In: BITTENCOURT, Circe. O Saber Histórico na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2017.p.(104)- (116).] 
Esta é constituída por objetos do acervo museológico dispostos de maneira a constituir um discurso. Esses objetos do acervo foram sendo colecionados ao longo do tempo, seguindo critérios não necessariamente técnicos; também os critérios para selecionar o que deveria ser conservado, restaurado e pesquisado nem sempre é ou foi “científico”. (ALMEIDA, VASCONCELLOS, 2017, p. 104)
	Neste sentido, podemos fazer uma análise crítica do museu e da exposição que vimos acompanhando nos últimos meses, considerando que dentro daquele espaço, até que tudo estivesse em condições aptas a receber o público, diversas foram as escolhas e não escolhas de objetos a serem expostos, quais os compartimentos da casa a serem visitados, e quais as narrativas construídas por meio de discursos intencionalmente elaborados, afins de direcionar olhares, escutas, isto é, orientar as atenções obtidas enquanto uma diretora, museóloga, ou estagiários do Museu Casa Francisco Bolonha - e até nós mesmos na condição de pesquisadores e docentes em formação - proferem suas falas e conduzem as visitações.
	Mantendo-nos em uma percepção crítica de nossa atividade, podemos fazer as seguintes perguntas, de modo a analisar os discursos construídos a partir da existência deste museu e da exposição organizada até o presente momento: a qual classe econômica pertencia o palacete à época de sua construção? Os objetos museológicos contidos no espaço - já enquanto museu - pertencem à qual setor social daquele seio familiar? As falas concentram-se nos aspectos de algum setor social? Qual? É possível notar a representação de outras camadas sociais durante o percurso de visitação guiada? Há cômodos, compartimentos, ou objetos no museu que exaltem a existência histórica de representações sociais ligadas às classes trabalhadoras da época de construção do palacete, ou do decorrer de sua existência? Se sim, estes espaços e memórias são evocados ao curso das visitações e intervenções?
Tais questões iniciais nos parecem fundamentais para estabelecer um panorama do discurso construído e elaborado por meio da “técnica” e “ciência” museológica, com a escolha consciente, inclusiva e excludente do que se apresenta e daquilo que não se apresenta mediante o Museu Casa Francisco Bolonha.
Acerca destas questões, parece-nos importante, ainda, o que prosseguem Almeida e Vasconcellos
Nessa perspectiva, o conhecimento da história de grupos sociais ou de sociedades distintas da nossa definiu uma memória que foi utilizada para rememorar ou glorificar o passado de grupos dominantes, fazendo-se esquecer da dimensão crítica de sua construção e do uso desse passado nos dias de hoje. (2017, p. 107)
Diante disso, podemos inferir que os espaços museológicos se constituem como ambientes patrimoniais históricos, com uma rica possibilidade de consolidação do aprendizado histórico, podendo ser utilizado como um grande aliado para o Ensino de História na educação básica, através de visitações ou outras atividades pedagógicas, de modo a estimular a produção de um pensamento crítico e com autonomia por parte dos grupos discentes.
DESCRIÇÃO DO MUSEU CASA FRANCISCO BOLONHA
Para a realização das presentes reflexões, foram realizadas atividades em campo no Museu Casa Francisco Bolonha, totalizando o mínimo de 48 horas no espaço. O Palacete Bolonha está localizado em uma das áreas mais valorizadas de Belém, na Avenida Governador José Malcher, distante uma quadra da Praça da República, e a outra da Avenida Nazaré. (LOBATO; ARRUDA; RAMOS, 2005)[footnoteRef:9] [9: LOBATO, Célio Cláudio de Queiroz; ARRUDA, Euler Santos; RAMOS, Aurea Helyette Gomes. Palacete Bolonha -Uma promessa de amor.Belém:EDUFPA, 2005] 
No período final do primeiro grande ciclo da Borracha diversas construções foram erguidas na cidade de Belém, estas, propriedades de comerciantes ricos, milionários e políticos. Foi nesse contexto que Francisco Bolonha, engenheiro paraense muito atuante no início do século XX, começou a construção do Palacete em 1904 e a finalizou em 1909, o qual segundo relatos, foi uma promessa e testemunho de amor a sua esposa, a musicista Alice Tem Brink Bolonha, que não queria deixar a cidade do Rio de Janeiro para vir morar em Belém do Pará. (LOBATO; ARRUDA; RAMOS, 2005)[footnoteRef:10]. [10: Idem.] 
Cabe destacar, ainda, que este contexto histórico, conhecido como Belle Époque[footnoteRef:11] (1870-1912), foi um período de intensas e grandiosas transformações do ponto de vista urbanístico para cidades como Belém e Manaus. No caso da capital paraense, a chegada da energia elétrica proporciona iniciativas como a instalação de iluminação pública em alguns pontos da cidade, bonde elétrico trafegando pelo centro comercial, assim como iniciativas de alargamentos e arborização das vias, inspiradas diretamente nos bulevares e na estética da urbanização de grandes cidades europeias daquele período. O próprio sistema de saneamento e esgoto, enquanto política pública, e demais medidas sanitárias que regulavam até mesmo a vida privada da população, contidas no Código de Posturas do Município, à época estabelecido pelo intendente Antônio Lemos, eram incipientes e buscavam reduzir problemas de saúde pública. [11: SARGES, Maria de Nazaré. Belém: riquezas produzindo a Belle-Époque (1870-1912). Belém: Paka-Tatu, p. 1869-1973, 2002.] 
É diante deste contexto que o Palacete Bolonha surge enquanto representante de muitas destas inovações, arquitetônicas e urbanísticas, ao conjunto da cidade de Belém e da sociedade que começava a ampliar as suas fronteiras territoriais e demográficas, como veremos a seguir em nossa descrição dos ambientes da casa e como expressam, por exemplo, a introdução de um banheiro social dentro da residência, e da energia elétrica.
O Palacete passou por uma reforma que durou 9 meses, mantendo-se paredes, tetos, pisos, e parte elétrica na sua originalidade. Foi entregue revitalizado, e aberto para visitação gratuita em setembro de 2021. Atualmente é vinculado à Fumbel - Fundação Cultura do Município de Belém, e tem como diretora Rosa Arraes, museóloga Adriele Bessa, educadora patrimonial Raquel Ferreira, e como bolsistas Ana Clara Mathias e Heitor Vinicius Pimentel. 
A edificação foi sinônimo de luxo e sofisticação no espaço urbano de Belém, um exemplar do ecletismo, um novo estilo arquitetônico do período, que reunia características dos estilos Neoclássico[footnoteRef:12], art-nouveau[footnoteRef:13] barroco[footnoteRef:14] e rococó[footnoteRef:15]. Possuindo cinco pavimentos, com térreo, salão, área social, banheiros e quartos, além da fachada, foi considerado umas das edificações mais altas de Belém na época, e é um símbolo arquitetônico até o tempo presente. [12: estilo arquitetônico predominante no final do século XVIII. Ele resgatava características da arquitetura greco-romana como as colunas, frontões, arcos romanos e balaústres.] [13: Surgiu na Europa, no fim do século XIX, foi um estiloque teve como influência a chamada “arte nova”, um estilo estético que também revolucionou as artes plásticas, o design de interiores e a arte em decoração. Possuía uma estética baseada na natureza, por isso suas obras apresentavam elementos que a imitavam, como formas orgânicas e estilo floreado. O uso de materiais específicos, como o ferro, que simulava o movimento das árvores, e o vidro, que dava leveza às construções, também foi bastante propagado. ] [14: estilo arquitetônico que prevaleceu do fim do século XVI ao fim do XVIII e influenciou na arquitetura das igrejas coloniais do Brasil. Nas suas características é observada irregularidade, por figuras plásticas e curvas e pela ornamentação profunda, minuciosa e muitas vezes grotesca. ] [15: Esse estilo contrapõe-se ao estilo barroco e realiza a transição para o neoclassicismo. Logo, é aristocrático, valorizando o hedonismo, a ornamentação, e, deixando o exagero barroco, tem ênfase em temas leves e as cores claras. Na arquitetura, há preferência por linhas curvas e simplicidade.] 
O pavimento térreo era utilizado como acomodações dos empregados, onde também ficava a área de serviço. Antes de adentrar ao primeiro pavimento, que servia como área social, para recepção de visitas, passasse por portões em gradil elaborados, os quais dão acesso as escadas que antecedem o interior do Palacete. Logo após o pátio de entrada, encontra-se a sala de música, espaço dedicado por Bolonha ao talento pianístico de Alice, nesse espaço ocorria memoráveis recitais que reunia a elite paraense. Além disso, o pavimento possui a sala de jantar, a sala de almoço, a sala de lavatórios e o hall das escadas.
Em seguida, encontra-se o segundo e terceiro pavimentos, estes destinados à família, portanto seriam ambientes mais íntimos . No segundo pavimento encontra-se o quarto de vestir de Alice e outro destinado a Francisco, uma sala de costura, algumas sacadas cobertas e descobertas, a sala de banhos, varanda e escadas social e de serviço. Já no terceiro pavimento tem um amplo quarto de casal que se conecta com um menor, que também seria dos cônjuges, mais um terceiro quarto, varanda, sanitários, uma capela particular, biblioteca e escada social. 
No quarto pavimento , possui um salão coberto com telhas de vidros, complementando a área íntima e dando acesso a um mirante para nascente, este permite a vista de quase toda a cidade. Pela parte externa é possível perceber as diferenças de utilização dos pavimentos, onde o térreo e o primeiro pavimento apresentam uma fachada mais rústica.
Por fim, o Palacete Bolonha é detalhadamente decorado, dos pisos e paredes aos tetos dos cômodos. No seu piso é observado diferentes materiais, como mármore, porcelana, pastilhas, lajotas em forma hexagonal, placas de vidros e madeira de lei. Nas paredes a decoração varia conforme a utilização do cômodo, alguns têm partes de reboco liso, azulejos brancos ou detalhados, madeira, ladrilho e até painel cerâmico. Foi utilizado o estuque[footnoteRef:16] para se formar molduras nas paredes e no forro, ou para se fazer guirlandas de flores, vinhas, para se esculpir também painéis com ninfas, anjos, entre outros. Servindo para demonstrar para que seria o uso do ambiente, a sala de música de Alice foi ornamentada com painéis que representam instrumentos musicais e referências da arte clássica grega, representando as artes. [16: Massa que possui em sua mistura gesso, calcário e areia, usada para revestimentos e decorações de parede internas e externas ou forros, pois é fácil de manusear e seca rapidamente. ] 
REFLEXÕES A PARTIR DAS ATIVIDADES REALIZADAS
A primeira visita ao Museu se deu no dia 05 de setembro de 2022, em uma segunda-feira, no horário de 14:00 horas. Nesse dia ocorreu uma reunião com o intuito de orientar e explicar sobre o funcionamento da instituição e fazer a lotação dos discentes em dias e horários, onde atuariam como monitores, realizando visitas guiadas no espaço. Foi também definido quem atuaria na Bienal das Artes de Belém, evento com diversas atividades culturais espalhadas em espaços da cidade, incluindo o Museu Casa Francisco Bolonha. A partir de então, iniciaram-se as atividades práticas.
Uma das características importantes para as nossas experiências na instituição museológica, foi a adoção da prática de observação direta, que consiste na atuação de observadores treinados para a obter determinados tipos de informações sobre a vivência e funcionamento do local. Eduardo Barbosa (2008, p.2)[footnoteRef:17] argumenta que tal prática requer um treinamento adequado dos observadores, que tenham habilidade de captar informações através dos 5 sentidos. Segundo ele, este método deve ser aplicado quando o pesquisador estiver completamente fora das situações, fatos ou pessoas que está observando. [17: BARBOSA, E. F. Instrumentos de Coleta de Dados em Pesquisas Educacionais. Educativa: Instituto de Pesquisa e Inovações Educacionais; 1998, p. 1-10.] 
Dito isso, conseguimos observar algumas características marcantes durante a experiência de prática, que nos levou a realizar algumas reflexões. Iniciaremos com a Bienal das Artes. A Bienal propunha experiências artísticas e culturais no Museu durante algumas tardes e noites, como exposições e apresentações musicais. Contudo, notamos que o público do evento era bastante limitado à pessoas brancas, de classe média, acadêmicos e turistas. Dessa forma, o espaço museológico acaba por se tornar um lugar de pouca inclusão, perpetuado por uma concepção popular dos espaços históricos como lugares elitistas e de exclusão social. 
Passado a Bienal, ficamos encarregados de realizar visitações guiadas com aqueles que compareciam ao Museu, explicando a História do espaço, de Francisco Bolonha e contextualizando a Belém do início do Século XX. O fluxo de visitantes variava, em um dia poderiam aparecer 10, enquanto em outros era louvável se aparecesse um mínimo de 2 pessoas. A presença de turistas era constante, tal como idosos e estudantes. O Museu, contudo, só funciona de terça a sexta, entretanto, o sábado do dia 05 de Novembro foi excepcional, pois o espaço abriu em comemoração ao dia do patrimônio público, registrando mais de 160 visitantes naquele dia.
Dito isso, é notado por nós que a baixa procura pelo museu se dá pelo fato de sua não abertura aos fins de semana, dias em que normalmente trabalhadores e estudantes têm folga e estão mais dispostos às suas atividades pessoais voltadas ao lazer e a conhecer novos espaços. Consideramos, ainda, que há barreiras de caráter territorial, ou geográfico, que se expressam em fronteiras socioeconômicas, como o deslocamento das famílias residentes em bairros de periferias e sob condições de baixa renda, tendo na distância e custos com transporte, alimentação etc., dificuldades compreensíveis que podem responder também a tais questões. 
Durante a experiência também notamos que muitos visitantes, em especial jovens, vão ao espaço museológico apenas para fotografar, demonstrando pouco interesse em conhecer a História do Museu e em certas situações demonstram de maneira evidente o desinteresse por nossas falas. Para isso, podemos refletir pensando no conceito de modernidade líquida, apresentado por Zygmunt Bauman. Para Luciano Gevehr (2016), “a liquidez dessa modernidade faz-nos repensar sobre o entendimento que temos a respeito da sociedade e da própria dinâmica presente nos diferentes elementos que ela produz e por meio dos quais ela também é produzida.” (GEVEHR, 2016. p. 947). Pensando nisso, é necessário pensar em estratégias, tanto nos espaços museológicos quanto nas escolas, para que ocorra uma valorização do patrimônio público, conscientizando o público de que aquilo é muito mais que apenas um espaço para fotografar.
A visita guiada foi a atividade mais recorrente a ser realizada pelos discentes, todos foram mediadores, seja na programação normal, seja em eventos. Os autores André Desvallées e François Mairesse (2013, p.53), consideram que a mediação é uma estratégia educativa, que mobilizatécnicas em torno de coleções expostas, para fornecer aos visitantes os meios de melhor compreender certas dimensões das coleções e de compartilhar as apropriações feitas. Dessa maneira, compreendemos que a mediação realizada por nós, favorece o compartilhamento de experiências e sociabilidades e aprendizagem histórica com os visitantes.
Do ponto de vista da relação que podemos estabelecer entre o museu e as atividades de ensino, com as quais tivemos oportunidade de presenciar com nossos colegas de curso, mas que não necessariamente efetuamos praticamente[footnoteRef:18] - ainda que já a tenhamos elaborado -, associamos ao que desenvolve Altet (2017, p. 1200)[footnoteRef:19] que aponta a nossa atividade pedagógica compreendendo alunos e alunas enquanto “o centro do ensino”, buscando assimilar entre nós, educadores, a forma como aqueles aprendem para que possamos melhor aferir nossas formas de ensino. [18: Ao momento de escrita e entrega deste relatório os que o subscrevemos ainda não aplicamos a nossa atividade de ensino com a turma do oitavo ano, marcada para ser realizada em 7 de dezembro de 2022.] [19: 8 ALTET, Marguerite. A observação das práticas de ensino efetivas em sala de aula: pesquisa e formação. Cadernos de Pesquisa, v. 47, p. 1196-1223, 2017.] 
CONCLUSÃO
Na instituição universitária, especificamente no curso de Licenciatura em história, é onde temos o contato com experiências que faz com que nós tenhamos uma concepção mais crítica do tempo presente e, portanto, uma presença mais consciente no mundo. É o local onde temos contato com as teorias de ensino, metodologias aplicadas na nossa matriz de conhecimento, é onde construirmos alicerces de conhecimentos que levaremos para a vida, para o mercado de trabalho, de modo a ensinar crianças, adolescentes e adultos. Mas, muitas das vezes a relação do que foi aprendido na graduação nem sempre é relacionado a aplicabilidade na educação básica ou em qualquer outro espaço não escolar, pois nem sempre os licenciados obtiveram a realidade do que é o cotidiano seja de uma escola ou museu. Dessa forma, a prática curricular continuada VI, e sua realização no Museu Casa Francisco Bolonha, foram essenciais para que agente pudesse entender melhor a importância da profissão de docente, do professor historiador e do Historiador professor e sua relevância na transmissão/reprodução  de conhecimento. 
O museu, associado às suas exposições, ou ainda mais aos seus artefatos museológicos, por si só, não assegura uma relação didática com determinados públicos, como os considerados leigos às questões de ordem da pesquisa acadêmica, por exemplo. 
Se considerarmos um público escolar, então, como crianças, pré-adolescentes e adolescentes, que em via de regra estão em processo de formação cognitiva e sensorial, idealiza-se aplicar, às experiências guiadas em museus, atividades de caráter educativo que proporcionem estimular naqueles atores e atrizes do processo de ensino e aprendizagem capacidades reflexivas, críticas e, tratando-se do campo da História, da formação de uma memória - ou mais -, que se relacionem, intimamente, com o presente, tomando as transformações socioeconômicas e políticas no horizonte das abordagens para que se confira uma “reelaboração do passado”, conforme apontam Almeida e Vasconcellos (2017, p. 107).
Diante disto, cabe-nos, enquanto profissionais da educação e do ensino de História em formação, refletirmos criticamente - e buscarmos desenvolver a reflexão - sobre a função social exercida pelo museu, as construções de discursos neste espaço desenvolvidas, e as representações do mundo atual e suas ligações. Por exemplo, enquanto seres políticos, não podemos ignorar o dado que aponta que no presente momento de nossa realidade brasileira, mais de 33 milhões de pessoas passam fome, enquanto a visitação guiada menciona a suntuosidade do jogo de mobília da sala de almoço, com madeira carvalho e granito travertino. Parece-nos pertinente tal reflexão, pois estamos aptos a lidar com um público vasto, pertencente a classes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que, inclusive, podem estar fazendo parte do infeliz dado de nosso país, ou em alguma condição de insegurança alimentar.
Em consonância disso, concluirmos que os museus, e o Museu Casa Francisco Bolonha, são espaços que estabelecem relações com os acontecimentos históricos e possui grande influência para o aprendizado histórico. E que nos enquanto historiadores, compartilhamos o sonho de Michelet” a proferir uma espécie de mensagem que mobilize massas” , e “ colaboremos na tarefa essencial que consiste em manter vivo na sociedade o espírito crítico”(DUBY, 1994, P. 21). Por fim, é preciso enfatizar, que “ ensinar não é transferir a inteligência do objeto ao educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido.( FREIRE, 2017, p. 117).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Adriana Mortara; VASCONCELLOS, Camilo de Mello. Por que visitar museus. In: BITTENCOURT, Circe. O Saber Histórico na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 2017.p.104 -116.
ALTET, Marguerite; MHEREB, Maria Teresa. A observação das práticas de ensino efetivas em sala de aula: pesquisa e formação. Cadernos de Pesquisa [online]. v.47 n.166 p.1196-1223 out./dez. 2017. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cp/a/Kw9Wt8FzG8NtDmcy9sYvDcQ/?format=html#> . Acesso em: 15 set. 2022. 
BARBOSA, E. F. Instrumentos de Coleta de Dados em Pesquisas Educacionais. Educativa: Instituto de Pesquisa e Inovações Educacionais; 1998, p. 1-10. Disponível em:http://www.inf.ufsc.br/~vera.carmo/Ensino_2013_2/Instrumento_Coleta_Dados_Pesquisas_Educacionais.pdf. Acesso em: 15 set. 2022.
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