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SNA: fármacos colinérgicos diretos
Apresentação
A acetilcolina é o neurotransmissor em todas as sinapses ganglionares do sistema simpático e 
parassimpático e nas sinapses neuroefetoras do sistema parassimpático. Nas sinapses 
neuroefetoras, a acetilcolina atua em receptores muscarínicos (assim denominados por serem 
estimulados pela muscarina). 
Nesta unidade de aprendizagem, vamos abordar os subtipos de receptores muscarínicos, os efeitos 
farmacológicos, efeitos adversos e contraindicações da acetilcolina e agonistas muscarínicos. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os subtipos de receptores muscarínicos nos diversos órgãos-alvo.•
Caracterizar os efeitos farmacológicos e usos terapêuticos da acetilcolina e fármacos agonistas 
muscarínicos.
•
Relacionar os efeitos adversos e contraindicações da acetilcolina e fármacos agonistas 
muscarínicos.
•
Desafio
Os agonistas muscarínicos, ou seja, os fármacos colinérgicos diretos, atuam diretamente nos 
receptores muscarínicos, mimetizando os efeitos endógenos da acetilcolina, o que é útil para 
determinados fins terapêuticos (ex. glaucoma, xerostomia). Por outro lado, devido a não 
seletividade de interação aos subtipos de receptores muscarínicos, os fármacos podem atuar 
simultaneamente em diversos sistema fisiológicos e acarretar efeitos adversos, contraindicações de 
uso clínico e uso terapêutico restrito. 
 
Considerando a importância farmacológica de medicamentos que atuam na neurotransmissão 
colinérgica: 
 
a) Descreva as características funcionais/fisiológicas e localização dos subtipos de receptores 
muscarínicos; 
b) Com relação às patologias do SNC decorrentes de alterações na transmissão colinérgica, 
descreva a fisiopatologia, bem como estratégias gerais de tratamento farmacológico da doença de 
Alzheimer e da Esquizofrenia.
Infográfico
Os agonistas do receptor do muscarínico colinérgico de ação direta são divididos em dois grupos, 
Acetilcolina (ACh) e os ésteres de colina sintéticos (ACh, metacolina, carbacol e betanecol) e os 
alcaloides colinomiméticos (pilocarpina, muscarina e areocolina). 
 
Veja no Infográfico a classificação dos fármacos colinérgicos diretos. 
 
Conteúdo do livro
Alguns fármacos em uso clínico atuam como agonistas nos receptores muscarínicos e mimetizam as 
respostas colinérgicas endógenas como, por exemplo, bradicardia, aumento da motilidade do TGI, 
broncoconstrição, etc. Acompanhe um trecho da obra "As Bases Farmacológicas da Terapêutica de 
Goodman & Gilman". Este livro serve de base teórica para a unidade de aprendizagem e descreve 
aspectos dos efeitos relacionados aos fármacos colinérgicos.
Boa leitura!
LAURENCE L. BRUNTON
BRUCE A. CHABNER ■ BJÖRN C. KNOLLMANN
As Bases 
Farmacológicas da
TERAPÊUTICA de
12ª EDIÇÃO
Goodman
Gilman
&
DVD COM BANCO 
DE IMAGENS
Equipe de tradução
Augusto Langeloh
Beatriz Araújo do Rosário
Carlos Henrique de Araújo Cosendey
Denise Costa Rodrigues
Maria Elisabete Costa Moreira
Patricia Lydie Voeux
Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição
Almir Lourenço da Fonseca
Diretor Científico do Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF)
Diretor da Divisão de Saúde e Responsável Técnico da Policlínica José Paranhos Fontenelle, 
Secretaria Municipal de Saúde (RJ)
B299 As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & 
Gilman [recurso eletrônico] / organizadores, Laurence L. 
Brunton, Bruce A. Chabner, Björn C. Knollmann ; 
[tradução: Augusto Langeloh ... et al. ; revisão técnica: 
Almir Lourenço da Fonseca]. – 12. ed. – Dados 
eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2012.
Editado também como livro impresso em 2012.
ISBN 978-85-8055-117-4
1. Farmacologia. 2. Terapêutica. I. Brunton, Laurence L.
II. Chabner, Bruce A. III. Knollmann, Björn C.
CDU 615
Catalogação na publicação: Fernanda B. Handke dos Santos – CRB 10/2107
Agonistas e antagonistas dos 
receptores muscarínicos
Joan Heller Brown e 
Nora Laiken
9 Capítulo
ACETILCOLINA E SEU RECEPTOR 
MUSCARÍNICO ALVO
No sistema nervoso periférico, os receptores muscaríni-
cos da acetilcolina ocorrem principalmente nas células 
efetoras autônomas inervadas pelos nervos parassim-
páticos pós-ganglionares. Os receptores muscarínicos 
também estão presentes nos gânglios autonômicos e em 
algumas células (p. ex., células endoteliais vasculares) 
que, paradoxalmente, recebem pouca ou nenhuma iner-
vação colinérgica. No sistema nervoso central (SNC), o 
hipocampo, córtex e tálamo têm grandes quantidades de 
receptores muscarínicos.
A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor natural 
para esses receptores e virtualmente não tem nenhuma 
aplicação terapêutica sistêmica, porque suas ações são 
difusas e sua hidrólise é rápida, catalisada pela acetilco-
linesterase (AChE) e butirilcolinesterase plasmática. Os 
agonistas muscarínicos reproduzem os efeitos da ACh 
nesses locais. Em geral, esses agonistas são congêneres 
da ACh ou dos alcaloides naturais com ações mais lon-
gas, alguns dos quais estimulam receptores nicotínicos, 
bem como os muscarínicos.
Os mecanismos de ação da ACh endógena nas 
membranas pós-juncionais das células efetoras e dos 
neurônios, que representam diferentes tipos de sinapses 
colinérgicas, foram analisados no Capítulo 8. Recapi-
tulando, essas sinapses estão presentes: (1) nas áreas 
efetoras autonômicas inervadas pelos nervos parassim-
páticos pós-ganglionares (ou, no caso das glândulas 
sudoríparas, pelos nervos pós-ganglionares simpáti-
cos); (2) nas células ganglionares simpáticas e paras-
simpáticas e na medula suprarrenal, que é inervada por 
nervos autonômicos pré-ganglionares; (3) nas placas 
motoras terminais dos músculos esqueléticos, que são 
inervadas pelos nervos motores somáticos; e (4) em 
certas sinapses no SNC (Krnjevíc, 2004), onde a ACh 
pode ter ações pré ou pós-sinápticas. Quando a ACh é 
administrada sistemicamente, ela pode atuar em todos 
esses locais potencialmente; contudo, como com-
posto de amônia quaternária, sua penetração no SNC é 
limitada e a quantidade de ACh que alcança áreas peri-
féricas com baixo fl uxo sanguíneo é limitada devido a 
hidrólise pela butirilcolinesterase plasmática.
As ações da ACh, e dos outros fármacos relacio-
nados, nos locais efetores autônomicos são conhecidas 
como muscarínicas, com base na observação de que o 
alcaloide muscarina atua seletivamente nesses locais e 
produz os mesmos efeitos qualitativos da ACh. As ações 
muscarínicas ou parassimpaticominéticas dos fármacos 
considerados nesse capítulo são praticamente equivalen-
tes aos efeitos parassimpaticominéticas da ACh relacio-
nados na Tabe la 8-1. Os receptores muscarínicos estão 
presentes nos gânglios autonômicos e na medula suprar-
renal com a função primeira de modular as ações nico-
tínicas da ACh nestes locais (Capítulo 11). No SNC os 
receptores muscarínicos estão distribuídos amplamente 
e têm a função de mediar várias respostas importantes. 
As diferenças entre as ações da ACh e outros agonistas 
muscarínicos são basicamente quantitativas, com pouca 
seletividade por um sistema orgânico ou outro. Todas as 
ações da ACh e dos seus congêneres nos receptores mus-
carínicos podem ser bloqueadas pela atropina. 
Propriedades e subtipos dos receptores 
muscarínicos
Os receptores muscarínicos foram caracterizados ini-
cialmente pela análise das respostas das células e dos 
sistemas orgânicos periféricos e do SNC. Por exemplo, 
os efeitos diferenciados de dois agonistas muscarínicos 
— betanecol e McN-A-343 —, no tônus do esfi ncter eso-
fágico inferior levaram à designação inicial de recepto-
res muscarínicos como M1 (ganglionares) e M2 (célula 
efetora) (Goyal e Rattan,1978). A clonagem dos cDNAs 
que codifi cam esses receptores muscarínicos identi-
fi cou cinco produtos genéticos diferentes (Bonner e 
cols., 1987), que hoje são designados como receptores 
muscarínicos M1 a M5 (Capítulo 8). Todos os recepto-
res muscarínicos conhecidos são receptores acoplados 
aproteína-G que, por sua vez, acopla a vários efetua-
dores celulares (Capítulo 3). Embora a seletividade não 
seja absoluta, a estimulação dos receptores M1, M3 e 
220
SEÇÃO II
N
EU
ROFARM
ACOLOGIA
M5 causa hidrólise de polifosfoinositídeos e a mobili-
zação de Ca2+ intracelular como consequência da ati-
vação da via PLC-Gq (Capítulo 8), resultando em uma 
variedade de respostas mediadas por Ca2+. Em contraste, 
os receptores muscarínicos M2 e M4 inibem a adenilil-
ciclase e regulam canais iônicos específi cos por meio 
da sua proteína G sensível à toxina pertussis, Gi e Go 
(Capítulo 3).
O local de ligação da agonista endógena ACh, o local ortosté-
rico (Neubig e cols., 2003) está altamente conservado entre os subti-
pos de receptores muscarínicos (Hulme e cols., 2003). Por analogia 
com a posição do retinal no local ortostérico da estrutura receptora 
da rodopsina de mamíferos (Palczewski e cols., 2000), o local de 
ligação ortostérico da ACh está localizado provavelmente nas regi-
ões extracelulares em uma fenda formada por várias das sete hélices 
transmembrana do receptor. Um ácido aspártico presente na porção 
N-terminal da terceira hélice transmembrana de todos os cinco sub-
tipos de receptores muscarínicos parece formar uma ligação iônica 
com o nitrogênio quaternário catiônico na ACh e o nitrogênio ter-
ciário ou quaternário dos antagonistas (Caulfi eld e Birdsall, 1998; 
Wess, 1996).
Os cinco subtipos de receptores muscarínicos estão ampla-
mente distribuídos no SNC e nos tecidos periféricos; a maioria das 
células expressa no mínimo dois subtipos (Abrams e cols., 2006; 
Wess, 1996; Wess e cols., 2007). Identifi car o papel de um subtipo 
específi co na mediação de uma resposta muscarínica em particular 
à ACh é difícil devido a falta de agonistas e antagonistas subtipo-
específi cos. Mais recentemente, técnicas de alvejar genes são usadas 
para esclarecer a função de cada subtipo (Wess e cols., 2007). Essas 
técnicas permitiram a criação de camundongos mutantes com zero 
alelos para os genes de cada um dos subtipos de receptores mus-
carínicos (Gomeza e cols., 1999; Hamilton e cols., 1997; Matsui 
e cols., 2000; Wess, 2004; Yamada e cols., 2001a, 2001b). Todos 
estes camundongos nocaute destituídos de receptores muscarínicos 
são viáveis e férteis. As alterações fenotípicas mínimas que acom-
panham a anulação de um simples subtipo de receptor sugerem re-
dundância funcional entre os subtipos de receptores nos diversos 
tecidos. Por exemplo, a abolição da broncoconstrição colinérgica, 
salivação, constrição pupilar e contração vesical em geral neces-
sitam da anulação de mais de um subtipo simples de receptores. 
Os estudos em tais camundongos nocaute melhoraram a compre-
ensão dos papeis fi siológicos dos subtipos de receptores muscarí-
nicos individualmente (Wess e cols., 2007; Tabe la 8-3); vários dos 
resultados são consistentes com os resultados obtidos examinando a 
localização dos subtipos de receptores muscarínicos em tecidos hu-
manos (Abrams e cols., 2006). Embora haja redundância funcional, 
os receptores M2 são o tipo predominante no controle colinérgico 
do coração, enquanto o receptor M3 é o subtipo predominante no 
controle colinérgico dos músculos lisos, glândulas secretoras e dos 
olhos. O receptor M1 tem papel importante na modulação da trans-
missão colinérgica nicotínica em gânglios. 
Embora tenham sido identifi cados antagonistas que conse-
guem discriminar entre vários subtipos de receptores muscarínicos, 
o desenvolvimento de agonistas e antagonistas seletivos, em geral,
é difícil devido a alta conservação do local ortostérico entre os sub-
tipos (Conn e cols., 2009b). Os receptores muscarínicos parecem 
possuir locais de ligação alostéricos topografi camente distintos 
com pelo menos um localizado na alça extracelular e no segmento 
mais externo de diferentes hélices transmembranas. Estes locais são 
menos conservados entre os subtipos de receptores do que os locais 
de ligação ortostéricos e assim oferecem o potencial para maior se-
letividade (Birdsall e Lazareno, 2005; May e cols., 2007). Ligantes 
que se fi xam aos locais alostéricos são denominados de modulado-
res alostéricos porque eles podem alterar a conformação do receptor 
para modular a afi nidade ou a efi cácia do ligante ortostérico. Tem 
sido feito progresso no desenvolvimento de moduladores alostéri-
cos seletivos positivos (PAMs, na sigla em inglês) como candidatos 
importantes para fármacos com seletividade por subtipo de receptor 
muscarínico, especialmente no SNC (Conn e cols., 2009a, 2009b). 
Moduladores alostéricos seletivos negativos (NAMs) que atuam em 
locais alostéricos para diminuir a responsividade de um subtipo de 
receptor muscarínico específi co à ACh, também podem se tornar 
fármacos terapêuticos importantes no futuro. Em ambos os casos, 
os moduladores não ativam o receptor por si mesmos, mas podem 
potencializar (no caso dos PAMs) ou inibir (no caso dos NAMs) a 
ativação do receptor pela ACh em subtipos específi cos de recepto-
res muscarínicos. Também foram identifi cados agonistas alostéri-
cos que parecem mediar a ativação do receptor por meio de locais 
alostéricos distintos mesmo na ausência de um agonista ortostérico 
(Nawaratne e cols., 2008). Outro mecanismo potencial para obter 
seletividade é atribuído ao desenvolvimento de ligantes ortostéri-
cos/alostéricos bitópicos e híbridos que interagem com ambos os 
locais ortostérico e alostérico, um mecanismo demonstrado recen-
temente para explicar o efeito singular do agonista seletivo do M1, 
McN-A-343 (Valant e cols., 2008).
Efeitos farmacológicos 
da acetilcolina (ACh)
A infl uência da ACh e da inervação parassimpática nos 
vários órgãos e tecidos foi introduzida no Capítulo 8; 
aqui é apresentada uma descrição mais pormenorizada 
dos efeitos da ACh como fundamento para entender as 
bases fi siológicas para o uso terapêutico dos agonistas e 
antagonistas dos receptores muscarínicos.
Sistema cardiovascular. A ACh tem quatro efeitos 
primários no sistema cardiovascular:
vasodilatação•
diminuição da fre quên cia car día ca (efeito cronotró-•
pico negativo)
diminuição da velocidade de condução no nodo atrio-•
ventricular (AV) (efeito dromotrópico negativo)
diminuição na força de contração car día ca (efeito ino-•
trópico negativo)
O último efeito tem menor signifi cado nos ventrí-
culos do que nos átrios. Algumas das respostas referidas 
anteriormente podem ser obscurecidas pelos refl exos ba-
rorreceptores e por outros refl exos que atenuam os efei-
tos diretos da ACh.
Embora a ACh raramente seja administrada por via 
sistêmica, suas ações car día cas são importantes porque 
os efeitos car día cos dos glicosídeos car día cos, dos antiar-
rítmicos e muitos outros fármacos são, pelo menos em 
parte, devidos a alterações na estimulação parassimpática 
(vagal) do coração; além disso a estimulação aferente das 
CAPÍTU
LO 9
AGON
ISTAS E AN
TAGON
ISTAS DOS RECEPTORES M
U
SCARÍN
ICOS
221vísceras durante a intervenção cirúrgica pode aumentar 
refl examente a estimulação vagal do coração.
A injeção intravenosa de pequena dose de ACh pro-
voca a queda transitória da pressão arterial decorrente da 
vasodilatação generalizada (mediada pelo NO endotelial 
vascular) que, em geral, é acompanhada de taquicardia 
refl exa. Doses signifi cativamente maio res são necessá-
rias para ver efeitos diretos da ACh no coração como 
para provocar bradicardia ou bloqueio de condução AV. 
A vasodilatação generalizada produzida pela ACh exó-
gena é decorrente da estimulação dos receptores musca-
rínicos, primariamente do subtipo M3 (Khurana e cols., 
2004; Lamping e cols., 2004) localizados nas células 
endoteliais vasculares apesar da aparente falta de inerva-
ção colinérgica. A ocupação dos receptores por agonis-
tas ativam a via G q-PLC-IP3 levando a ativação da NO 
sintetase endotelial dependente de calmodulina-Ca2+ e 
produção de NO (fator relaxante derivado do endotélio) 
(Moncada e Higgs, 1995), que difunde para as célulasmusculares lisas vasculares adjacentes e causa seu re-
laxamento (Furchgott, 1999; Ignarro e cols., 1999) (Ca-
pítulos 3 e 8). Se o endotélio está lesado, como ocorre 
sob várias condições fi siopatológicas, a ACh atua predo-
minantemente em receptores M3 localizados nas células 
musculares lisas vasculares, causando vasoconstrição. 
Embora a ACh endógena não tenha um papel signifi cativo 
na regulação fi siológica do tônus vascular periférico, há evidên-
cias que refl exos barorreceptores ou quimiorreceptores, ou pela 
estimulação direta do vago podem evocar vasodilatação coronária 
parassimpática mediada por ACh e a consequente produção de NO 
pelo endotélio (Feigl, 1998). Entretanto, nem o tônus vasodilatador 
parassimpático e nem o vasoconstritor simpático têm função signifi -
cativa na regulação da circulação coronariana, em comparação com 
os efeitos da tensão de oxigênio local, ativação dos canais de KATP 
e os fatores metabólicos autorreguladores como a adenosina (Berne 
e Levy, 2001).
A ACh afeta a função car día ca por mecanismos diretos e indi-
retamente pela inibição da estimulação adrenérgica no coração. Os 
efeitos car día cos da ACh são mediados primariamente por recepto-
res muscarínicos M2 (Stengel e cols., 2000) que se acoplam a Gi/Go. 
Os efeitos diretos incluem um aumento da corrente de K+ ativada 
por ACh (IK-ACh) devido a ativação dos canais K-ACh, a diminuição 
da corrente de Ca2+ do tipo L (ICa-I ) devido a inibição dos canais de 
Ca2+ do tipo L e a diminuição na corrente do marca-passo car día co 
(If) devido a inibição dos canais HCN (marca-passo) (DiFrancesco e 
Tromba, 1987). Os efeitos indiretos incluem a diminuição do AMPC 
mediada por Gi que se opõe e neutraliza o aumento do AMPC me-
diado por β1 adrenérgico/GS e a inibição da liberação de NE dos ter-
minais nervosos simpáticos. A inibição da liberação de NE é mediada 
por receptores M2 e M3 pré-sinápticos que são estimulados pela ACh 
liberada de terminais nervosos pós-ganglionares parassimpáticos ad-
jacentes (Trendelenburg e cols., 2005). No coração do homem há, 
ainda, receptores M2 pré-sinápticos que inibem a liberação de ACh 
dos terminais nervosos pós-ganglionares parassimpáticos. 
No nodo AS, cada impulso car día co normal é iniciado pela 
despolarização espontânea das células marca-passo (Capítulo 29). 
Atingido um nível crítico — potencial limiar —, essa despolari-
zação inicia um potencial de ação. A ACh diminui a fre quên cia 
car día ca primariamente diminuindo a velocidade de despolariza-
ção diastólica espontânea (corrente do marca-passo); desse modo, 
o alcance do potencial limiar e os eventos subsequentes do ciclo
car día co são retardados. Até recentemente era amplamente aceito 
que os efeitos colinérgicos muscarínicos e os β adrenérgicos na fre-
quên cia car día ca resultavam da regulação da corrente (If) do marca-
passo car día co. Achados inesperados feitos por eliminação genética 
de HCN4 e inibição farmacológica do If geraram uma teoria alter-
nativa, apesar de controversa, envolvendo a função de marca-passo 
para um “relógio” de Ca2+ intracelular (Lakatta e DiFrancesco, 
2009) que pode mediar os efeitos da ACh na fre quên cia car día ca 
(Lyashkov e cols., 2009).
No átrio a ACh causa hiperpolarização e diminui a duração 
do potencial de ação aumentando IK-ACh. A ACh também inibe a 
formação de AMPC e a liberação de NE diminuindo a contratilidade 
atrial. A velocidade de condução do impulso não é afetada ou pode 
aumentar em resposta a ACh; o aumento provavelmente é devido a 
ativação de canais de Na+ adicionais em resposta a hiperpolarização 
causada pela ACh. Em contraste, no nodo AV (que tem potenciais 
de ação dependentes de canais de Ca2+; ver Capítulo 29), a ACh di-
minui a condução e aumenta o perío do refratário inibindo o ICa-L; a 
redução da condução AV é responsável pelo bloqueio car día co com-
pleto, que pode ser observado quando forem administradas grandes 
quantidades dos agonistas colinérgicos por via sistêmica. Com o au-
mento do tônus parassimpático (vagal) como o produzido pelos gli-
cosídeos digitálicos, o prolongamento do perío do refratário no nodo 
AV pode contribuir para a redução da fre quên cia de transmissão dos 
impulsos atriais aberrantes ao ventrículo e, desse modo, diminuir a 
fre quên cia ventricular durante o fl utter ou a fi brilação atrial.
A inervação colinérgica (vagal) do sistema His-Purkinje 
e do miocárdio ventricular é esparsa (Kent e cols., 1974; Levy e 
Schwartz, 1994) e os efeitos da ACh são menores do que os obser-
vados nos átrios e tecido nodal. Nos ventrículos, a ACh liberada por 
estimulação vagal ou aplicada diretamente produz um efeito inotró-
pico negativo pequeno; esta inibição é mais evidente quando hou-
ver estimulação adrenérgica ou tonus simpático subjacente (Brodde 
e Michel, 1999; Levy e Schwartz, 1994; Lewis e cols., 2001). A 
automaticidade das fi bras de Purkinje é suprimida e o limiar para 
fi brilação ventricular aumenta (Kent e Epstein, 1976).
Trato respiratório. O sistema nervoso parassimpático tem 
importante papel na regulação do tônus broncomotor. O 
conjunto diverso de estímulos causa aumento refl exo na 
atividade parassimpática que contribui na broncoconstri-
ção. Os efeitos da ACh no sistema respiratório incluem 
não só a bronconstrição, mas também o aumento das se-
creções traqueobrônquicas e a estimulação dos quimior-
receptores dos corpos carotídeos e aórticos. Estes efeitos 
são mediados primariamente pelos receptores muscaríni-
cos M3 (Fisher e cols., 2004).
Trato urinário. A inervação parassimpática sacral pro-
move a contração do músculo detrusor, aumenta a pres-
são miccional e o peristaltismo ureteral. Estas respostas 
são difíceis de observar com a administração de ACh 
porque a baixa perfusão dos órgãos viscerais e a hidró-
lise rápida pela butirilcolinesterase plasmática limitam o 
acesso da ACh administrada sistemicamente aos recep-
tores muscarínicos viscerais. O controle da contração 
da bexiga aparentemente é mediado por vários subtipos 
222
SEÇÃO II
N
EU
ROFARM
ACOLOGIA
de receptores muscarínicos. Os receptores do subtipo 
M2 parecem predominar na bexiga, enquanto estudos 
com antagonistas seletivos e camundongos nocaute para 
receptores M3 sugerem que este receptor, M3, interme-
deia a contração do músculo detrusor (Matsui e cols., 
2000). O receptor M2 pode inibir o relaxamento da be-
xiga mediado pelo receptor β adrenérgico e pode estar 
envolvido nos estágios de enchimento diminuindo a in-
continência (Chapple, 2000; Hedge e eglen, 1999).
Trato GI. Embora a estimulação da atividade vagal no trato 
GI aumente o tônus, a amplitude das contrações e a ati-
vidade secretora do estômago e intestino, essas respostas 
nem sempre são detectadas com a administração de ACh 
pelas mesmas razões que são difíceis de observar no trato 
urinário. Como no trato urinário, receptores muscarínicos 
do subtipo M2 são os prevalentes, mas os M3 parecem os 
responsáveis primários para mediar o controle colinér-
gico da motilidade do TGI (Matsui e cols., 2002).
Efeitos periféricos diversos. Além dos efeitos estimulantes já men-
cionados nas secreções traqueobrônquicas e GI, a ACh estimula a 
secreção de todas as outras glândulas que recebem inervação paras-
simpática ou simpática colinérgica, incluindo as lacrimais, nasofa-
ríngeas, salivares e sudoríparas. Todos estes efeitos são mediados 
primariamente pelos receptores muscarínicos M3 (Caulfi eld e Bir-
dsall, 1998); Os receptores M1 também contribuem signifi cativa-
mente para a estimulação colinérgica da secreção salivar (Gautam e 
cols., 2004). Instilada nos olhos, a ACh produz miose por contração 
do músculo esfi ncter da pupila e acomodação da visão para perto 
por contração do músculo ciliar (Capítulo 64); os dois efeitos são 
mediados primariamente pelos receptores muscarínicos M3, mas 
outros subtipos podem contribuir para os efeitos oculares da esti-
mulação colinérgica.
Efeitos no SNC. Ainda que a ACh administrada sistemicamente 
tenha penetraçãolimitada no SNC, os agonistas muscarínicos que 
atravessam a barreira hematencefálica provocam excitação ou ati-
vação cortical característica similar àquela produzida pela injeção 
de agentes anticolinesterásicos ou por estimulação elétrica da for-
mação reticular do tronco cerebral. Os cinco subtipos de receptores 
muscarínicos são encontrados no cérebro (Volpicelli e Levey, 2004) 
e estudos recentes sugerem que vias reguladas pelos receptores 
muscarínicos podem ter um papel importante na função cognitiva, 
controle motor, regulação do apetite, nocicepção e outros processos 
(Wess e cols., 2007).
AGONISTAS MUSCARÍNICOS
Os agonistas dos receptores colinérgicos muscarínicos 
podem ser divididos em dois grupos: (1) os ésteres da 
colina incluindo ACh e vários ésteres sintéticos e (2) 
alcaloides colinomiméticos naturais (principalmente pi-
locarpina, muscarina e arecolina) e seus congêneres sin-
téticos.
De várias centenas de derivados sintéticos da colina 
investigados, somente a metacolina, carbacol e betane-
col (Figura 9-1) tiveram aplicação clínica. A metacolina 
(acetil-β-metilcolina), o análogo β-metil da ACh, é um 
éster sintético da colina que difere da ACh principalmente 
por sua ação mais longa e seletiva. Sua ação é mais longa 
porque o grupo metila aumenta sua resistência à hidró-
lise pelas colinesterases. Sua seletividade se refl ete na 
prodominância das ações muscarínicas, manifestas mais 
claramente no sistema cardiovascular, com mínima ação 
nicotínica (Tabe la 9-1).
O carbacol e seu análogo β-metil, o betanecol, são 
ésteres carbamoílicos não substituídos, quase totalmente 
resistentes à hidrólise pelas colinesterases; portanto suas 
meias-vidas são longas o sufi ciente para que sejam distri-
buídos às regiões com fl uxo sanguíneo escasso. O carbacol 
conserva atividade nicotínica substancial, principalmente 
nos gânglios autônomos. O betanecol produz ações pre-
dominantemente muscarínicas com efeitos proeminentes 
na motilidade do trato GI e da bexiga urinária.
Os principais agonistas muscarínicos alcaloides na-
turais — muscarina, pilocarpina e arecolina —, têm os 
mesmos locais de ação principais dos ésteres da colina. 
A muscarina atua quase exclusivamente nos receptores 
muscarínicos e a classifi cação destes receptores deriva 
da ação deste alcaloide. A pilocarpina tem ação predo-
minantemente muscarínica, mas é um agonista parcial; 
Figura 9-1 Fórmulas estruturais da acetilcolina, dos ésteres de colina e dos alcaloides naturais que estimulam os receptores muscarínicos.
ACETILCOLINA
MUSCARINAPILOCARPINAARECOLINA
METACOLINA CARBACOL BETANECOL
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as glândulas sudoríparas são par ticular mente sensíveis 
a pilocarpina. A arecolina também atua nos receptores 
nicotínicos. Embora esses alcaloides naturais tenham 
grande utilidade como recursos farmacológicos e a mus-
carina signifi cado toxicológico (discutido adiante), sua 
utilização clínica atual limita-se praticamente à adminis-
tração da pilocarpina como agente sialogogo e miótico 
(Capítulo 64).
História e fontes. O alcaloide muscarina foi isolado do cogumelo 
Amanita muscaria por Schmiedeberg em 1869; sua toxicologia será 
discutida adiante. A pilocarpina é o principal alcaloide obtido das 
folhas dos arbustos do gênero Pilocarpus sul-americanos. Embora 
há muito tempo os nativos soubessem que a mastigação das folhas 
das plantas do gênero Pilocarpus provocava salivação, as primeiras 
experiências foram realizadas aparentemente em 1874 pelo médico 
brasileiro Coutinho. Esse alcaloide foi isolado em 1875 e, pouco 
tempo depois, Weber descreveu as ações da pilocarpina nas pupi-
las e glândulas sudoríparas e salivares. A arecolina é o principal 
alcaloide das nozes de areca ou betel, que são as sementes da Areca 
catechu. A noz avermelhada do betel é consumida como euforizante 
pelos nativos do subcontinente indiano e nas Índias Orientais em 
uma mistura mastigável conhecida como betel e composta da noz, 
o visgo das cascas e folhas de Piper betle, uma espécie de pimenta 
trepadeira. A metacolina foi sintetizada e estudada por Hunt e Ta-
veau no início de 1911. O carbacol e o betanecol foram sintetizados 
e investigados na década de 1930.
Absorção, distribuição e eliminação
A absorção e distribuição destes fármacos podem ser 
previstas a partir das suas estruturas: a muscarina e os 
ésteres da colina são aminas quaternárias; a pilocarpina e 
a arecolina são aminas terciárias (Figura 9-1). Por serem 
aminas quaternárias, os ésteres da colina são pouco ab-
sorvidos por administração oral e têm baixa capacidade 
de atravessar a barreira hematencefálica. Mesmo que re-
sistam a hidrólise, os ésteres da colina são fármacos de 
ação breve devido à rápida eliminação pelos rins.
A pilocarpina e a arecolina, sendo aminas terciárias, 
são facilmente absorvidas e podem atravessar a barreira 
hematencefálica. Em contraste à muscarina, amina qua-
ternária, é pouco absorvida. A muscarina pode contudo 
ser tóxica, , quando ingerida e pode mesmo ter efeitos 
no SNC. Embora não tenham sido elucidadas vias me-
tabólicas específi cas, a depuração da pilocarpina é retar-
dada em pacientes com insufi ciência hepática, nos quais 
as doses devem ser reduzidas. Os alcaloides naturais são 
eliminados primariamente pelos rins; a excreção das 
aminas terciárias pode ser acelerada com a acidifi cação 
da urina. 
Usos terapêuticos dos agonistas 
de receptores muscarínicos 
Os agonistas muscarínicos são usados atualmente no 
tratamento de distúrbios da bexiga, na xerostomia e no 
diagnóstico de hiper-reatividade brônquica. Também são 
usados em oftalmologia como fármacos mióticos e para 
o tratamento de glaucoma.
Há interesse crescente do papel dos receptores mus-
carínicos na cognição. A utilidade potencial de agonistas 
M1 no tratamento de insufi ciência cognitiva associada 
com doen ça de Alzheimer é considerado a longo tempo. 
Outros subtipos de receptores, incluindo M2 e M5 também 
parecem envolvidos na regulação da função cognitiva, ao 
menos em modelos animais (Wess e cols., 2007).
A difi culdade em desenvolver subtipos seletivos de agonis-
tas dos receptores muscarínicos, associados à falta de efi cácia e aos 
efeitos adversos periféricos signifi cativos dos agonistas muscaríni-
cos disponíveis, tem promovido a pesquisa de outras estratégias de 
ativar seletivamente subtipos de receptores muscarínicos, como os 
agonistas alostéricos e moduladores alostéricos positivos (MAPs) 
(Conn e cols., 2009b). Ativadores seletivos de subtipos muscarínicos 
podem ser úteis no tratamento de outros distúrbios do SNC, incluindo 
Tabe la 9-1
Algumas propriedades farmacológicas dos ésteres de colina e alcaloides naturais
ATIVIDADE MUSCARÍNICA
AGONISTA 
MUSCARÍNICO
SUSCETIBILIDADE ÀS 
COLINESTERASES
Cardio-
vascular
Gastrin-
testinal Bexiga
Olho 
(tópica)
Antagonismo 
pela atropina
ATIVIDADE 
NICOTÍNICA
Acetilcolina +++ ++ ++ ++ + +++ ++
Metacolina + +++ ++ ++ + +++ +
Carbacol – + +++ +++ ++ + +++
Betanecol – ± +++ +++ ++ +++ –
Muscarinaa – ++ +++ +++ ++ +++ –
Pilocarpina – + +++ +++ ++ +++ –
aNão é usado em terapêutica.
224
SEÇÃO II
N
EU
ROFARM
ACOLOGIA
esquizofrenia, dependência de drogas e como agentes analgésicos 
(Conn e cols., 2009b). Por exemplo, a xanomelina, agonista mus-
carínico com alguma seletividade pelos subtipos M1 e M4, em de-
senvolvimento clínico contra a doen ça de Alzheimer, tem um perfi l 
antipsicótico em modelos animais e efi cácia terapêutica em pacientes 
com esquizofrenia (Mirza e cols., 2003; Shekhar e cols., 2008).
Acetilcolina. Embora raramente usada por via sistêmica, 
a ACh é usada por via tópica para indução de miose du-
rante cirurgia oftálmica; é instilada no olho em solução a 
1% (Capítulo 64).
Metacolina. É administrada por inalação no diagnóstico 
de hiper-reatividade brônquica em pacientes que não têm 
asma clínica aparente (Crapo e cols., 2000). Ainda que os 
agonistas muscarínicos possam causar broncoconstriçãoe aumentar as secreções traqueobrônquiais, os pacientes 
asmáticos respondem com broncoconstrição intensa e 
redução na capacidade vital. Portanto as contraindica-
ções ao teste com metacolina incluem limitação grave 
do fl uxo aéreo, infarto miocárdico ou acidente vascular 
encefálico recentes, hipertensão descontrolada ou ges-
tação. A resposta a metacolina também pode ser exage-
rada ou prolongada em pacientes que usam antagonistas 
β-adrenérgicos. Equipamento de ressucitação de emer-
gência, oxigênio e medicação para tratar broncospasmo 
grave (p. ex., agonistas β2-adrenérgicos para inalação) 
devem estar disponíveis durante o teste. A metacolina 
está disponível como pó que deve ser diluído em solução 
de cloreto de sódio a 0,9% e administrada por um nebu-
lizador.
Betanecol. Atua primariamente nos tratos urinário e GI. No 
trato urinário o betanecol é útil no tratamento da retenção 
urinária e no esvaziamento inadequado da bexiga quando 
não há obstrução orgânica, como na retenção urinária pós-
cirúrgica, neuropatia autonômica diabética e certos casos 
de hipotonia vesical miogênica ou neurogênica crônica 
(Wein, 1991). Quando usada de modo crônico, 10-50 mg 
são dados por via oral, 3 ou 4 vezes/dia, em um indivíduo 
com estômago vazio (i.e., 1 h antes ou 2 h após as refei-
ções) para minimizar náuseas e êmese.
No Trato GI o betanecol estimula o peristaltismo, 
aumenta a motilidade e a pressão de repouso do esfi ncter 
esofágico inferior. Anteriormente o betanecol foi usado 
no tratamento da distensão abdominal pós-cirúrgica, 
atonia gástrica, gastroparesia, íleo adinâmico e refl uxo 
gastresofágico; atual mente estão disponíveis tratamentos 
mais efi cazes para estes distúrbios (Capítulos 45 e 46).
Carbacol. É usado por via tópica em oftalmologia no 
tratamento do glaucoma e na indução de miose durante 
cirurgia; é instilado no olho em solução a 0,01-3% (Ca-
pítulo 64).
Pilocarpina. É usada no tratamento da xerostomia, que 
se desenvolve depois de radioterapia da cabeça e do 
pescoço, ou que está associada à síndrome de Sjögren 
(Porter e cols., 2004; Wiseman e Faulds, 1995), um dis-
túrbio autoimune que acomete principalmente as mu-
lheres, que apresentam redução da secreção glandular, 
principalmente salivar e lacrimal (Anaya e Talal, 1999). 
Contanto que o parênquima das glândulas salivares con-
serve alguma função residual, o tratamento com esse 
fármaco pode aumentar a secreção salivar, facilitar a de-
glutição e produzir melhora subjetiva da hidratação da 
cavidade oral. Os efeitos adversos são típicos da estimu-
lação colinérgica e a sudorese é a queixa mais comum. A 
dose usual é 5-10 mg 3 vezes/dia e deve ser reduzida em 
pacientes com insufi ciência hepática.
A pilocarpina é usada por via tópica em oftalmo-
logia no tratamento do glaucoma e como miótico; é 
instilada no olho em solução a 0,5-6% ou pode ser admi-
nistrada via inserto ocular (Capítulo 64).
Cevimelina. É um derivado quinuclidina da ACh. Como 
agonista muscarínico tem alta afi nidade pelos receptores 
M3 nos epitélios das glândulas lacrimais e salivares. A 
cevimelina tem longa ação sialagoga e pode ter menos 
efeitos adversos que a pilocarpina (Anaya e Talal, 1999). 
A cevimelina também aumenta a secreção lacrimal na 
síndrome de Sjögren (Ono e cols., 2004). A dose usual é 
30 mg 3 vezes/dia.
Contraindicações, precauções e efeitos adversos
A maioria das contraindicações, precauções e efeitos adversos é 
consequência previsível da estimulação dos receptores muscarí-
nicos. Assim, contraindicações importantes ao uso dos agonistas 
muscarínicos incluem asma crônica, doen ça pulmonar obstrutiva, 
obstrução urinária ou do Trato GI, doen ça ácido-péptica, doen ça 
cardiovascular acompanhada de bradicardia, hipotensão e hiperti-
reoidismo (os agonistas muscarínicos podem precipitar fi brilação 
atrial em pacientes hipertireóideos). Os efeitos adversos comuns 
incluem diaforese, diarreia, cólicas intestinais, náuseas/vômitos 
e outros efeitos adversos GI; a sensação de aperto na bexiga; di-
fi culdade de acomodação vi sual e hipotensão que pode diminuir 
acen tua damente o fl uxo sanguíneo coronário, especialmente se já 
está comprometido. Estas contraindicações e efeitos adversos em 
geral têm pouca importância na administração tópica para uso of-
tálmico.
Toxicologia
As intoxicações causadas pela ingestão de plantas contendo pilo-
carpina, muscarina ou arecolina caracterizam-se principalmente 
pela exacerbação dos seus vários efeitos parassimpaticomiméticos 
e assemelham-se ao quadro produzido pelo consumo de cogumelos 
do gênero Inocybe (descrito na próxima seção). O tratamento con-
siste na administração parenteral de atropina em doses sufi cientes 
para atravessar a barreira hematencefálica, medidas de suporte das 
funções respiratória e cardiovascular e intervenções para reverter o 
edema pulmonar.
Intoxicação por cogumelos (micetismo). Essa intoxicação é co-
nhecida há séculos. Há relatos de que o poeta grego Eurípides 
(século V a.C.) perdeu esposa e três fi lhos por essa razão. Nos últimos 
anos, o número de casos de intoxicação por cogumelos tem aumentado 
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225como consequência da popularidade atual do consumo de cogumelos 
silvestres. Várias espécies de cogumelos contêm muitas toxinas e es-
pécies do mesmo gênero podem conter diferentes toxinas.
Embora a muscarina tenha sido isolada da Amanita muscaria, 
o teor desse alcaloide é tão pequeno (cerca de 0,003%) que ele não 
pode ser responsável pelos efeitos tóxicos principais. Concentrações 
muito mais altas estão presentes em várias espécies de cogumelos 
Inocybe e Clitocybe. Os sinais e sintomas da intoxicação atribuível 
à muscarina começam 30-60 min após a ingestão e incluem saliva-
ção, lacrimejamento, náuseas e vômitos, cefaleia, distúrbios visuais, 
cólicas abdominais, diarreia, broncospasmo, bradicardia, hipotensão 
e choque. O tratamento com atropina (1-2 mg IM a cada 30 min) blo-
queia efi cazmente esses efeitos (Goldfrank, 1998; Köppel, 1993).
A intoxicação produzida pela A. muscaria e outras espécies 
relacionadas do gênero Amanita é atribuível às propriedades neu-
rológicas e alucinógenas do muscinol, ácido ibotênico e outros 
derivados isoxazóis. Essas substâncias estimulam os receptores de 
aminoácidos excitatórios e inibitórios. Os sinais e sintomas podem 
ser irritabilidade, agitação, ataxia, alucinações e delírio, ou sonolên-
cia e sedação. O tratamento consiste basicamente em medidas de 
apoio; os benzodiazepínicos estão indicados quando houver predo-
mínio da excitação, a atropina em geral agrava o delírio.
Os cogumelos das espécies Psilocybe e Panaeolus contêm 
psilocibina e derivados relacionados da triptamina. Causam também 
alucinações prolongadas. As espécies Gyromitra (erva-moura falsa) 
causam distúrbios GI e hepatoxicidade tardia. A substância tóxica 
(acetaldeído-metilformilidrazona) é convertida em hidrazinas reati-
vas no corpo. Embora existam relatos de casos fatais causados por 
insufi ciências hepática e renal, eles são muito menos comuns do que 
os atribuídos aos cogumelos que contêm amatoxina.
A forma mais grave de micetismo é produzida pelo Ama-
nita phalloides, outras espécies Amanita, Galerina e Lepiota (Gol-
dfrank, 2006). Essas espécies são responsáveis por mais de 90% 
dos casos fatais. A ingestão de apenas 50 g do A. phalloides (capuz 
mortal) pode ser fatal. As principais toxinas são amatoxinas (α e 
β-amanitina), um grupo de octapeptídeos cíclicos que inibem a RNA 
polimerase II, bloqueando assim a síntese do mRNA. Isso provoca 
morte celular, que se evidencia principalmente na mucosa GI, no 
fígado e rim. Os sinais e sintomas iniciais, que geralmente passam 
despercebidos ou, quando presentes, são causados por outras toxi-
nas, incluem diarreia e cólicas abdominais. O intervalo assintomá-
tico que se estende por até 24 h é seguido de disfunções hepática 
e renal. A morte ocorre 4-7 dias depois e é causada por essas dis-
funções(Goldfrank, 2006). O tratamento consiste basicamente em 
medidas de suporte; penicilina, ácido tióctico e silibina podem ser 
antídotos efi cazes, mas as evidências baseiam-se na maior parte em 
estudos informais (Köppel, 1993).
Como nas intoxicações a gravidade dos efeitos tóxicos e as 
intervenções terapêuticas dependem da espécie ingerida, deve-se 
tentar identifi car o cogumelo. As manifestações clínicas geralmente 
são tardias, o que limita a utilidade da lavagem gástrica e a adminis-
tração de carvão ativado. Nos EUA, os centros regionais de controle 
das intoxicações mantêm informações atualizadas sobre a incidência 
dos envenenamentos por região e os procedimentos terapêuticos.
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES 
MUSCARÍNICOS
Os antagonistas dos receptores muscarínicos incluem: 
1) os alcaloides naturais atropina e escopolamina; 2) 
derivados semissintéticos desses alcaloides, que diferem 
basicamente dos compostos originais por sua disposição 
no organismo ou pela duração da ação; e 3) derivados 
sintéticos, entre os quais alguns mostram seletividade 
por subtipos dos receptores muscarínicos. Entre as duas 
últimas categorias, os fármacos dignos de nota são 
a homatropina e a tropicamida, que têm ações menos 
duradouras do que a atropina e a metescopolamina, o 
ipratrópio e o tiotrópio, que são compostos quaternários 
e não atravessam a barreira hematencefálica ou atraves-
sam facilmente outras membranas. Os derivados sintéti-
cos que têm alguma seletividade por receptores incluem 
a pirenzepina, com seletividade pelos receptores M1 e 
darifenacina e solifenacina com seletividade pelos re-
ceptores M3. 
Os antagonistas muscarínicos evitam os efeitos da 
ACh por meio do bloqueio da sua ligação aos receptores 
muscarínicos nas células neuroefetoras em junções pa-
rassimpáticas (e simpáticas colinérgicas), nos gânglios 
periféricos; e no SNC. Em geral, os antagonistas mus-
carínicos causam pouco bloqueio nos receptores nicotí-
nicos. Entretanto, os compostos de amônio quaternário 
em geral mostram graus mais acentuados de atividade 
bloqueadora nicotínica e, por isso, tendem a interferir 
mais com a transmissão ganglionar ou neuromuscular.
Ainda que vários efeitos dos antagonistas muscarí-
nicos possam ser previstos pelo entendimento das respos-
tas fi siológicas mediadas pelos receptores muscarínicos 
nas junções neuroefetoras parassimpáticas (e simpáticas 
colinérgicas), às vezes são obtidas respostas paradoxais. 
Por exemplo, receptores muscarínicos pré-sinápticos de 
vários subtipos estão presentes nos terminais de nervos 
parassimpáticos pós-ganglionares. Como o bloqueio dos 
receptores pré-sinápticos em geral aumenta a liberação 
do neurotransmissor, assim o efeito pré-sináptico dos an-
tagonistas muscarínicos pode neutralizar seu bloqueio do 
receptor pós-sináptico. O bloqueio dos receptores musca-
rínicos moduladores nos gânglios periféricos representa 
um mecanismo adicional de respostas paradoxais. 
Importante consideração no uso terapêutico de 
antagonistas muscarínicos é o fato que as funções fi -
siológicas dos diferentes órgãos variam quanto à sua 
sensibilidade ao bloqueio dos receptores muscarínicos 
(Tabe la 9-2). Doses pequenas de atropina reduzem as se-
creções salivares e brônquicas e a sudorese. Com doses 
mais altas, as pupilas dilatam, a acomodação do cris-
talino à visão de perto fi ca inibida e os efeitos vagais 
no coração são bloqueados, resultando em aumento da 
fre quên cia car día ca. As doses mais altas antagonizam 
o controle parassimpático da bexiga e do Trato GI, ini-
bindo a micção e reduzindo o tônus e a motilidade intes-
tinais. Doses ainda maio res são necessárias para inibir a 
motilidade gástrica e principalmente a secreção do estô-
mago. Por essa razão, as doses de atropina e da maioria 
dos antagonistas muscarínicos que deprimem a secre-
ção gástrica quase sempre também afetam a secreção 
 
Dica do professor
Veja no vídeo os subtipos de receptores muscarínicos, os efeitos farmacológicos, efeitos adversos e 
contraindicações da acetilcolina e agonistas muscarínicos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/557874e67fdcd70c7655f447161ba4b8
Exercícios
1) 
Uma paciente de 62 anos de idade tem glaucoma de ângulo aberto. Ela inadvertidamente 
aplica pilocarpina nos olhos em excesso. Isso pode resultar em qual das seguintes 
alternativas?
A) a) Dilatação do músculo liso brônquico.
B) b) Redução da motilidade gastrintestinal.
C) c) Dilatação dos vasos sanguíneos e queda da pressão arterial.
D) d) Midríase.
E) e) Constrição dos vasos sanguíneos e aumento da pressão arterial.
2) 
O fármaco colinérgico de primeira escolha para o tratamento da xerostomia (salivação 
escassa) desencadeada pela irradiação na cabeça e pescoço é:
A) a) Fisostigmina.
B) b) Escopolamina.
C) c) Carbacol.
D) d) Acetilcolina.
E) e) Pilocarpina.
3) 
Com relação ao mecanismo de ação dos agonistas colinérgicos muscarínicos é correto 
afirmar:
A) a) Ativam proteínas G inibitórias (Gi).
B) b) Diminuem a produção de IP3.
C) c) Diminuem a liberação de cálcio intracelular.
D) d) Inibem a atividade de fosfolipase C.
E) e) Diminuam as proteínas G inibitórias (GI).
4) 
Ésteres de colina, como carbacol, são mais propensos a causar qual dos seguintes efeitos 
adversos?
A) a) Anidrose (pele seca).
B) b) Delirium.
C) c) Salivação.
D) d) Taquicardia (frequência cardíaca rápida).
E) e) Broncodilatação.
5) 
Um paciente com ataque agudo de glaucoma é tratado com pilocarpina. Qual o mecanismo 
responsável pela eficácia clínica da pilocarpina nessa condição?
A) a) Encerrar a atividade da acetilcolinesterase.
B) b) Seletividade pelos receptores nicotínicos.
C) c) Habilidade de inibir secreções, como lacrimal, salivar e suor.
D) d) Habilidade de reduzir a pressão intraocular.
E) e) Habilidade em aumentar a pressão intraocular.
Na prática
As intoxicações por cogumelos são geralmente agudas e manifestam-se por uma variedade de 
sintomas e prognósticos, dependendo da quantidade e espécie consumida. Embora a muscarina 
tenha sido isolada da Amanita muscaria, o teor mais alto desse alcaloide é encontrado em várias 
espécies de cogumelos Inocybe e Clytocibes que são responsáveis pelos principais efeitos tóxicos 
causados pela ingestão de cogumelos. A intoxicação muscarínica causada por cogumelos que 
causam problemas neurológicos pode ser classificada com base no tipo de sintomas produzidos e 
substância responsável: 
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Agonistas muscarínicos - introdução.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Agonistas muscarínicos - ação terapêutica.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Manual das doenças transmitidas por alimentos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://www.youtube.com/watch?v=HPWjh8QtwHM
https://www.youtube.com/watch?v=nn73zoRu4m4
ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/cogumelos.pdf

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