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Resenha de História do Tempo Presente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
FACULDADE DE HISTÓRIA 
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE - HT01045
DOCENTE: KARL HEINZ ARENZ 
DISCENTE: EUNICE CAROLINE SOUZA DOS SANTOS ( 201808640089)
 
Resenha do Artigo – Sobre a história Presente: Entrevista com o historiador Henry Rousso, de Silvia Arend e Fábio Macedo.
 
BELÉM
2022
RESENHA
AREND, Silvia Maria Fávero; MACEDO, Fábio. Sobre a História Presente: entrevista com o historiador Henry Rousso. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 1, n. 1, p. 201-216, jan./jun. 2009.
 Eunice Caroline Souza dos Santos [footnoteRef:1] [1: Aluna de graduação em História da Universidade Federal do Pará, Belém. eunicecaroline2017@gmail.com.] 
Os autores são especialistas em ciências humanas, na área de História, a primeira autora é Silvia Maria Fávero Arend, valorosa historiadora e professora dos cursos de graduação e pós graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), sendo líder do grupo de pesquisa CNPq relações de gênero e família, da UDESC, além de participar do laboratório de relações de gênero e família (LABGEF) e ser membro do conselho editorial da revista de estudos feministas e da revista tempo e argumento. Dedicada na área de história com ênfase em história do Brasil, nas temáticas de história da Infância e Juventude, história da família e história das relações gêneros publicou vários artigos e capítulos de livros. O segundo autor é, Fábio Macedo, doutor em história e civilização pela École des Hautes Études en sciences sociales de Paris, que se destaca por suas pesquisas nas áreas de história, demografia, sociologia, atuando nos seguintes temas: História do século XX, História da Infância e da Juventude e História da família.
O texto base desta resenha, intitulado “ Sobre a História Presente: Entrevista com o Historiador Henry Rousso”, é uma entrevista publicada em 2009, pela revista Tempo e Argumento do programa de pós-graduação em História de Florianópolis. A ideia central apresentada no artigo é discutir sobre a história do tempo presente, a história contemporânea, os caminhos percorridos por essas abordagem em seus aspectos teóricos e metodológicos através do entendimento do pesquisador Francês Rousso. O escrito trás questões pertinentes sobre a visão pragmática da maneira como foi construído essa história, as visões de história como “suspeita”, “sem futuro”, “inacabada”, utiliza exemplos pessoais de vida e como a historicidade de tal dimensão foi construída na França especialmente, e em outros países como a Alemanha, Brasil, Estados Unidos da América e Chile.
O texto com suas 16 páginas, segue uma estrutura de 12 perguntas feitas pela revista Tempo e Argumento e as respostas de Henry Rousso. Inicialmente o texto introduz a bibliografia da vida pessoal, Acadêmica e profissional de Henry Rousso. O historiador Rousso, é pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), participou da criação e dirigiu Institut d’Histoire du Temp Present (IHTP), e é professor da Université Paris-Ouest (Nanterre-La Défense) onde orienta teses de doutorado. É um importante pesquisador dedicado nos estudos sobre a segunda guerra mundial, o período pós-guerra , enfatizando os conhecimentos sobre uma perspectiva multidisciplinar e comparativa da relação entre história, memória e justiça e, mais genericamente, sobre a epistemologia da História.
As primeiras questões incide sobre “ o que é a história do tempo presente ?”, o momento do surgimento desse tipo de fazer historiográfico. Para Rousso, existem duas repostas as questões uma ligada a contexto francês e outra com a emergência da história do tempo presente a partir do desenvolvimento da história contemporânea como seguimento da disciplina histórica e historiográfica. E apresentado à associação entre história do tempo presente e o instituto de história do tempo presente que foi criado entre 1978 e 1980, que objetivava o trabalho sobre o passado próximo, conceituado etimologicamente história contemporânea, como uma história (...) na qual o historiador investiga um tempo que não é o seu próprio tempo com testemunhas vivas e com uma memória que pode ser a sua. É mostrado como nos primeiros momentos esse tipo de história era visto como algo suspeito a ser feito, que não teria futuro, e o modismo imperando no momento era que o grande historiador, precisava estudar período moderno ou medieval, tanto é que poucos historiadores surgem, e o único a surgi é René Remond. 
 A escolha do termo “ Tempo presente” foi usada para se destacar do termo “ tempo contemporâneo”, que na França possui outro significado. A periodização do estudo, compreende os período entre a segunda guerra mundial aos nossos dias, no caso até 1980. o IHTP é oriundo de outra instituição que havia sido criada após a Segunda Guerra, que se chamava Comitê de História da Segunda Guerra Mundial. Desafios forma é detalhado duas razões para a distinção entre história do tempo presente e história contemporânea. A primeira é por uma motivação técnica e semântica, pois o IHTP queria mostrar uma “ outra coisa” (...). Na segunda, por um motivação da dimensão ideológica, no sentido que não é qualquer História que será feita a partir dos anos 1980 e o IHTP, assim como todos que trabalharam com o tempo presente, buscou objetos particulares.
O terceiro questionamento, “ No Brasil, como forma de divisão temporal da História, o modelo seguido no ensino é também esse de uma História Contemporânea que começa com a Revolução Francesa”. Nessa parte é enfatizado como a França influencia vários países europeus e latino-americanos, contudo existem outros países com recortes temporais diferentes, como o caso da Alemanha, em que o debate acontece bem anteriormente ao caso francês, debatendo sobre qual é o ponto de partida dessa história recente. Nos Estados Unidos da América a temática não constitui uma questão maior, o que difere do caso do Brasil é da América Latina, onde a abordagem é mais próxima do modelo europeu por razões evidentes e, inclusive, como uma maneira de rejeitar o modelo norte-americano.
Em “ A História do Tempo Presente é uma nova área de investigação da disciplina História?” Henry Rousso, argumenta trazendo como nuance a história da França o que vale para alguns países da Europa, e responde a questão, afirmando que sim, no início dos anos de 1980, era sim uma nova área de investigação. Aqui há o retorna o assunto sobre o que significava ser um bom historiador nessa época, através de programas universitários e projetos situados na história antiga, medieval e moderna. No concernente a história contemporânea, o autor relata como alertavam ele a ficar atento a uma “armadilha”, já que essa história, nas melhor das hipóteses, pertencia a ao domínio das Ciências Políticas, ou na pior, ao Jornalismo, mas não da História. Essa posição remonta ao forjamento da metodologia da pesquisa em História moderna, ocorrida no século XIX, na França e Alemanha.
As seguintes interrogações, “ Quais são os principais temas pesquisados pelos historiadores do Tempo Presente na França?”, e “Quais os principais referenciais teórico-metodológicos utilizados pelos historiadores do Tempo Presente?”, retratam o campo historiográfico da história do tempo-presente, como também as questões de metodologia e teoria. O autor reitera que os historiadores do contemporâneo trabalham sobre as mesmas temáticas que seus colegas que pesquisam História Moderna, pois aborda-se o Tempo, a História Social, a História Econômica, a História Política, etc. Outros assuntos dessa vertente , são a história do acontecimento político, das relações de força, dos partidos políticos, história das guerras, de sistemas totalitários, guerras civis, além de focos sobre uma história do trágico, história do paroxismo, ou seja, da violência extrema, de sistemas políticos desconhecidos. Cabe ressaltar a crítica do autor a historiografia Francesa pela falta de transdisciplinaridades com aciência política. Válido também é o confronto contra a posição do historiador François Hartog, que acusa o historiadores do Tempo Presente, fazem o equivalente ao presentinho, pois não veriam outra forma de compreender o passado senão a partir do presente. Rousso contrasta dizendo que é o contrário, nós somos uma forma de reação ao presentismo. Em relação ao pensadores da vertente, têm-se Maurice Halbwachs, Paul Ricoeur, Hannah Arendt, é Michel Foucault. 
As indagações finais, são mostrados alguns perigos de se engajar em uma luta de movimento social, no qual o autor na crítica mas argumenta que ele tem espécie de ideal de profissão e pensa que em sendo demasiado prisioneiro de uma causa não é possível trabalhar. E debatido sobre o uso de fontes utilizadas no tempo presente, como as escritas, imagéticas, audiovisuais, e relatos orais. O texto finaliza realçando a multiplicidade da história do tempo presente, compreendo que o papel de um historiador é o de mostrar temporalidades e escalas diferente, com vários olhares sobre a história. A frase final sinalizar o interesse do autor sobre a história “ Eu não abro mão da minha liberdade. Eu quero ser capaz de apresentar uma determinada visão própria sobre um problema. Talvez seja um pouco pretensioso de minha parte, mas entendo que este seja o futuro da disciplina histórica”.
Diante disso, evidencia-se a relevância da entrevista para todos os historiadores, pesquisadores, estudantes que se interessam pela temática de história do tempo-presente. O texto em si é bastante explicativo, bem fundamentado, em relações a variação das informações trazidas, quanto da metodologia mostrada, o rico diálogo historiográfico. O escrito nos convida a reflexão sobre a historiografia e métodos da história do Presente. No entanto, faltou abordar melhor a questão da transdisciplinaridade com a ciência política, e a questões dos principais teóricos da vertente, além de abordar pouco sobre as fontes utilizadas na abordagem de tempo presente e o pouco domínio do autor em relação as questões sobre o Brasil.

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