Buscar

Execução - aulas 9 e 10 (1)

Prévia do material em texto

Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
1 
 
A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material 
suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado 
com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui 
pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é 
elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das 
aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respetivas obras. 
 
Aulas 9 e 10 – EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. 
EMENTA: 1. Compreender a fase de satisfação do processo 
civil, a partir das pretensões (fazer, não fazer, entrega de coisa 
e quantia certa). 2. Relacionar as cargas de eficácia das 
sentenças com as pretensões (fazer, não fazer, entrega de coisa 
e quantia certa). 3. Identificar o procedimento da execução por 
quantia certa e o procedimento da execução das obrigações 
específicas. 4. Compreender o instituto da multa cominatória no 
cumprimento de sentença e sua forma de cobrança da multa. 5. 
Reconhecer as diferenças e semelhanças entre a defesa do 
devedor na execução de título extrajudicial (Embargos) e no 
cumprimento de sentença (Impugnação). 6. Identificar as 
hipóteses de cabimento da impugnação e casos de efeito 
suspensivo. Julgamento da impugnação. 
1) Introdução: quanto à sua origem a execução poderá ser: extrajudicial (artigo 824, do 
NCPC1) e judicial (artigo 509, do NCPC2): a execução de título extrajudicial tem como 
característica a sua autonomia procedimental – ex: a execução do cheque se faz de forma 
autônoma. A judicial, antes de 1994 era feita em outro processo, também autônomo. Após 
1994, com a modificação do artigo 461, do CPC/733, as obrigações de fazer e de não fazer 
 
1 Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as 
execuções especiais. 
2 Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a 
requerimento do credor ou do devedor: I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado 
pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II - pelo procedimento comum, quando houver 
necessidade de alegar e provar fato novo. 
3 Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a 
tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado 
prático equivalente ao do adimplemento. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
2 
 
perderam a autonomia e seguiram no mesmo processo. Após 2001, com a introdução do 
artigo 461-A, do CPC/734, o mesmo passou a se aplicar para a obrigação de entrega de coisa, 
ou seja, nos mesmos autos. Após 2005, com a introdução do artigo 475-J, do CPC/735, o 
mesmo passou a se aplicar às obrigações de quantia (dinheiro). Este movimento, de manter 
a execução no mesmo processo chama-se SINCRETISMO6. Hoje a regra é o sincretismo e 
não mais a autonomia. Sincretismo significa permitir a inserção no mesmo processo de 
diferentes atividades, no caso, o conhecimento e a execução (há algumas exceções 
pontuais, como é o caso da sentença arbitral, sentença estrangeira e sentença penal 
condenatória, que continuam autônomas). Hoje também se aplica a TEORIA DOS VASOS 
COMUNICANTES, que afirma que para toda regra omissa da execução judicial, será aplicada 
a regra da extrajudicial – não é automática, necessita de chancela jurisprudencial. 
 Título executivo judicial x título executivo extrajudicial: título executivo judicial é o 
produzido pelo poder judiciário, através de decisão transitada em julgado, ou mesmo 
aquela obtida em sede de tutela provisória. Título executivo extrajudicial é aquele 
formado por um ato de vontade entre as partes envolvidas na relação jurídica de direito 
material, ou por apenas uma delas como é o caso da CDA (certidão de dívida ativa da 
Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei), sem que o Estado-Juiz atue na 
sua produção. A distinção entre títulos executivos judiciais e extrajudiciais é relevante, 
pois no primeiro caso a execução opera-se por cumprimento de sentença, e na segunda 
hipótese através de processo de execução autônomo. Confira-se cada um deles, na 
letra da lei: 
Títulos executivos judiciais Títulos executivos extrajudiciais 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo 
cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste Título: I - as decisões proferidas 
no processo civil que reconheçam a exigibilidade 
de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não 
fazer ou de entregar coisa; II - a decisão 
homologatória de autocomposição judicial; III - a 
decisão homologatória de autocomposição 
extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e 
a certidão de partilha, exclusivamente em relação 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a 
duplicata, a debênture e o cheque; II - a 
escritura pública ou outro documento público 
assinado pelo devedor; III - o documento 
particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) 
testemunhas; IV - o instrumento de transação 
referendado pelo Ministério Público, pela 
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, 
pelos advogados dos transatores ou por 
 
4 Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo 
para o cumprimento da obrigação. 
5Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue 
no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a 
requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora 
e avaliação. 
6 Mais informações em: 
http://www.valedomogi.com.br/Download/atts/ncpc/NCPC%20Processo%20Sincr%C3%A9tico%20no%20NCPC.
pdf 
http://www.valedomogi.com.br/Download/atts/ncpc/NCPC%20Processo%20Sincr%C3%A9tico%20no%20NCPC.pdf
http://www.valedomogi.com.br/Download/atts/ncpc/NCPC%20Processo%20Sincr%C3%A9tico%20no%20NCPC.pdf
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
3 
 
ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores 
a título singular ou universal; V - o crédito de 
auxiliar da justiça, quando as custas, 
emolumentos ou honorários tiverem sido 
aprovados por decisão judicial; VI - a sentença 
penal condenatória transitada em julgado; VII - a 
sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira 
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX 
- a decisão interlocutória estrangeira, após a 
concessão do exequatur à carta rogatória pelo 
Superior Tribunal de Justiça. 
 
conciliador ou mediador credenciado por 
tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, 
penhor, anticrese ou outro direito real de 
garantia e aquele garantido por caução; VI - o 
contrato de seguro de vida em caso de morte; 
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; 
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, 
decorrente de aluguel de imóvel, bem como de 
encargos acessórios, tais como taxas e 
despesas de condomínio; IX - a certidão de 
dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
correspondente aos créditos inscritos na forma 
da lei; X - o crédito referente às contribuições 
ordinárias ou extraordinárias de condomínio 
edilício, previstas na respectiva convenção ou 
aprovadas em assembleia geral, desde que 
documentalmentecomprovadas; XI - a 
certidão expedida por serventia notarial ou de 
registro relativa a valores de emolumentos e 
demais despesas devidas pelos atos por ela 
praticados, fixados nas tabelas estabelecidas 
em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, 
por disposição expressa, a lei atribuir força 
executiva. 
2) Títulos executivos judiciais (incisos do artigo 515, do NCPC) - espécies: a) as 
decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de 
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa: trata-se da sentença ou 
acórdão, ou mesmo decisão em sede de tutela provisória, que reconheça a exigibilidade da 
obrigação de dar (pagar ou entregar coisa) fazer e não fazer. Além disso, a natureza 
condenatória de uma sentença não se restringe àquelas proferidas em ações de 
conhecimento de cunho condenatório, a exemplo da sentença declaratória em que a parte 
derrotada deve pagar custas e honorários advocatícios, o mesmo ocorrendo em ações em 
que se cumulam pedidos de naturezas diversas, a exemplo da rescisão de contrato 
(constitutiva negativa) cumulada com condenação em perdas e danos (condenatória); b) a 
decisão homologatória de auto composição judicial: o NCPC estimula a auto composição 
em vários de seus dispositivos, ou seja, a solução proposta pelos próprios litigantes durante 
o processo (auto composição endoprocessual). A sentença que homologa acordo entre os 
litigantes é de mérito, prevista no artigo 487, inciso III, b, do NCPC7, podendo ser objeto de 
cumprimento de sentença caso não seja executada espontaneamente pelas partes. Um 
exemplo de auto composição endoprocessual (fora do processo) é a transação: a forma de 
extinção das obrigações por meio de concessões mútuas, correspondendo ao acordo 
celebrado entre as partes antes em conflito com sacrifícios recíprocos. As partes podem 
 
7 Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III - homologar: (...) b) a transação. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
4 
 
transacionar sobre assuntos que não fazem parte do objeto da ação, e ainda assim a sentença 
será válida e terá eficácia executiva; c) a decisão homologatória de auto composição 
extrajudicial de qualquer natureza: esse título executivo judicial só pode ser formado por 
acordo de vontade entre as partes que concordam com a formação do título executivo judicial. 
As partes devem levar a juízo o referido acordo, processado por procedimento de jurisdição 
voluntária, pois neste caso as partes pretendem a obtenção de um mesmo bem da vida que 
é o título executivo judicial; d) o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação 
ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal: formal 
de partilha é um pronunciamento judicial que encerra o processo de arrolamento ou inventário 
e contém a adjudicação do quinhão sucessório aos herdeiros. A certidão de partilha substituirá 
o formal nos pequenos inventários ou arrolamentos. Cabe destacar que o formal e a certidão 
podem ser entendidos como expressões sinônimas. Nos termos do parágrafo único do artigo 
655, do NCPC8, o formal de partilha pode ser substituído por certidão, quando o quinhão 
hereditário a ser pago não exceder a cinco vezes o salário mínimo; e) o crédito de auxiliar 
da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por 
decisão judicial: na prática forense os honorários de auxiliares do Juízo (perito, intérprete, 
tradutor) geralmente são depositados antes do trabalho, não sendo este realizado sem o 
devido depósito prévio do valor determinado por ordem judicial. Mas na hipótese deles serem 
arbitrados por decisão judicial, tal decisão comportará pedido de cumprimento de sentença, 
caso não haja adimplemento voluntário; f) a sentença penal condenatória transitada em 
julgado: a sentença penal condenatória transitada em julgado possui como efeito secundário 
a criação de um título executivo na jurisdição civil, mesmo que nenhuma referência a isso 
tenha sido feita na jurisdição penal (artigo 91, inciso I, do Código Penal9). A sentença conterá 
a indicação do valor mínimo da indenização devida ao ofendido (artigo 387, IV, do CPP). Por 
sua vez, o novo parágrafo único do artigo 63 do CPP estabelece que uma vez “transitada em 
julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos 
termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a 
apuração do dano efetivamente sofrido”10; g) a sentença arbitral11: é o provimento final do 
 
8 Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem 
e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: I - termo de inventariante e título de herdeiros; II - 
avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III - pagamento do quinhão hereditário; IV - quitação 
dos impostos; V - sentença. Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de 
pagamento do quinhão hereditário quando esse não exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se 
transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado. 
9 Art. 91 - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. 
10 Mais informações em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista46/Revista46_111.pdf 
11 Mais informações sobre a execução da sentença arbitral: http://emporiododireito.com.br/peculiaridades-da-
execucao-da-sentenca-arbitral/ 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art654
http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista46/Revista46_111.pdf
http://emporiododireito.com.br/peculiaridades-da-execucao-da-sentenca-arbitral/
http://emporiododireito.com.br/peculiaridades-da-execucao-da-sentenca-arbitral/
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
5 
 
árbitro que resolve um conflito de interesses sobre direitos patrimoniais disponíveis na 
jurisdição privada, entre particulares que optaram pela solução extrajudicial do conflito em que 
se viram envolvidos (artigos 23 e seguintes, da Lei nº 9.307/9612). Falta ao árbitro o ius 
imperium, o poder de execução. Embora o árbitro tenha a incumbência de reconhecer a 
obrigação, somente o juiz pode impor, forçadamente, que o devedor a cumpra. Assim, 
concluída a arbitragem, recusando-se o devedor a cumprir o comando da sentença arbitral, 
resta ao credor buscar a intervenção judicial, inaugurando uma nova relação jurídica 
processual. Para o cumprimento da sentença judicial, precedida da fase de conhecimento, a 
instauração de fase de execução se dá por mero requerimento, porque já está formado o 
processo entre aquelas partes. Por outro lado, na arbitragem a execução não é continuidade 
de uma fase anterior, mas uma nova relação jurídica. Os requisitos da petição inicial (artigo 
319 do CPC) são parcialmente aplicáveis. Faz-se necessária a indicação do juízo competente, 
a qualificação das partes, a exposição da causa de pedir (a existência de título executivo 
judicial inadimplido), o pedido (citação do executado para pagamento e as medidas de força 
para satisfação da obrigação) e o valor da causa. São dispensáveis os requisitos pertinentes 
à fase de conhecimento, que são a indicação dos meios de prova e a opção ou não pela 
audiência. Complementam esses requisitos aqueles específicos do cumprimento da sentença 
(artigo 524 do CPC), quanto ao demonstrativo de cálculos e a indicação dos bens a serem 
penhorados. Evidentemente, a sentença arbitral – o título executivo – deve instruir a petição 
inicial. Caso as partes tenham previsto confidencialidadeda arbitragem, ao cumprimento da 
sentença pode ser atribuído o segredo de justiça (artigo 189, IV, do CPC). Distribuída a petição 
inicial, o cumprimento de sentença seguirá o rito estabelecido para a execução da sentença 
judicial (artigo 523 do CPC). Assim, será o devedor citado para cumprir com a obrigação em 
15 dias, sob pena de imposição de multa e honorários advocatícios de dez por cento cada 
(artigo 523, § 1º, do CPC). Assim como acontece nos demais cumprimentos de sentença, o 
procedimento de execução da sentença arbitral é combatido por meio de impugnação 
apresentada pelo executado nos próprios autos, abrangendo toda a matéria estabelecida no 
rol taxativo do CPC (artigo 525, § 1º). Especificamente em relação ao cumprimento da 
 
12 Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o 
prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição 
do árbitro. (...) Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: I - o relatório, que conterá os nomes das 
partes e um resumo do litígio; II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de 
direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por equidade; III - o dispositivo, em que os árbitros 
resolverão as questões que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se 
for o caso; e IV - a data e o lugar em que foi proferida. Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo 
árbitro ou por todos os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros 
não poder ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato. Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a 
responsabilidade das partes acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente 
de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
6 
 
sentença arbitral, há uma hipótese adicional de cabimento da impugnação: a nulidade da 
sentença arbitral, pelos vícios graves indicados na própria lei especial (artigo 32 da Lei de 
Arbitragem13); h) A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça: 
a sentença estrangeira judicial ou arbitral deve obrigatoriamente ser homologada pelo STJ – 
Superior Tribunal de Justiça, para que possa produzir efeitos em território nacional, por 
exigência da CF – artigo 105, I, “i”14. Tal sentença possui caráter constitutivo, e torna a 
sentença estrangeira apta a ser executada no Brasil (nacionalização da sentença). Cabe 
mencionar que "o Brasil adotou o sistema de controle limitado (ou juízo de delibação) no 
procedimento de homologação das sentenças estrangeiras, que independe de reciprocidade 
e tem como principal parâmetro de análise os requisitos formais da sentença, não havendo 
discussão acerca do direito material subjacente"; i) a decisão interlocutória estrangeira, 
após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça: a 
decisão interlocutória estrangeira, que seja veiculada por Carta Rogatória, é exequível em 
território nacional, sendo que para tanto é necessário o exequatur do Superior Tribunal de 
Justiça, que analisa meramente aspectos formais da Carta (juízo de delibação). Salienta-se 
que "o exequatur nada mais é que uma autorização e, o mesmo tempo, uma ordem de 
cumprimento do pedido rogatório no Brasil. Com esse expediente, o Superior Tribunal de 
Justiça encaminha à Justiça Federal, que terá a incumbência de efetivá-lo. Este procedimento, 
tal como o da homologação da sentença estrangeira, está contido nos artigos 960 a 965, do 
NCPC e, bem assim, nos artigos 216-A a 216-X do Regimento Interno do STJ". 
 
Cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar 
quantia certa 
3.1) Introdução: a sentença, após o trânsito em julgado (cumprimento definitivo) continua 
sendo executada – trata-se de título executivo judicial. A execução do TÍTULO JUDICIAL 
se perfaz no mesmo processo – SINCRETISMO (ou atividade sincrética) (com exceção da 
sentença arbitral, sentença estrangeira e penal condenatória – que necessitam de um 
processo para execução, não se tratando de continuidade da relação processual com a 
atividade executiva – artigos 515, incisos VI, VII e VIII, do NCPC). Observe-se, também, que 
 
13 Art. 32. É nula a sentença arbitral se: I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 13.129, 
de 2015); II - emanou de quem não podia ser árbitro; III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV - for 
proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; 
(Revogado pela Lei nº 13.129, de 2015); VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou 
corrupção passiva; VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e VIII - forem 
desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei. 
14 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) i) a homologação 
de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art4
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
7 
 
o Capítulo III, do Título II, do CPC enuncia: “DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA”, se 
referindo à obrigação de pagar quantia CERTA: “DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA 
SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA 
CERTA”, ou seja, determinada em gênero, número e grau. Caso a quantia não seja certa, é 
necessária a liquidação de sentença, vista em aula passada. Em síntese, segundo o artigo 
523, do NCPC15, requerido o cumprimento, definitivo ou provisório, da decisão judicial que 
reconhecer a obrigação de pagar quantia certa (com demonstrativo discriminado e atualizado 
do crédito, na forma do artigo 52416), o devedor será intimado pelo Diário da Justiça, na pessoa 
de seu advogado constituído nos autos, ou pelas demais formas previstas no artigo 513, do 
NCPC17, para, em quinze dias, realizar o pagamento do débito, acrescido de custas, se 
houver. Não realizando o pagamento voluntário no prazo de 15 dias, o débito será acrescido 
de multa de 10% e de honorários de advogado de 10%. Realizado o pagamento parcial no 
prazo de 15 dias, a multa e os honorários incidirão sobre o restante. 
 
15 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre 
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o 
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não 
ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, 
de honorários de advogado de dez por cento. § 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a 
multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante. § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento 
voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 
16 Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do 
crédito, devendo a petição conter: I - o nome completo, o número de inscriçãono Cadastro de Pessoas Físicas ou 
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 
3o; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e 
o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o 
caso; VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de 
penhora, sempre que possível. § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites 
da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o 
juiz entender adequada. § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que 
terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado. § 3o Quando a 
elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-
los, sob cominação do crime de desobediência. § 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de 
dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo 
de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. § 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não 
forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos 
apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe. 
17 Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber 
e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. § 1o O cumprimento 
da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do 
exequente. § 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença: I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu 
advogado constituído nos autos; II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria 
Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; III - por meio 
eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos IV - por edital, quando, 
citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento. § 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, 
considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao 
juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. § 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado 
após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de 
carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto 
no parágrafo único do art. 274 e no § 3o deste artigo. § 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovido 
em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art523
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art246§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art256
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art274p
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
8 
 
 Logo, em conclusão inicial, têm-se como pressupostos do cumprimento definitivo de 
sentença (com trânsito em julgado): 1) tratar-se de título executivo judicial – aqueles 
relacionados no artigo 515, do NCPC18 (com exceção dos incisos VI, VII e VIII- que 
necessitarão de execução autônoma); 2) a atividade jurisdicional é sincrética, ou seja, 
o sincretismo processual traduz uma tendência do direito processual, de combinar 
fórmulas e procedimentos, de modo a possibilitar a obtenção de mais uma tutela 
jurisdicional, de forma simples e imediata, no bojo de um mesmo processo, com o que, 
além de evitar a proliferação de processos, simplifica e humaniza a prestação 
jurisdicional19 e; 3) trata-se de quantia certa, do contrário, será necessária a liquidação 
de sentença antes de iniciar seu cumprimento. 
 Novidades do NCPC: diferentemente do CPC/73, que previa apenas o acréscimo de 
multa em razão do não cumprimento voluntário da sentença, o NCPC também prevê o 
acréscimo de honorários advocatícios, fixando desde já o percentual de 10%. 
3.2) Regras gerais (artigos 513 a 519, do NCPC): com o trânsito em julgado da sentença, o 
executado será intimado na pessoa de seu advogado para cumprir a obrigação no prazo de 
15 dias, sob pena de multa de 10% e honorários de advogado fixados em 10% (artigos 513, 
§1ºe 523, §1º20). 
3.2.1) Intimação (artigo 513, §2º): a intimação se dará: “I - pelo Diário da Justiça, na pessoa 
de seu advogado constituído nos autos; II - por carta com aviso de recebimento, quando 
representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, 
ressalvada a hipótese do inciso IV; III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 
246, não tiver procurador constituído nos autos (e nos casos em que não houver procurador 
constituído nos autos será considerada realizada a intimação quando o devedor houver 
 
18 Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste 
Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, 
de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III - a decisão 
homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, 
exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o 
crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão 
judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença 
estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a 
concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; X - (VETADO). 
19 Mais informações em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI193415,31047-Do+sincretismo+processual 
20 Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber 
e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. § 1o O cumprimento 
da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do 
exequente. (...) Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de 
decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do 
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de 
custas, se houver. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de 
multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. 
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI193415,31047-Do+sincretismo+processual
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
9 
 
mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo – artigo 513, §3º); IV - por edital, 
quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento”. 
OBS: Se o requerimento a que alude o artigo513, §1º for formulado após um ano do 
trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio 
de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos 
(artigo 513, §4º). 
OBS2: O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do 
coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento – 
responsabilidade subsidiária (artigo 513, §5º). 
3.2.2) A obrigação exequenda deve ser líquida, certa e exigível (artigo 514): quando o 
juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença 
dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo. É 
exigível a obrigação quando não existem dúvidas quanto À atualidade, ou melhor ainda, 
quando não existe impedimento à sua eficácia, vale dizer, não existe termo, condição ou 
contraprestação a se cumprir. A prova deve ser pré-constituída, e muitas vezes, se dá pelo 
simples transcurso da data do vencimento. 
OBS: pela regra do artigo 785, do NCPC, o detentor de um título executivo extrajudicial 
pode optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter o título executivo 
judicial: “Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de 
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial”. 
3.2.3) Competência no cumprimento de sentença (artigo 516): a competência será: 1) dos 
Tribunais, nas causas de competência originária: os Tribunais terão competência para o 
cumprimento quando conhecerem da causa em primeiro grau – exemplo: no julgamento de 
uma ação rescisória. Quando o cumprimento competir ao STF, é facultada a delegação de 
atribuições de atos processuais, os demais tribunais, normalmente, se utilizarão de cartas de 
ordem para a prática de certos atos processuais; 2) do juízo que decidiu a causa em 
primeiro grau de jurisdição: se a sentença foi proferida, por exemplo, pelo juízo da terceira 
vara cível e dele se apelou para o tribunal de justiça, o cumprimento ocorrerá na terceira vara 
cível; 3) do juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, 
sentença estrangeira homologada pelo STJ ou sentença arbitral: nesses casos, não 
ocorreu uma fase de conhecimento anterior no juízo cível, razão pela qual devem ser 
aplicadas as regras estabelecidas no NCPC (artigos 46 a 53 – referente à competência) – 
exemplo: sentenças penais condenatórias devem ser executadas no domicílio do exequente 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
10 
 
no local do fato – artigo 53, inciso V, do NCPC21, já as sentenças estrangeiras homologadas 
pelo STJ devem ser executadas na justiça federal – artigo 109, inciso X, da CF22. 
 De acordo com o artigo 516, parágrafo único, do NCPC, que dispõe que, exceto 
quando a competência for do Tribunal, poderá o exequente (sem ofender o princípio do 
juiz natural, mas afastando a perpetuatio jurisdicionis) optar pelo: a) local do atual 
domicílio do executado; b) juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à 
execução; c) juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou não fazer. 
Em todos estes casos, o exequente solicitará ao juízo de origem a remessa dos autos 
– embora o NCPC não especifique em que momento deva ocorrer a remessa, mas se 
supõe que deva ocorrer no momento em que o exequente requerer o cumprimento de 
sentença. 
3.2.4) Protesto: a decisão judicial poderá ser levada a protesto – artigo 517 (protesto é 
um ato ou instrumento público feito por notário ou tabelião, para fazer constar a negativa ou 
repulsa, pela qual o sacado recusa aceitar a mesma letra, ou a deixa de pagar no mesmo 
vencimento - tem a função de provar, de forma solene, a diligência do credor de cobrar o título 
do devedor23), com algumas condições: a) depois de transcorrido o prazo para pagamento 
voluntário previsto no artigo 52324; b) apresentar certidão de teor da decisão, que deverá ser 
fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do 
executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para 
pagamento voluntário (artigo 517, §§ 1º e 2º). A requerimento do executado, o protesto será 
cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 
três dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação 
integral da obrigação (artigo 517, §4º). 
OBS: em matéria de defesa/impugnação do executado: todas as questões relativas 
à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos 
 
21 Art. 53. É competente o foro: (...) V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de 
dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 
22 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)X - os crimes de ingresso ou permanência irregular 
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, 
as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. 
23 Mais informações em: http://www.protesto.com.br/home.php e 
www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informativo/article/download/.../209 
24 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre 
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o 
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não 
ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, 
de honorários de advogado de dez por cento. 
http://www.protesto.com.br/home.php
http://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informativo/article/download/.../209
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
11 
 
subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes 
serão decididas pelo juiz (artigo 518). 
3.2.5) Tutelas provisórias e cumprimento de sentença (artigo 519): aplicam-se as 
disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no 
que couber, às decisões que concederem tutela provisória. 
4) Procedimento do cumprimento de sentença: requerido o cumprimento de sentença, 
definitivo ou provisório, da decisão que reconhecer obrigação de pagar quantia certa (com 
demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, na forma do artigo 52425), o devedor será 
intimado para, em 15 dias, realizar o pagamento do débito, acrescido de custas, se houver. 
Não realizado o pagamento voluntário no prazo de 15 dias, o débito será acrescido de multa 
de 10% e de honorários de advogado de 10% (artigo 523, §1º26). Realizado o pagamento 
parcial no prazo de 15 dias, a multa e os honorários incidirão sobre o restante (artigo 523, 
§2º27). Não sendo pago integralmente o valor devido, será expedido mandado de 
penhora de avaliação, seguindo-se em atos de expropriação, vale dizer, a adjudicação 
ou a alienação por iniciativa particular em leilão judicial eletrônico ou presencial (artigo 
523, §3º28). 
Alguns conceitos necessários para prosseguir (que serão tratados em aulas 
futuras): 
Mandado de penhora e avaliação: a penhora é procedimento de individualização dos 
bens que efetivamente estarão sujeitos à execução. Até a realização da penhora, a 
responsabilidade patrimonial do executado é ampla, de modo que, a princípio, todos os 
seus bens respondem pelas dívidas. Após a penhora os bens a ela sujeitos tornam-se 
indisponíveis para o devedor, que somente os onerará ou alienará fraudulentamente. O 
devedor continua proprietário do bem, somentenão pode dispor do mesmo. Em relação 
a terceiro eventual adquirente de bem penhorado há presunção absoluta de má-fé. 
 
25 Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do 
crédito, devendo a petição conter: I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou 
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 
3o; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e 
o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o 
caso; VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de 
penhora, sempre que possível. 
26 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre 
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o 
executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não 
ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, 
de honorários de advogado de dez por cento. 
27 (...) § 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o 
incidirão sobre o restante. 
28 (...) § 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de 
penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art523
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
12 
 
É possível a incidência de mais de uma penhora em um único bem, sem que para 
pagamento dos créditos após a alienação do bem penhora, leva-se em conta a ordem das 
penhoras para preferência, desde que ausente algum motivo que estabeleça preferência 
especial, como, por exemplo, dívidas da fazenda pública ou trabalhistas. Quando da 
penhora, deve ser nomeado depositário do bem, que terá a posse do bem na condição de 
depositário, não podendo dela se utilizar livremente, ou perceber inadvertidamente os 
frutos do bem etc. Além disso, o depositário tem o dever de restituir a coisa imediatamente 
após ser advertido a tanto pelo juiz. A penhora é realizada com a lavratura do auto ou do 
termo de penhora, sendo que o ato somente é tido como perfeito e acabado após o 
depósito do bem. O mandado de penhora e avaliação, por sua vez, é a ordem do Juiz 
para que o oficial de justiça localize e individualize os bens indicados pelo devedor ou 
credor, e os avalie, caso tenha condição (do contrário será necessário perícia). 
OBS1: Diferença entre penhor e penhora: penhor é uma garantia dada pelo devedor, 
espontânea ou por imposição legal, de obrigação assumida. O devedor entrega uma coisa 
móvel sua ou de outra pessoa (desde que autorizada por esta) como forma de garantir 
que a obrigação por ele assumida seja cumprida. Caso o devedor descumpra a obrigação, 
a coisa dada em garantia permanece com o credor para o cumprimento da dívida. 
Exemplo: o cheque caução emitido em um hospital como forma de garantia de 
atendimento é uma espécie de penhor, ou seja, caso o paciente não efetue o pagamento 
pelo tratamento, o cheque caução garante o pagamento. 
OBS2: Há bens que não são penhoráveis e estão relacionados no artigo 833, do NCPC: 
“I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - 
os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do 
executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns 
correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences 
de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, 
os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os 
pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e 
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo 
e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as 
ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao 
exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários 
para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
13 
 
rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos 
recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou 
assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 
(quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por 
partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades 
imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. A 
impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, 
inclusive àquela contraída para sua aquisição”. Estes casos são referentes à 
impenhorabilidade ABSOLUTA – ou seja, não poderão ser penhorados em nenhuma 
circunstância. Visam assegurar a DIGNIDADE DO EXECUTADO. A impenhorabilidade 
RELATIVA é trazida no artigo 834, do NCPC e refere-se aos frutos e rendimentos dos 
bens inalienáveis. 
OBS3: Impenhorabilidade e bem de família (Lei nº 8.009/9029): em regra geral, o bem 
de família é impenhorável, conforme artigo 1º, da Lei nº 8.009/90: “o imóvel residencial 
próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer 
tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos 
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas 
hipóteses previstas nesta lei”, sendo que “a impenhorabilidade compreende o imóvel sobre 
o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e 
todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, 
desde que quitados” (artigo 1º, parágrafo único). Para os efeitos de impenhorabilidade, de 
que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou 
pela entidade familiar para moradia permanente - se possuidor de vários imóveis 
utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo 
se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis (artigo 5º). Exceções 
(artigo 3º): a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, 
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: a) pelo titular do crédito 
decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite 
dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; b) pelo credor 
da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, 
com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos 
responderão pela dívida; c) para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e 
contribuições devidas em função do imóvel familiar; d) para execução de hipoteca sobre 
 
29 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htm 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htmCentro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
14 
 
o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; e) por ter sido 
adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a 
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; f) por obrigação decorrente de fiança 
concedida em contrato de locação. Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, 
sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência 
familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga (artigo 4º). Neste caso, poderá o juiz, na 
respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, 
ou anular a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a 
hipótese. 
OBS4: Ordem dos bens sujeitos à execução (tema que será visto com detalhes na 
execução de título extrajudicial): a ordem está prevista no artigo 835, do NCPC: “I - 
dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - títulos da 
dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; III - 
títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre; V - 
bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII - navios e aeronaves; IX - 
ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de 
empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos derivados de 
promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros direitos. 
§ 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a 
ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto. § 2o Para fins 
de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia 
judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de 
trinta por cento. § 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a 
coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será 
intimado da penhora”. A adoção do termo “preferencialmente” denota a ideia de que a 
ordem legal não é absoluta e inflexível, admitindo-se a sua modificação pelo juiz na análise 
do caso concreto. Para tanto, o juiz deverá realizar juízo de ponderação entre a 
necessidade de garantir maior efetividade da execução para o exequente, e a menor 
onerosidade para o executado. Nesse sentido, conferir a súmula 417, do STJ: “na 
execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de bens não tem caráter 
absoluto”. Além disso, por expressa disposição do artigo 836, do NCPC30: não se realizará 
 
30 Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens 
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. § 1o Quando não encontrar bens 
penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os 
bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica. § 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
15 
 
penhora quando se verificar que o produto da execução dos bens encontrados será 
totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. Portanto, é 
intolerável o manejo do processo de execução com escopo, tão somente, de causar 
prejuízo ao executado. O que pretende o NCPC é que a constrição recaia sobre bem 
com expressão econômica e que seja suficiente para cobrir, ainda que em parte o 
pagamento do que se cobra via execução. 
Atos de expropriação: é o ato praticado pelo juiz, com a finalidade de transferir bem do 
devedor a outra pessoa, para satisfazer a execução, independente de sua anuência. 
Adjudicação: é ato de expropriação executiva no qual o bem penhorado é transferido 
para o credor ou outros legitimados – artigo 876, §5º, do NCPC, mediante requerimento 
expresso nesse sentido. Na adjudicação, o credor (ou terceiro), em lugar de dinheiro, 
recebe bens do executado, imóveis ou móveis, incluída, ainda, a possibilidade de penhora 
de quotas sociais. Com isso, a execução tende a facultar, se assim desejar, ao exequente 
a aquisição (mediante a apropriação direta) dos bens penhorados como forma de 
compensação de seu crédito. Dois pressupostos, portanto, colocam‑se à adjudicação pelo 
exequente: o primeiro deles é o requerimento e, o segundo, a oferta de preço em valor 
não inferior ao da avaliação (artigo 876, caput). 
Leilão judicial (eletrônico ou presencial): é a venda de bens penhorados através de 
mandado judicial, para garantia de uma execução. Denomina-se como “praça” a hasta 
pública de bem imóvel. Utiliza-se o termo hasta pública, quando se tratar de bem móvel 
ou imóvel, levado à praça ou leilão. O termo hasta pública é gênero, do qual praça ou leilão 
são espécies. Assim, temos que os bens serão arrematados em hasta pública. OBS: não 
se aplica tal conceito no processo do trabalho, já que poderão ser levados à praça tanto 
os bens imóveis quanto os bens móveis, por força do artigo 888 da CLT. 
4.1) Intimação do executado/devedor: como visto acima, na forma do artigo 513 e seguintes 
do NCPC. 
4.2) Multa de 10% (artigo 523): relacionam-se agora algumas questões importantes 
referentes à multa: a) termo inicial da contagem: há três correntes doutrinárias sobre o tema: 
1) conta-se do trânsito em julgado (Athos Gusmão Carneiro); 2) conta-se da intimação pessoal 
(Barbosa Moreira) e; 3) conta-se da intimação do advogado: corrente que prevalece – ampla 
 
2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até 
ulterior determinação do juiz. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
16 
 
doutrina e posição adotada pelo STJ – se dá após a baixa dos autos em primeiro grau; b) 
natureza jurídica da multa: também conta com três correntes doutrinárias: 1) é medida 
coercitiva: visa coagir ao pagamento (Luiz Fux, Luiz Rodrigues Wambier); 2) é medida 
sancionatória – visa apenar o devedor (Luiz Guilherme Mariononi) e; 3) híbrida – apresenta 
as duas funções indicadas acima (Fredie Didier). Enquanto medida coercitiva, a posição é 
criticável, pois a astreinte31 é coercitiva, já que é multa prospectiva. A multa de 10% é cláusula 
penal, portanto, retrospectiva – tem natureza sancionatória. A multa não cresce; é fixa, seja 
atrasado um dia ou um ano. De todo modo, não há corrente que prevalece nesse sentido; c) 
dação em pagamento: pode ser oferecido bem para pagamento ao invés de dinheiro. Neste 
caso, de entrega do bem ao invés de dinheiro, não incidirá a multa, desde que feito no prazo 
de 15 dias, e desde que o juiz aceite o bem – fundamento: efetividade e dação em pagamento 
prevista nos artigos 356 a 359, do Código Civil, como modalidade de extinção das obrigações; 
d) pagamento parcial: caso efetuado pagamento parcial, a multa será parcialmente reduzida 
– artigo 523, §2º, do NCPC: “§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, 
a multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante”; e) litisconsórcio 
passivo: a multa de 10% é sobre o valor total da dívida e não sobre cada executado; f) base 
de cálculo: a multa incide sobre o valor da condenação com juros e honorários. 
4.3) Requerimento do credor/exequente (artigo 524): o requerimento se dará por petição, 
que será instruída com o demonstrativo discriminado e atualizado do débito, contendo: “I - o 
nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no CadastroNacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, 
§§ 1o a 3º (§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na 
petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial 
não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for 
possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao 
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou 
excessivamente oneroso o acesso à justiça); II - o índice de correção monetária adotado; III - 
os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da 
correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI 
- especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens 
passíveis de penhora, sempre que possível”. 
 
31 É a multa diária imposta por condenação judicial – mais informações em: 
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI192760,31047-As+astreintes+na+visao+do+STJ 
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI192760,31047-As+astreintes+na+visao+do+STJ
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
17 
 
OBS1: quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites 
da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por 
base a importância que o juiz entender adequada (artigo 524, §1º). 
OBS2: Perícia: para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista 
do juízo, que terá o prazo máximo de 30 dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for 
determinado (artigo 524, §2º). 
OBS3: Poderes do Juiz (artigo 524, §§3º, 4º e 5º): quando a elaboração do 
demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá 
requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência32. Quando a complementação do 
demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a 
requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 dias para o cumprimento 
da diligência. Se os dados adicionais não forem apresentados pelo executado, sem 
justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo 
exequente apenas com base nos dados de que dispõe. 
4.4) Providências do devedor/executado: diante de um cumprimento de sentença, o 
devedor/executado poderá: a) pagar espontaneamente: hipótese em que será extinta a 
execução – artigo 924, inciso II, do NCPC33 - antes ou depois de intimado para pagamento 
(se depois dos 15 dias incidirá a multa, se antes, não); b) antes de ser intimado para o 
cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que 
entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo, na forma do artigo 526, do 
NCPC; c) oferecer impugnação, na forma do artigo 525, do NCPC; d) oferecer exceção de 
pré-executividade – nestas últimas duas hipóteses, na impugnação e na exceção de pré-
executividade, tem-se as duas modalidades de defesa o devedor/executado no cumprimento 
de sentença. 
OBS: O parcelamento (moratória processual – artigo 916, do NCPC34) não será 
aplicado ao cumprimento de sentença (expressa disposição do artigo 916, §7º), ou seja, 
 
32 Desobediência - Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias 
a seis meses, e multa. 
33 Art. 924. Extingue-se a execução quando: (...) II - a obrigação for satisfeita. 
34 Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta 
por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá 
requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção 
monetária e de juros de um por cento ao mês. § 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o 
preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. § 2o Enquanto não 
apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu 
levantamento. § 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos 
executivos. § 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido 
em penhora. § 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: I - o vencimento das 
prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos; II - a 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
18 
 
nos procedimentos executivos do processo de conhecimento, destinando-se apenas ao 
processo de execução autônomo, fundado em título executivo extrajudicial. 
4.4.1) Pagamento parcial (artigo 526): antes da intimação para cumprimento voluntário da 
sentença, pode o devedor se antecipar e oferecer em pagamento o VALOR QUE 
CONSIDERA DEVIDO, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado do débito 
(artigo 526, caput35). Este depósito, conforme a letra da lei, não poderá ser realizado após a 
intimação para o cumprimento voluntário da sentença. Nesta hipótese, o autor será ouvido em 
5 dias (artigo 526, §1º36) e poderá: a) não apresentando impugnação ao valor depositado 
pelo devedor, o juiz dará por satisfeita a obrigação e extinguirá o processo (artigo 526, §3º37), 
na forma do artigo 924, inciso II, do NCPC; b) apresentando impugnação do valor 
depositado pelo devedor, poderá a parcela incontroversa ser levantada (artigo 526, §1º) e o 
procedimento continuara pelo valor controvertido. Se, ao final, o juiz concluir que o valor 
depositado foi insuficiente, sobre ele incidirão multa de 10% e honorários advocatícios de 
10%, sendo expedido mandado de penhora e avaliação (artigo 526, §2º38). 
4.4.2) Impugnação do executado (artigo 525): é a resposta do executado na execução de 
título judicial – é o meio de oposição do executado ao cumprimento de sentença. Quanto à 
sua natureza jurídica: a doutrina é dividida entre ação e defesa – não há certo ou errado, as 
duas posições são sustentáveis. Na vigência do CPC/73, existia dúvida sobre a possibilidade 
de impugnar antes da garantia do juízo. Essa dúvida desapareceu no NCPC: a impugnação 
INDEPENDE DA GARANTIA DO JUÍZO para ser apresentada (artigo 525, caput), mas o 
juiz somente concederá efeito suspensivo se houver a garantia do juízo, ou seja, penhora, 
depósito ou caução, além dos demais requisitos legais previstos no artigo 525, §6º39. Algumas 
considerações pertinentes sobre a impugnação: 
a) Prazo (artigo 525, caput): transcorrido o prazo previsto no artigo 523 (15 dias) sem o 
pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para que o executado, 
 
imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. § 6o A opção pelo 
parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos. § 7o O disposto neste artigo 
não se aplica ao cumprimento da sentença. 
35 Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer 
em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo. 
36 (...) § 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do 
levantamento do depósito a título de parcela incontroversa. 
37 (...) § 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo. 
38 (...) § 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito,sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e 
honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos 
subsequentes. 
39 (...) § 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, 
podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito 
suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da 
execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
19 
 
independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua 
impugnação. 
b) Matérias possíveis de alegação em impugnação (artigo 525, §1º e §§ 12 a 15): na 
impugnação, o executado poderá alegar: “I - falta ou nulidade da citação se, na fase de 
conhecimento, o processo correu à revelia”; II - ilegitimidade de parte (exemplo: o credor 
morreu e o cumprimento foi requerido por quem não é seu sucessor); III - inexequibilidade 
do título ou inexigibilidade da obrigação (conforme dispõe o §11, do artigo 525: as 
questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da 
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da 
avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, 
tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 dias para formular esta arguição, 
contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato); IV - penhora incorreta ou 
avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções (vide 
comentário abaixo sobre os §§4º e 5º); VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da 
execução (INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA: Interesse público - direito indisponível; deve ser 
declarada de ofício (artigo 64, § 1º, do NCPC40); trata de vício não sujeito a prorrogação – 
exemplos: competência em razão da matéria, da hierarquia e funcional; INCOMPETÊNCIA 
RELATIVA: interesse privado; não pode ser declarada de ofício, conforme súmula 33 do 
STJ41, com exceção de uma regra apenas artigo 63, § 3º42; trata de vício sujeito a prorrogação 
(artigo 65, do NCPC43) – exemplos: competência em razão do território e do valor; VII - 
qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, 
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. 
 Também se considerará inexigível a obrigação (§§ 12 a 15): aquela reconhecida 
em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional 
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do 
ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição 
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. 
 
40 Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 1o A 
incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 
41 Súmula 33: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. 
42 Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será 
proposta ação oriunda de direitos e obrigações. (...) § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, 
pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio 
do réu. 
43 Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de 
contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em 
que atuar. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
20 
 
c) Alegação de suspeição e impedimento (artigo 526, §2º): deve-se observar o disposto 
no artigo 14644 e no artigo 148, do NCPC45. 
d) Aplicação do prazo em dobro (artigo 525, §3º): conforme o disposto no artigo 229, do 
NCPC: “Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia 
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer 
juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em 
dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não 
se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos”. 
e) Excesso de execução e indicação do valor devido – consequências (artigo 525, 
§§4º e 5º): quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia 
quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que 
entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. 
Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será 
liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver 
outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de 
execução – fundamento: boa-fé processual (artigos 4º a 6º, do NCPC46). 
f) Efeitos da impugnação e atribuição de efeito suspensivo (artigo 525, §§6º a 10º): a 
apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de 
 
44 Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a 
suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo 
instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. § 1o Se reconhecer o 
impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu 
substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, 
apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a 
remessa do incidente ao tribunal. § 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, 
se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - com efeito suspensivo, o 
processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. § 3o Enquanto não for declarado o efeito em que 
é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao 
substituto legal. § 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal 
rejeitá-la-á. § 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará 
o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6o Reconhecido 
o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7 o O 
tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de 
suspeição. 
45 Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos 
auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1o A parte interessada deverá arguir o 
impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em 
que lhe couber falar nos autos. § 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do 
processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. 
§ 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno. § 4o O disposto nos 
§§ 1o e 2onão se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. 
46 Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade 
satisfativa. Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-
fé. Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão 
de mérito justa e efetiva. 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
21 
 
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o 
juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se 
seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente 
suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. A concessão 
de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de 
redução da penhora e de avaliação dos bens. Quando o efeito suspensivo atribuído à 
impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto 
à parte restante. A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos 
executados não suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o 
respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante. Ainda que 
atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento 
da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser 
arbitrada pelo juiz. 
4.4.3) Exceção de pré-executividade (ou objeção de não executividade): não é instituto 
previsto na lei processual, tendo sido admitida em nosso direito por construção doutrinário-
jurisprudencial. Passou a ser admitida para possibilitar a discussão de certas questões sem 
submeter o executado ao ônus da penhora. Por meio dela, tornou-se viável o exercício da 
defesa no processo de execução sem o condicionamento da prévia constrição patrimonial do 
devedor. Facultou-se o comparecimento de imediato nos autos para submeter ao 
conhecimento do magistrado determinadas matérias relativas à nulidade do título, 
independentemente de penhora ou embargos. A ideia era de que não se justificava 
submeter o executado à constrição patrimonial quando flagrante ou evidente a nulidade 
do título e, por conseguinte, do próprio processo executivo. Atribui-se sua criação a 
Pontes de Miranda em parecer para uma empresa mineira que foi executada por uma série 
de títulos falsos. 
 Conceito: é a defesa ou resposta do executado fora dos embargos ou impugnação 
(defesa em título judicial e extrajudicial) – é cabível tanto em execução de título 
extrajudicial, como em cumprimento de sentença (título judicial). 
 Fundamento: a exceção encontra fundamento no princípio do contraditório e da ampla 
defesa – artigo 5º, incisos LIV e LV, da CF e no princípio da menor onerosidade ao 
devedor. 
 Procedimento e cabimento: por petição simples. A exceção visa atacar matérias de 
ordem pública e matérias que envolvam prova pré-constituída (não há dilação probatória 
em exceção de pré-executividade) – em lugar para impugnação de matérias 
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
22 
 
cognoscíveis de ofício. O prazo a ser observado é até o trânsito em julgado da 
execução. A partir daí não se admitirá mais a exceção de pré-executividade. 
Apresentada pelo executado e não se tratando de questões de ordem pública, que a 
priori deverão ser julgadas de ofício, abrir-se-á o prazo para a manifestação da parte 
exequente, no prazo estabelecido pelo juiz. Diante do silêncio, aplica-se o prazo 
supletivo de cinco dias - artigo 218, § 3º, do NCPC. 
 Efeitos: não tem efeito suspensivo em regra, mas poderá ser concedido pelo juiz 
diante das situações excepcionais que autorizam a concessão do efeito suspensivo 
(tutelas provisórias). 
 Recursos cabíveis: da decisão que acolhe ou rejeita tal incidente, caberá recurso de 
apelação (se extinta a execução) ou de agravo (se houver decisão interlocutória). Deve 
ser analisado cada caso até que seja julgada definitivamente a sua procedência. É uma 
matéria pacífica, uma vez que é reconhecida pela doutrina e jurisprudência a sua 
eficácia dentro do ordenamento jurídico, pois viabiliza que o executado se utilize dessa 
modalidade de defesa para se proteger dos vícios e irregularidades existentes no 
processo executivo, de uma maneira mais célere e menos onerosa. 
5) Arquivamento, suspensão da execução, prescrição e extinção no cumprimento de 
sentença47: ressalvadas as devidas proporções e pertinência, aplicam-se à execução de título 
judicial (cumprimento de sentença) e título extrajudicial (execução autônoma), que serão 
vistas em aulas futuras. 
5.1) Prescrição: o rito do cumprimento de sentença para o pagamento de quantia certa, 
depende da inciativa do credor, que, através de expresso requerimento, dá impulso ao feito. 
Entretanto, à medida que o tempo passa sem que o autor manifeste o seu desejo de cobrança, 
é fomentada uma situação de insegurança para o devedor, e até para eventuais terceiros, o 
que pode afrontar a paz social, fundamento mor da prescrição (lembrando-se que a teor do 
artigo 202, do Código Civil, a prescrição, nesta finalidade, somente se interrompe uma única 
vez48). A partir dessa problemática, a doutrina vislumbra três hipóteses: 1) a 
imprescritibilidade; 2) a prescrição do prazo geral do artigo 205 do Código Civil (dez anos), 
ou; 3) a da regra da Súmula 150 do STF, que estatui que “prescreve a execução no mesmo 
prazo de prescrição da ação”, entendimento que prevalece (mas, como verificado, não é 
unânime na doutrina). 
 
47 Mais informações em: https://jus.com.br/artigos/44892/o-prazo-prescricional-para-o-requerimento-do-
cumprimento-de-sentenca 
48Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, 
mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. 
https://jus.com.br/artigos/44892/o-prazo-prescricional-para-o-requerimento-do-cumprimento-de-sentenca
https://jus.com.br/artigos/44892/o-prazo-prescricional-para-o-requerimento-do-cumprimento-de-sentenca
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Execução civil 
 
Professor Gustavo Belucci 
23 
 
5.2) Arquivamento: o arquivamento do processo não se confunde com extinção. Não fica o 
exequente impossibilitado de requerer seu posterior desarquivamento, ressalvada a hipótese 
de prescrição, como bem ressalta Luiz Rodrigues Wambier “se decorrer desde o trânsito em 
julgado o lapso prescricional para executar (que é igual ao prazo prescricional que antes se 
punha para a ação de conhecimento – Súmula 150 do STF), sem que o credor formule aquele 
requerimento, ocorrerá a prescrição da pretensão executiva”. Logo, como não há mais 
interrupção da prescrição pelo arquivamento (artigo 202, do Código Civil), deve-se observar 
o prazo de prescrição na forma da súmula 150, do STF. 
5.3) Suspensão da execução (artigo 921, do NCPC): a execução será suspensa (lembrando 
que a suspensão não se confunde com a interrupção – na suspensão, o prazo volta a correr 
pelo restante e na interrupção o prazo volta a correr por inteiro): 1) nas hipóteses dos artigos 
313 e 315, do NCPC, no que couber: pela morte ou pela perda da capacidade processual 
de qualquer das partes, de seu representante legal ou procurador; pela convenção das partes; 
pela arguição de impedimento ou suspeição; pela admissão de incidente de resolução de 
demandas repetitivas; quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa, 
ou da declaração de existência ou inexistência de relação jurídica que

Continue navegando