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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 1 A D V E R T Ê N C I A Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou cópia das respetivas obras. Aulas 9 e 10 – EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. EMENTA: 1. Compreender a fase de satisfação do processo civil, a partir das pretensões (fazer, não fazer, entrega de coisa e quantia certa). 2. Relacionar as cargas de eficácia das sentenças com as pretensões (fazer, não fazer, entrega de coisa e quantia certa). 3. Identificar o procedimento da execução por quantia certa e o procedimento da execução das obrigações específicas. 4. Compreender o instituto da multa cominatória no cumprimento de sentença e sua forma de cobrança da multa. 5. Reconhecer as diferenças e semelhanças entre a defesa do devedor na execução de título extrajudicial (Embargos) e no cumprimento de sentença (Impugnação). 6. Identificar as hipóteses de cabimento da impugnação e casos de efeito suspensivo. Julgamento da impugnação. 1) Introdução: quanto à sua origem a execução poderá ser: extrajudicial (artigo 824, do NCPC1) e judicial (artigo 509, do NCPC2): a execução de título extrajudicial tem como característica a sua autonomia procedimental – ex: a execução do cheque se faz de forma autônoma. A judicial, antes de 1994 era feita em outro processo, também autônomo. Após 1994, com a modificação do artigo 461, do CPC/733, as obrigações de fazer e de não fazer 1 Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais. 2 Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor: I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação; II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo. 3 Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 2 perderam a autonomia e seguiram no mesmo processo. Após 2001, com a introdução do artigo 461-A, do CPC/734, o mesmo passou a se aplicar para a obrigação de entrega de coisa, ou seja, nos mesmos autos. Após 2005, com a introdução do artigo 475-J, do CPC/735, o mesmo passou a se aplicar às obrigações de quantia (dinheiro). Este movimento, de manter a execução no mesmo processo chama-se SINCRETISMO6. Hoje a regra é o sincretismo e não mais a autonomia. Sincretismo significa permitir a inserção no mesmo processo de diferentes atividades, no caso, o conhecimento e a execução (há algumas exceções pontuais, como é o caso da sentença arbitral, sentença estrangeira e sentença penal condenatória, que continuam autônomas). Hoje também se aplica a TEORIA DOS VASOS COMUNICANTES, que afirma que para toda regra omissa da execução judicial, será aplicada a regra da extrajudicial – não é automática, necessita de chancela jurisprudencial. Título executivo judicial x título executivo extrajudicial: título executivo judicial é o produzido pelo poder judiciário, através de decisão transitada em julgado, ou mesmo aquela obtida em sede de tutela provisória. Título executivo extrajudicial é aquele formado por um ato de vontade entre as partes envolvidas na relação jurídica de direito material, ou por apenas uma delas como é o caso da CDA (certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei), sem que o Estado-Juiz atue na sua produção. A distinção entre títulos executivos judiciais e extrajudiciais é relevante, pois no primeiro caso a execução opera-se por cumprimento de sentença, e na segunda hipótese através de processo de execução autônomo. Confira-se cada um deles, na letra da lei: Títulos executivos judiciais Títulos executivos extrajudiciais Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por 4 Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. 5Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. 6 Mais informações em: http://www.valedomogi.com.br/Download/atts/ncpc/NCPC%20Processo%20Sincr%C3%A9tico%20no%20NCPC. pdf http://www.valedomogi.com.br/Download/atts/ncpc/NCPC%20Processo%20Sincr%C3%A9tico%20no%20NCPC.pdf http://www.valedomogi.com.br/Download/atts/ncpc/NCPC%20Processo%20Sincr%C3%A9tico%20no%20NCPC.pdf Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 3 ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça. conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmentecomprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 2) Títulos executivos judiciais (incisos do artigo 515, do NCPC) - espécies: a) as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa: trata-se da sentença ou acórdão, ou mesmo decisão em sede de tutela provisória, que reconheça a exigibilidade da obrigação de dar (pagar ou entregar coisa) fazer e não fazer. Além disso, a natureza condenatória de uma sentença não se restringe àquelas proferidas em ações de conhecimento de cunho condenatório, a exemplo da sentença declaratória em que a parte derrotada deve pagar custas e honorários advocatícios, o mesmo ocorrendo em ações em que se cumulam pedidos de naturezas diversas, a exemplo da rescisão de contrato (constitutiva negativa) cumulada com condenação em perdas e danos (condenatória); b) a decisão homologatória de auto composição judicial: o NCPC estimula a auto composição em vários de seus dispositivos, ou seja, a solução proposta pelos próprios litigantes durante o processo (auto composição endoprocessual). A sentença que homologa acordo entre os litigantes é de mérito, prevista no artigo 487, inciso III, b, do NCPC7, podendo ser objeto de cumprimento de sentença caso não seja executada espontaneamente pelas partes. Um exemplo de auto composição endoprocessual (fora do processo) é a transação: a forma de extinção das obrigações por meio de concessões mútuas, correspondendo ao acordo celebrado entre as partes antes em conflito com sacrifícios recíprocos. As partes podem 7 Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III - homologar: (...) b) a transação. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 4 transacionar sobre assuntos que não fazem parte do objeto da ação, e ainda assim a sentença será válida e terá eficácia executiva; c) a decisão homologatória de auto composição extrajudicial de qualquer natureza: esse título executivo judicial só pode ser formado por acordo de vontade entre as partes que concordam com a formação do título executivo judicial. As partes devem levar a juízo o referido acordo, processado por procedimento de jurisdição voluntária, pois neste caso as partes pretendem a obtenção de um mesmo bem da vida que é o título executivo judicial; d) o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal: formal de partilha é um pronunciamento judicial que encerra o processo de arrolamento ou inventário e contém a adjudicação do quinhão sucessório aos herdeiros. A certidão de partilha substituirá o formal nos pequenos inventários ou arrolamentos. Cabe destacar que o formal e a certidão podem ser entendidos como expressões sinônimas. Nos termos do parágrafo único do artigo 655, do NCPC8, o formal de partilha pode ser substituído por certidão, quando o quinhão hereditário a ser pago não exceder a cinco vezes o salário mínimo; e) o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial: na prática forense os honorários de auxiliares do Juízo (perito, intérprete, tradutor) geralmente são depositados antes do trabalho, não sendo este realizado sem o devido depósito prévio do valor determinado por ordem judicial. Mas na hipótese deles serem arbitrados por decisão judicial, tal decisão comportará pedido de cumprimento de sentença, caso não haja adimplemento voluntário; f) a sentença penal condenatória transitada em julgado: a sentença penal condenatória transitada em julgado possui como efeito secundário a criação de um título executivo na jurisdição civil, mesmo que nenhuma referência a isso tenha sido feita na jurisdição penal (artigo 91, inciso I, do Código Penal9). A sentença conterá a indicação do valor mínimo da indenização devida ao ofendido (artigo 387, IV, do CPP). Por sua vez, o novo parágrafo único do artigo 63 do CPP estabelece que uma vez “transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido”10; g) a sentença arbitral11: é o provimento final do 8 Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças: I - termo de inventariante e título de herdeiros; II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; III - pagamento do quinhão hereditário; IV - quitação dos impostos; V - sentença. Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de pagamento do quinhão hereditário quando esse não exceder a 5 (cinco) vezes o salário-mínimo, caso em que se transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado. 9 Art. 91 - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. 10 Mais informações em: http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista46/Revista46_111.pdf 11 Mais informações sobre a execução da sentença arbitral: http://emporiododireito.com.br/peculiaridades-da- execucao-da-sentenca-arbitral/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art654 http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista46/Revista46_111.pdf http://emporiododireito.com.br/peculiaridades-da-execucao-da-sentenca-arbitral/ http://emporiododireito.com.br/peculiaridades-da-execucao-da-sentenca-arbitral/ Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 5 árbitro que resolve um conflito de interesses sobre direitos patrimoniais disponíveis na jurisdição privada, entre particulares que optaram pela solução extrajudicial do conflito em que se viram envolvidos (artigos 23 e seguintes, da Lei nº 9.307/9612). Falta ao árbitro o ius imperium, o poder de execução. Embora o árbitro tenha a incumbência de reconhecer a obrigação, somente o juiz pode impor, forçadamente, que o devedor a cumpra. Assim, concluída a arbitragem, recusando-se o devedor a cumprir o comando da sentença arbitral, resta ao credor buscar a intervenção judicial, inaugurando uma nova relação jurídica processual. Para o cumprimento da sentença judicial, precedida da fase de conhecimento, a instauração de fase de execução se dá por mero requerimento, porque já está formado o processo entre aquelas partes. Por outro lado, na arbitragem a execução não é continuidade de uma fase anterior, mas uma nova relação jurídica. Os requisitos da petição inicial (artigo 319 do CPC) são parcialmente aplicáveis. Faz-se necessária a indicação do juízo competente, a qualificação das partes, a exposição da causa de pedir (a existência de título executivo judicial inadimplido), o pedido (citação do executado para pagamento e as medidas de força para satisfação da obrigação) e o valor da causa. São dispensáveis os requisitos pertinentes à fase de conhecimento, que são a indicação dos meios de prova e a opção ou não pela audiência. Complementam esses requisitos aqueles específicos do cumprimento da sentença (artigo 524 do CPC), quanto ao demonstrativo de cálculos e a indicação dos bens a serem penhorados. Evidentemente, a sentença arbitral – o título executivo – deve instruir a petição inicial. Caso as partes tenham previsto confidencialidadeda arbitragem, ao cumprimento da sentença pode ser atribuído o segredo de justiça (artigo 189, IV, do CPC). Distribuída a petição inicial, o cumprimento de sentença seguirá o rito estabelecido para a execução da sentença judicial (artigo 523 do CPC). Assim, será o devedor citado para cumprir com a obrigação em 15 dias, sob pena de imposição de multa e honorários advocatícios de dez por cento cada (artigo 523, § 1º, do CPC). Assim como acontece nos demais cumprimentos de sentença, o procedimento de execução da sentença arbitral é combatido por meio de impugnação apresentada pelo executado nos próprios autos, abrangendo toda a matéria estabelecida no rol taxativo do CPC (artigo 525, § 1º). Especificamente em relação ao cumprimento da 12 Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro. (...) Art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: I - o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio; II - os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por equidade; III - o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e IV - a data e o lugar em que foi proferida. Parágrafo único. A sentença arbitral será assinada pelo árbitro ou por todos os árbitros. Caberá ao presidente do tribunal arbitral, na hipótese de um ou alguns dos árbitros não poder ou não querer assinar a sentença, certificar tal fato. Art. 27. A sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acerca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba decorrente de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as disposições da convenção de arbitragem, se houver. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 6 sentença arbitral, há uma hipótese adicional de cabimento da impugnação: a nulidade da sentença arbitral, pelos vícios graves indicados na própria lei especial (artigo 32 da Lei de Arbitragem13); h) A sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça: a sentença estrangeira judicial ou arbitral deve obrigatoriamente ser homologada pelo STJ – Superior Tribunal de Justiça, para que possa produzir efeitos em território nacional, por exigência da CF – artigo 105, I, “i”14. Tal sentença possui caráter constitutivo, e torna a sentença estrangeira apta a ser executada no Brasil (nacionalização da sentença). Cabe mencionar que "o Brasil adotou o sistema de controle limitado (ou juízo de delibação) no procedimento de homologação das sentenças estrangeiras, que independe de reciprocidade e tem como principal parâmetro de análise os requisitos formais da sentença, não havendo discussão acerca do direito material subjacente"; i) a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça: a decisão interlocutória estrangeira, que seja veiculada por Carta Rogatória, é exequível em território nacional, sendo que para tanto é necessário o exequatur do Superior Tribunal de Justiça, que analisa meramente aspectos formais da Carta (juízo de delibação). Salienta-se que "o exequatur nada mais é que uma autorização e, o mesmo tempo, uma ordem de cumprimento do pedido rogatório no Brasil. Com esse expediente, o Superior Tribunal de Justiça encaminha à Justiça Federal, que terá a incumbência de efetivá-lo. Este procedimento, tal como o da homologação da sentença estrangeira, está contido nos artigos 960 a 965, do NCPC e, bem assim, nos artigos 216-A a 216-X do Regimento Interno do STJ". Cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa 3.1) Introdução: a sentença, após o trânsito em julgado (cumprimento definitivo) continua sendo executada – trata-se de título executivo judicial. A execução do TÍTULO JUDICIAL se perfaz no mesmo processo – SINCRETISMO (ou atividade sincrética) (com exceção da sentença arbitral, sentença estrangeira e penal condenatória – que necessitam de um processo para execução, não se tratando de continuidade da relação processual com a atividade executiva – artigos 515, incisos VI, VII e VIII, do NCPC). Observe-se, também, que 13 Art. 32. É nula a sentença arbitral se: I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015); II - emanou de quem não podia ser árbitro; III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; (Revogado pela Lei nº 13.129, de 2015); VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei. 14 Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13129.htm#art4 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 7 o Capítulo III, do Título II, do CPC enuncia: “DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA”, se referindo à obrigação de pagar quantia CERTA: “DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA”, ou seja, determinada em gênero, número e grau. Caso a quantia não seja certa, é necessária a liquidação de sentença, vista em aula passada. Em síntese, segundo o artigo 523, do NCPC15, requerido o cumprimento, definitivo ou provisório, da decisão judicial que reconhecer a obrigação de pagar quantia certa (com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, na forma do artigo 52416), o devedor será intimado pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos, ou pelas demais formas previstas no artigo 513, do NCPC17, para, em quinze dias, realizar o pagamento do débito, acrescido de custas, se houver. Não realizando o pagamento voluntário no prazo de 15 dias, o débito será acrescido de multa de 10% e de honorários de advogado de 10%. Realizado o pagamento parcial no prazo de 15 dias, a multa e os honorários incidirão sobre o restante. 15 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. § 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante. § 3o Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 16 Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter: I - o nome completo, o número de inscriçãono Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível. § 1o Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada. § 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado. § 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá- los, sob cominação do crime de desobediência. § 4o Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência. § 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe. 17 Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. § 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente. § 2o O devedor será intimado para cumprir a sentença: I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento. § 3o Na hipótese do § 2o, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. § 4o Se o requerimento a que alude o § 1o for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3o deste artigo. § 5o O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art523 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art246§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art256 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art274p Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 8 Logo, em conclusão inicial, têm-se como pressupostos do cumprimento definitivo de sentença (com trânsito em julgado): 1) tratar-se de título executivo judicial – aqueles relacionados no artigo 515, do NCPC18 (com exceção dos incisos VI, VII e VIII- que necessitarão de execução autônoma); 2) a atividade jurisdicional é sincrética, ou seja, o sincretismo processual traduz uma tendência do direito processual, de combinar fórmulas e procedimentos, de modo a possibilitar a obtenção de mais uma tutela jurisdicional, de forma simples e imediata, no bojo de um mesmo processo, com o que, além de evitar a proliferação de processos, simplifica e humaniza a prestação jurisdicional19 e; 3) trata-se de quantia certa, do contrário, será necessária a liquidação de sentença antes de iniciar seu cumprimento. Novidades do NCPC: diferentemente do CPC/73, que previa apenas o acréscimo de multa em razão do não cumprimento voluntário da sentença, o NCPC também prevê o acréscimo de honorários advocatícios, fixando desde já o percentual de 10%. 3.2) Regras gerais (artigos 513 a 519, do NCPC): com o trânsito em julgado da sentença, o executado será intimado na pessoa de seu advogado para cumprir a obrigação no prazo de 15 dias, sob pena de multa de 10% e honorários de advogado fixados em 10% (artigos 513, §1ºe 523, §1º20). 3.2.1) Intimação (artigo 513, §2º): a intimação se dará: “I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1o do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos (e nos casos em que não houver procurador constituído nos autos será considerada realizada a intimação quando o devedor houver 18 Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; X - (VETADO). 19 Mais informações em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI193415,31047-Do+sincretismo+processual 20 Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. § 1o O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente. (...) Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI193415,31047-Do+sincretismo+processual Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 9 mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo – artigo 513, §3º); IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento”. OBS: Se o requerimento a que alude o artigo513, §1º for formulado após um ano do trânsito em julgado da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos (artigo 513, §4º). OBS2: O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento – responsabilidade subsidiária (artigo 513, §5º). 3.2.2) A obrigação exequenda deve ser líquida, certa e exigível (artigo 514): quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo. É exigível a obrigação quando não existem dúvidas quanto À atualidade, ou melhor ainda, quando não existe impedimento à sua eficácia, vale dizer, não existe termo, condição ou contraprestação a se cumprir. A prova deve ser pré-constituída, e muitas vezes, se dá pelo simples transcurso da data do vencimento. OBS: pela regra do artigo 785, do NCPC, o detentor de um título executivo extrajudicial pode optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter o título executivo judicial: “Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial”. 3.2.3) Competência no cumprimento de sentença (artigo 516): a competência será: 1) dos Tribunais, nas causas de competência originária: os Tribunais terão competência para o cumprimento quando conhecerem da causa em primeiro grau – exemplo: no julgamento de uma ação rescisória. Quando o cumprimento competir ao STF, é facultada a delegação de atribuições de atos processuais, os demais tribunais, normalmente, se utilizarão de cartas de ordem para a prática de certos atos processuais; 2) do juízo que decidiu a causa em primeiro grau de jurisdição: se a sentença foi proferida, por exemplo, pelo juízo da terceira vara cível e dele se apelou para o tribunal de justiça, o cumprimento ocorrerá na terceira vara cível; 3) do juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, sentença estrangeira homologada pelo STJ ou sentença arbitral: nesses casos, não ocorreu uma fase de conhecimento anterior no juízo cível, razão pela qual devem ser aplicadas as regras estabelecidas no NCPC (artigos 46 a 53 – referente à competência) – exemplo: sentenças penais condenatórias devem ser executadas no domicílio do exequente Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 10 no local do fato – artigo 53, inciso V, do NCPC21, já as sentenças estrangeiras homologadas pelo STJ devem ser executadas na justiça federal – artigo 109, inciso X, da CF22. De acordo com o artigo 516, parágrafo único, do NCPC, que dispõe que, exceto quando a competência for do Tribunal, poderá o exequente (sem ofender o princípio do juiz natural, mas afastando a perpetuatio jurisdicionis) optar pelo: a) local do atual domicílio do executado; b) juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução; c) juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou não fazer. Em todos estes casos, o exequente solicitará ao juízo de origem a remessa dos autos – embora o NCPC não especifique em que momento deva ocorrer a remessa, mas se supõe que deva ocorrer no momento em que o exequente requerer o cumprimento de sentença. 3.2.4) Protesto: a decisão judicial poderá ser levada a protesto – artigo 517 (protesto é um ato ou instrumento público feito por notário ou tabelião, para fazer constar a negativa ou repulsa, pela qual o sacado recusa aceitar a mesma letra, ou a deixa de pagar no mesmo vencimento - tem a função de provar, de forma solene, a diligência do credor de cobrar o título do devedor23), com algumas condições: a) depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no artigo 52324; b) apresentar certidão de teor da decisão, que deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento voluntário (artigo 517, §§ 1º e 2º). A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de três dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação (artigo 517, §4º). OBS: em matéria de defesa/impugnação do executado: todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos executivos 21 Art. 53. É competente o foro: (...) V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 22 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. 23 Mais informações em: http://www.protesto.com.br/home.php e www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informativo/article/download/.../209 24 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. http://www.protesto.com.br/home.php http://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/informativo/article/download/.../209 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 11 subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz (artigo 518). 3.2.5) Tutelas provisórias e cumprimento de sentença (artigo 519): aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela provisória. 4) Procedimento do cumprimento de sentença: requerido o cumprimento de sentença, definitivo ou provisório, da decisão que reconhecer obrigação de pagar quantia certa (com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, na forma do artigo 52425), o devedor será intimado para, em 15 dias, realizar o pagamento do débito, acrescido de custas, se houver. Não realizado o pagamento voluntário no prazo de 15 dias, o débito será acrescido de multa de 10% e de honorários de advogado de 10% (artigo 523, §1º26). Realizado o pagamento parcial no prazo de 15 dias, a multa e os honorários incidirão sobre o restante (artigo 523, §2º27). Não sendo pago integralmente o valor devido, será expedido mandado de penhora de avaliação, seguindo-se em atos de expropriação, vale dizer, a adjudicação ou a alienação por iniciativa particular em leilão judicial eletrônico ou presencial (artigo 523, §3º28). Alguns conceitos necessários para prosseguir (que serão tratados em aulas futuras): Mandado de penhora e avaliação: a penhora é procedimento de individualização dos bens que efetivamente estarão sujeitos à execução. Até a realização da penhora, a responsabilidade patrimonial do executado é ampla, de modo que, a princípio, todos os seus bens respondem pelas dívidas. Após a penhora os bens a ela sujeitos tornam-se indisponíveis para o devedor, que somente os onerará ou alienará fraudulentamente. O devedor continua proprietário do bem, somentenão pode dispor do mesmo. Em relação a terceiro eventual adquirente de bem penhorado há presunção absoluta de má-fé. 25 Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito, devendo a petição conter: I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3o; II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível. 26 Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. § 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento. 27 (...) § 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1o incidirão sobre o restante. 28 (...) § 3º Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art523 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319§1 Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 12 É possível a incidência de mais de uma penhora em um único bem, sem que para pagamento dos créditos após a alienação do bem penhora, leva-se em conta a ordem das penhoras para preferência, desde que ausente algum motivo que estabeleça preferência especial, como, por exemplo, dívidas da fazenda pública ou trabalhistas. Quando da penhora, deve ser nomeado depositário do bem, que terá a posse do bem na condição de depositário, não podendo dela se utilizar livremente, ou perceber inadvertidamente os frutos do bem etc. Além disso, o depositário tem o dever de restituir a coisa imediatamente após ser advertido a tanto pelo juiz. A penhora é realizada com a lavratura do auto ou do termo de penhora, sendo que o ato somente é tido como perfeito e acabado após o depósito do bem. O mandado de penhora e avaliação, por sua vez, é a ordem do Juiz para que o oficial de justiça localize e individualize os bens indicados pelo devedor ou credor, e os avalie, caso tenha condição (do contrário será necessário perícia). OBS1: Diferença entre penhor e penhora: penhor é uma garantia dada pelo devedor, espontânea ou por imposição legal, de obrigação assumida. O devedor entrega uma coisa móvel sua ou de outra pessoa (desde que autorizada por esta) como forma de garantir que a obrigação por ele assumida seja cumprida. Caso o devedor descumpra a obrigação, a coisa dada em garantia permanece com o credor para o cumprimento da dívida. Exemplo: o cheque caução emitido em um hospital como forma de garantia de atendimento é uma espécie de penhor, ou seja, caso o paciente não efetue o pagamento pelo tratamento, o cheque caução garante o pagamento. OBS2: Há bens que não são penhoráveis e estão relacionados no artigo 833, do NCPC: “I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 13 rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição”. Estes casos são referentes à impenhorabilidade ABSOLUTA – ou seja, não poderão ser penhorados em nenhuma circunstância. Visam assegurar a DIGNIDADE DO EXECUTADO. A impenhorabilidade RELATIVA é trazida no artigo 834, do NCPC e refere-se aos frutos e rendimentos dos bens inalienáveis. OBS3: Impenhorabilidade e bem de família (Lei nº 8.009/9029): em regra geral, o bem de família é impenhorável, conforme artigo 1º, da Lei nº 8.009/90: “o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei”, sendo que “a impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados” (artigo 1º, parágrafo único). Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente - se possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis (artigo 5º). Exceções (artigo 3º): a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: a) pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; b) pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; c) para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; d) para execução de hipoteca sobre 29 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htmCentro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 14 o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; e) por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; f) por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga (artigo 4º). Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese. OBS4: Ordem dos bens sujeitos à execução (tema que será visto com detalhes na execução de título extrajudicial): a ordem está prevista no artigo 835, do NCPC: “I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre; V - bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII - navios e aeronaves; IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros direitos. § 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto. § 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. § 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora”. A adoção do termo “preferencialmente” denota a ideia de que a ordem legal não é absoluta e inflexível, admitindo-se a sua modificação pelo juiz na análise do caso concreto. Para tanto, o juiz deverá realizar juízo de ponderação entre a necessidade de garantir maior efetividade da execução para o exequente, e a menor onerosidade para o executado. Nesse sentido, conferir a súmula 417, do STJ: “na execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de bens não tem caráter absoluto”. Além disso, por expressa disposição do artigo 836, do NCPC30: não se realizará 30 Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. § 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado, quando este for pessoa jurídica. § Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 15 penhora quando se verificar que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. Portanto, é intolerável o manejo do processo de execução com escopo, tão somente, de causar prejuízo ao executado. O que pretende o NCPC é que a constrição recaia sobre bem com expressão econômica e que seja suficiente para cobrir, ainda que em parte o pagamento do que se cobra via execução. Atos de expropriação: é o ato praticado pelo juiz, com a finalidade de transferir bem do devedor a outra pessoa, para satisfazer a execução, independente de sua anuência. Adjudicação: é ato de expropriação executiva no qual o bem penhorado é transferido para o credor ou outros legitimados – artigo 876, §5º, do NCPC, mediante requerimento expresso nesse sentido. Na adjudicação, o credor (ou terceiro), em lugar de dinheiro, recebe bens do executado, imóveis ou móveis, incluída, ainda, a possibilidade de penhora de quotas sociais. Com isso, a execução tende a facultar, se assim desejar, ao exequente a aquisição (mediante a apropriação direta) dos bens penhorados como forma de compensação de seu crédito. Dois pressupostos, portanto, colocam‑se à adjudicação pelo exequente: o primeiro deles é o requerimento e, o segundo, a oferta de preço em valor não inferior ao da avaliação (artigo 876, caput). Leilão judicial (eletrônico ou presencial): é a venda de bens penhorados através de mandado judicial, para garantia de uma execução. Denomina-se como “praça” a hasta pública de bem imóvel. Utiliza-se o termo hasta pública, quando se tratar de bem móvel ou imóvel, levado à praça ou leilão. O termo hasta pública é gênero, do qual praça ou leilão são espécies. Assim, temos que os bens serão arrematados em hasta pública. OBS: não se aplica tal conceito no processo do trabalho, já que poderão ser levados à praça tanto os bens imóveis quanto os bens móveis, por força do artigo 888 da CLT. 4.1) Intimação do executado/devedor: como visto acima, na forma do artigo 513 e seguintes do NCPC. 4.2) Multa de 10% (artigo 523): relacionam-se agora algumas questões importantes referentes à multa: a) termo inicial da contagem: há três correntes doutrinárias sobre o tema: 1) conta-se do trânsito em julgado (Athos Gusmão Carneiro); 2) conta-se da intimação pessoal (Barbosa Moreira) e; 3) conta-se da intimação do advogado: corrente que prevalece – ampla 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de tais bens até ulterior determinação do juiz. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 16 doutrina e posição adotada pelo STJ – se dá após a baixa dos autos em primeiro grau; b) natureza jurídica da multa: também conta com três correntes doutrinárias: 1) é medida coercitiva: visa coagir ao pagamento (Luiz Fux, Luiz Rodrigues Wambier); 2) é medida sancionatória – visa apenar o devedor (Luiz Guilherme Mariononi) e; 3) híbrida – apresenta as duas funções indicadas acima (Fredie Didier). Enquanto medida coercitiva, a posição é criticável, pois a astreinte31 é coercitiva, já que é multa prospectiva. A multa de 10% é cláusula penal, portanto, retrospectiva – tem natureza sancionatória. A multa não cresce; é fixa, seja atrasado um dia ou um ano. De todo modo, não há corrente que prevalece nesse sentido; c) dação em pagamento: pode ser oferecido bem para pagamento ao invés de dinheiro. Neste caso, de entrega do bem ao invés de dinheiro, não incidirá a multa, desde que feito no prazo de 15 dias, e desde que o juiz aceite o bem – fundamento: efetividade e dação em pagamento prevista nos artigos 356 a 359, do Código Civil, como modalidade de extinção das obrigações; d) pagamento parcial: caso efetuado pagamento parcial, a multa será parcialmente reduzida – artigo 523, §2º, do NCPC: “§ 2º Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1º incidirão sobre o restante”; e) litisconsórcio passivo: a multa de 10% é sobre o valor total da dívida e não sobre cada executado; f) base de cálculo: a multa incide sobre o valor da condenação com juros e honorários. 4.3) Requerimento do credor/exequente (artigo 524): o requerimento se dará por petição, que será instruída com o demonstrativo discriminado e atualizado do débito, contendo: “I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no CadastroNacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1o a 3º (§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. § 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. § 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça); II - o índice de correção monetária adotado; III - os juros aplicados e as respectivas taxas; IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados; V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados; VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que possível”. 31 É a multa diária imposta por condenação judicial – mais informações em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI192760,31047-As+astreintes+na+visao+do+STJ http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI192760,31047-As+astreintes+na+visao+do+STJ Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 17 OBS1: quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a importância que o juiz entender adequada (artigo 524, §1º). OBS2: Perícia: para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado (artigo 524, §2º). OBS3: Poderes do Juiz (artigo 524, §§3º, 4º e 5º): quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência32. Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30 dias para o cumprimento da diligência. Se os dados adicionais não forem apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe. 4.4) Providências do devedor/executado: diante de um cumprimento de sentença, o devedor/executado poderá: a) pagar espontaneamente: hipótese em que será extinta a execução – artigo 924, inciso II, do NCPC33 - antes ou depois de intimado para pagamento (se depois dos 15 dias incidirá a multa, se antes, não); b) antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo, na forma do artigo 526, do NCPC; c) oferecer impugnação, na forma do artigo 525, do NCPC; d) oferecer exceção de pré-executividade – nestas últimas duas hipóteses, na impugnação e na exceção de pré- executividade, tem-se as duas modalidades de defesa o devedor/executado no cumprimento de sentença. OBS: O parcelamento (moratória processual – artigo 916, do NCPC34) não será aplicado ao cumprimento de sentença (expressa disposição do artigo 916, §7º), ou seja, 32 Desobediência - Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 33 Art. 924. Extingue-se a execução quando: (...) II - a obrigação for satisfeita. 34 Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês. § 1o O exequente será intimado para manifestar-se sobre o preenchimento dos pressupostos do caput, e o juiz decidirá o requerimento em 5 (cinco) dias. § 2o Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento. § 3o Deferida a proposta, o exequente levantará a quantia depositada, e serão suspensos os atos executivos. § 4o Indeferida a proposta, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito, que será convertido em penhora. § 5o O não pagamento de qualquer das prestações acarretará cumulativamente: I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o imediato reinício dos atos executivos; II - a Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 18 nos procedimentos executivos do processo de conhecimento, destinando-se apenas ao processo de execução autônomo, fundado em título executivo extrajudicial. 4.4.1) Pagamento parcial (artigo 526): antes da intimação para cumprimento voluntário da sentença, pode o devedor se antecipar e oferecer em pagamento o VALOR QUE CONSIDERA DEVIDO, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado do débito (artigo 526, caput35). Este depósito, conforme a letra da lei, não poderá ser realizado após a intimação para o cumprimento voluntário da sentença. Nesta hipótese, o autor será ouvido em 5 dias (artigo 526, §1º36) e poderá: a) não apresentando impugnação ao valor depositado pelo devedor, o juiz dará por satisfeita a obrigação e extinguirá o processo (artigo 526, §3º37), na forma do artigo 924, inciso II, do NCPC; b) apresentando impugnação do valor depositado pelo devedor, poderá a parcela incontroversa ser levantada (artigo 526, §1º) e o procedimento continuara pelo valor controvertido. Se, ao final, o juiz concluir que o valor depositado foi insuficiente, sobre ele incidirão multa de 10% e honorários advocatícios de 10%, sendo expedido mandado de penhora e avaliação (artigo 526, §2º38). 4.4.2) Impugnação do executado (artigo 525): é a resposta do executado na execução de título judicial – é o meio de oposição do executado ao cumprimento de sentença. Quanto à sua natureza jurídica: a doutrina é dividida entre ação e defesa – não há certo ou errado, as duas posições são sustentáveis. Na vigência do CPC/73, existia dúvida sobre a possibilidade de impugnar antes da garantia do juízo. Essa dúvida desapareceu no NCPC: a impugnação INDEPENDE DA GARANTIA DO JUÍZO para ser apresentada (artigo 525, caput), mas o juiz somente concederá efeito suspensivo se houver a garantia do juízo, ou seja, penhora, depósito ou caução, além dos demais requisitos legais previstos no artigo 525, §6º39. Algumas considerações pertinentes sobre a impugnação: a) Prazo (artigo 525, caput): transcorrido o prazo previsto no artigo 523 (15 dias) sem o pagamento voluntário, inicia-se o prazo de 15 dias para que o executado, imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas. § 6o A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao direito de opor embargos. § 7o O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença. 35 Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória discriminada do cálculo. 36 (...) § 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa. 37 (...) § 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo. 38 (...) § 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito,sobre a diferença incidirão multa de dez por cento e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com penhora e atos subsequentes. 39 (...) § 6o A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 19 independentemente de penhora ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. b) Matérias possíveis de alegação em impugnação (artigo 525, §1º e §§ 12 a 15): na impugnação, o executado poderá alegar: “I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia”; II - ilegitimidade de parte (exemplo: o credor morreu e o cumprimento foi requerido por quem não é seu sucessor); III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação (conforme dispõe o §11, do artigo 525: as questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 dias para formular esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato); IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções (vide comentário abaixo sobre os §§4º e 5º); VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução (INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA: Interesse público - direito indisponível; deve ser declarada de ofício (artigo 64, § 1º, do NCPC40); trata de vício não sujeito a prorrogação – exemplos: competência em razão da matéria, da hierarquia e funcional; INCOMPETÊNCIA RELATIVA: interesse privado; não pode ser declarada de ofício, conforme súmula 33 do STJ41, com exceção de uma regra apenas artigo 63, § 3º42; trata de vício sujeito a prorrogação (artigo 65, do NCPC43) – exemplos: competência em razão do território e do valor; VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. Também se considerará inexigível a obrigação (§§ 12 a 15): aquela reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. 40 Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. 41 Súmula 33: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício. 42 Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. (...) § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 43 Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. Parágrafo único. A incompetência relativa pode ser alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 20 c) Alegação de suspeição e impedimento (artigo 526, §2º): deve-se observar o disposto no artigo 14644 e no artigo 148, do NCPC45. d) Aplicação do prazo em dobro (artigo 525, §3º): conforme o disposto no artigo 229, do NCPC: “Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos”. e) Excesso de execução e indicação do valor devido – consequências (artigo 525, §§4º e 5º): quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo. Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução – fundamento: boa-fé processual (artigos 4º a 6º, do NCPC46). f) Efeitos da impugnação e atribuição de efeito suspensivo (artigo 525, §§6º a 10º): a apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de 44 Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. § 1o Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. § 2o Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. § 3o Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal. § 4o Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á. § 5o Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da decisão. § 6o Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado. § 7 o O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o motivo de impedimento ou de suspeição. 45 Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: I - ao membro do Ministério Público; II - aos auxiliares da justiça; III - aos demais sujeitos imparciais do processo. § 1o A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos. § 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária. § 3o Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1o será disciplinada pelo regimento interno. § 4o O disposto nos §§ 1o e 2onão se aplica à arguição de impedimento ou de suspeição de testemunha. 46 Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa- fé. Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 21 expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens. Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante. A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao impugnante. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz. 4.4.3) Exceção de pré-executividade (ou objeção de não executividade): não é instituto previsto na lei processual, tendo sido admitida em nosso direito por construção doutrinário- jurisprudencial. Passou a ser admitida para possibilitar a discussão de certas questões sem submeter o executado ao ônus da penhora. Por meio dela, tornou-se viável o exercício da defesa no processo de execução sem o condicionamento da prévia constrição patrimonial do devedor. Facultou-se o comparecimento de imediato nos autos para submeter ao conhecimento do magistrado determinadas matérias relativas à nulidade do título, independentemente de penhora ou embargos. A ideia era de que não se justificava submeter o executado à constrição patrimonial quando flagrante ou evidente a nulidade do título e, por conseguinte, do próprio processo executivo. Atribui-se sua criação a Pontes de Miranda em parecer para uma empresa mineira que foi executada por uma série de títulos falsos. Conceito: é a defesa ou resposta do executado fora dos embargos ou impugnação (defesa em título judicial e extrajudicial) – é cabível tanto em execução de título extrajudicial, como em cumprimento de sentença (título judicial). Fundamento: a exceção encontra fundamento no princípio do contraditório e da ampla defesa – artigo 5º, incisos LIV e LV, da CF e no princípio da menor onerosidade ao devedor. Procedimento e cabimento: por petição simples. A exceção visa atacar matérias de ordem pública e matérias que envolvam prova pré-constituída (não há dilação probatória em exceção de pré-executividade) – em lugar para impugnação de matérias Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 22 cognoscíveis de ofício. O prazo a ser observado é até o trânsito em julgado da execução. A partir daí não se admitirá mais a exceção de pré-executividade. Apresentada pelo executado e não se tratando de questões de ordem pública, que a priori deverão ser julgadas de ofício, abrir-se-á o prazo para a manifestação da parte exequente, no prazo estabelecido pelo juiz. Diante do silêncio, aplica-se o prazo supletivo de cinco dias - artigo 218, § 3º, do NCPC. Efeitos: não tem efeito suspensivo em regra, mas poderá ser concedido pelo juiz diante das situações excepcionais que autorizam a concessão do efeito suspensivo (tutelas provisórias). Recursos cabíveis: da decisão que acolhe ou rejeita tal incidente, caberá recurso de apelação (se extinta a execução) ou de agravo (se houver decisão interlocutória). Deve ser analisado cada caso até que seja julgada definitivamente a sua procedência. É uma matéria pacífica, uma vez que é reconhecida pela doutrina e jurisprudência a sua eficácia dentro do ordenamento jurídico, pois viabiliza que o executado se utilize dessa modalidade de defesa para se proteger dos vícios e irregularidades existentes no processo executivo, de uma maneira mais célere e menos onerosa. 5) Arquivamento, suspensão da execução, prescrição e extinção no cumprimento de sentença47: ressalvadas as devidas proporções e pertinência, aplicam-se à execução de título judicial (cumprimento de sentença) e título extrajudicial (execução autônoma), que serão vistas em aulas futuras. 5.1) Prescrição: o rito do cumprimento de sentença para o pagamento de quantia certa, depende da inciativa do credor, que, através de expresso requerimento, dá impulso ao feito. Entretanto, à medida que o tempo passa sem que o autor manifeste o seu desejo de cobrança, é fomentada uma situação de insegurança para o devedor, e até para eventuais terceiros, o que pode afrontar a paz social, fundamento mor da prescrição (lembrando-se que a teor do artigo 202, do Código Civil, a prescrição, nesta finalidade, somente se interrompe uma única vez48). A partir dessa problemática, a doutrina vislumbra três hipóteses: 1) a imprescritibilidade; 2) a prescrição do prazo geral do artigo 205 do Código Civil (dez anos), ou; 3) a da regra da Súmula 150 do STF, que estatui que “prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”, entendimento que prevalece (mas, como verificado, não é unânime na doutrina). 47 Mais informações em: https://jus.com.br/artigos/44892/o-prazo-prescricional-para-o-requerimento-do- cumprimento-de-sentenca 48Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. https://jus.com.br/artigos/44892/o-prazo-prescricional-para-o-requerimento-do-cumprimento-de-sentenca https://jus.com.br/artigos/44892/o-prazo-prescricional-para-o-requerimento-do-cumprimento-de-sentenca Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU Execução civil Professor Gustavo Belucci 23 5.2) Arquivamento: o arquivamento do processo não se confunde com extinção. Não fica o exequente impossibilitado de requerer seu posterior desarquivamento, ressalvada a hipótese de prescrição, como bem ressalta Luiz Rodrigues Wambier “se decorrer desde o trânsito em julgado o lapso prescricional para executar (que é igual ao prazo prescricional que antes se punha para a ação de conhecimento – Súmula 150 do STF), sem que o credor formule aquele requerimento, ocorrerá a prescrição da pretensão executiva”. Logo, como não há mais interrupção da prescrição pelo arquivamento (artigo 202, do Código Civil), deve-se observar o prazo de prescrição na forma da súmula 150, do STF. 5.3) Suspensão da execução (artigo 921, do NCPC): a execução será suspensa (lembrando que a suspensão não se confunde com a interrupção – na suspensão, o prazo volta a correr pelo restante e na interrupção o prazo volta a correr por inteiro): 1) nas hipóteses dos artigos 313 e 315, do NCPC, no que couber: pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou procurador; pela convenção das partes; pela arguição de impedimento ou suspeição; pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas; quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa, ou da declaração de existência ou inexistência de relação jurídica que
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