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MD I FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA - ANOS FINAIS

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FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – ANOS FINAIS
APRESENTAÇÃO
Olá, Professor (a), seja bem-vindo(a) à Formação em Educação Física nos Anos Finais!
Ainda temos um longo caminho pela frente até que este componente curricular assuma contornos mais definidos dentro do contexto escolar, mas temos aqui um ponto de partida para reflexões acerca do tema.
Este programa de formação está organizado em quatro módulos autoinstrucionais, divididos em unidades, buscando detalhar e aprofundar os conhecimentos teóricos e práticos necessários para o trabalho com a Educação Física dentro do que propõe a BNCC para este componente curricular.
As unidades que compõem cada módulo apresentam leituras, exemplos práticos, exercícios de reflexão e propostas de planejamento de aulas. Por se tratar de um curso autoinstrucional, não conta com a presença de um tutor, contudo, serão propostas atividades não avaliativas com o objetivo de aprofundar e aplicar os conhecimentos. Ao final de cada Módulo, o participante fará uma avaliação para testar suas aprendizagens.
De acordo com este documento, na primeira transição [...] “para que as crianças superem com sucesso os desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho pedagógico” (BRASIL, 2018, p. 53).
A BNCC destaca, ainda, que “realizar as necessárias adaptações e articulações, tanto no 5º quanto no 6º ano, para apoiar os alunos nesse processo de transição, pode evitar ruptura no processo de aprendizagem, garantindo-lhes maiores condições de sucesso” (BRASIL, 2018, p. 59).
A segunda transição, dos Anos Iniciais para os Anos Finais do Ensino Fundamental, corresponde à passagem da infância para adolescência e, como sabemos, é caracterizada por mudanças biológicas, psicológicas, sociais e emocionais (BRASIL, 2018).
Assim, as mudanças próprias dessa fase da vida implicam a compreensão do adolescente como sujeito em desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias e culturais próprias, que demandam práticas escolares diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e diferentes modos de inserção social (BRASIL, 2018, p. 60).
Algumas Competências Gerais da BNCC referem-se aos aspectos socioemocionais implicados direta e indiretamente no acolhimento:
· 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 
· 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
· 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários (BRASIL, 2018, p.12).
Nessas competências, a dinâmica do acolhimento aparece refletida, dentre outros aspectos, na capacidade de autocrítica, no respeito e valorização da diversidade, na autonomia com responsabilidade e nos princípios éticos.
Isso posto, considerando que a BNC – Formação Continuada, nas Competências Específicas e Habilidades da Dimensão do Engajamento Profissional compreende, dentre outros aspectos, no item 3.1.2. “Desenhar projetos e outras ações, em conjunto com a equipe escolar, para fomentar a aprendizagem e o desenvolvimento de todos os alunos” (BRASIL, 2020, p.12), cumpre-nos nesta formação apresentar algumas sugestões para o acolhimento dos alunos com vistas a tornar menos intensos os reflexos provenientes da transição entre as etapas de ensino.
Dessa forma, sugira à sua escola que crie programas interessantes de acolhimento e tutoria para os novos estudantes dos Anos Finais. Ao ser bem acolhido, o estudante vai se sentir pertencente àquele espaço escolar, além disso, poderá estabelecer novos modelos de vínculos e relacionamentos que o deixarão mais seguro e disposto a enfrentar essa nova trajetória.
Tendo como base as ideias retiradas do texto disponível neste site https://porvir.org/acolhimento-como-fazer-transicao-para-os-anos-finais-ensino-fundamental/ e de nossa experiência em sala de aula, apresentamos, na sequência, algumas sugestões interessantes para o acolhimento e transição dos estudantes que iniciarão o ciclo do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental:
· 1. Aula inaugural: Nessa aula haveria a presença de todos os professores das turmas que se apresentariam dando as boas-vindas aos estudantes. A aula seria coletiva, com atividades lúdicas voltadas para o entrosamento, afinal, são novos colegas, professores, secretários, etc.
· 2. Roda de conversa: Criar uma roda de conversa, em cada sala de aula, com os estudantes recém-chegados ao 6º ano, e orientá-los de forma consistente e continuada sobre os novos componentes curriculares, a nova relação professor-aluno (nessa nova etapa não terão mais professores polivalentes, e sim, vários professores especialistas em cada área/componente curricular) e as demais mudanças que enfrentarão nessa transição para os Anos Finais do Ensino Fundamental. 
· 3. Criação de um período de acolhimento: Criar o dia, a semana, quinzena ou mês de acolhimento para receber bem o aluno e sua família e, ainda, alinhar os detalhes sobre as mudanças e novidades dessa transição. Nessa semana, pode-se ter atividades diferentes, como: os professores descerem para o pátio juntamente com os estudantes, fazerem rodas de conversas sobre o assunto em sala de aula, recreios culturais com música, poesia, etc.
· 4. Criação do programa “Alunos acolhedores”: Criar um programa para que estudantes assumam o papel de acolherem os novos alunos e mostrarem a eles o espaço físico, promoverem a integração com os colegas, apresentarem uns aos outros, compartilharem informações sobre as aulas, sobre os professores, sobre as disciplinas etc. Essa ação pode ter início com os alunos ao final do 6º ano. Os professores podem explicar que eles seriam responsáveis, no início do próximo ano, pelo acolhimento dos alunos que irão chegar nessa etapa. Pode-se pensar, ainda, em um processo de apadrinhamento, em que cada aluno será responsável por outro iniciante. Na primeira semana de aula, os então alunos do 7º ano podem receber os nomes dos colegas dos quais serão padrinhos.
· 5. Criação de estratégias e programas para envolvimento das famílias: Convidar e preparar as famílias a participarem ativamente e contribuírem com o processo de transição dos estudantes dos Anos Iniciais para os Anos Finais e dos Anos Finais para o Ensino Médio.
· 6. Apresentação de vídeos de atividades dos alunos do 6º ao 9º ano: Apresentar para os alunos recém-chegados vídeos com as atividades realizadas pelos alunos do 6º ao 9º ano. Essa atividade contribuirá para a motivação dos estudantes e incentivará sua participação em todos os projetos realizados pela escola.
· 7. Acolhimento dos alunos com necessidades especiais: O acolhimento dos alunos com necessidades especiais é muito importante. Essa conduta desenvolverá um sentimento de pertencimento, na medida em que irão se sentir parte do todo. Por isso, sugerimos a realização de atividades que levem os demais alunos a compreenderem as dificuldades daqueles que têm necessidades especiais, em um movimento de sensibilização entre todos para a necessidade do acolhimento dessas crianças. Assim, Professor, programe com seus pares e gestores atividades, tais como: (a) caminhar com olhos vendados, para entender os colegas que têm restrições visuais; (b) corrida no saco, para entender as limitações de caminhar; (c) andar com os braços amarrados, presos de alguma forma; (d) pedir o empréstimo de algumas cadeiras de rodae colocar alunos não cadeirantes para tentar utilizá-las.
É nesse sentido que gostaríamos de ponderar com você o fato de que no 6º ano, muitos alunos ainda têm necessidade de atividades com materiais concretos para a construção dos conceitos e procedimentos.
Então, é importante recomendar que você atente-se à faixa etária e ao perfil dos estudantes e que esteja sensível para perceber que muitos ainda não conseguem abstrair todos os conceitos, portanto, precisam de atividades mais concretas.
Esperamos que você aproveite da melhor maneira possível os assuntos contidos neste curso e bons estudos!
Para uma melhor visualização dos conteúdos desta Formação, veja o sumário a seguir:
Unidade 1 – O que mudou na Educação Física com a BNCC – A entrada na área das linguagens
Nesta unidade, você poderá compreender melhor como acontece o processo de transição da Educação Física para a área das Linguagens, a partir de uma mudança do enfoque mecanicista e utilitário do movimento para uma visão cultural das práticas corporais, as quais estarão sempre inseridas em contextos sociais, históricos, políticos e étnicos, influenciando e sendo influenciadas por estes.
Pensar, portanto, a Educação Física como uma forma de linguagem e expressão dos estudantes é a proposta da BNCC, que possibilita a este componente curricular adequar-se às distintas características de cada escola, cada cidade e cada região do país. Com isso, esta unidade propõe não somente leituras e estudos para o melhor entendimento e aprofundamento dessas questões, mas também exercícios de reflexão (para você e seus estudantes), a fim de auxiliá-lo a trabalhar a partir dessa ideia.
A entrada da Educação Física na área das Linguagens
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como documento normativo de referência, pretende orientar a reformulação ou a elaboração dos currículos da Educação Básica, pensando na educação integral dos estudantes com um ensino baseado em habilidades e competências. A Base define “o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” (BRASIL, 2018, p. 7), portanto, é preciso pensar na transição e continuidade dos processos pelos quais os estudantes passam. Nesse sentido, o trabalho com os anos finais do Ensino Fundamental exige o acolhimento aos estudantes que ingressam no 6º ano - que enfrentam desafios de maior complexidade, precisando apropriarem-se de diferentes lógicas de organização dos conhecimentos relacionados às áreas - e acompanhamento dos estudantes do 9º ano, que começam a pensar em um projeto de vida, visando a continuidade dos estudos no Ensino Médio.
Na BNCC, as aprendizagens no Ensino Fundamental estão organizadas em cinco áreas de conhecimento, que possibilitam a comunicação entre saberes dos diferentes componentes curriculares. Com a entrada da Educação Física na área das Linguagens, esse componente curricular passou a ser tratado no domínio da cultura, sendo esta, talvez, a maior mudança relacionada à Educação Física dentro da BNCC, uma vez que agora a ideia das práticas corporais é aprofundada e está inserida em contextos socioculturais específicos.
Nas Linguagens, faz-se fundamental pensar na atuação dos sujeitos em distintas esferas sociais de modo que a comunicação torna-se elemento principal para a interação humana. Ao usarmos diferentes linguagens, agimos socialmente, não só no sentido de nos comunicarmos, mas também como forma de expressão de sentimentos, pensamentos e opiniões, seja por meio de palavras, movimentos, imagens, gestos ou sons. Com isso, a área das Linguagens permite a ampliação e mobilização dos recursos expressivos e comunicativos dos indivíduos, construindo sentidos nas interações e possibilitando a compreensão de como cada ser humano atua em diferentes contextos sociais.
Portanto, a lógica utilizada para pensar a Educação Física passou a incluir as expressões culturais e sociais que perpassam os movimentos de determinada prática corporal. Assim, ao propor a prática de capoeira, por exemplo, seus alunos podem vivenciar a luta, desenvolver o ritmo, a coordenação motora, a flexibilidade e a agilidade. Contudo, você também pode problematizar o surgimento da prática dentro de em um contexto histórico, associá-la à escravidão no Brasil, falar das suas origens africanas e da expressão de resistência dentro das senzalas. A temática passa, desta forma, a propor a reflexão do significado social da prática corporal, trazendo suas origens históricas e apontando as relações de poder que podem estar presentes.
Vale ressaltar, também, que a Educação Física 
como componente da área das Linguagens aponta 
para o caráter expressivo da linguagem corporal, 
seja nas interações consigo mesmo ou com os demais,
 e nessas interações “estão imbricados conhecimentos, 
atitudes e valores culturais, morais e éticos”
 (BRASIL, 2018, p.63).
 Logo, pensar nas propostas de práticas corporais passou 
a ser muito mais do que simplesmente selecionar conteúdos 
e atividades para as aulas, mas um processo que exige análise, 
discussão, debate e reflexão, adequando as propostas 
a um conjunto de elementos que fazem parte da trama social 
na qual os estudantes estão inseridos.
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A EDUCAÇÃO FÍSICA NA BNCC – SUMÁRIO
Entende-se, com isso, que houve uma transformação da base teórica do componente (da psicobiologia para as ciências humanas) e redefinição do seu objeto de estudo (do exercício físico e movimento para a cultura corporal). O ponto central dos conhecimentos da Educação Física dentro da BNCC, portanto, são as práticas corporais: brincadeiras e jogos, danças, esportes, ginásticas (demonstração, condicionamento físico e conscientização corporal), lutas e práticas corporais de aventura, configurando um produto da gestualidade e das formas de expressão e comunicação passíveis de significação (NEIRA E SOUZA JR, 2016, p. 195).
A Educação Física compreendida como linguagem rompe com as barreiras impostas pelo histórico da área pautado unicamente no caráter biológico e passa então a dar um entendimento mais abrangente sobre o corpo. Na relação entre Educação Física e Linguagem, o corpo, além de apresentar as questões biológicas e fisiológicas, é um texto a ser lido e interpretado, pois é também no corpo que o ser humano transparece sua identidade, sua cultura, suas marcas históricas, suas crenças (SANTOS e FUZII, 2019, p. 334).
Assista ao vídeo sobre as mudanças que a BNCC traz para o componente Educação Física, explicadas pelo professor Luis Vasquinho:
Para compreender as mudanças pelas quais a Educação Física está passando com a implantação da Base Nacional, é preciso entender que o paradigma mecanicista, que até então era o fundamento deste componente curricular, deu lugar a uma ideia de corpo-próprio, permitindo o entendimento de uma realidade intencional do sujeito. Isso quer dizer que o corpo não é mais pensado como “máquina”, e a partir de um estímulo gera uma resposta, desdobrando um processo mecânico e fechado de educação. Talvez você ainda observe esse paradigma mecanicista presente em muitas aulas de Educação Física, em que a ênfase dos aspectos fisiológicos e metabólicos se sobrepõe à “compreensão do ser humano em ação, que se movimenta na sua integralidade, de modo que o gesto se constitui como linguagem, expressão do seu si mesmo criativo, bem como expressão social, cultural, histórica e política” (ARRUDA, 2019, p.82).
Pensando no seu papel como professor, é fundamental que você reflita sobre a Educação Física “enquanto expressão simbólica e linguagem, portanto, como expressão de uma produção social e cultural produzida historicamente pelo ser humano em diferentes dimensões espaço-temporais” (ARRUDA, 2019, p.81). Pense, portanto, na Educação Física como Linguagem, a partir do momento em que permite processos de construção de sentidos e da subjetividade humana. 
Na mesma direção, João Batista Freire (2011, p. 70) afirma que:
O que está faltando, numa concepção de Educação Física 
que privilegie,acima de tudo, o humano, é ver além do percebido: 
é enxergar o movimento carregado de intenções, de sentimentos, 
de inteligência, de erotismo. É ver o rumo do movimento, 
sempre na direção de buscar, no mundo, 
as partes que faltam ao homem para ser humano. 
(FREIRE, 2011, p. 70)
Segundo o autor, não há motivos para “desenvolver habilidades (correr, saltar, girar, etc.) que não sejam significativas, isto é, que não sejam uma promoção de relações aperfeiçoadas do sujeito com o mundo, de modo a produzir as ações que o tornem cada vez mais humano, isto é, mais presente, mais consciente, testemunha do mundo em que vive”. (FREIRE, 2011)
Complementando, Freire (2011, p.75) ainda diz que na aprendizagem significativa, os conteúdos estão vinculados ao contexto concreto da vida dos estudantes, de sua cultura, de sua sociedade, onde a Educação Física precisa, além de trabalhar com os movimentos corporais, “estabelecer relações com o mundo de tal maneira que se passe do instintivo ao cultural, da necessidade à liberdade, do fazer ao compreender, do sensível à consciência”.
Assim, professor, ao ensinar movimentos básicos dentro das suas aulas (correr, saltar, lançar), é natural e coerente que você se preocupe com que seus estudantes apresentem um nível adequado de desenvolvimento. Por exemplo, no desenvolvimento da habilidade motora de arremesso, ao propor que os estudantes arremessem uma bola uns aos outros, você pediria que repetissem esse gesto até alcançarem um nível de execução satisfatório, de acordo com padrões pré-estabelecidos. Entretanto, para que exista a possibilidade de tornar a aprendizagem significativa, isto é, relacionada com a realidade concreta vivida pelo estudante, esse gesto precisa se transformar em uma atividade cultural, próximo de situações em que esse movimento possa ser exercitado no cotidiano do estudante (FREIRE, 2011).
Para refletir um pouco mais sobre essas questões, leia a entrevista realizada pela revista Nova Escola com Marcos Neira, a qual descreve como o professor pode proporcionar uma ampla variedade de vivências aos alunos, conforme propõe a BNCC. 
https://novaescola.org.br/conteudo/918/entrevista-com-marcos-neira-sobre-o-papel-da-educacao-fisica-nas-escolas
SLIDE 3
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A EDUCAÇÃO FÍSICA NA BNCC
Competência na BNCC: o que isso significa?
Outro ponto a ser destacado acerca das mudanças propostas pela BNCC é a ideia de que, ao longo da Educação Básica, as aprendizagens devem assegurar o desenvolvimento de dez competências gerais, sendo definidas como "a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho" (BRASIL, 2018, p. 8). Para cada área do conhecimento também estão estabelecidas competências específicas, explicitando como as dez competências gerais irão se expressar nessas áreas. Além disso, cada componente curricular tem suas competências específicas, cujo desenvolvimento é assegurado por um conjunto de habilidades as quais estão relacionadas a diferentes objetos de conhecimento. Na BNCC, esses objetos estão representados pelos conteúdos, conceitos e processos e organizados em unidades temáticas. Nos anos finais do Ensino Fundamental estão previstas 42 habilidades para Educação Física, sendo 21 para 6º e 7º anos e 21 para 8º e 9º anos, distribuídas entre as diferentes unidades temáticas (BRASIL, 2018). Na sequência deste curso apresentaremos de forma mais detalhada e aprofundada as unidades temáticas da Educação Física e as habilidades de cada uma delas.
Veja quais são as dez competências gerais da BNCC:
Fonte: INEP. Disponível em: http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/futuro/novas-competencias-da-base-nacional-comum-curricular-bncc/79
Para entender melhor, assista ao vídeo sobre as Competências Gerais na BNCC:
Competências Gerais na BNCC com Anna Penido
A BNCC também indica seis competências específicas para a área das Linguagens no Ensino Fundamental:
1. Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
 
2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
 
3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras), escrita corporal, visual, sonora e digital – para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
 
4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente em relação às questões do mundo contemporâneo.
 
5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, desde as locais até as mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, respeitando a diversidade de saberes, de identidades e culturas.
 
6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética, nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
Fonte: BNCC (2018). Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em 04 out. 2021.
Veja a seguir quais são as Competências Específicas para a Educação Física no Ensino Fundamental:
Fonte: Calameo Disponível em: https://pt.calameo.com/books/00289932734de9ef7cc7a. Acesso em: 04 out. 2021.
E na prática, como posso trabalhar com as competências na Educação Física?
A BNCC propõe que os alunos consigam utilizar os conhecimentos adquiridos em seu cotidiano, sendo capazes de respeitar princípios como a ética, os direitos humanos, a justiça social e a sustentabilidade ambiental. O documento ainda aponta para que o enfoque da aprendizagem não esteja apenas no desenvolvimento intelectual, mas também no físico, no social, no emocional e no cultural, que compõem as dimensões essenciais para se alcançar uma educação integral.
Com isso, para ensinar as competências (gerais e específicas) na Educação Física, você não precisa voltar o planejamento da sua aula exclusivamente à elas, mas sim associá-las ao aprendizado das habilidades do componente, incorporando-as no dia a dia dos estudantes e observando a intencionalidade do planejamento.
A empatia e a cooperação, por exemplo, aparecem dentre as competências gerais para a Educação Básica na BNCC, podendo ser articuladas com a competência específica nº 5 da Educação Física, que propõe “identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes” (BRASIL, 2018, p. 223). Com isso, vamos observar o exemplo de uma unidade temática que desenvolve o trabalho de esportes de invasão, em que diferenças físicas e dificuldades individuais estarão presentes, bem como a coletividade e a cooperação serão necessárias. Você poderá articular e desenvolver essas competências dentro desta unidade temática, uma vez que seus temas atravessam esta prática corporal e extrapolam para outras esferas, procurando incorporar valores associados a essas questões ao cotidiano escolar.
Vamos fazer um exercício tentando articular as competênciasdentro de uma aula de Educação Física?
A partir da escolha de uma unidade temática, escolha com qual competência geral você quer trabalhar. Depois, pense em como essa competência pode estar articulada com as competências específicas da área das Linguagens e com o componente Educação Física. Faça quadros em um caderno, como o exemplo abaixo, para que posteriormente você possa rever essas anotações, possibilitando reflexões e orientações para o seu planejamento.
Procure agora, em outro exercício, relacionar os aspectos discutidos acima às práticas que você costuma propor em suas aulas, fazendo uma lista daqueles que você conseguiu perceber. Pense em como essas questões poderiam ser melhor exploradas durante as aulas e até mesmo dentro de trabalhos interdisciplinares. A sugestão é que você experimente fazer esse exercício na prática, começando aos poucos a explorar essas possibilidades. Por exemplo, ao trabalhar a unidade temática “Esportes”, você pode propor a Ginástica Artística como esporte técnico-combinatório. Ao desenvolver a aprendizagem dessa modalidade, além dos aspectos físicos, é possível trabalhar as questões de gênero envolvidas, desconstruindo preconceitos, bem como tratar das questões de diversidade e inclusão, adaptando as formas de movimento ou ainda o desenvolvimento do senso crítico e estético por meio da prática. Vamos tentar?
Para Refletir
Procure lembrar de como foram suas aulas de Educação Física quando você estava na escola: quais tipos de atividades eram propostas? Existia algum tipo de reflexão sobre as práticas? Havia uma variedade de práticas que contemplasse todos os estudantes em relação às suas preferências, capacidades e contextos sociais? As propostas permitiam que os estudantes se desenvolvessem na sua integralidade? Eram entendidas por professores e estudantes como formas de expressão social, cultural, histórica e política?
Tente responder a essas perguntas pensando em como você tem trabalhado hoje em suas aulas: Você propõe algum tipo de reflexão sobre as práticas? Você promove variedade nas práticas, de forma que contemple todos os estudantes no que diz respeito às preferências, capacidades e adequação ao seus contextos sociais? As suas propostas permitem que os estudantes se desenvolvam na sua integralidade? Será que você e seus estudantes entendem as práticas corporais propostas como formas de expressão social, cultural, histórica e política? Você tem trabalhado dentro das oito dimensões do conhecimento para a Educação Física?
Por fim, o desafio agora é pensar em como você pode trabalhar dentro da nova perspectiva proposta pela BNCC. Anote em um caderno suas reflexões e observações, procurando organizá-las num quadro como o exemplo abaixo para melhor visualização. Isso permitirá que suas anotações possam valer para releituras futuras.
Corpo de texto.
“Se as aulas de Educação Física forem compreendidas como lócus de análise, discussão e vivência/ressignificação dos saberes da cultura corporal, serão incoerentes quaisquer ações didáticas direcionadas à fixação de padrões visando o alcance de níveis elevados de desenvolvimento motor, homogeneização dos corpos ou a utilização das atividades visando a aprendizagem de aspectos cognitivos, afetivos ou sociais. Dizendo de outra maneira, a perspectiva defendida pela BNCC não tem como objetivo melhorar a coordenação motora, desenvolver comportamentos cognitivos ou promover a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo. Pretende-se, tão somente, contribuir para a formação de cidadãos que compreendam e produzam uma parcela da cultura mais ampla, a cultura corporal de movimento, e isso implica no reconhecimento e valorização do repertório de todos os grupos, sem nenhum tipo de discriminação” (NEIRA e SOUZA JÚNIOR, 2016, p. 199).
Sabendo que....
“A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. Nessa concepção, o movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo todo”. (BRASIL, 2018, p. 213)
Vamos procurar saber, agora, como seus estudantes estão percebendo as aulas de Educação Física. A sugestão é que você proponha a eles algumas perguntas relacionadas aos tipos de práticas corporais que têm sido propostas, se eles observam questões sociais e culturais inseridas nessas práticas, quais tipos de práticas gostariam de experimentar, porque gostam mais de uma prática do que de outra, enfim, perguntas que possam também orientar você, professor, no momento de planejar suas aulas. Sugerimos algumas ideias que podem orientá-lo para a formulação das perguntas: 
· Você gosta das práticas realizadas nas aulas de Educação Física?
· Você gosta mais de práticas individuais ou coletivas?
· Quais dessas práticas você gosta mais: esportes, lutas, ginásticas, dança, práticas de aventura ou jogos e brincadeiras?
· Você se sente parte do grupo de alunos nas práticas propostas em aula?
· Você consegue relacionar as práticas de aula com assuntos do seu dia a dia?
· As práticas de aula contribuem de alguma forma para a melhoria da sua interação com as outras pessoas?
· Você aprende algo além dos movimentos com as práticas corporais realizadas em aula?
· Você se sente inserido em outros grupos sociais fora da escola ao reproduzir as práticas realizadas nas aulas?
· As práticas corporais realizadas nas aulas ajudam você a se expressar melhor?
· Você é capaz de utilizar as práticas realizadas nas aulas para a sua comunicação?
· No seu ambiente familiar e social, você percebe a presença de práticas semelhantes àquelas realizadas nas aulas?
Professor, sugerimos que você proponha questões mais fechadas num primeiro momento e que depois abra um espaço de discussão na sua aula, a partir das respostas dadas, podendo desdobrar e detalhar melhor as mesmas. Esse momento poderá oportunizar a reflexão não só dos alunos a respeito das aulas de Educação Física, mas também a sua, como professor, que poderá observar elementos importantes para o trabalho de acordo com a proposta da BNCC. Você poderá usar ferramentas digitais para propor as perguntas, criando, inclusive, uma espécie de jogo no qual os participantes podem responder e visualizar as respostas dos demais. Indicamos duas ferramentas que atendem a esse propósito e são de fácil manejo:
Kahoot
https://kahoot.com/
Mentimeter
https://www.mentimeter.com/pt-BR
Para finalizarmos esta Unidade, a proposta é que você faça um mapa conceitual organizando as principais ideias discutidas até aqui, de modo que o foco central sejam as principais transformações da Educação Física como componente curricular, como prevê a BNCC. Lembre-se que, de uma concepção da Educação Física centrada na funcionalidade motora do exercício físico, organizada para o desenvolvimento do desempenho das habilidades motoras, passamos para uma ideia da educação do estudante de forma integral, em que as práticas corporais são exploradas em suas diferentes formas de significação social, permitindo a expressão da cultura e do contexto social no qual estão inseridas. Para a realização do mapa conceitual, sugerimos algumas opções de elaboração de mapa online e também um passo a passo que podem auxiliar você:
Sugestões de sites para elaboração de Mapa Conceitual online
Canva
https://www.canva.com/
Mindmeister
https://www.mindmeister.com/pt
Lucidchart 
https://www.lucidchart.com/pages/pt
Passo a passo
· Identifique os conceitos mais pertinentes e mais importantes e faça uma lista. Esses conceitos devem ser resumidos, de preferência, por uma só palavra (ou no máximo de 2 a 3 palavras para resumir um conceito).
· Nesta lista, coloque na parte superior os conceitos mais amplos e gerais, deixando na parte inferior os conceitos mais específicos.
· Faça setas (para indicar o sentido da leitura) entre os conceitos,unindo-os de 2 em 2. Sobre essas setas, escreva uma ou poucas palavras que irão definir a relação entre os conceitos (conectores). Essa conexão deve criar um sentido, dar um significado à ideia.
· É possível ligar conceitos que estão em diferentes partes do mapa. Adicione novas ligações entre eles: as ligações cruzadas podem ajudá-lo a observar novas maneiras de relacionar os conceitos.
Fonte: https://professorbrunogeo.wordpress.com/2012/03/13/dicas-elaboracao-de-mapa-conceitual/
Unidade 2 – O Universo das práticas corporais
Professor, na Unidade 2 você irá conhecer melhor o universo das práticas corporais dentro do que prevê a BNCC, compreendendo que essas práticas deverão ser abordadas em suas aulas como um fenômeno cultural. Assim, por meio de leituras e vídeos, a unidade propõe uma apropriação do que é a cultura corporal do movimento, trazendo também reflexões sobre como trabalhar com as práticas corporais nas aulas. Esta unidade também apresenta as dimensões do conhecimento da Educação Física dentro da BNCC, sugerindo uma série de exercícios para auxiliá-lo em seu planejamento e na aplicação prática dessas propostas. Bom trabalho!
As Práticas Corporais na BNCC
Na BNCC as práticas corporais são tematizadas por meio de distintas codificações e significações sociais, compreendidas como “manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história” (BRASIL, 2018, p. 213). Sob esta ótica, o movimento humano estará sempre inserido no campo da cultura, indo muito além do mero deslocamento de um segmento corporal - ou do corpo todo - no espaço e no tempo. Com isso, a BNCC propõe que
Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse modo, é possível assegurar aos alunos a (re)construção de um conjunto de conhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito de seus movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver autonomia para apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em diversas finalidades humanas, favorecendo sua participação de forma confiante e autoral na sociedade (BRASIL, 2018, p. 213)
Como componente curricular, a Educação Física tem o papel de ampliar as condições de participação em práticas corporais por meio de diferentes formas de significação social, abarcadas como expressões culturais da humanidade. A cultura corporal do movimento, portanto, além de apresentar variados conteúdos, preocupa-se também com o “enraizamento histórico, com as representações socioculturais, valores, tradições, ensinamentos éticos e educação, aquisição de uma mudança existencial a partir das diferentes manifestações corporais que constituem o campo de conhecimento da Educação Física” (ARRUDA, 2019, p. 84).
Nas suas aulas de Educação Física, professor, as práticas corporais permitirão que as unidades temáticas da cultura corporal do movimento previstas para os anos finais do Ensino Fundamental – Brincadeiras e Jogos, Esportes, Ginásticas, Danças, Lutas, Práticas Corporais de Aventura – sejam desenvolvidas por meio dos objetos de conhecimento, que embora partam de uma lógica comum, terão distintas significações a partir de contextos específicos. O texto da BNCC (BRASIL, 2018, p. 214) destaca que "a categorização apresentada não tem pretensões de universalidade, pois se trata de um entendimento possível, entre outros, sobre as denominações das (e as fronteiras entre as) manifestações culturais tematizadas na Educação Física escolar".
Entende-se, assim, que no contexto educacional, a dimensão corporal ganha lugar de destaque nas relações com o outro e com o ambiente, uma vez que é capaz de favorecer uma relação dialógica entre cultura e linguagem. Para Arruda (2019), o corpo apropriado da cultura corporal do movimento inclui experiências já vividas, constituindo e reconstituindo a si mesmo, a sua subjetividade e seu modo de ser e estar no mundo, sendo capaz de se desenvolver em sua totalidade humana, social, cultural e política.
A BNCC (BRASIL, 2018, p. 213) aponta para
Três elementos fundamentais comuns às práticas corporais: movimento corporal como elemento essencial; organização interna (de maior ou menor grau), pautada por uma lógica específica; e produto cultural vinculado com o lazer/entretenimento e/ ou o cuidado com o corpo e a saúde. (BRASIL, 2018, p. 213).
Assim, é importante para você, professor, compreender que o envolvimento dos sujeitos nas práticas terá propósitos específicos e particulares.
Logo, o intuito de cada estudante dentro de uma prática corporal virá carregado de significados, pautados pela sua história de vida, pelas suas experiências, por seu contexto social e familiar, dentre outras coisas. Nesta direção, Neves e Neira (2020) afirmam que ao significar algo, é conectada uma gama de ideias e pressupostos que vai muito além dos discursos aos quais os estudantes têm acesso no currículo escolar.
Pense, então, como você percebe as diferentes significações que seus estudantes podem atribuir a uma prática corporal. Reflita se, a partir de uma proposta de aula, todos têm a mesma reação, apresentam a mesma motivação, entendem os gestos da mesma forma, enfim, dão sentido e executam os movimentos com a mesma intenção e expectativa. Para melhor compreender este universo de significações e melhor planejar as aulas, a sugestão é que você apresente a proposta de aula anteriormente aos estudantes e peça que cada um deles preencha um pequeno roteiro sobre suas curiosidades acerca da prática planejada, como esta é vista na comunidade onde moram, possíveis experiências anteriores ou como suas famílias a percebem. Você pode formatar o roteiro, pedindo para que os estudantes façam uma espécie de investigação e anotem as informações coletadas:
Clique no botão para baixar o roteiro:
Baixar Roteiro
Ao acessar todas estas informações, você terá condições não somente de planejar suas aulas de maneira mais adequada às expectativas e necessidades dos estudantes, mas também terá elementos para trabalhar as competências (gerais e específicas) articuladas às habilidades previstas para a unidade temática em questão.
Ao propor a unidade temática "Lutas", por exemplo, você poderá perceber que existem ideias errôneas de que as lutas são práticas violentas, que instigam brigas e que não existem regras para orientá-las. Você pode ainda obter informações, por meio das investigações dos estudantes, sobre a confusão de terminologias entre diversas lutas ou ainda sobre algumas famílias não querem que seus filhos pratiquem algumas formas de luta, por acreditarem que são agressivas e que podem causar lesões e traumas. A partir dessas informações, você pode fazer articulações entre as competências e as habilidades esperadas, como mostra o quadro:
Afinal, como posso colocar isso em prática?
Após receber as informações coletadas pelos estudantes, você pode propor uma roda de conversa para que as questões que apareceram no roteiro preenchido possam ser discutidas. É importante que você se coloque no papel de mediador, lançando outras questões que possam surgir a partir das ideias que forem trazidas pelos estudantes. Lembre-se que é fundamental o estímulo à a reflexão sobre temas sensíveis, como preconceitos e estereótipos, de maneira que os estudantes possam transformá-los e superá-los. Essa atividade permitirá que você articule a Competência Específica 5 da Educação Física com a Habilidade (EF67EF17).
Você pode também pedir que os estudantes façam uma pesquisa sobre a(s) luta(s) com as quais você pretende trabalhar, procurando maiores detalhes sobre as regras, as formas, os elementos técnicos e táticos e os locais de prática, voltando a discutir com os estudantes e procurando, dentro das propostas práticas de aula, fazer uma interface entre as informações obtidas por meio do roteiro e os resultados da pesquisa. Essa será uma boa oportunidade para trabalhar não somente os gestos das lutas, mas tambémpara desfazer entendimentos equivocados a respeito de nomes, movimentos, técnicas, regras e códigos, possibilitando a articulação das Competências Específicas 2 e 6 com a Habilidade (EF67EF16).
Você pode, ainda, disponibilizar vídeos sobre as lutas que serão trabalhadas nas aulas para que, depois que os estudantes assistirem, você possa trazer para reflexão durante a aula os elementos de segurança nas práticas, respeito à integridade física própria e dos colegas, respeito às regras e ao oponente, articulando as Competências Específicas 2 e 6 com as Habilidades (EF67EF14) e (EF67EF15).
Lembre-se, professor, que este é apenas um exemplo. Você pode experimentar fazer essas propostas no desenvolvimento de qualquer prática corporal, articulando competências e habilidades que julgue adequadas.
Você se lembra das Competências Gerais que abordamos na Unidade 1? Vamos tentar fazer um exercício para organizar a articulação das competências e das habilidades? Para isso, utilize o seu Diário de Bordo para o registro de suas reflexões.
O que fazer?
Selecionar uma prática corporal dentro de uma unidade temática.
Rever as competências gerais propostas pela BNCC e as competências específicas para a Educação Física no Ensino Fundamental. 
Revisar as habilidades que poderão ser desenvolvidas dentro da proposta escolhida.
Organizar um quadro articulando as competências e habilidades, seguindo o modelo a seguir.
Lembre-se que é só um modelo. Você pode definir um número maior ou menor de Competências Específicas, bem como mais habilidades articuladas para cada competência.
Clique no botão para baixar o roteiro:
Baixar Roteiro
A partir do exemplo dado, é importante você pensar que, para além do ensino dos movimentos, técnicas, táticas e regras, o universo das práticas corporais está permeado por um conjunto de elementos subjetivos e particulares, que determinarão, em grande medida, a forma como os estudantes irão se engajar nas aulas. Nesse sentido, Neves e Neira (2020) falam da importância de promover a reflexão dos estudantes a respeito dos discursos que constituem as formas pelas quais observam a prática corporal e seus participantes. A maneira de ver uma prática corporal ao longo da trajetória de vida dos estudantes pode determinar, por exemplo, um olhar preconceituoso e explicar determinadas significações.
Ainda nessa lógica, é preciso compreender que “as representações culturais não apresentam uma estrutura fechada e definida, as pessoas inseridas em determinada cultura acessam a todo momento diferentes narrativas disponíveis no tecido social” (NEVES e NEIRA, 2020, p.13). Com isso, é bastante comum observar que as representações trazidas pelos estudantes sejam reflexo de representações expressadas por familiares, pela comunidade, por programas de televisão, pelas redes sociais, entre outros.
Nessa ótica, a BNCC (BRASIL, 2018, p. 214) indica que cada prática corporal permitirá ao indivíduo alcançar “uma dimensão de conhecimentos e de experiências aos quais ele não teria de outro modo”, sendo a vivência da prática uma maneira de propiciar um conhecimento muito particular e insubstituível. Entretanto, essa vivência só será significativa quando for possível “problematizar, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes manifestações da cultura corporal de movimento”. (BRASIL, 2018)
Conforme Neves e Neira, “A representação cultural que os estudantes exteriorizam não desaparece, não é apagada nem tampouco substituída, no decorrer do processo ela pode ser hibridizada, na medida em que é interpelada por outras significações”. (NEVES e NEIRA, 2020, p.14)
A partir da afirmação de Neves e Neira (2020) e dos temas abordados, registre sua opinião acerca do assunto em seu Diário de Bordo.
As Dimensões do Conhecimento na Educação Física
Embora o caráter lúdico esteja presente em todas as práticas corporais, quando brincam, dançam, jogam, praticam esportes, ginásticas ou atividades de aventura, os estudantes experimentam, para além da ludicidade, a apropriação de lógicas intrínsecas a essas práticas (regras, códigos, rituais, sistemáticas de funcionamento, organização, táticas etc), trocando entre si e também com o meio social as representações e os significados a eles atribuídos (BRASIL, 2018). 
Assim, a BNCC apresenta oito dimensões do conhecimento para a Educação Física, que deverão ser abordadas de forma integrada, levando-se em conta sua natureza vivencial, experiencial e subjetiva. Logo, não é possível desenvolvê-las de forma isolada ou sobreposta, não havendo hierarquia ou ordem necessária para o seu desenvolvimento no âmbito didático (BRASIL, 2018), como mostra o esquema a seguir:
Fonte: Base Nacional Comum Curricular, 2018, adaptado por Guiramand (2021)
Saiba mais
Consulte a página 220 da BNCC para saber mais sobre as Dimensões do Conhecimento.
Fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
Para Vidotti (2020, p. 191), as Dimensões do Conhecimento tornam-se importantes elementos para que o professor possa pensar sobre os saberes que devem compor as suas propostas pedagógicas. Além disso, cada dimensão classifica os conteúdos a partir do uso que é feito dos “conhecimentos em relação às práticas corporais, apresentando possibilidades concretas de conhecer, praticar, apreciar, modificar e democratizar o acesso em contextos escolares ou fora deles”(VIDOTTI, 2020, p. 191), desenvolvendo valores e conhecendo a forma como as atividades funcionam, bem como seus aspectos sociais. Com isso, as Dimensões do Conhecimento permitem que o professor aborde brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura de maneira ampla e prática.
Portanto, professor, é importante compreender que as Dimensões do Conhecimento podem servir como elemento norteador para indicar o potencial dos conhecimentos os quais você estará propondo aos seus estudantes.
Para melhor compreensão, assista aos vídeos sobre as Dimensões do Conhecimento para a Educação Física na BNCC:
Conforme você pode observar nos vídeos, as Dimensões do Conhecimento se dividem em três blocos, a partir da sua natureza e propósito. O primeiro bloco, das Dimensões Conceituais, envolve questões cognitivas e relacionadas ao conhecimento e compreensão das práticas (saber sobre). O segundo bloco, das Dimensões Procedimentais, envolve questões ligadas à prática e à experimentação (saber fazer). O terceiro bloco está ligado às Dimensões Atitudinais (saber ser e conviver), ou seja, às atitudes que envolvem a prática, como mostra o esquema abaixo:
Vamos colocar tudo isso em prática?
Pense, agora, como você poderia organizar os conteúdos desenvolvidos dentro da lógica das Dimensões do Conhecimento a partir do que é esperado que os alunos aprendam. Quais são os objetivos que os estudantes devem alcançar? Como irei relacionar as Unidades Temáticas e os Objetos de Conhecimento com a Dimensão que desejo trabalhar? Essas são algumas das perguntas que você deve estar se fazendo, portanto, vamos começar com um exercício que poderá auxiliar sua compreensão. Vamos pensar como as Dimensões do Conhecimento poderão ser trabalhadas e qual é a sua tarefa/compromisso no desenvolvimento das mesmas. Escolha uma Prática Corporal e use o modelo proposto a seguir:
Clique no botão para baixar o roteiro:
Agora, pense em envolver outros atores da comunidade escolar e tente extrapolar os limites das aulas e da escola ao trabalhar as práticas corporais, observando como as Dimensões do Conhecimento podem ser desenvolvidas. Use o modelo a seguir para organizar suas ideias:
Unidade 3 – As seis unidades temáticas do Ensino Fundamental
Professor, na Unidade 3 serão abordadas as Unidades Temáticas previstas pela BNCC, detalhando cada uma delas a partir das respectivas práticas corporais e dos objetos de conhecimento. Esta unidade também apresenta uma série de exemplos, por meio de leituras e vídeos para o trabalho da UnidadesTemáticas, bem como exercícios para auxiliá-lo em seu planejamento e aplicação prática das propostas. Bom trabalho!
Unidades Temáticas da Educação Física para os Anos Finais do Ensino Fundamental
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, entende-se que os estudantes possuem maior capacidade de abstração e são capazes de acessar distintas fontes de informação. Isso permite que os estudos das práticas corporais na escola tenham maior aprofundamento e que as propostas curriculares sejam mais flexíveis, adequando-se às realidades locais. Nesse contexto, a BNCC organiza as seis unidades temáticas e seus respectivos objetos de conhecimento em dois blocos divididos entre 6º e 7º anos e 8º e 9º anos (BRASIL, 2018), como mostra o quadro a seguir:
A BNCC (2018, p. 231) ressalta ainda que “a partir do 6º ano, prevê-se que os estudantes possam ter acesso a um conhecimento mais aprofundado de algumas das práticas corporais, como também sua realização em contextos de lazer e saúde, dentro e fora da escola”. Isso significa que, como professor, você pode começar a pensar na ampliação de exploração das práticas corporais nas Unidades Temáticas, desenvolvendo uma gama variada de possibilidades dentro dos objetos de conhecimento de cada unidade. Inicialmente, pode parecer que existe um aumento de conteúdos a serem trabalhados, uma vez que a BNCC propõe o desenvolvimento de conteúdos que anteriormente não eram tratados nos documentos de referência para a Educação Física. Nesses documentos, normalmente os esportes mais populares eram priorizados, deixando outras formas de práticas corporais de fora.
O que você precisa pensar, professor, é que a BNCC categoriza os objetos de conhecimento conforme características comuns, o que permite que as práticas corporais sejam analisadas e trabalhadas de maneira conjunta, possibilitando que sejam desenvolvidas nas mesmas aulas. Por exemplo, se você for trabalhar com a Unidade Temática de Esportes técnico-combinatórios, poderá propor várias práticas em uma mesma sequência didática, explorando movimentos da ginástica artística, da ginástica rítmica e da ginástica acrobática. Nessa lógica, enquanto algumas práticas poderão ser trabalhadas de forma mais aprofundada, por estarem mais adequadas ao contexto e às experiências dos alunos, por exemplo, outras poderão ser trabalhadas de forma mais breve e resumida.
Vamos retomar cada Unidade Temática, detalhando os objetos de conhecimento e/ou as práticas corporais inseridas em cada uma delas.
Brincadeiras e Jogos
Esta Unidade Temática, segundo a BNCC (BRASIL, 2018, p. 214), “explora aquelas atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras, pela obediência de cada participante ao que foi combinado coletivamente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si”. As brincadeiras e jogos não possuem, necessariamente, um conjunto permanente de regras, sendo possível recriar jogos e atividades de diferentes lugares e momentos históricos, a partir das características culturais dos participantes. A Base aponta para a importância de reconhecer a diferença entre jogos como conteúdos específicos ou ferramentas auxiliares de ensino, já que os jogos e brincadeiras inseridos no campo educacional têm como objetivo promover interações sociais particulares entre seus participantes ou ainda servem para fixação de determinados conhecimentos (BRASIL, 2018). Contudo, a partir de jogos e brincadeiras e jogos pré-desportivos, se reconhece um conjunto grande de atividades que circula por redes de sociabilidade informais, e por isso denominam-se como populares.
"Na BNCC as brincadeiras e os jogos têm valor em si e precisam ser organizados para serem estudados. São igualmente relevantes os jogos e as brincadeiras presentes na memória dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, que trazem consigo formas de conviver, oportunizando o reconhecimento de seus valores e formas de viver em diferentes contextos ambientais e socioculturais brasileiros" (BRASIL, 2018, p. 215).
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental é importante lembrar que esta Unidade Temática está prevista apenas para 6º e 7º anos, com a proposta dos Jogos Eletrônicos. Ressalta-se que a Competência Geral 5 da Educação Básica, proposta pela BNCC, já prevê a compreensão, utilização e criação de tecnologias digitais de informação. Portanto, a importância do domínio das tecnologias aparece em todas as áreas de conhecimento, inclusive na Educação Física, reforçando a ideia da cultura digital na educação. Entenda melhor os Jogos eletrônicos na Educação Física escolar assistindo ao vídeo a seguir:
Desta forma, a inclusão dos Jogos Eletrônicos nas aulas aproxima os estudantes da realidade atual, possibilitando o acompanhamento dos avanços tecnológicos, bem como novas interações presenciais e/ou virtuais. Esses avanços também vêm permitindo que, por meio de diferentes linguagens midiáticas (sons, imagens, vídeos, efeitos diversos), os jogos eletrônicos se tornem cada vez mais dinâmicos e atraentes, aumentando o interesse de crianças, jovens e adultos. Assim, inserido na gama de conteúdos deste componente curricular, os Jogos Eletrônicos surgem como parte integrante da cultura contemporânea, exigindo que competências e habilidades sejam trabalhadas pelo professor.
Rodrigues e Silva (2019) apontam para o desafio que representa para o professor de Educação Física trabalhar com tecnologias, já que o trabalho com jogos eletrônicos se apresenta de maneira diferente diante dos conteúdos da cultura corporal do movimento. Com isso, a fim de proporcionar novas possibilidades de práticas dos jogos eletrônicos no ambiente escolar, é necessário pensar em novas propostas metodológicas, permitindo a participação de todos os envolvidos no processo de construção do conhecimento.
Para Silva et al (2019) existe um notável receio em trabalhar os jogos eletrônicos na escola, em função de terem como característica pouca movimentação corporal, entretanto, a proposta de trabalho com esse objeto de conhecimento deve passar pela desconstrução dessa ideia, já que os jogos eletrônicos podem ser revistos e adaptados como uma prática educativa com o domínio motor.
Assim, a partir dos três elementos fundamentais comuns às práticas corporais propostos pela BNCC: movimento corporal como elemento essencial; organização interna com uma lógica específica e produto cultural (BRASIL, 2018), jogos reais podem ser criados, partindo da interpretação dos jogos eletrônicos. Portanto, é possível colocar os estudantes diante de uma vivência que está vinculada a uma experiência virtual, contextualizando e construindo conexões entre a prática e o jogo eletrônico.
Nesse sentido, Stahl (2021, p. 30) afirma ser “importante que o professor traga elementos informativos (vídeos, imagens, ou até o próprio jogo) que estabeleçam um grau de paridade entre os discentes, a respeito desse conteúdo que será trabalhado”. É importante também trazer conceitos e ideias para que os estudantes entendam o sentido da prática a ser realizada, as mudanças pelas quais os jogos eletrônicos passaram (parte gráfica, gerações, personagens) e a influência que têm na vida e no cotidiano da sociedade. O autor ainda diz que “é fundamental que os alunos sejam conduzidos a resolver problemas e colocar seus saberes em prática com autonomia, compreendendo bem a lógica interna e seus desdobramentos para que realizem ações intencionais”. (STAHL, 2021, p. 30)
Veja alguns exemplos de como Jogos Eletrônicos clássicos podem ser adaptados ao contexto da Educação Física escolar:
Saiba mais
Clique e leia: Jogos Eletrônicos na Educação Física Escolar: da Reprodução à Criação
RODRIGUES, M.C. SILVA, G.F. Jogos Eletrônicos na Educação Física Escolar: da Reprodução à Criação. Revista Facisa On‐Line, Barra do Garças ‐ MT, vol. 09, n. 1, p. 174‐183, Ed. Especial, 2020. Disponível em: http://periodicos.unicathedral.edu.br/revistafacisa/article/view/372/350. Acesso em: 24 out. 2021.
Clique e leia: Aproximaçõesentre os Exergames e os Conteúdos da Educação Física Escolar 
GONÇALVES, J.K.R. SANTOS, J.R. MOTA, P.S.A. Revista Saúde Física & Mental, v. 6, n. 1, 2018. Disponível em: https://revista.uniabeu.edu.br/index.php/SFM/article/view/3405/2316. Acesso em: 26 out. 2021.
Clique e acesse: E-Sports (Esportes Eletrônicos) Na Educação Física
E-Sports (Esportes Eletrônicos) na Educação Física
Conheça a história dos e-Sports e saiba como utilizá-los nas aulas de Educação Física
IMPULSIONA. Instituto Península. Disponível em: https://impulsiona.org.br/e-sports-educacao-fisica/ . Acesso em: 24 out. 2021
Clique e acesse: Práticas reais de jogos virtuais
Veja a reportagem
Práticas reais de jogos virtuais
Ao transpor games para a quadra, a classe elabora estratégias e movimenta o corpo
MENEZES, L. SALLA, F. FERREIRA, A.R. Práticas reais de jogos virtuais: ao transpor games para a quadra, a classe elabora estratégias e movimenta o corpo. Revista Nova Escola. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/8469/praticas-reais-de-jogos-virtuais. Acesso em: 25 out. 2021,
Vamos colocar em prática?
Pense em abordar os Jogos Eletrônicos em suas aulas com o objetivo de desenvolver nos estudantes a criatividade, cooperação, trabalho em equipe, raciocínio lógico, agilidade, entre outras habilidades. Vamos seguir um passo a passo:
Escolha um jogo eletrônico ou pergunte aos estudantes qual jogo eletrônico mais gostam ou conhecem.
Contextualize o jogo, fala sobre a parte gráfica, evolução, personagens, efeitos, objetivo, regras. Se possível, disponibilize o jogo em aula para que os estudantes possam observar esses elementos.
Proponha que o jogo seja adaptado para o mundo real, explorando as possibilidades práticas que podem ser desenvolvidas a partir do contexto do jogo, do movimento dos personagens, das ações que deverão ser executadas, ou qualquer outra característica que possa ser adequada. Nesse momento, é importante dar autonomia para que os estudantes percebam quais adaptações podem ser feitas, permitindo que façam sugestões e insiram novos elementos. Isso poderá proporcionar o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, da capacidade de trabalho colaborativo e da capacidade de resolução de problemas.
Faça uma lista dos materiais que serão necessários, combinando estratégias de utilização de materiais recicláveis e confecção dos próprios estudantes.
Organize com os estudantes as regras do jogo, podendo adaptá-las do formato eletrônico original.
Monte com os estudantes o cenário do jogo e coloque em prática.
Realize uma roda de conversa depois da prática do jogo para que os estudantes possam refletir sobre a atividade, abordando aspectos pertinentes às competências e habilidades desenvolvidas.
Vamos escolher um jogo eletrônico que você conheça. Pense em um jogo que você joga no seu celular ou que alguém próximo de você jogue. Imagine, agora, que seus estudantes irão jogar esse jogo eletrônico. Reflita sobre como você poderá propor a eles o jogo, quais são as competências da BNCC desenvolvidas e quais dimensões do conhecimento serão trabalhadas. Pense, também, em elementos que podem ser desenvolvidos por meio do jogo, como a criatividade, o pensamento estratégico, a agilidade, a capacidade de resolução de problemas, a coordenação motora, descrevendo como esses elementos seriam trabalhados. Organize um quadro como o modelo abaixo. Depois disso, a ideia é inserir o jogo nas suas aulas. Vamos tentar?
Esportes
Entendendo que na contemporaneidade o esporte está presente com grande repercussão nos meios de comunicação, a BNCC reúne nesta Unidade Temática manifestações dessa prática que vão desde as mais formais até as derivadas. Dentro da caracterização dos esportes, podemos observar uma lógica de orientação que compara o desempenho dos indivíduos ou grupos de indivíduos subordinados a um conjunto de regras organizadas por associações, federações e confederações, que por sua vez estabelecem normas para as disputas, promovendo o desenvolvimento das modalidades em todos os níveis competitivos (BRASIL, 2018).
Precisamos entender, contudo, que segundo a BNCC (BRASIL, 2018), essa caracterização pode ter diversos sentidos e significados, dependendo daqueles que o praticam, a partir de contextos específicos, como por exemplo, no lazer, na educação e na saúde.
Nesse sentido, Tenório (2021, p. 161) defende que “o esporte a ser desenvolvido na escola precisa assumir características que contemplem a diversidade cultural presente neste ambiente, abordando pedagogicamente os alunos em suas diferentes perspectivas e interesses”, uma vez que as aulas de Educação Física podem apresentar-se como novas “possibilidades de compreender e vivenciar o esporte como manifestação da cultura” (TENÓRIO, 2021). Com isso, o esporte deve ser entendido como algo que não pode ser apenas copiado pelos sujeitos, mas sim ressignificado e vivenciado na escola com o enfoque no companheirismo, no diálogo e na satisfação.
Nessa perspectiva, a Base também indica que, sendo uma prática social, o esporte pode ser recriado pelos seus envolvidos, derivando outras práticas que “mantêm, essencialmente, suas características formais de regulação das ações, mas adaptam as demais normas institucionais aos interesses dos participantes, às características do espaço, ao número de jogadores, ao material disponível etc” (BRASIL, 2018, p. 215).
Esta Unidade Temática, portanto, está estruturada a partir de um modelo de classificação com base em uma lógica interna, tendo como referência os critérios de cooperação, interação com o adversário, desempenho motor e objetivos táticos da ação”, possibilitando que as modalidades esportivas sejam organizadas em categorias que privilegiam ações motoras intrínsecas, agrupando os esportes com exigências motrizes similares (BRASIL, 2018, p. 215).
A BNCC (BRASIL, 2018) apresenta sete categorias de classificação dos Esportes, mas ressalta que as modalidades citadas são apenas referências que ajudam a compreender melhor essa classificação, não precisando ser, necessariamente, tematizadas na escola. As categorias são as seguintes:
Marca: são aquelas modalidades que comparam resultados que podem ser registrados em segundos, metros ou quilos. Como exemplos de modalidades, temos as provas de atletismo, natação, remo e levantamento de peso. Na BNCC, essa categoria está prevista para 6º e 7º anos do Ensino Fundamental.
Precisão: conjunto de modalidades que têm como característica lançar ou arremessar um objeto com o objetivo de acertar um alvo específico, que poderá estar estático ou em movimento, e são comparados o número de tentativas, a pontuação estabelecida em cada tentativa (maior ou menor do que a do adversário) ou a proximidade do objeto arremessado ao alvo (mais perto ou mais longe do que o adversário conseguiu deixar). São exemplos: a bocha, o golfe, o tiro com arco e o tiro esportivo. Na BNCC, essa categoria está prevista para o 6º e 7º anos do Ensino Fundamental.
Técnico-combinatório: são aquelas modalidades em que a qualidade, a beleza plástica e o grau de dificuldade do movimento são comparados e respeitam padrões e critérios pré-estabelecidos, como a ginástica artística, a ginástica rítmica, o nado sincronizado, a patinação artística e os saltos ornamentais. Na BNCC, esta categoria está prevista para o 6º e 7º ano do Ensino Fundamental.
Rede/quadra dividida ou parede de rebote: é o conjunto de modalidades em que a bola é arremessada, lançada ou rebatida na direção da quadra adversária e o oponente não é capaz de devolvê-la da mesma maneira ou ainda comete um erro enquanto o objeto do jogo está em movimento. São exemplos: o voleibol, o vôlei de praia, o tênis de campo, o tênis de mesa, o badminton e a peteca. Os esportes de parede incluem pelota basca, raquetebol, squash, entre outros. Na BNCC, esta categoria está prevista para 8º e 9º anos do Ensino Fundamental.
Campo e taco: modalidades com a característica de rebater a bola lançada pelo adversário o mais longe possível, enquanto se percorre o maior número de vezesas bases ou a maior distância possível entre as bases. Os pontos são somados enquanto o controle da bola não é recuperado. O beisebol, o críquete e o softbol são alguns exemplos. Na BNCC, esta categoria está prevista para 8º e 9º anos do Ensino Fundamental.
Invasão ou territorial: conjunto de modalidades que têm como característica a introdução ou condução de uma bola (ou outro objeto) por uma equipe até uma meta ou setor da quadra/campo defendido pelo adversário, ao mesmo tempo em que deverá proteger o próprio alvo, meta ou setor do campo. Como exemplo, temos: o basquetebol, o frisbee, o futebol, o futsal, o futebol americano, o handebol, o hóquei sobre grama, o rúgbi, entre outros. Na BNCC, esta categoria está prevista para os quatro anos finais do Ensino Fundamental.
Combate: são aquelas modalidades que se caracterizam por meio de disputas cujo oponente deve ser subjugado com técnicas, táticas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço, utilizando-se de combinações de ações de ataque e defesa. O judô, o boxe, a esgrima e o taekwondo são alguns exemplos. Na BNCC, esta categoria está prevista para 8º e 9º anos do Ensino Fundamental.
É importante pensar, professor, que a BNCC considera fundamental o contato dos estudantes com a maior variedade de práticas esportivas possível, possibilitando que estejam prontos para compreender a diversidade que as caracteriza, evitando que apenas as modalidades mais populares ou difundidas pelos meios de comunicação sejam trabalhadas. Por isso, reflita o quanto você tem proposto possibilidades variadas de modalidades esportivas e/ou categorias de esportes diversas em suas aulas. A sugestão é que você leia os artigos abaixo, os quais abordam a utilização de modalidades esportivas não tradicionais em aulas de Educação Física.
Saiba mais
FERMINO, P. H. D.; FERMINO, R. S. A inclusão do tema esportes alternativos em aulas de Educação Física na rede publica de ensino do estado de São Paulo. In: Anais... VII Seminário de Metodologia de Ensino da Educação Física. USP. Jul./2018. Disponível em: http://www.gpef.fe.usp.br/semef2018/Posteres/pamela_fermino.pdf. Acesso em: 26 out. 2021.
MATOS, M. Esportes alternativos: o que são e quais são seus benefícios para a educação física escolar? Revista Saúde Física & Mental, v. 6, n. 2, 2018. Disponível em: https://revista.uniabeu.edu.br/index.php/SFM/article/view/3542/2423. Acesso em 26 out. 2021.
Vamos colocar em prática?
Agora que você já refletiu sobre as possibilidades de desenvolver com seus estudantes modalidades esportivas e/ou categorias de esportes diversas, converse com eles sobre quais práticas eles têm curiosidade de conhecer e o que já ouviram falar sobre elas. Você pode pedir que citem esportes dos quais nunca praticaram, mas que gostariam de praticar, perguntando o porquê de querem conhecer essas modalidades. Isso dará condições para você, professor, compreender melhor a forma de aproximação dos estudantes com o esporte em questão, auxiliando na sua contextualização e no desenvolvimento da sua prática. Veja uma sugestão de como você pode desenvolver as atividades:
Comece com uma conversa com os estudantes sobre as práticas de interesse;
Pesquise sobre essas práticas - procurando situá-las nos seus contextos históricos - e sobre como elas podem ser desenvolvidas dentro do contexto da sua escola, pensando em possíveis adaptações que sejam necessárias;
Selecione os materiais necessários ou pense em possibilidades de adaptação/substituição e/ou confecção dos mesmos. No módulo 4 deste Curso apresentamos uma série de sugestões de confecção de materiais para o trabalho com diversas modalidades esportivas (indicamos que os próprios estudantes possam se envolver no processo);
Proponha uma pesquisa dos estudantes para que possam aprofundar-se nos conhecimentos sobre as modalidades escolhidas. Caso trabalhe com uma categoria de Esportes, proponha aos estudantes que apontem semelhanças e diferenças nas modalidades envolvidas, a partir das ações motoras e táticas previstas na BNCC;
Ao final de cada aula em que os Esportes forem trabalhados, faça uma roda de conversa com os estudantes e peça que reflitam sobre o modo como percebem a prática, como conseguem aproximá-la do seu dia a dia, o que pensam que poderia ser modificado e por qual motivo;
Para finalizar o trabalho com esses conteúdos, você pode propor que os estudantes recriem as práticas, adequando-as ao seu contexto e universo de significações, modificando as formas de movimento, regras, lógica de funcionamento ou qualquer outro aspecto que possa se originar da realidade deles.
É importante que, ao planejar o trabalho, você tenha em mente quais são os objetivos para os estudantes e quais são as dimensões do conhecimento que estão sendo desenvolvidas nesta proposta. É importante, também, que essas questões estejam articuladas com as competências previstas pela BNCC. Lembre-se que para 6º e 7º anos, os objetos de conhecimento na Unidade Temática são esportes de marca, esportes de precisão, esportes de invasão e esportes técnico-combinatórios e para 8º e 9º anos, são esportes de rede/parede, esportes de campo e taco, esportes de invasão e esportes de combate. Para organizar seu planejamento para o trabalho organize um quadro como sugere o modelo a seguir.
Ginásticas
Por serem práticas com organização e significados bastante distintos, as Ginásticas na BNCC possuem classificações específicas: (a) ginástica geral; (b) ginásticas de condicionamento físico e (c) ginásticas de conscientização corporal. Ressalta-se que as Ginásticas competitivas estão incluídas na Unidade Temática Esportes, por serem consideradas práticas esportivas.
A ginástica geral, que também pode ser chamada de ginástica para todos, é aquela que explora as possibilidades acrobáticas e expressivas do corpo, a interação social, o compartilhamento do aprendizado e a não competitividade, podendo ser desenvolvida por meio de exercícios no solo, no ar (saltos), em aparelhos (trapézio, corda, fita elástica), de maneira individual ou coletiva. Essa forma de ginástica reúne um conjunto variado de piruetas, rolamentos, paradas de mão, pontes, pirâmides humanas, fazendo parte também desta prática os jogos de malabar ou malabarismo (BRASIL, 2018, p. 217). Essa classificação das ginásticas está prevista na BNCC apenas nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
As ginásticas de condicionamento físico “se caracterizam pela exercitação corporal orientada à melhoria do rendimento, à aquisição e à manutenção da condição física individual ou à modificação da composição corporal” (BRASIL, 2018). A organização desse tipo de ginástica prevê movimentos repetidos dentro de sessões planejadas, que incluem a definição de frequência e intensidade dos exercícios e podem ser orientadas a partir do perfil de uma população específica ou de situações ambientais, como por exemplo, a ginástica para gestantes ou a ginástica laboral (BRASIL, 2018, p. 217). Essa categoria de ginástica se relaciona a um estilo de vida saudável, tendo como principais objetivos o ganho de massa muscular e a perda de gordura corporal. São exemplos de ginásticas de condicionamento físico a ginástica aeróbica, o jump, o step, a zumba, os treinamentos em circuito, o crossfit, entre outros. As ginásticas de condicionamento físico estão previstas na BNCC para todos os anos finais do Ensino Fundamental.
Para entender melhor como estruturar uma aula de ginásticas de condicionamento físico assista ao vídeo abaixo:
A segunda manifestação das ginásticas prevista para os anos finais do Ensino Fundamental (8º e 9º anos) são as ginásticas de conscientização corporal. Essas práticas envolvem movimentos suaves e lentos, a conscientização de exercícios respiratórios e posturais, com o objetivo de melhorar a percepção sobre o próprio corpo. A origem de algumas dessas práticas de ginásticas de conscientização corporal está em práticas corporais milenares da cultura oriental (BRASIL, 2018). Nessas práticas, o foco estáno relaxamento, na meditação e na automassagem, sendo exemplos o yoga, pilates, massagem biodinâmica, entre outros.
Para entender melhor como trabalhar com as ginásticas de conscientização corporal leia o artigo Lian Gong: Uma Prática Possível na Educação Física Escolar, que relata a proposta de prática dessa ginástica chinesa que trabalha relacionando o gesto corporal com a respiração.
Saiba mais
SANTOS, A.S.P. Lian Gong: uma Prática Possível na Educação Física Escolar. Projeto professor autor: fazendo história... trocando figurinhas. Fortaleza: Prefeitura Municipal de Fortaleza, 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Arimate-Alves-Noronha/publication/349063909_PROJETO_PROFESSOR_AUTOR/links/601daebba6fdcc37a8062d5e/PROJETO-PROFESSOR-AUTOR.pdf#page=30. Acesso em: 26 out. 2021.
Veja também o vídeo que detalha os tipos de ginásticas desta Unidade Temática dentro da proposta da BNCC. Nosso foco de interesse (ginástica de condicionamento físico e ginástica de conscientização corporal) é apresentado a partir dos 7 minutos e 45 segundos.
Vamos colocar em prática?
Você pode pensar que trabalhar os conteúdos das Ginásticas parece difícil e complicado, contudo, o desenvolvimento desses objetos de conhecimento pode ser mais fácil do que você imagina. Selecionamos alguns vídeos com exemplos de atividades que podem auxiliá-lo em seu trabalho para que depois você desenvolva a atividade proposta.
Ginásticas de conscientização corporal
Técnicas de respiração 1
Técnicas de respiração 2
Reeducação postural e relaxamento 1
Reeducação postural e relaxamento 2
Automassagem
Yoga para iniciantes
Ginásticas de condicionamento físico
Aeróbica para iniciantes
Step para iniciantes
Hiit para iniciantes
Circuito para iniciantes
Funcional para iniciantes
Hiit para iniciantes 2
Como sugestão de trabalho, veja agora um vídeo de um circuito de condicionamento físico com crianças do 6º ano:
Agora é hora de você pensar em práticas que poderão ser desenvolvidas nas suas aulas. Pense em organizar seu trabalho a partir de uma das possibilidades de Ginásticas para os anos finais do Ensino Fundamental, de acordo com a prática prevista na BNCC. Como você pôde observar nos vídeos, essas práticas não exigem materiais refinados ou uma estrutura física especial. Os equipamentos sugeridos nos vídeos poderão ser facilmente adaptados, como está exemplificado nos mesmos.
Uma questão importante a ser tratada nesta Unidade Temática, conforme indicado na BNCC (BRASIL, 2018, p.231), é o aprofundamento do conhecimento das práticas para a “sua realização em contextos de lazer e saúde, dentro e fora da escola”. Com isso, reflita sobre como você pode trabalhar esses objetos de conhecimento para que os estudantes possam adotar um estilo de vida saudável, inserindo a prática das ginásticas no seu dia a dia, para além do universo escolar.
Outro ponto relevante é saber qual é a expectativa dos estudantes em relação às práticas, seus objetivos e os resultados esperados por eles. Você pode pedir que eles preencham uma espécie de anamnese, com perguntas que poderão lhe ajudar a compreender melhor o que os estudantes conhecem da prática proposta, como mostra o exemplo:
Pense, a partir das respostas dos estudantes, em contextualizar a prática a partir das características históricas, dos valores que podem ser trabalhados, dos objetivos da modalidade em relação aos objetivos apresentados por eles. Discuta, também, sobre as técnicas de execução dos movimentos e as normas de segurança e de convívio para a realização desta prática, refletindo sobre a participação de todos, independentemente das dificuldades ou limitações, com o objetivo de promover a saúde. Fale, ainda, sobre as possibilidades da realização deste ou de outros exercícios físicos para além da Educação Física escolar, adotando isso como um hábito de vida.
Depois, proponha aos alunos a criação de um painel onde todos os elementos discutidos possam ser colocados, seja por meio de imagens, frases, desenhos ou qualquer outro tipo de recurso que expresse as ideias debatidas. Exponha o painel na escola. Vamos tentar?
Outra estratégia que poderá ser usada por você, professor, é apresentar imagens e vídeos da(s) modalidade(s) de ginástica escolhida(s) para trabalhar nas aulas, com o objetivo de apresentar as práticas aos estudantes, fazendo com que as conheçam previamente. Identifique os movimentos que eles são capazes de reconhecer e aqueles que se apresentam como uma novidade para os estudantes. Nesse momento, você poderá listar os movimentos conhecidos para que os próprios estudantes possam demonstrá-los aos colegas, estimulando a participação de todos.
Para contextualizar a(s) modalidade(s) de ginástica trabalhada(s) em outros espaços para além do contexto escolar, peça aos estudantes que identifiquem onde essas práticas podem acontecer, como por exemplo, academias e parques, entre outros. Isto permitirá que eles façam relações com o cotidiano e entendam que as práticas podem e devem ser realizadas também fora da Educação Física na Escola.
Para que os estudantes compreendam melhor as questões fisiológicas envolvidas nessas práticas, as adaptações e alterações que esse tipo de exercício proporciona ao corpo, você pode criar uma ficha para que anotem como percebem as reações corporais com a realização do exercício. A ficha poderá conter as seguintes perguntas:
Ao responderem as questões, os estudantes terão a oportunidade de observar algumas alterações fisiológicas ocasionadas pelo exercício, percebendo melhor seu próprio corpo. A partir daí, você pode abrir um espaço da aula para discutir sobre as percepções dos estudantes em relação às alterações relatadas, explicando porque elas ocorrem e como o corpo reage. Desta forma, abre-se uma possibilidade para que os estudantes conheçam melhor seu corpo, tomando consciência do seu funcionamento, além de ser um momento em que você, professor, poderá abordar aspectos relacionados à saúde e ao bem-estar.
Danças
As Danças na BNCC (BRASIL, 218, p. 218) são a Unidade Temática que forma as práticas corporais caracterizadas por “movimentos rítmicos, organizados em passos e evoluções específicas, muitas vezes também integradas a coreografias”. Realizadas individualmente, em duplas ou grupos, as Danças se diferem das demais práticas corporais rítmico-expressivas, visto que se desenvolvem em codificações particulares, as quais possuem uma constituição histórica, permitindo que sejam identificados movimentos e ritmos musicais característicos associados a cada uma delas.
Nesse sentido, Gaspari (2017) afirma que a dança surge e se desenvolve a partir da necessidade de comunicação e expressão do ser humano, sendo considerada uma das mais antigas formas de manifestação do corpo.
“Em todas as épocas e espaços geográficos, a dança desempenhou para os povos uma representação de suas manifestações, de seus ‘estados de espírito’, de emoções, de expressão e comunicação de suas características culturais. Por meio de gestos e movimentos a dança traduz as mais íntimas das emoções, acompanhada ou não da música e do canto ou de ritmos peculiares” (GASPARI, 2017, p. 202).
Além de traduzir contextos históricos e possibilitar a expressão de sentimentos e culturas, segundo Graber e Woods (2014), também são apontados os benefícios da dança em grupo no Ensino Fundamental, entendendo que esta prática inclui a construção de relações sociais, desenvolvimento de habilidades de negociação e a combinação de ideias para criar um plano.
Gaspari (2017, p. 204) entende que a dança na aula de Educação Física é capaz de favorecer a exploração corporal do estudante como um todo, oportunizando a este “conhecer as diversas manifestações dançantes da Cultura Corporal de Movimento, discuti-las e atentar para a criatividade de suas possibilidades de movimentação corporal, transformando-as em dança”. Com isso, o estudante poderá reproduzir ou transformar as manifestações já existentes a partir das suas necessidades, apresentando-as ou apreciando as diferentes

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