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Desordens Neuromusculoarticulares

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DESCRIÇÃO
Sintomas, prognósticos e aplicabilidade fisioterapêutica na Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne, na
Amiotrofia Espinhal Progressiva, na Luxação Congênita de Quadril, no Pé Torto Congênito, no Torcicolo
Congênito e na Artrite Reumática Juvenil.
PROPÓSITO
Desordens neuromusculoarticulares causam diversas alterações e limitações funcionais que podem ser fatais.
O conhecimento da fisiopatologia de doenças que causam essas desordens é fundamental para a prática
clínica do fisioterapeuta, pois permitirá a elaboração de objetivos de tratamento compatíveis com a gravidade
e o prognóstico de cada doença.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este estudo, tenha em mãos um atlas de anatomia humana para identificar e visualizar com
clareza todas as estruturas que serão apontadas no decorrer deste conteúdo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar as causas da Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne e da Amiotrofia Espinhal Progressiva e
as propostas de intervenção fisioterapêutica
MÓDULO 2
Relacionar a fisiopatologia da Luxação Congênita de Quadril ao tratamento fisioterapêutico
MÓDULO 3
Reconhecer as características do Pé Torto Congênito, do Torcicolo Congênito e as possibilidades de atuação
fisioterapêutica
MÓDULO 4
Analisar a fisiopatologia da Artrite Reumática Juvenil e a aplicabilidade fisioterapêutica para o tratamento da
patologia
INTRODUÇÃO
O termo desordens neuromusculoarticulares aplica-se a um universo muito alargado de diferentes patologias.
Essas doenças incluem um grupo de enfermidades de etiologia hereditária ou adquirida, muitas vezes com
caráter progressivo, que podem afetar os componentes do sistema nervoso periférico, responsável por
conduzir as informações de movimento, decorrentes do acometimento primário da unidade motora, composta
por motoneurônio medular, raiz nervosa, nervo periférico, junção mioneural e músculo.
Nas crianças, a maior parte dessas afecções é geneticamente determinada, sendo as doenças
neuromusculares adquiridas bem mais raras do que em adultos. Na década passada, inúmeros avanços na
área da genética molecular vieram facilitar o diagnóstico e o aconselhamento genético, inclusive possibilitando
técnicas de diagnóstico fetal. Conheceremos mais sobre algumas dessas patologias com as quais vocês irão
se deparar com frequência nas suas práticas terapêuticas. Estão prontos? Vamos começar!
MÓDULO 1
 Identificar as causas da Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne e da Amiotrofia Espinhal
Progressiva e as propostas de intervenção fisioterapêutica
DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA DE
DUCHENNE E AMIOTROFIA ESPINHAL
PROGRESSIVA
Tanto a Distrofia muscular de Duchenne (DMD) quanto a Atrofia Muscular Espinhal (AME) ou Amiotrofia
Espinhal Progressiva são doenças neuromusculares monogênicas fatais causadas por mutações.
Ambas são caracterizadas por fraqueza muscular progressiva e consequente perda de capacidade funcional.
Por isso, muitas vezes são confundidas (diagnóstico diferencial).
Embora parecidas, neste módulo, iremos abordar a fisiopatologia da DMD e da AME e suas principais
características. Dessa forma, você será capaz de identificar as disfunções mais comuns em cada condição e
como o tratamento fisioterapêutico pode ser benéfico para as crianças em diversas fases de cada doença
(ARAUJO et al., 2018).
DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA DE
DUCHENNE
A distrofia muscular de Duchenne (DMD), também chamada de distrofia pseudo-hipertrófica, é uma doença
hereditária progressiva normalmente encontrada no sexo masculino, que herda o cromossomo de sua mãe
assintomática. Essa condição afeta o braço curto do cromossomo X (lócus Xp21, sub banda Xp21.2). Esse
gene, em condições normais, é responsável pela produção de distrofina, uma proteína localizada no
sarcolema das fibras musculares responsável pela estabilização da contração muscular.
Quando há uma deficiência de distrofina, como no caso da DMD, acontece um desequilíbrio nas membranas
celulares que permite um influxo de grande quantidade de cálcio, com ativação de enzimas que causam morte
das células musculares.

Dessa maneira, acontece uma substituição dos tecidos musculares por tecido adiposo e conjuntivo, resultando
em fraqueza e atrofia muscular (que aumentam com o passar do tempo), comprometendo, assim, a
capacidade funcional da criança.
 Distrofia muscular.
Diagnóstico e prognóstico da Distrofia Muscular de Duchenne
O diagnóstico clínico normalmente ocorre entre 3 e 5 anos de idade, quando a criança começa a apresentar
dificuldade no desenvolvimento motor, principalmente na aquisição da marcha, e observa-se a presença de
pseudo-hipertrofia das panturrilhas. Pode ser estabelecido por meio de exame clínico, história familiar e
alguns exames como (ARAUJO et al., 2017):
 Menino com paralisia pseudo-hipertrófica.
Análise do DNA
Biópsia muscular (ausência da distrofina)
Dosagem da creatinoquinase – CK (aumentada quando há dano muscular [>2.000 U/L])
Sendo uma doença progressiva que ainda não apresenta cura, a expectativa de vida desses pacientes é
reduzida (entre 20 e 30 anos) dependendo da gravidade da doença. Porém, com os avanços científicos e
tecnológicos acerca dos tratamentos (prevenção e manutenção), é possível permitir uma melhora na qualidade
de vida desses indivíduos, podendo aumentar a sua sobrevida.
Características da Distrofia Muscular de Duchenne
Como podemos ver, a principal característica da DMD é a fraqueza muscular progressiva que,
consequentemente, leva a limitações e incapacidades funcionais que tornam essa doença fatal.
As manifestações clínicas são percebidas pela alteração no desenvolvimento motor. Iniciam-se por volta dos
três primeiros anos de vida, tornando-se mais evidentes com o passar dos anos (até os cinco anos).
A fraqueza muscular se inicia na cintura pélvica e membros inferiores, vai aumentando gradativamente de
forma simétrica e bilateral, progredindo para os músculos do tronco, cintura escapular, membros
superiores, chegando a afetar os músculos respiratórios e cardíaco. Além das alterações musculares,
essas crianças podem apresentar outros sintomas como: dor crônica, fadiga, cãibras, constipação intestinal,
ansiedade e depressão.
O quadro abaixo resume as principais alterações encontradas nas crianças com DMD.
Características Alterações
Pseudo-hipetrofia das panturrilhas.
Aumento do volume das panturrilhas pela
substituição das fibras musculares por tecido
conjuntivo e adiposo – fraqueza muscular.
Dificuldade de deambular, correr, pular e
ocorrência de quedas frequentes.
Fraqueza de membros inferiores, tronco e
músculos que sustentam a postura ortostática.
Sinal de Gowers – a criança usa as mãos para
empurrar os joelhos no momento da troca
postural (solo – posição ortostática).
Diminuição da força em extensores de joelho e
quadril e dificuldade de extensão de tronco para
levantar-se do solo.
Inclinação lateral da pelve em PO – marcha
miopática ou anserina.
Fraqueza de glúteo médio e mínimo.
Incapacidade de deambular – uso de cadeira
de rodas.
Com a progressão da fraqueza muscular,
normalmente após os 10 anos de idade.
Características Alterações
Insuficiência respiratória, dificuldade na
ventilação, dificuldade ou incapacidade de
tossir – infecções respiratórias de repetição.
Acometimento da musculatura respiratória - falta
de força expiratória para tossir.
Deformidades ósseas e/ou articulares como:
escoliose e deformidade no tornozelo.
Com a fraqueza muscular e a diminuição da
mobilidade, podem acontecer bloqueios
articulares, contraturas, vícios posturais, entre
outros.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Quadro: Principais alterações encontradas nas crianças com Distrofia Muscular de Duchenne.
Elaborado por Eloá Moreira Marconi.
 Método de levantar do chão em distrofia muscular pseudo-hipertrófica – Sinal de Gowes.
AMIOTROFIA ESPINHAL PROGRESSIVA
Diferentemente da DMD, a Amiotrofia Espinhal (AME) é uma doença genética autossômica recessiva
(induzida pelo gene recessivooriginado do cruzamento dos pais), ou seja, pode atingir ambos os sexos na
mesma proporção. É causada por uma mutação (ausência ou deficiência) do gene de sobrevivência do
neurônio motor 1 (SNM1). Esse gene produz uma proteína de mesmo nome (SNM) que funciona como um
alimento para os neurônios motores (responsáveis pelo controle da atividade muscular).
Na AME, há falta ou insuficiência dessa proteína causando degeneração progressiva e perda irreversível dos
neurônios motores inferiores (corno anterior da medula espinhal) e nos núcleos do tronco cerebral, causando a
fraqueza muscular e perda progressiva dos movimentos, chegando à paralisia.
 RESUMINDO
Como podemos ver, embora tenha a mesma característica de fraqueza muscular progressiva que a DMD, as
causas dessa fraqueza são bem diferentes (BURR; REDDIVARI, 2021).
Diagnóstico e prognóstico da Amiotrofia Espinhal
As crianças com AME também vão apresentar um atraso no desenvolvimento motor, porém as características
são comuns em outras neuropatias (hipotonia, paresia, arreflexia e miofasciculações).
O único exame capaz de confirmar o diagnóstico é a investigação genética, porém alguns exames como
eletroneuromiografia, biópsia muscular e dosagem da CK (normal ou reduzida em até 5 vezes) também
podem ser realizados.
Características da Amiotrofia Espinhal
A AME apresenta características de acordo com a gravidade da doença e com a idade em que os sintomas
aparecem. Ela pode ser classificada em cinco tipos (0, I, II, III e IV), sendo 0 e I considerados os mais graves,
como podemos ver no quadro a seguir.
Classificação
Início dos
sintomas
Características gerais Capacidade funcional máxima
AME 0 ou tipo
1a ou AME
congênita
Pré-natal
Fenótipo raro.
Não apresenta
desenvolvimento motor.
Expectativa de vida < 6
meses.
Movimentos fetais
reduzidos, hipotonia
neonatal e fraqueza
muscular severa, arreflexia,
paralisia facial,
insuficiência respiratória
grave ao nascimento,
artrogripose associada.
AME I ou
doença de
Werdnig-
Hoffman ou
AME grave
0 a 6 meses
Regressão no
desenvolvimento motor.
Pode adquirir controle
cefálico e o rolar, porém
perde rapidamente essas
habilidades. Senta-se
apenas com apoio.
Cognição normal.
Sobrevida entre 8 e 10
meses.
Normalmente precisa de
suporte ventilatório.
Expectativa de vida < 2
anos.
Dificuldade de deglutição e
mastigação (sujeito a
broncoaspiração),
movimentos faciais débeis,
hipotonia, arreflexia,
contraturas leves
principalmente em joelhos.
Padrão respiratório
paradoxal (diafragma
preservado e fraqueza dos
músculos intercostais) –
tórax em formato de sino.
AME II ou
doença de
Dubowitz ou
AME
intermediária
< 18 meses Desenvolvimento motor
extremamente lento,
podendo se desenvolver
até cerca de 5 anos de
idade, mantém a postura
sentada quando colocada
(podendo perder essa
habilidade na
adolescência).
Não deambula.
Cognição normal.
Escoliose progressiva.
Hipotonia, diminuição ou
arreflexia dos reflexos
tendinosos profundos,
fraqueza muscular proximal
progressiva, contraturas,
tremor fino das
extremidades superiores
(clonus nos dedos das
mãos).
Doença pulmonar restritiva
(fraqueza dos intercostais).
Classificação
Início dos
sintomas
Características gerais Capacidade funcional máxima
Sobrevida maior (25 a 30
anos) – normalmente a
causa do óbito se deve ao
comprometimento
respiratório.
AME III ou
doença de
Kugelberg-
Welander ou
AME leve ou
juvenil
> 18 meses
Pode ser
subdividida
em:
AME III A
(entre 18
meses e 3
anos) e AME
III B (> 3
anos).
Perda de habilidades
motoras (membros
inferiores são mais
afetados que os membros
superiores).
Deambulação
independente (com a
progressão pode depender
de cadeira de rodas).
Dificuldade em correr ou
subir escadas.
Funções cardíaca e
cognitiva normais.
Não afeta a expectativa de
vida (pode ou não
apresentar
comprometimento
respiratório).
Hipotonia dos reflexos
patelares, fraqueza
muscular proximal
progressiva, contraturas,
tremor fino das
extremidades superiores
(clonus nos dedos das
mãos), fadiga.
AME IV ou
AME adulto
> 21 anos
É a forma mais branda de
AME.
Não perde a capacidade
de deambular.
A expectativa de vida não é
afetada.
Fraqueza muscular
progressiva e fadiga.
Preservação dos reflexos
tendinosos das
extremidades superiores e
Aquiles.
Pode apresentar tremor
nas mãos.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Quadro: Classificação da Amiotrofia Espinhal.
Elaborado por Eloá Moreira Marconi.
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA
Nem sempre a criança terá o diagnóstico fechado quando iniciar o tratamento fisioterapêutico. Como
podemos ver até aqui, tanto a DMD quanto a AME são doenças progressivas e que ainda não têm cura. Além
disso, são muito parecidas com relação aos acometimentos e às limitações funcionais.
O tratamento fisioterapêutico trará alguns benefícios como o aumento da sobrevida e melhora da qualidade de
vida dessas crianças e de sua família. O tratamento transdisciplinar é essencial para essas crianças, pois
alguns fatores como desnutrição, disfagia, depressão, baixa autoestima, alterações metabólicas e disfunções
nas atividades de vida diária são comuns e devem ser tratados concomitantemente à fisioterapia.
Deve-se ressaltar que a maioria dessas crianças não tem o cognitivo afetado. Por isso, a criatividade e a
ludicidade são essenciais para a aceitação e a colaboração da criança ao seu tratamento.
Os objetivos devem ser elaborados de acordo com a fase e gravidade da doença. Por isso, você deve estar
atento para fazer reavaliações constantes observando a progressão da doença e a regressão das habilidades
motoras. Dessa forma, as principais metas de tratamento devem ser:
Melhorar ou manter a fase do desenvolvimento motor por meio de estímulos para trocas posturais.
Melhorar ou manter a amplitude e a qualidade de movimento.
Prevenir contraturas e deformidades – podendo haver indicação de órteses (escoliose, luxação de quadril
etc.).
Alívio de sintomas desagradáveis como dor e dispneia.
Manutenção da mecânica respiratória e suporte ventilatório quando necessário.
Orientação aos familiares/cuidadores com relação à mobilização e ao posicionamento para prevenção de
posturas viciosas e higienização adequada de vias aéreas superiores quando necessário.
O fisioterapeuta deve conhecer as complicações e as disfunções que essas doenças podem apresentar em
cada fase para estabelecer uma boa estratégia de tratamento e não criar falsas expectativas na criança e em
seus familiares. Muitas vezes o tratamento será paliativo.
PALIATIVO
Cuidados paliativos são realizados por intervenções em pessoas que apresentam doenças graves ou
incuráveis, com o objetivo de aliviar o sofrimento, melhorar o bem-estar e a qualidade de vida desses
pacientes e de seus familiares.
As abordagens fisioterapêuticas podem ser feitas por diversas técnicas ou intervenções; entretanto, você
deverá escolher qual será a melhor estratégia para a sua criança, visando sempre estimulá-la para manter-se
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o mais ativa possível.
CINESIOTERAPIA
A ludicidade (brincadeiras) é uma ferramenta essencial quando se trata de exercícios físicos para as crianças,
principalmente nesses casos em que há uma limitação das habilidades funcionais.
A mobilização passiva, os exercícios ativos e alongamentos musculares devem ser feitos dentro do limite e da
possibilidade de cada criança para que ela não entre em fadiga. A estimulação para trocas posturais e a
evolução do desenvolvimento motor devem ser cuidadosamente observadas para que não haja cobranças fora
do limite da criança, ou seja, esperar da criança o que ela não é capaz de realizar. Isso pode frustrar não
apenas o profissional, como também a criança e os familiares/cuidadores.
A utilização de brinquedos e alguns facilitadores como o rolo, bola suíça, estimulação visual e sonora são
aconselhados. Lembre-se de que seu objetivo com essas crianças não será fortalecer a musculatura,e sim
mantê-la ou retardar a evolução da fraqueza muscular progressiva.
INDICAÇÃO DE ÓRTESES
À medida que a fraqueza muscular se agrava, o fisioterapeuta pode indicar órteses noturnas com o objetivo de
posicionar melhor a criança durante o sono. Assim, evitará posturas viciosas que podem provocar lesões
musculares e facilitar a instalação de deformidades. Além disso, órteses podem ser indicadas com o objetivo
de auxiliar a criança na sua vida diária e melhorar a qualidade de vida.
FISIOTERAPIA AQUÁTICA
Proporciona a esses pacientes uma sensação de liberdade, pois dentro da água eles conseguem realizar
movimentos que não conseguem naturalmente no solo devido a propriedades físicas e à ação antigravitacional
dentro da piscina. Isso melhora a autoestima e facilita os movimentos ativos, o alongamento muscular e a
mobilização das articulações.
REALIDADE VIRTUAL
Utiliza dispositivos tecnológicos para auxiliar o tratamento. Amplia os canais multissensoriais (visão, audição,
tato etc.) conseguindo estimular a função física, cognitiva, sensitiva e ou psicológica.
PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NO CUIDADO
PALIATIVO
A especialista Eloá Moreira Marconi fala sobre os aspectos nos cuidados paliativos, a saber: incentivo à
criança e à família; os possíveis questionamentos acerca do tratamento fisioterapêutico, e os cuidados que o
fisioterapeuta deve tomar para não afastar a criança do tratamento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Relacionar a fisiopatologia da Luxação Congênita de Quadril ao tratamento fisioterapêutico
DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL
Vamos refletir sobre a importância da articulação do quadril no desenvolvimento motor da criança.
Normalmente, essa articulação é associada à marcha, mas... será que essa articulação é importante só na
marcha? Vamos pensar um pouco?
Percebeu a complexibilidade dessa articulação?
Nesta parte do conteúdo vamos conhecer a Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida
também por Luxação Congênita de Quadril (LCQ). Essa é uma doença que acomete a articulação do
quadril, desencadeando uma série de comprometimentos físico-funcionais. Descreveremos suas principais
características e como o tratamento fisioterapêutico pode ser benéfico nas crianças com DDQ.
DEFINIÇÃO
A Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ) ou Luxação Congênita do Quadril (LCQ) é uma doença que
afeta a articulação do quadril do recém-nascido devido ao desenvolvimento anormal de estruturas que formam
a articulação do quadril, podendo ser no tamanho, na morfologia, em tecidos moles que cercam a articulação
(incluindo a cápsula articular), na cabeça do fêmur, na cavidade acetabular ou em todos esses aspectos.
A displasia do acetábulo é caracterizada por uma imaturidade que torna sua cavidade rasa. Dessa forma,
haverá uma dificuldade para encaixar a cabeça do fêmur na cavidade acetabular, gerando uma instabilidade
articular (quadril instável), facilitando a ocorrência de uma subluxação (cabeça do fêmur deslocada de sua
posição anatômica normal, porém com algum contato com a cavidade acetabular) ou de uma luxação (cabeça
do fêmur completamente deslocada da cavidade acetabular – nenhum contato) da cabeça do fêmur.
 Representação esquemática do posicionamento das estruturas da articulação do quadril na displasia do
acetábulo.
Com relação à luxação, ela pode ser classificada como:
TÍPICA
TERATOLÓGICA
TÍPICA
Ocorre ao nascer devido a uma frouxidão já existente.
TERATOLÓGICA
Associada a outras alterações, podendo ser caracterizada como uma síndrome - ocorre ainda intraútero.
A Síndrome de Larsen e a artrogripose são exemplos de alterações que têm associação com a DDQ.
SÍNDROME DE LARSEN
É uma síndrome rara causada por uma desordem genética que afeta o desenvolvimento dos ossos. Além de
estar associada à luxação de quadril, também apresenta deformidades em extremidades, incluindo pé torto
congênito.
ARTROGRIPOSE
Síndrome caracterizada por alteração no desenvolvimento fetal causando alterações no crescimento ósseo e
más-formações articulares (deformidade e rigidez).
Embora frequentemente esteja presente no nascimento, a DDQ também pode se desenvolver durante o
primeiro ano de vida. Sua etiologia ainda não é clara, porém pode ter a influência de alguns fatores mecânicos
ou fisiológicos como:
Bebês do sexo feminino (mais comuns)
Apresentação pélvica
Pouco líquido amniótico (oligodrâmnio)
Crianças primogênitas (primípara)
Alteração de estrogênio e relaxina (hormonal)
Frouxidão ligamentar
Hiperfrouxidão familiar
A DDQ pode também estar associada ao recurvato congênito de joelho (frouxidão ligamentar para extensão
do quadril e joelho), torcicolo congênito; pé metatarso varo, pé plano varo e posicionamento inadequado
(adução do quadril). Ainda existem alguns sinais que sugerem a presença de DDQ como: assimetria das
dobras inguinais, das pregas poplíteas e das dobras da coxa e encurtamento do fêmur.
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DIAGNÓSTICO
O diagnóstico precoce da DDQ é muito importante, pois permite um tratamento adequado antes que ocorram
alterações secundárias. Por isso, a avaliação do quadril deve fazer parte da rotina de acompanhamento do
recém-nascido.
 ATENÇÃO
A suspeita de que ocorrerá a DDQ deve ser atentamente observada quando existirem dois ou mais fatores de
risco. Nesses casos, os bebês precisam ser submetidos a uma avaliação física detalhada, podendo ser
necessários exames complementares, como ultrassonografia e radiografias, até a confirmação de que a
articulação do quadril está normal.
A avaliação física é feita por meio de duas manobras específicas que permitem descobrir se há uma
instabilidade do quadril:
TESTE DE BARLOW
MANOBRA DE ORTOLANI
Essas manobras devem ser realizadas logo nas primeiras semanas de vida, pois, após dois meses, o quadril
pode se estabilizar na posição anatômica ou ocorrer um encurtamento muscular tornando a luxação definitiva.
Outros sinais podem ser observados mais tardiamente como:
SINAL DE GALEAZZI OU DE ALLIS
SINAL DE TRENDELENBURG
SINAL DE GALEAZZI OU DE ALLIS
Por volta dos 3-4 meses de idade – Trata-se de um sinal tardio. Com a criança deitada e com os joelhos
fletidos, observa-se que eles não estarão na mesma altura, denotando já a diferença de comprimento entre os
membros inferiores. Evidentemente este sinal será mais claro nos casos unilaterais.
SINAL DE TRENDELENBURG
Durante a deambulação – Este sinal é dito positivo quando o quadril de um paciente que está em pé,
sustentado somente por uma perna, ele cai para o lado da perna levantada. A fraqueza está presente no lado
da perna em contato com o chão.
 Sinal de Trendelenburg negativo e positivo.
Vamos analisar cada um deles mais detalhadamente:
1) Teste de Barlow
Esse teste é realizado para detectar o deslizamento da cabeça do fêmur para fora do acetábulo (manobra
provocativa de luxação de um quadril instável).
Com o bebê deitado em decúbito dorsal, flexione as articulações coxofemorais (90°) e os joelho (90°).
Segure as pernas e coxas com as mãos e coloque os dedos sobre o trocanter maior, mantendo as
articulações em abdução média.
Pressione verticalmente para o solo (ou para o local onde o bebê está deitado).
Caso seja positivo, você sentirá um estalido ou um deslocamento posterior (sobressalto) da articulação em
seus dedos.
2) Manobra de Ortolani
Essa manobra é feita para detectar o deslizamento da cabeça do fêmur para dentro do acetábulo (teste de
redução do quadril).
Após o teste de Barlow, mantendo a posição, faça uma abdução de coxofemoral (o joelho é movido para longe
da linha média na posição de perna de rã) e delicadamente puxe anteriormente.
 Fotografia ilustrativa da forma correta de realizar a manobra de Ortolani.
A instabilidade será sentida em seus dedos juntamente com o estalido indicando o retorno da cabeça do
fêmur para o interior da cavidade acetabular.
 Modelo de ensino ilustrando a manobra de Ortolani.
3) Sinal de Galeazzi
Em crianças acima de trêsmeses, o encurtamento de um dos membros inferiores sugere a possibilidade de
DDQ. Esse sinal será mais claro nos casos em que há lesão unilateral.
Com o bebê deitado em decúbito dorsal e os joelhos flexionados (pés apoiados no solo), avalie a altura dos
joelhos. Quando houver diferença de membros inferiores ou deslocamento posterior do quadril displásico, o
joelho do lado afetado estará mais baixo do que o contralateral.
 Fotografia ilustrativa do sinal de Galeazzi.
4) Sinal de Trendelenburg
Quando as crianças já iniciaram a marcha, o diagnóstico é realizado com mais facilidade pela identificação
das alterações anatômicas. Além disso, a criança apresentará uma limitação da abdução dos quadris, marcha
anserina, hiperlordose lombar e sinal Trendelenburg positivo. Embora o diagnóstico seja mais fácil, o
prognóstico torna-se pior.
O teste de Trendelenburg é usado para identificar a instabilidade do quadril em posição ortostática.
Normalmente, é encontrado em crianças com fraqueza da musculatura abdutora do quadril, em especial, do
glúteo médio.
 Marcha de Trendelenburg.
Com a criança em posição ortostática, solicite que ela se equilibre em um pé só (apoio unilateral). Você
observará uma queda (inclinação) da pelve para o lado da perna levantada, identificando uma fraqueza
muscular no lado do pé que está apoiado (em contato com o chão).
5) Outros sinais a serem considerados
SINAL PETER–BADE
SINAL HART
SINAL PETER–BADE
Assimetria das pregas cutâneas (inguinal e glútea – em maior número do lado acometido).
SINAL HART
Limitação da abdução do lado acometido (encurtamento dos adutores).
PROGNÓSTICO
Como já descrito, quanto mais cedo for diagnosticado e iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico, pois
evitará o aparecimento de alterações secundárias. Além disso, também dependerá do grau de frouxidão ou
instabilidade da articulação do quadril (instável, subluxação, luxação).
TRATAMENTO
O tratamento da DDQ inicia-se com o médico pediatra ou o ortopedista pediátrico, que dará o diagnóstico e
decidirá a primeira conduta. Normalmente, o tratamento é conservador.
 ATENÇÃO
Quando não há uma resposta satisfatória (até os 4 ou 6 meses de idade), pode ser indicada a cirurgia para
repor a cabeça do fêmur na cavidade acetabular de forma que ela se mantenha na posição anatômica sem
causar maiores traumatismos, tanto na cabeça do fêmur quanto nos tecidos moles adjacentes à articulação do
quadril.
 Suspensório de Pavlik.
O tratamento conservador é realizado por meio de imobilização em abdução, objetivando aumentar a pressão
da cabeça do fêmur sobre a cavidade acetabular (suspensório de Pavlik) por aproximadamente de 2 a 3
semanas.
Quando não houver uma redução com a utilização do suspensório, o médico pode optar por fazer uma
redução incruenta (na qual não há exposição cirúrgica) e imobilização em aparelho gessado (podendo ser
precedida por um período de tração) para esta faixa etária (até 4 ou 6 meses de idade).
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA
Para que você inicie um tratamento fisioterapêutico em uma criança com DDQ, é imprescindível a coleta de
todas as informações acerca da história dessa criança, desde a gestação até o momento em que ela chega
para seu atendimento. Além disso, você deve ser capaz de identificar quaisquer sinais suspeitos de fatores
que levam à DDP, pois, em alguns casos, o diagnóstico pode não ter sido fechado com clareza.
Como podemos ver anteriormente, esses bebês ficam imobilizados por um tempo prolongado. Porém, os
bebês não apresentam o mesmo grau de rigidez e incapacidade funcional que acomete um adulto com o
mesmo período de imobilização. Entretanto, com a falta de uso muscular, esses bebês irão apresentar uma
diminuição da força e da amplitude de movimento devido às contraturas dos tecidos moles. Além disso, não
podemos esquecer que, durante o período de imobilização, houve uma alteração no desenvolvimento motor
dessa criança (limitação de movimento e redução de estímulos externos).
O papel do fisioterapeuta na DDQ, juntamente com a equipe multidisciplinar, é de auxiliar quanto aos
dispositivos imobilizantes, orientar os familiares/cuidadores quanto à manipulação e ao posicionamento da
criança e elaborar um programa de tratamento para prevenção, manutenção e melhora do desenvolvimento
neuropsicomotor da criança.
As principais metas do fisioterapeuta devem ser:
Melhorar ou manter a mobilidade e força muscular das regiões não lesionadas (tronco e membros superiores).
Melhorar a força muscular e a mobilidade de membros inferiores após a imobilização.
Prevenir ou melhorar contraturas após a imobilização.
Estimular o desenvolvimento neuropsicomotor para adequá-lo à faixa etária.
Orientar os familiares/cuidadores quanto à mobilização e ao posicionamento da criança para evitar o
aparecimento de lesões secundárias.
A fisioterapia na DDQ é basicamente cinesioterapia, podendo ser realizada com exercícios no solo,
respeitando a fase do desenvolvimento motor em que a criança se encontra. Brinquedos e dispositivos como
bola suíça, faixas elásticas e rolos podem ser utilizados para estimular a participação da criança no
tratamento.

O movimento ativo deve ser o foco principal, porém o alongamento e a mobilização passiva para articulações
limitadas também devem ser realizados.
A fisioterapia aquática e a realidade virtual também são ótimas opções para o ganho de amplitude articular e
fortalecimento muscular; além disso são intervenções bem aceitas por parte das crianças.

Durante o uso do suspensório, a criança deve ser mobilizada na região do tronco e pescoço, cintura escapular
e pélvica (com cuidado), pés e membros superiores. A estimulação sensorial também deve fazer parte do
tratamento, já que os estímulos externos estão limitados pela imobilização. A postura deve ser observada e
corrigida sempre que necessário. Durante a fase do gesso, o fisioterapeuta pode fazer isometria da
musculatura dos membros inferiores por meio de co-contrações, trabalhar controle de tronco com flexão,
extensão e lateralizações (a bola suíça pode auxiliar nesse momento) e iniciar a mobilização do joelho assim
que possível.
Quando a criança for indicada para cirurgia, a fisioterapia deve focar no alongamento e fortalecimento
muscular pré-cirúrgicos, favorecendo uma melhor reabilitação pós-cirúrgica.
 ATENÇÃO
Caso a criança chegue tardiamente para a fisioterapia, uma avaliação terá que ser feita para identificar todas
as lesões secundárias obtidas e assim poder traçar uma estratégia de tratamento de acordo com as metas a
serem alcançadas.
POR QUE A DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO
DO QUADRIL PODE ALTERAR O
DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL?
A especialista Eloá Moreira Marconi faz uma reflexão, mostrando o quanto uma lesão local pode alterar o
desenvolvimento global de uma criança.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Reconhecer as características do Pé Torto Congênito, do Torcicolo Congênito e as
possibilidades de atuação fisioterapêutica
DOENÇAS CONGÊNITAS
Doenças congênitas são caracterizadas por já estarem presentes no momento do nascimento, podendo ser
diagnosticadas somente após o nascimento ou antes dele, ou seja, durante o desenvolvimento embrionário
(por exames pré-natais).
O Torcicolo Congênito e o Pé Torto Congênito são duas doenças que afetam partes específicas do corpo da
criança (pescoço e pé), mas que interferem no desenvolvimento neuropsicomotor alterando na qualidade das
habilidades funcionais.
Vamos pensar um pouco sobre isso?
Se as lesões são em locais específicos do corpo, como podem afetar o desenvolvimento motor?
Para entendermos melhor sobre essas doenças, como elas podem afetar o desenvolvimento infantil e como a
fisioterapia pode intervir nesse processo, dividiremos este módulo em dois tópicos principais.
TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO
O Torcicolo Muscular Congênito (TMC) é caracterizado por uma contratura (encurtamento com aumento da
espessura) unilateral do músculo esternocleidomastoideo(ECOM), fazendo com que a criança mantenha a
cabeça inclinada para o mesmo lado da lesão e rodada para o lado oposto, podendo apresentar também
assimetria do crânio (plagiocefalia) e da face como: mandíbula, orelhas e visuais (olho ipsilateral mais
fechado). Geralmente, manifesta-se no período neonatal ou em lactantes.
 Músculo esternocleidomastoideo.
Sua etiologia ainda não está clara, porém acredita-se que pode ser causada por uma isquemia causando um
hipofluxo sanguíneo do ECOM, traumatismo na coluna cervical no momento do parto, mau posicionamento do
feto durante a gestação e por antecedentes familiares (MARANHO, 2011).
Classificação do Torcicolo Muscular Congênito
O TMC pode ser dividido em três grupos:
TORCICOLO COM PRESENÇA DE TUMOR – QUANDO HÁ
PRESENÇA DE MASSA TUMORAL NO ECOM
É a forma mais severa de TMC. É caracterizada por apresentar massa tumoral no ECOM (espessamento
fibrótico) com limitação da amplitude de movimento (ativo e passivo).
TORCICOLO MUSCULAR
É caracterizado por apresentar uma rigidez no ECOM (palpação), porém sem presença de nódulos e
limitação na amplitude de movimento (ativo e passivo).
TORCICOLO POSTURAL
É a apresentação mais suave. É caracterizada por uma preferência postural do bebê, pois não há alterações
na musculatura nem limitação da amplitude de movimento passivo.
Diagnóstico do Torcicolo Muscular Congênito
O diagnóstico clínico para TMC é realizado nos três primeiros meses de vida pela observação da postura da
criança, ou seja, postura cervical (inclinação ipsilateral e rotação contralateral) com limitações dos movimentos
e elevação do ombro (lado afetado), juntamente com a palpação do ECOM e dos músculos adjacentes.
 ATENÇÃO
Para confirmação do diagnóstico e determinação da gravidade da doença, exames de imagem podem ser
realizados e normalmente mostram uma fibrose no ECOM (substituição das fibras musculares por tecido
fibrótico denso). Além disso, o desenvolvimento motor deve ser observado de acordo com a faixa etária da
criança.
Prognóstico do Torcicolo Muscular Congênito
O prognóstico do TMC costuma ser bom quando há intervenção imediatamente após o diagnóstico. Quanto
mais precoce for o diagnóstico, melhor será a resposta ao tratamento, pois evitará o aparecimento de lesões
secundárias e aumento da limitação funcional.
Na maioria dos casos de TMC, o tratamento é conservador, porém, se houver persistência do quadro, pode
haver necessidade de interferência cirúrgica (entre 6 meses e 1 ano de idade) (KAPLAN; COULTER;
SARGENT, 2018).
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO
TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO
Como vimos anteriormente, a avaliação e a abordagem fisioterapêutica da criança com TMC devem envolver
mais do que a postura cervical e a análise estrutural do ECOM. Por isso, o objetivo de tratamento deve ser
elaborado de acordo com a lesão apresentada e com as limitações funcionais de cada criança dentro de sua
faixa etária (desenvolvimento neuropsicomotor). As principais metas do tratamento fisioterapêutico em
crianças com TMC são:
Alongamento muscular do ECOM e músculos adjacentes.
Melhora da amplitude de movimento cervical.
Prevenção da instalação de aderências, contraturas e deformidades (lesões secundárias).
Promoção de um desenvolvimento neuropsicomotor apropriado (manter e estimular as atividades e a
força dos músculos não lesados), estimulando trocas posturais e conscientização corporal.
Orientação aos familiares/cuidadores quanto ao posicionamento e movimentos compensatórios e, no
caso das crianças mais velhas, estímulo à correção postural ativa.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Como estamos lidando com crianças, devemos ter a sensibilidade de encontrar estratégias para cada uma
individualmente. Lembre-se de que essa criança geralmente terá seu cognitivo normal e isso deve ser levado
em consideração.
A manipulação passiva é muito importante no tratamento do TMC devido à necessidade de alongamento do
ECOM. Sabendo que é um tratamento doloroso, você precisa inicialmente conquistar a confiança da criança
para não tornar o toque uma experiência traumática para ela.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
Comece seu tratamento com massagens superficiais e leves e termine do mesmo jeito. Assim, a criança
poderá sentir também afeto e prazer no seu toque. Além disso, observe sempre se há compensações
posturais e de movimento, para que haja uma prevenção de fixações e possíveis contraturas e deformidades.
Escolha qualquer intervenção fisioterapêutica que contemple o seu objetivo de tratamento, estando sempre
disponível às mudanças caso não esteja obtendo a resposta esperada.
PÉ TORTO CONGÊNITO
O pé torto congênito (PTC) é uma deformidade presente no recém-nascido caracterizada pelo mau
alinhamento das estruturas (partes moles e ósseas) das extremidades inferiores, podendo apresentar
anomalias como fibrose (principalmente no tendão de Aquiles, tibial posterior, tibionavicular e ligamentos
calcaneonavicular). É considerada a mais frequente anomalia congênita dos pés. O posicionamento da
extremidade inferior acometida (uni ou bilateral) é conhecido como pé equinovaro e consiste em:
RETROPÉ EQUINO
ARTICULAÇÃO SUBTALAR EM VARO (INVERSÃO)
PÉ CAVO (FLEXÃO PLANTAR)
ADUÇÃO DO MEDIOPÉ E ANTEPÉ
Essa postura ocorre devido ao envolvimento de estruturas musculares (gastrocnêmio, solear, tibial posterior e
flexor longo dos dedos) e ósseas (navicular, calcâneo, cuboide e talus).
 Pé torto congênito bilateral.
Normalmente, os pés apresentam certa mobilidade. Porém, a criança pode ter dificuldade nos movimentos
ativos de eversão e flexão dorsal. Nos casos mais graves, a deformidade pode causar uma imobilidade quase
total.
A etiologia do PTC ainda é desconhecida, mas existem alguns fatores intrínsecos e extrínsecos que podem
estar associados ao desenvolvimento do PTC como:
OLIGODRÂMNIO
É o volume deficiente de líquido amniótico durante a gestação.
Alteração genética.
Mau posicionamento do feto durante o período gestacional.
Compressão mecânica ou aumento da pressão hidráulica intrauterinas (oligodrâmnio).
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Infecções virais.
Distúrbios vasculares.
Alterações musculares ou neurológicas.
Alterações no desenvolvimento das estruturas ósseas.
Parada no desenvolvimento fetal (impedindo uma correção espontânea).
Secundária a outras anormalidades como a artrogripose e a mielomeningocele.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Classificação do Pé Torto Congênito
O PTC pode ser classificado de acordo com seu aspecto clínico em três grupos:
IDIOPÁTICO
Apresenta-se de forma isolada e é considerado o tipo mais comum de PTC. Sua característica é a rigidez
(pouca mobilidade), a deformidade bem estruturada. Normalmente não reduz com manipulações.
POSTURAL
Conhecido também por falso pé torto, apresenta uma postura equinovara do pé (uni ou bilateral), porém de
fácil redução, pois não apresenta deformidades estruturais.
TERATOLÓGICO, NEUROLÓGICO OU SINDRÔMICO
Este tipo de PTC está associado a outras doenças congênitas como a mielomeningocele e a atrogripose e
tem um alto índice para recidivas. É caracterizado por apresentar rigidez (pouca ou nenhuma mobilidade), sem
a presença de pregas ou dobras cutâneas locais. Em geral é tratado cirurgicamente.
Diagnóstico do Pé Torto Congênito
O diagnóstico do PTC pode ser feito durante a ultrassonografia pré-natal, sendo confirmado no momento do
nascimento por exames físicos, não sendo necessários exames complementares.
Tratamento do Pé Torto Congênito
O objetivo geral do tratamento é tornar o PTC funcional e indolor. Geralmente, o tratamento é conservador,
sendo mais utilizada atualmente a técnica de Ponseti.

Essa técnica consiste em manipulações alternadas com imobilizações gessadas até que se consiga a
mobilidade e a postura adequadas dos pés.
Em alguns casos a cirurgia é indicada.

ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PÉ TORTO
CONGÊNITO
Levando em consideração todas as informações relatadas anteriormente acerca do PTC, devemos ter emmente que, para se obter uma boa avaliação das condições ortopédicas, neurológicas e funcionais da criança
com essa deformidade, você precisa ter uma compreensão profunda dos princípios anatômicos e
biomecânicos das estruturas envolvidas.
Da mesma forma que, em se tratando de crianças, você deve avaliar e observar o desenvolvimento
neuropsicomotor de acordo com a faixa etária a fim de detectar quaisquer alterações. Além disso, tenha em
mente que essa criança geralmente apresentará um cognitivo bom.
Da mesma forma como colocado no TMC, você precisa estabelecer um bom vínculo com o seu paciente,
facilitando a execução do tratamento, pois a criança responderá melhor à sua estratégia terapêutica quando
tiver confiança em você.
O ludismo é a forma mais fácil de se adquirir vínculo com a criança. Seja criativo e elabore brincadeiras com
objetivos terapêuticos para tornar seu atendimento agradável e efetivo. As manipulações passivas e
alongamentos são primordiais no seu tratamento e, muitas vezes, causam dor, além de exigir que a criança
permaneça na mesma posição por um tempo prolongado. Dependendo da idade da criança, qualquer período
de imobilidade é grande para ela, por isso a importância do vínculo e da confiança.
Em muitos casos, a criança terá indicação de órteses com o objetivo de melhorar o posicionamento, facilitar
as trocas posturais ou prevenir alterações secundárias, como, por exemplo, o encurtamento muscular.
No caso de crianças que foram submetidas à cirurgia, deve-se tratar a cicatriz para que não haja aderências
ou queloides, pois isso dificultará a mobilidade articular e poderá gerar recidivas.
As principais metas da abordagem fisioterapêutica na criança com PTC são:
Alongamento e fortalecimento muscular – estimulação para contração muscular.
Melhora ou manutenção da amplitude de movimento.
Prevenção da instalação de aderências, contraturas e deformidades (lesões secundárias).
Promoção de um desenvolvimento neuropsicomotor apropriado (manter e estimular as atividades e a
força dos músculos não lesados) e estímulo das trocas posturais.
Orientação aos familiares/cuidadores quanto ao posicionamento e movimentos compensatórios.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Além dessas metas, é importante salientar que essa criança pode ter outras alterações associadas que
devem ser levadas em consideração e tratadas adequadamente de acordo com cada disfunção,
individualmente.
COMO LESÕES LOCAIS PODEM INTERFERIR NO
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
A especialista Eloá Moreira Marconi fala sobre a importância da avaliação global da criança, mostrando a
importância da observação do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, mesmo quando a lesão é local.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
 Analisar a fisiopatologia da Artrite Reumática Juvenil e a aplicabilidade fisioterapêutica para o
tratamento da patologia
ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL
Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) é o termo utilizado desde 1995 para substituir o que antes era denominado
Artrite Crônica em Crianças, Artrite Crônica Juvenil (ACJ) e Artrite Reumatoide (ou Reumática) Juvenil (ARJ).
A AIJ é uma doença crônica sistêmica autoimune, de etiologia desconhecida. Caracteriza-se como um grupo
heterogêneo de artrite inflamatória idiopática com duração de, no mínimo, seis semanas, que afeta crianças
menores de 16 anos.
Classificação da Artrite Idiopática Juvenil
Existem sete categorias de AIJ que se diferem por fenótipo, predisposições genéticas, fisiopatologia, achados
laboratoriais, curso da doença e prognóstico, sendo a artrite crônica uma característica em comum em todos
os tipos de AIJ.
O quadro a seguir mostra as principais características desses tipos de AIJ. Existem alguns critérios de
exclusão para a classificação dos tipos de AIJ que estarão identificados por números no quadro. Ou seja,
cada tipo não pode apresentar:
1
Psoríase ou história de psoríase na criança ou em parente de primeiro grau.
Artrite em criança do sexo masculino HLA-B27 positivo com início depois dos 6 anos de idade.
2
3
Presença de: espondilite anquilosante, artrite relacionada à entesite, sacroiliíte associada à doença
inflamatória intestinal, síndrome de Reiter ou uveíte anterior aguda ou história de uma dessas doenças em
parentes de primeiro grau.
ENTESITE
Inflamação na entese (local em que os tendões e ligamentos se “ligam” ao osso) causando dor e inchaço.
SACROILIÍTE
É o processo inflamatório não infeccioso das articulações sacroilíacas, sendo critério diagnóstico das
espondiloartropatias soronegativas.
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UVEÍTE
Doença inflamatória que pode comprometer totalmente a úvea ou uma de suas partes (íris, corpo ciliar e
coroide).
Presença de fator reumatoide IgM pelo menos 2 vezes com intervalo mínimo de 3 meses.
4
5
Presença de AIJ sistêmica.
SEROSITE
Inflamação de qualquer serosa do organismo (pleura, pericárdio ou peritônio)
DACTILITE
Inflamação de um ou mais dedos (mão ou pé) que causa edema uniforme (também chamado de dedo em
salsicha). Afeta ligamentos, tendões e articulações causando dor e limitação do movimento.
ONICÓLISE
Descolamento da unha do leito ungueal (parte que fica por baixo) a partir da ponta (distal) ou dos lados, sendo
a psoríase sua causa mais comum.
NAIL PITTING
Aparecimento de depressões rasas na superfície da placa ungueal.
Tipo de AIJ Características Exclusão
Sistêmica
- Artrite em uma ou mais articulações.
- Febre ou precedida por febre diariamente por 2 semanas de
duração no mínimo por pelo menos 3 dias.
- Acompanhada por um ou mais dos seguintes sintomas:
erupção eritematosa evanescente (não fixada); aumento
generalizado dos linfonodos; hepatomegalia e/ou
esplenomegalia; serosite.
1, 2,
3, 4
Oligoartrite
- Afeta até 4 articulações durante os 6 primeiros meses de
doença, sendo os joelhos e os tornozelos as articulações mais
comumente afetadas. Duas subcategorias são reconhecidas:
- Oligoarticular persistente – afeta até 4 articulações ao longo da
doença.
- Oligoarticular estendida – afeta mais de 4 articulações após os
6 primeiros meses de doença.
1, 2,
3, 4 e
5
Poliartrite (fator
reumatoide
negativo)
- Afeta 5 ou mais articulações durante os primeiros 6 meses de
doença.
- Principais articulações acometidas: joelhos, tornozelos,
punhos, cotovelos e pequenas articulações das mãos e dos pés.
- Teste de fator reumatoide negativo.
1, 2,
3, 4 e
5
Poliartrite (fator
reumatoide positivo)
- Afeta 5 ou mais articulações durante os primeiros 6 meses de
doença.
- Teste de fator reumatoide positivo pelo menos 2 vezes com
intervalo mínimo de 3 meses.
1, 2, 3
e 5
Artrite psoriásica
- Artrite e psoríase ou artrite com pelo menos 2 das
características abaixo:
1- Dactilite.
2- Onicólise ou nail pitting.
3- História familiar de psoríase em parente de primeiro grau.
2, 3, 4
e 5
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Tipo de AIJ Características Exclusão
Artrite Relacionada
à Entesite (ARE)
- Artrite e entesite associadas ou artrite ou entesite com pelo
menos duas das características abaixo:
1 - Dor na articulação sacroilíaca e/ou dor inflamatória em coluna
lombossacral
2 - Presença de HLA-B27.
3 - Uveíte anterior aguda geralmente associada à dor,
vermelhidão e fotofobia
4 - Início da artrite em menino depois dos 6 anos de idade.
5 - História de espondilite anquilosante, ARE, sacroiliíte
associada à doença inflamatória intestinal, síndrome de Reiter
ou uveíte anterior aguda em parente de primeiro grau.
1, 4, 5
Artriteindiferenciada
- Não preenche os critérios para nenhuma categoria descritas
acima.
Ou
- Encaixa-se em 2 ou mais categorias descritas acima.
1
Psoríase ou história de psoríase na criança ou em parente de primeiro grau.
2
Artrite em criança do sexo masculino HLA-B27 positivo com início depois dos 6 anos de idade.
3
Presença de: espondilite anquilosante, artrite relacionada à entesite, sacroiliíte associada à doença
inflamatória intestinal, síndrome de Reiter ou uveíte anterior aguda ou história de uma dessas doenças em
parentes de primeiro grau.
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4
Presença de fator reumatoide IgM pelo menos 2 vezes com intervalo mínimo de 3 meses.
5
Presença de AIJ sistêmica.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Quadro: Tipos de Artrite Idiopática Juvenil e suas principais características.
Elaborado por Eloá Moreira Marconi
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da AIJ é feito pelo exame clínico com base nas categorias que vimos anteriormente. Nos
estágios iniciais da doença, a criança pode não apresentar dor ou inchaço aparentes, o que dificulta a
avaliação médica e o diagnóstico. O médico deve ficar atento para o descarte de outras doenças como lúpus,
câncer infantil, doenças ósseas entre outras que podem confundir o diagnóstico de AIJ.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
Exames complementares podem ser realizados, porém não existe um único teste ou exame que confirme o
diagnóstico. Por isso, o médico responsável deve reunir as informações clínicas (sintomas, exames físicos,
laboratoriais e de imagem) para fechar o diagnóstico.
Alguns sintomas são característicos e importantes para a detecção da doença.
Inicialmente apresentam-se de forma sutil como: febre diária acima de 39°C durante um período maior do que
duas semanas, anorexia, fraqueza, regressão psicológica, irritabilidade, reação protetora com alguma
articulação, recusa para engatinhar ou caminhar.
Com o passar do tempo a doença evolui para os seguintes sintomas: temperatura alta, inchaço e dor
acentuada (palpação e movimentação), espasmos, crepitação, rigidez matinal (dificuldade de se movimentar
ao acordar) ou após um período de inatividade, dificuldade para realizar atividades motoras finas, redução da
mobilidade articular (articulações afetadas) e atrofia muscular (THATAYATIKOM; DE LEUCIO, 2020).
PROGNÓSTICO
Ao longo dos anos o prognóstico da AIJ tem sido modificado. Atualmente, existem medicamentos que podem
inibir seletivamente alguns mecanismos biológicos que são responsáveis pela inflamação persistente.
 ATENÇÃO
A ARJ apresenta um prognóstico variável, pois depende do tipo de manifestação e de diversos outros fatores.
Por esse motivo, para que haja bom resultado ao tratamento, se faz necessário um diagnóstico o mais
precoce possível e a intervenção imediata da fisioterapia.
Tendo um diagnóstico e tratamento de forma rápida e precisa, consegue-se prevenir a ocorrência de danos
permanentes nas articulações, e suas funcionalidades são preservadas.
TRATAMENTO
O tratamento da AIJ é semelhante ao de outras doenças inflamatórias (agudas ou crônicas), tendo abordagens
farmacológica (medicamentos anti-inflamatórios e imunomoduladores) e não farmacológica (fisioterapia,
exercícios físicos, cuidados alimentares, apoio psicológico, entre outros).
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA
O tratamento deve ser contínuo. Os principais objetivos são:
Controlar a inflamação.
Controlar a atividade e buscar a regressão da doença (pela prevenção de comorbidades como distúrbios de
crescimento).
Diminuir o nível de dor.
Prevenir lesões articulares e danos irreversíveis.
Melhorar a função articular.
Com isso busca-se promover um desenvolvimento neuropsicomotor o mais próximo do normal possível e
melhorar a qualidade de vida dessas crianças e de seus familiares. Durante a fase aguda da doença, a
criança pode apresentar dor, tumefação, febre, mal-estar geral e limitação funcional. Então, os objetivos
fisioterapêuticos devem contemplar:
Diminuir o nível de dor.
Controlar a inflamação.
Evitar rigidez articular e atrofias musculares.
Preservar e melhorar a mobilidade articular.
Preservar e melhorar a força muscular.
Prevenir deformidades e lesões secundárias.
⇋ Utilize a rolagem horizontal
Mais tarde (fases subaguda e crônica), é importante prevenir as agudizações, corrigir deformidades e
recuperar o tônus muscular. Para que esses objetivos sejam alcançados, devem ser elaboradas algumas
estratégias de correção postural, utilização de órteses, mobilizações e alongamentos em todas as
articulações e partes moles que apresentem alterações.
Um dos recursos utilizados pelo fisioterapeuta que pode beneficiar crianças com AIJ é a fisioterapia aquática,
pois, além da temperatura (quente), a água possui propriedades físicas que ajudam na redução do nível de dor
e da rigidez articular, facilitam a mobilidade (aumento da extensibilidade das fibras de colágeno), aliviam
espasmos musculares e promovem relaxamento, facilitando, assim, a execução de exercícios e alongamentos.
A cinesioterapia deve ser adotada com cautela, sempre respeitando o nível de dor e a mobilidade inicial da
criança. A rigidez articular pode ser um bom parâmetro para monitorar a progressão ou regressão da doença.
Quanto maior o período de rigidez, mais a articulação estará suscetível a alterações. O calor superficial ou o
gelo na região afetada pode reduzir a rigidez, causar analgesia e facilitar a execução dos exercícios.
 RESUMINDO
Como podemos ver, não há uma intervenção protocolada para se tratar a AIJ. Tudo dependerá de sua
categoria, da fase em que se encontra e das alterações individuais de cada criança. Por isso, a parte principal
do seu tratamento é uma boa avaliação inicial e a contínua observação na evolução ou regressão dos sinais e
sintomas do seu paciente.
BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA
ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL
A especialista Eloá Moreira Marconi resume as principais características da fisioterapia aquática e seus
benefícios para crianças com Artrite Idiopática Juvenil.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudamos algumas doenças que afetam o sistema musculoesquelético e, embora com etiologias e
disfunções distintas, todas são caracterizadas por afetar o desenvolvimento motor da criança, podendo manter
a cognição/inteligência sem alterações.
Resumimos aqui as principais disfunções da Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), Amiotrofia Espinhal
Progressiva (AEP), Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), Pé Torto Congênito (PTC), Torcicolo
Muscular Congênito (TMC), Artrite Idiopática Juvenil (AIJ). Assim, você terá condições de elaborar estratégias
de tratamento para atingir cada objetivo relacionado com as desordens neuromusculoarticulares de cada
criança.
Fique atento para a importância de uma avaliação global e para uma intervenção transdisciplinar. Isso pode
melhorar a qualidade do seu atendimento e melhorar a qualidade de vida da sua criança e de seus familiares.
PODCAST
Agora, a especialista Eloá Moreira Marconi encerra o tema falando sobre a conduta do fisioterapeuta nas
diferentes doenças abordadas no tema.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ARAUJO, A. P. Q. C.; CARVALHO, A. A. S.; DE CAVALCANTI, E. B. U.; SAUTE, J. A. M.; CARVALHO, E.;
FRANÇA JUNIOR, M. C.; MARTINEZ, A. R. M.; NAVARRO, M. M. M.; NUCCI, A.; RESENDE, M. B. D.;
GONÇALVES, M. V. M.; GURGEL-GIANNETTI, J.; SCOLA, R. H.; SOBREIRA, C. F. R.; REED, U. C.;
ZANOTELI, E. Brazilian consensus on Duchenne muscular dystrophy. Part 1: diagnosis, steroid therapy
and perspectives. Arq Neuropsiquiatr., São Paulo, v. 75, n. 8, p. 104-113, 2017.
ARAUJO, A. P. Q. C.; NARDES, F., FORTES, C. P. D. D.; PEREIRA, J. A.; REBEL, M. F.; DIAS, C. M.;
BARBOSA, R. D. C. G. A.; LOPES, M. V. R.; LANGER, A. L.; NEVES, F. R.; REIS, E. F. Brazilian consensus
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BURR, P.; REDDIVARI, A. Spinal Muscle Atrophy. StatPearls. Treasure Island, FL: STATPEARLS
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GUARNIERO, R. Displasia do desenvolvimento do quadril: atualização. Rev. Bras. Ortop., São Paulo, v.
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Torticollis. Ped Phys Therapy, v. 30, n. 4, p. 240–290, 2018.
MARANHO, D. A.; VOLPON, J. B. Pé torto congênito. Acta Ortop Bras., v. 19, n. 3, p. 163-169, 2011.
THATAYATIKOM, A.; DE LEUCIO, A. Juvenile Idiopathic Arthritis. StatPearls. Treasure Island, FL:
STATPEARLS PUBLISHING, 2020.
ROBERT, S.; MCCOMB, M. D. Deseases of Children For Nurses. Philadelphia and London, 1921, p. 276.
EXPLORE+
Explore mais sobre algumas associações de apoio para DMD e AMP, buscando os seguintes sites:
Associação carioca de distrofia muscular – ACADIM.
Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal – INAME.
CONTEUDISTA
Eloá Moreira Marconi
 CURRÍCULO LATTES
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