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DESCRIÇÃO Sintomas, prognósticos e aplicabilidade fisioterapêutica na Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne, na Amiotrofia Espinhal Progressiva, na Luxação Congênita de Quadril, no Pé Torto Congênito, no Torcicolo Congênito e na Artrite Reumática Juvenil. PROPÓSITO Desordens neuromusculoarticulares causam diversas alterações e limitações funcionais que podem ser fatais. O conhecimento da fisiopatologia de doenças que causam essas desordens é fundamental para a prática clínica do fisioterapeuta, pois permitirá a elaboração de objetivos de tratamento compatíveis com a gravidade e o prognóstico de cada doença. PREPARAÇÃO Antes de iniciar este estudo, tenha em mãos um atlas de anatomia humana para identificar e visualizar com clareza todas as estruturas que serão apontadas no decorrer deste conteúdo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as causas da Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne e da Amiotrofia Espinhal Progressiva e as propostas de intervenção fisioterapêutica MÓDULO 2 Relacionar a fisiopatologia da Luxação Congênita de Quadril ao tratamento fisioterapêutico MÓDULO 3 Reconhecer as características do Pé Torto Congênito, do Torcicolo Congênito e as possibilidades de atuação fisioterapêutica MÓDULO 4 Analisar a fisiopatologia da Artrite Reumática Juvenil e a aplicabilidade fisioterapêutica para o tratamento da patologia INTRODUÇÃO O termo desordens neuromusculoarticulares aplica-se a um universo muito alargado de diferentes patologias. Essas doenças incluem um grupo de enfermidades de etiologia hereditária ou adquirida, muitas vezes com caráter progressivo, que podem afetar os componentes do sistema nervoso periférico, responsável por conduzir as informações de movimento, decorrentes do acometimento primário da unidade motora, composta por motoneurônio medular, raiz nervosa, nervo periférico, junção mioneural e músculo. Nas crianças, a maior parte dessas afecções é geneticamente determinada, sendo as doenças neuromusculares adquiridas bem mais raras do que em adultos. Na década passada, inúmeros avanços na área da genética molecular vieram facilitar o diagnóstico e o aconselhamento genético, inclusive possibilitando técnicas de diagnóstico fetal. Conheceremos mais sobre algumas dessas patologias com as quais vocês irão se deparar com frequência nas suas práticas terapêuticas. Estão prontos? Vamos começar! MÓDULO 1 Identificar as causas da Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne e da Amiotrofia Espinhal Progressiva e as propostas de intervenção fisioterapêutica DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA DE DUCHENNE E AMIOTROFIA ESPINHAL PROGRESSIVA Tanto a Distrofia muscular de Duchenne (DMD) quanto a Atrofia Muscular Espinhal (AME) ou Amiotrofia Espinhal Progressiva são doenças neuromusculares monogênicas fatais causadas por mutações. Ambas são caracterizadas por fraqueza muscular progressiva e consequente perda de capacidade funcional. Por isso, muitas vezes são confundidas (diagnóstico diferencial). Embora parecidas, neste módulo, iremos abordar a fisiopatologia da DMD e da AME e suas principais características. Dessa forma, você será capaz de identificar as disfunções mais comuns em cada condição e como o tratamento fisioterapêutico pode ser benéfico para as crianças em diversas fases de cada doença (ARAUJO et al., 2018). DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA DE DUCHENNE A distrofia muscular de Duchenne (DMD), também chamada de distrofia pseudo-hipertrófica, é uma doença hereditária progressiva normalmente encontrada no sexo masculino, que herda o cromossomo de sua mãe assintomática. Essa condição afeta o braço curto do cromossomo X (lócus Xp21, sub banda Xp21.2). Esse gene, em condições normais, é responsável pela produção de distrofina, uma proteína localizada no sarcolema das fibras musculares responsável pela estabilização da contração muscular. Quando há uma deficiência de distrofina, como no caso da DMD, acontece um desequilíbrio nas membranas celulares que permite um influxo de grande quantidade de cálcio, com ativação de enzimas que causam morte das células musculares. Dessa maneira, acontece uma substituição dos tecidos musculares por tecido adiposo e conjuntivo, resultando em fraqueza e atrofia muscular (que aumentam com o passar do tempo), comprometendo, assim, a capacidade funcional da criança. Distrofia muscular. Diagnóstico e prognóstico da Distrofia Muscular de Duchenne O diagnóstico clínico normalmente ocorre entre 3 e 5 anos de idade, quando a criança começa a apresentar dificuldade no desenvolvimento motor, principalmente na aquisição da marcha, e observa-se a presença de pseudo-hipertrofia das panturrilhas. Pode ser estabelecido por meio de exame clínico, história familiar e alguns exames como (ARAUJO et al., 2017): Menino com paralisia pseudo-hipertrófica. Análise do DNA Biópsia muscular (ausência da distrofina) Dosagem da creatinoquinase – CK (aumentada quando há dano muscular [>2.000 U/L]) Sendo uma doença progressiva que ainda não apresenta cura, a expectativa de vida desses pacientes é reduzida (entre 20 e 30 anos) dependendo da gravidade da doença. Porém, com os avanços científicos e tecnológicos acerca dos tratamentos (prevenção e manutenção), é possível permitir uma melhora na qualidade de vida desses indivíduos, podendo aumentar a sua sobrevida. Características da Distrofia Muscular de Duchenne Como podemos ver, a principal característica da DMD é a fraqueza muscular progressiva que, consequentemente, leva a limitações e incapacidades funcionais que tornam essa doença fatal. As manifestações clínicas são percebidas pela alteração no desenvolvimento motor. Iniciam-se por volta dos três primeiros anos de vida, tornando-se mais evidentes com o passar dos anos (até os cinco anos). A fraqueza muscular se inicia na cintura pélvica e membros inferiores, vai aumentando gradativamente de forma simétrica e bilateral, progredindo para os músculos do tronco, cintura escapular, membros superiores, chegando a afetar os músculos respiratórios e cardíaco. Além das alterações musculares, essas crianças podem apresentar outros sintomas como: dor crônica, fadiga, cãibras, constipação intestinal, ansiedade e depressão. O quadro abaixo resume as principais alterações encontradas nas crianças com DMD. Características Alterações Pseudo-hipetrofia das panturrilhas. Aumento do volume das panturrilhas pela substituição das fibras musculares por tecido conjuntivo e adiposo – fraqueza muscular. Dificuldade de deambular, correr, pular e ocorrência de quedas frequentes. Fraqueza de membros inferiores, tronco e músculos que sustentam a postura ortostática. Sinal de Gowers – a criança usa as mãos para empurrar os joelhos no momento da troca postural (solo – posição ortostática). Diminuição da força em extensores de joelho e quadril e dificuldade de extensão de tronco para levantar-se do solo. Inclinação lateral da pelve em PO – marcha miopática ou anserina. Fraqueza de glúteo médio e mínimo. Incapacidade de deambular – uso de cadeira de rodas. Com a progressão da fraqueza muscular, normalmente após os 10 anos de idade. Características Alterações Insuficiência respiratória, dificuldade na ventilação, dificuldade ou incapacidade de tossir – infecções respiratórias de repetição. Acometimento da musculatura respiratória - falta de força expiratória para tossir. Deformidades ósseas e/ou articulares como: escoliose e deformidade no tornozelo. Com a fraqueza muscular e a diminuição da mobilidade, podem acontecer bloqueios articulares, contraturas, vícios posturais, entre outros. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Quadro: Principais alterações encontradas nas crianças com Distrofia Muscular de Duchenne. Elaborado por Eloá Moreira Marconi. Método de levantar do chão em distrofia muscular pseudo-hipertrófica – Sinal de Gowes. AMIOTROFIA ESPINHAL PROGRESSIVA Diferentemente da DMD, a Amiotrofia Espinhal (AME) é uma doença genética autossômica recessiva (induzida pelo gene recessivooriginado do cruzamento dos pais), ou seja, pode atingir ambos os sexos na mesma proporção. É causada por uma mutação (ausência ou deficiência) do gene de sobrevivência do neurônio motor 1 (SNM1). Esse gene produz uma proteína de mesmo nome (SNM) que funciona como um alimento para os neurônios motores (responsáveis pelo controle da atividade muscular). Na AME, há falta ou insuficiência dessa proteína causando degeneração progressiva e perda irreversível dos neurônios motores inferiores (corno anterior da medula espinhal) e nos núcleos do tronco cerebral, causando a fraqueza muscular e perda progressiva dos movimentos, chegando à paralisia. RESUMINDO Como podemos ver, embora tenha a mesma característica de fraqueza muscular progressiva que a DMD, as causas dessa fraqueza são bem diferentes (BURR; REDDIVARI, 2021). Diagnóstico e prognóstico da Amiotrofia Espinhal As crianças com AME também vão apresentar um atraso no desenvolvimento motor, porém as características são comuns em outras neuropatias (hipotonia, paresia, arreflexia e miofasciculações). O único exame capaz de confirmar o diagnóstico é a investigação genética, porém alguns exames como eletroneuromiografia, biópsia muscular e dosagem da CK (normal ou reduzida em até 5 vezes) também podem ser realizados. Características da Amiotrofia Espinhal A AME apresenta características de acordo com a gravidade da doença e com a idade em que os sintomas aparecem. Ela pode ser classificada em cinco tipos (0, I, II, III e IV), sendo 0 e I considerados os mais graves, como podemos ver no quadro a seguir. Classificação Início dos sintomas Características gerais Capacidade funcional máxima AME 0 ou tipo 1a ou AME congênita Pré-natal Fenótipo raro. Não apresenta desenvolvimento motor. Expectativa de vida < 6 meses. Movimentos fetais reduzidos, hipotonia neonatal e fraqueza muscular severa, arreflexia, paralisia facial, insuficiência respiratória grave ao nascimento, artrogripose associada. AME I ou doença de Werdnig- Hoffman ou AME grave 0 a 6 meses Regressão no desenvolvimento motor. Pode adquirir controle cefálico e o rolar, porém perde rapidamente essas habilidades. Senta-se apenas com apoio. Cognição normal. Sobrevida entre 8 e 10 meses. Normalmente precisa de suporte ventilatório. Expectativa de vida < 2 anos. Dificuldade de deglutição e mastigação (sujeito a broncoaspiração), movimentos faciais débeis, hipotonia, arreflexia, contraturas leves principalmente em joelhos. Padrão respiratório paradoxal (diafragma preservado e fraqueza dos músculos intercostais) – tórax em formato de sino. AME II ou doença de Dubowitz ou AME intermediária < 18 meses Desenvolvimento motor extremamente lento, podendo se desenvolver até cerca de 5 anos de idade, mantém a postura sentada quando colocada (podendo perder essa habilidade na adolescência). Não deambula. Cognição normal. Escoliose progressiva. Hipotonia, diminuição ou arreflexia dos reflexos tendinosos profundos, fraqueza muscular proximal progressiva, contraturas, tremor fino das extremidades superiores (clonus nos dedos das mãos). Doença pulmonar restritiva (fraqueza dos intercostais). Classificação Início dos sintomas Características gerais Capacidade funcional máxima Sobrevida maior (25 a 30 anos) – normalmente a causa do óbito se deve ao comprometimento respiratório. AME III ou doença de Kugelberg- Welander ou AME leve ou juvenil > 18 meses Pode ser subdividida em: AME III A (entre 18 meses e 3 anos) e AME III B (> 3 anos). Perda de habilidades motoras (membros inferiores são mais afetados que os membros superiores). Deambulação independente (com a progressão pode depender de cadeira de rodas). Dificuldade em correr ou subir escadas. Funções cardíaca e cognitiva normais. Não afeta a expectativa de vida (pode ou não apresentar comprometimento respiratório). Hipotonia dos reflexos patelares, fraqueza muscular proximal progressiva, contraturas, tremor fino das extremidades superiores (clonus nos dedos das mãos), fadiga. AME IV ou AME adulto > 21 anos É a forma mais branda de AME. Não perde a capacidade de deambular. A expectativa de vida não é afetada. Fraqueza muscular progressiva e fadiga. Preservação dos reflexos tendinosos das extremidades superiores e Aquiles. Pode apresentar tremor nas mãos. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Quadro: Classificação da Amiotrofia Espinhal. Elaborado por Eloá Moreira Marconi. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA Nem sempre a criança terá o diagnóstico fechado quando iniciar o tratamento fisioterapêutico. Como podemos ver até aqui, tanto a DMD quanto a AME são doenças progressivas e que ainda não têm cura. Além disso, são muito parecidas com relação aos acometimentos e às limitações funcionais. O tratamento fisioterapêutico trará alguns benefícios como o aumento da sobrevida e melhora da qualidade de vida dessas crianças e de sua família. O tratamento transdisciplinar é essencial para essas crianças, pois alguns fatores como desnutrição, disfagia, depressão, baixa autoestima, alterações metabólicas e disfunções nas atividades de vida diária são comuns e devem ser tratados concomitantemente à fisioterapia. Deve-se ressaltar que a maioria dessas crianças não tem o cognitivo afetado. Por isso, a criatividade e a ludicidade são essenciais para a aceitação e a colaboração da criança ao seu tratamento. Os objetivos devem ser elaborados de acordo com a fase e gravidade da doença. Por isso, você deve estar atento para fazer reavaliações constantes observando a progressão da doença e a regressão das habilidades motoras. Dessa forma, as principais metas de tratamento devem ser: Melhorar ou manter a fase do desenvolvimento motor por meio de estímulos para trocas posturais. Melhorar ou manter a amplitude e a qualidade de movimento. Prevenir contraturas e deformidades – podendo haver indicação de órteses (escoliose, luxação de quadril etc.). Alívio de sintomas desagradáveis como dor e dispneia. Manutenção da mecânica respiratória e suporte ventilatório quando necessário. Orientação aos familiares/cuidadores com relação à mobilização e ao posicionamento para prevenção de posturas viciosas e higienização adequada de vias aéreas superiores quando necessário. O fisioterapeuta deve conhecer as complicações e as disfunções que essas doenças podem apresentar em cada fase para estabelecer uma boa estratégia de tratamento e não criar falsas expectativas na criança e em seus familiares. Muitas vezes o tratamento será paliativo. PALIATIVO Cuidados paliativos são realizados por intervenções em pessoas que apresentam doenças graves ou incuráveis, com o objetivo de aliviar o sofrimento, melhorar o bem-estar e a qualidade de vida desses pacientes e de seus familiares. As abordagens fisioterapêuticas podem ser feitas por diversas técnicas ou intervenções; entretanto, você deverá escolher qual será a melhor estratégia para a sua criança, visando sempre estimulá-la para manter-se javascript:void(0) o mais ativa possível. CINESIOTERAPIA A ludicidade (brincadeiras) é uma ferramenta essencial quando se trata de exercícios físicos para as crianças, principalmente nesses casos em que há uma limitação das habilidades funcionais. A mobilização passiva, os exercícios ativos e alongamentos musculares devem ser feitos dentro do limite e da possibilidade de cada criança para que ela não entre em fadiga. A estimulação para trocas posturais e a evolução do desenvolvimento motor devem ser cuidadosamente observadas para que não haja cobranças fora do limite da criança, ou seja, esperar da criança o que ela não é capaz de realizar. Isso pode frustrar não apenas o profissional, como também a criança e os familiares/cuidadores. A utilização de brinquedos e alguns facilitadores como o rolo, bola suíça, estimulação visual e sonora são aconselhados. Lembre-se de que seu objetivo com essas crianças não será fortalecer a musculatura,e sim mantê-la ou retardar a evolução da fraqueza muscular progressiva. INDICAÇÃO DE ÓRTESES À medida que a fraqueza muscular se agrava, o fisioterapeuta pode indicar órteses noturnas com o objetivo de posicionar melhor a criança durante o sono. Assim, evitará posturas viciosas que podem provocar lesões musculares e facilitar a instalação de deformidades. Além disso, órteses podem ser indicadas com o objetivo de auxiliar a criança na sua vida diária e melhorar a qualidade de vida. FISIOTERAPIA AQUÁTICA Proporciona a esses pacientes uma sensação de liberdade, pois dentro da água eles conseguem realizar movimentos que não conseguem naturalmente no solo devido a propriedades físicas e à ação antigravitacional dentro da piscina. Isso melhora a autoestima e facilita os movimentos ativos, o alongamento muscular e a mobilização das articulações. REALIDADE VIRTUAL Utiliza dispositivos tecnológicos para auxiliar o tratamento. Amplia os canais multissensoriais (visão, audição, tato etc.) conseguindo estimular a função física, cognitiva, sensitiva e ou psicológica. PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NO CUIDADO PALIATIVO A especialista Eloá Moreira Marconi fala sobre os aspectos nos cuidados paliativos, a saber: incentivo à criança e à família; os possíveis questionamentos acerca do tratamento fisioterapêutico, e os cuidados que o fisioterapeuta deve tomar para não afastar a criança do tratamento. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Relacionar a fisiopatologia da Luxação Congênita de Quadril ao tratamento fisioterapêutico DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL Vamos refletir sobre a importância da articulação do quadril no desenvolvimento motor da criança. Normalmente, essa articulação é associada à marcha, mas... será que essa articulação é importante só na marcha? Vamos pensar um pouco? Percebeu a complexibilidade dessa articulação? Nesta parte do conteúdo vamos conhecer a Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), conhecida também por Luxação Congênita de Quadril (LCQ). Essa é uma doença que acomete a articulação do quadril, desencadeando uma série de comprometimentos físico-funcionais. Descreveremos suas principais características e como o tratamento fisioterapêutico pode ser benéfico nas crianças com DDQ. DEFINIÇÃO A Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ) ou Luxação Congênita do Quadril (LCQ) é uma doença que afeta a articulação do quadril do recém-nascido devido ao desenvolvimento anormal de estruturas que formam a articulação do quadril, podendo ser no tamanho, na morfologia, em tecidos moles que cercam a articulação (incluindo a cápsula articular), na cabeça do fêmur, na cavidade acetabular ou em todos esses aspectos. A displasia do acetábulo é caracterizada por uma imaturidade que torna sua cavidade rasa. Dessa forma, haverá uma dificuldade para encaixar a cabeça do fêmur na cavidade acetabular, gerando uma instabilidade articular (quadril instável), facilitando a ocorrência de uma subluxação (cabeça do fêmur deslocada de sua posição anatômica normal, porém com algum contato com a cavidade acetabular) ou de uma luxação (cabeça do fêmur completamente deslocada da cavidade acetabular – nenhum contato) da cabeça do fêmur. Representação esquemática do posicionamento das estruturas da articulação do quadril na displasia do acetábulo. Com relação à luxação, ela pode ser classificada como: TÍPICA TERATOLÓGICA TÍPICA Ocorre ao nascer devido a uma frouxidão já existente. TERATOLÓGICA Associada a outras alterações, podendo ser caracterizada como uma síndrome - ocorre ainda intraútero. A Síndrome de Larsen e a artrogripose são exemplos de alterações que têm associação com a DDQ. SÍNDROME DE LARSEN É uma síndrome rara causada por uma desordem genética que afeta o desenvolvimento dos ossos. Além de estar associada à luxação de quadril, também apresenta deformidades em extremidades, incluindo pé torto congênito. ARTROGRIPOSE Síndrome caracterizada por alteração no desenvolvimento fetal causando alterações no crescimento ósseo e más-formações articulares (deformidade e rigidez). Embora frequentemente esteja presente no nascimento, a DDQ também pode se desenvolver durante o primeiro ano de vida. Sua etiologia ainda não é clara, porém pode ter a influência de alguns fatores mecânicos ou fisiológicos como: Bebês do sexo feminino (mais comuns) Apresentação pélvica Pouco líquido amniótico (oligodrâmnio) Crianças primogênitas (primípara) Alteração de estrogênio e relaxina (hormonal) Frouxidão ligamentar Hiperfrouxidão familiar A DDQ pode também estar associada ao recurvato congênito de joelho (frouxidão ligamentar para extensão do quadril e joelho), torcicolo congênito; pé metatarso varo, pé plano varo e posicionamento inadequado (adução do quadril). Ainda existem alguns sinais que sugerem a presença de DDQ como: assimetria das dobras inguinais, das pregas poplíteas e das dobras da coxa e encurtamento do fêmur. javascript:void(0) javascript:void(0) DIAGNÓSTICO O diagnóstico precoce da DDQ é muito importante, pois permite um tratamento adequado antes que ocorram alterações secundárias. Por isso, a avaliação do quadril deve fazer parte da rotina de acompanhamento do recém-nascido. ATENÇÃO A suspeita de que ocorrerá a DDQ deve ser atentamente observada quando existirem dois ou mais fatores de risco. Nesses casos, os bebês precisam ser submetidos a uma avaliação física detalhada, podendo ser necessários exames complementares, como ultrassonografia e radiografias, até a confirmação de que a articulação do quadril está normal. A avaliação física é feita por meio de duas manobras específicas que permitem descobrir se há uma instabilidade do quadril: TESTE DE BARLOW MANOBRA DE ORTOLANI Essas manobras devem ser realizadas logo nas primeiras semanas de vida, pois, após dois meses, o quadril pode se estabilizar na posição anatômica ou ocorrer um encurtamento muscular tornando a luxação definitiva. Outros sinais podem ser observados mais tardiamente como: SINAL DE GALEAZZI OU DE ALLIS SINAL DE TRENDELENBURG SINAL DE GALEAZZI OU DE ALLIS Por volta dos 3-4 meses de idade – Trata-se de um sinal tardio. Com a criança deitada e com os joelhos fletidos, observa-se que eles não estarão na mesma altura, denotando já a diferença de comprimento entre os membros inferiores. Evidentemente este sinal será mais claro nos casos unilaterais. SINAL DE TRENDELENBURG Durante a deambulação – Este sinal é dito positivo quando o quadril de um paciente que está em pé, sustentado somente por uma perna, ele cai para o lado da perna levantada. A fraqueza está presente no lado da perna em contato com o chão. Sinal de Trendelenburg negativo e positivo. Vamos analisar cada um deles mais detalhadamente: 1) Teste de Barlow Esse teste é realizado para detectar o deslizamento da cabeça do fêmur para fora do acetábulo (manobra provocativa de luxação de um quadril instável). Com o bebê deitado em decúbito dorsal, flexione as articulações coxofemorais (90°) e os joelho (90°). Segure as pernas e coxas com as mãos e coloque os dedos sobre o trocanter maior, mantendo as articulações em abdução média. Pressione verticalmente para o solo (ou para o local onde o bebê está deitado). Caso seja positivo, você sentirá um estalido ou um deslocamento posterior (sobressalto) da articulação em seus dedos. 2) Manobra de Ortolani Essa manobra é feita para detectar o deslizamento da cabeça do fêmur para dentro do acetábulo (teste de redução do quadril). Após o teste de Barlow, mantendo a posição, faça uma abdução de coxofemoral (o joelho é movido para longe da linha média na posição de perna de rã) e delicadamente puxe anteriormente. Fotografia ilustrativa da forma correta de realizar a manobra de Ortolani. A instabilidade será sentida em seus dedos juntamente com o estalido indicando o retorno da cabeça do fêmur para o interior da cavidade acetabular. Modelo de ensino ilustrando a manobra de Ortolani. 3) Sinal de Galeazzi Em crianças acima de trêsmeses, o encurtamento de um dos membros inferiores sugere a possibilidade de DDQ. Esse sinal será mais claro nos casos em que há lesão unilateral. Com o bebê deitado em decúbito dorsal e os joelhos flexionados (pés apoiados no solo), avalie a altura dos joelhos. Quando houver diferença de membros inferiores ou deslocamento posterior do quadril displásico, o joelho do lado afetado estará mais baixo do que o contralateral. Fotografia ilustrativa do sinal de Galeazzi. 4) Sinal de Trendelenburg Quando as crianças já iniciaram a marcha, o diagnóstico é realizado com mais facilidade pela identificação das alterações anatômicas. Além disso, a criança apresentará uma limitação da abdução dos quadris, marcha anserina, hiperlordose lombar e sinal Trendelenburg positivo. Embora o diagnóstico seja mais fácil, o prognóstico torna-se pior. O teste de Trendelenburg é usado para identificar a instabilidade do quadril em posição ortostática. Normalmente, é encontrado em crianças com fraqueza da musculatura abdutora do quadril, em especial, do glúteo médio. Marcha de Trendelenburg. Com a criança em posição ortostática, solicite que ela se equilibre em um pé só (apoio unilateral). Você observará uma queda (inclinação) da pelve para o lado da perna levantada, identificando uma fraqueza muscular no lado do pé que está apoiado (em contato com o chão). 5) Outros sinais a serem considerados SINAL PETER–BADE SINAL HART SINAL PETER–BADE Assimetria das pregas cutâneas (inguinal e glútea – em maior número do lado acometido). SINAL HART Limitação da abdução do lado acometido (encurtamento dos adutores). PROGNÓSTICO Como já descrito, quanto mais cedo for diagnosticado e iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico, pois evitará o aparecimento de alterações secundárias. Além disso, também dependerá do grau de frouxidão ou instabilidade da articulação do quadril (instável, subluxação, luxação). TRATAMENTO O tratamento da DDQ inicia-se com o médico pediatra ou o ortopedista pediátrico, que dará o diagnóstico e decidirá a primeira conduta. Normalmente, o tratamento é conservador. ATENÇÃO Quando não há uma resposta satisfatória (até os 4 ou 6 meses de idade), pode ser indicada a cirurgia para repor a cabeça do fêmur na cavidade acetabular de forma que ela se mantenha na posição anatômica sem causar maiores traumatismos, tanto na cabeça do fêmur quanto nos tecidos moles adjacentes à articulação do quadril. Suspensório de Pavlik. O tratamento conservador é realizado por meio de imobilização em abdução, objetivando aumentar a pressão da cabeça do fêmur sobre a cavidade acetabular (suspensório de Pavlik) por aproximadamente de 2 a 3 semanas. Quando não houver uma redução com a utilização do suspensório, o médico pode optar por fazer uma redução incruenta (na qual não há exposição cirúrgica) e imobilização em aparelho gessado (podendo ser precedida por um período de tração) para esta faixa etária (até 4 ou 6 meses de idade). ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA Para que você inicie um tratamento fisioterapêutico em uma criança com DDQ, é imprescindível a coleta de todas as informações acerca da história dessa criança, desde a gestação até o momento em que ela chega para seu atendimento. Além disso, você deve ser capaz de identificar quaisquer sinais suspeitos de fatores que levam à DDP, pois, em alguns casos, o diagnóstico pode não ter sido fechado com clareza. Como podemos ver anteriormente, esses bebês ficam imobilizados por um tempo prolongado. Porém, os bebês não apresentam o mesmo grau de rigidez e incapacidade funcional que acomete um adulto com o mesmo período de imobilização. Entretanto, com a falta de uso muscular, esses bebês irão apresentar uma diminuição da força e da amplitude de movimento devido às contraturas dos tecidos moles. Além disso, não podemos esquecer que, durante o período de imobilização, houve uma alteração no desenvolvimento motor dessa criança (limitação de movimento e redução de estímulos externos). O papel do fisioterapeuta na DDQ, juntamente com a equipe multidisciplinar, é de auxiliar quanto aos dispositivos imobilizantes, orientar os familiares/cuidadores quanto à manipulação e ao posicionamento da criança e elaborar um programa de tratamento para prevenção, manutenção e melhora do desenvolvimento neuropsicomotor da criança. As principais metas do fisioterapeuta devem ser: Melhorar ou manter a mobilidade e força muscular das regiões não lesionadas (tronco e membros superiores). Melhorar a força muscular e a mobilidade de membros inferiores após a imobilização. Prevenir ou melhorar contraturas após a imobilização. Estimular o desenvolvimento neuropsicomotor para adequá-lo à faixa etária. Orientar os familiares/cuidadores quanto à mobilização e ao posicionamento da criança para evitar o aparecimento de lesões secundárias. A fisioterapia na DDQ é basicamente cinesioterapia, podendo ser realizada com exercícios no solo, respeitando a fase do desenvolvimento motor em que a criança se encontra. Brinquedos e dispositivos como bola suíça, faixas elásticas e rolos podem ser utilizados para estimular a participação da criança no tratamento. O movimento ativo deve ser o foco principal, porém o alongamento e a mobilização passiva para articulações limitadas também devem ser realizados. A fisioterapia aquática e a realidade virtual também são ótimas opções para o ganho de amplitude articular e fortalecimento muscular; além disso são intervenções bem aceitas por parte das crianças. Durante o uso do suspensório, a criança deve ser mobilizada na região do tronco e pescoço, cintura escapular e pélvica (com cuidado), pés e membros superiores. A estimulação sensorial também deve fazer parte do tratamento, já que os estímulos externos estão limitados pela imobilização. A postura deve ser observada e corrigida sempre que necessário. Durante a fase do gesso, o fisioterapeuta pode fazer isometria da musculatura dos membros inferiores por meio de co-contrações, trabalhar controle de tronco com flexão, extensão e lateralizações (a bola suíça pode auxiliar nesse momento) e iniciar a mobilização do joelho assim que possível. Quando a criança for indicada para cirurgia, a fisioterapia deve focar no alongamento e fortalecimento muscular pré-cirúrgicos, favorecendo uma melhor reabilitação pós-cirúrgica. ATENÇÃO Caso a criança chegue tardiamente para a fisioterapia, uma avaliação terá que ser feita para identificar todas as lesões secundárias obtidas e assim poder traçar uma estratégia de tratamento de acordo com as metas a serem alcançadas. POR QUE A DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL PODE ALTERAR O DESENVOLVIMENTO MOTOR NORMAL? A especialista Eloá Moreira Marconi faz uma reflexão, mostrando o quanto uma lesão local pode alterar o desenvolvimento global de uma criança. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Reconhecer as características do Pé Torto Congênito, do Torcicolo Congênito e as possibilidades de atuação fisioterapêutica DOENÇAS CONGÊNITAS Doenças congênitas são caracterizadas por já estarem presentes no momento do nascimento, podendo ser diagnosticadas somente após o nascimento ou antes dele, ou seja, durante o desenvolvimento embrionário (por exames pré-natais). O Torcicolo Congênito e o Pé Torto Congênito são duas doenças que afetam partes específicas do corpo da criança (pescoço e pé), mas que interferem no desenvolvimento neuropsicomotor alterando na qualidade das habilidades funcionais. Vamos pensar um pouco sobre isso? Se as lesões são em locais específicos do corpo, como podem afetar o desenvolvimento motor? Para entendermos melhor sobre essas doenças, como elas podem afetar o desenvolvimento infantil e como a fisioterapia pode intervir nesse processo, dividiremos este módulo em dois tópicos principais. TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO O Torcicolo Muscular Congênito (TMC) é caracterizado por uma contratura (encurtamento com aumento da espessura) unilateral do músculo esternocleidomastoideo(ECOM), fazendo com que a criança mantenha a cabeça inclinada para o mesmo lado da lesão e rodada para o lado oposto, podendo apresentar também assimetria do crânio (plagiocefalia) e da face como: mandíbula, orelhas e visuais (olho ipsilateral mais fechado). Geralmente, manifesta-se no período neonatal ou em lactantes. Músculo esternocleidomastoideo. Sua etiologia ainda não está clara, porém acredita-se que pode ser causada por uma isquemia causando um hipofluxo sanguíneo do ECOM, traumatismo na coluna cervical no momento do parto, mau posicionamento do feto durante a gestação e por antecedentes familiares (MARANHO, 2011). Classificação do Torcicolo Muscular Congênito O TMC pode ser dividido em três grupos: TORCICOLO COM PRESENÇA DE TUMOR – QUANDO HÁ PRESENÇA DE MASSA TUMORAL NO ECOM É a forma mais severa de TMC. É caracterizada por apresentar massa tumoral no ECOM (espessamento fibrótico) com limitação da amplitude de movimento (ativo e passivo). TORCICOLO MUSCULAR É caracterizado por apresentar uma rigidez no ECOM (palpação), porém sem presença de nódulos e limitação na amplitude de movimento (ativo e passivo). TORCICOLO POSTURAL É a apresentação mais suave. É caracterizada por uma preferência postural do bebê, pois não há alterações na musculatura nem limitação da amplitude de movimento passivo. Diagnóstico do Torcicolo Muscular Congênito O diagnóstico clínico para TMC é realizado nos três primeiros meses de vida pela observação da postura da criança, ou seja, postura cervical (inclinação ipsilateral e rotação contralateral) com limitações dos movimentos e elevação do ombro (lado afetado), juntamente com a palpação do ECOM e dos músculos adjacentes. ATENÇÃO Para confirmação do diagnóstico e determinação da gravidade da doença, exames de imagem podem ser realizados e normalmente mostram uma fibrose no ECOM (substituição das fibras musculares por tecido fibrótico denso). Além disso, o desenvolvimento motor deve ser observado de acordo com a faixa etária da criança. Prognóstico do Torcicolo Muscular Congênito O prognóstico do TMC costuma ser bom quando há intervenção imediatamente após o diagnóstico. Quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será a resposta ao tratamento, pois evitará o aparecimento de lesões secundárias e aumento da limitação funcional. Na maioria dos casos de TMC, o tratamento é conservador, porém, se houver persistência do quadro, pode haver necessidade de interferência cirúrgica (entre 6 meses e 1 ano de idade) (KAPLAN; COULTER; SARGENT, 2018). ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO Como vimos anteriormente, a avaliação e a abordagem fisioterapêutica da criança com TMC devem envolver mais do que a postura cervical e a análise estrutural do ECOM. Por isso, o objetivo de tratamento deve ser elaborado de acordo com a lesão apresentada e com as limitações funcionais de cada criança dentro de sua faixa etária (desenvolvimento neuropsicomotor). As principais metas do tratamento fisioterapêutico em crianças com TMC são: Alongamento muscular do ECOM e músculos adjacentes. Melhora da amplitude de movimento cervical. Prevenção da instalação de aderências, contraturas e deformidades (lesões secundárias). Promoção de um desenvolvimento neuropsicomotor apropriado (manter e estimular as atividades e a força dos músculos não lesados), estimulando trocas posturais e conscientização corporal. Orientação aos familiares/cuidadores quanto ao posicionamento e movimentos compensatórios e, no caso das crianças mais velhas, estímulo à correção postural ativa. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Como estamos lidando com crianças, devemos ter a sensibilidade de encontrar estratégias para cada uma individualmente. Lembre-se de que essa criança geralmente terá seu cognitivo normal e isso deve ser levado em consideração. A manipulação passiva é muito importante no tratamento do TMC devido à necessidade de alongamento do ECOM. Sabendo que é um tratamento doloroso, você precisa inicialmente conquistar a confiança da criança para não tornar o toque uma experiência traumática para ela. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Comece seu tratamento com massagens superficiais e leves e termine do mesmo jeito. Assim, a criança poderá sentir também afeto e prazer no seu toque. Além disso, observe sempre se há compensações posturais e de movimento, para que haja uma prevenção de fixações e possíveis contraturas e deformidades. Escolha qualquer intervenção fisioterapêutica que contemple o seu objetivo de tratamento, estando sempre disponível às mudanças caso não esteja obtendo a resposta esperada. PÉ TORTO CONGÊNITO O pé torto congênito (PTC) é uma deformidade presente no recém-nascido caracterizada pelo mau alinhamento das estruturas (partes moles e ósseas) das extremidades inferiores, podendo apresentar anomalias como fibrose (principalmente no tendão de Aquiles, tibial posterior, tibionavicular e ligamentos calcaneonavicular). É considerada a mais frequente anomalia congênita dos pés. O posicionamento da extremidade inferior acometida (uni ou bilateral) é conhecido como pé equinovaro e consiste em: RETROPÉ EQUINO ARTICULAÇÃO SUBTALAR EM VARO (INVERSÃO) PÉ CAVO (FLEXÃO PLANTAR) ADUÇÃO DO MEDIOPÉ E ANTEPÉ Essa postura ocorre devido ao envolvimento de estruturas musculares (gastrocnêmio, solear, tibial posterior e flexor longo dos dedos) e ósseas (navicular, calcâneo, cuboide e talus). Pé torto congênito bilateral. Normalmente, os pés apresentam certa mobilidade. Porém, a criança pode ter dificuldade nos movimentos ativos de eversão e flexão dorsal. Nos casos mais graves, a deformidade pode causar uma imobilidade quase total. A etiologia do PTC ainda é desconhecida, mas existem alguns fatores intrínsecos e extrínsecos que podem estar associados ao desenvolvimento do PTC como: OLIGODRÂMNIO É o volume deficiente de líquido amniótico durante a gestação. Alteração genética. Mau posicionamento do feto durante o período gestacional. Compressão mecânica ou aumento da pressão hidráulica intrauterinas (oligodrâmnio). javascript:void(0) Infecções virais. Distúrbios vasculares. Alterações musculares ou neurológicas. Alterações no desenvolvimento das estruturas ósseas. Parada no desenvolvimento fetal (impedindo uma correção espontânea). Secundária a outras anormalidades como a artrogripose e a mielomeningocele. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Classificação do Pé Torto Congênito O PTC pode ser classificado de acordo com seu aspecto clínico em três grupos: IDIOPÁTICO Apresenta-se de forma isolada e é considerado o tipo mais comum de PTC. Sua característica é a rigidez (pouca mobilidade), a deformidade bem estruturada. Normalmente não reduz com manipulações. POSTURAL Conhecido também por falso pé torto, apresenta uma postura equinovara do pé (uni ou bilateral), porém de fácil redução, pois não apresenta deformidades estruturais. TERATOLÓGICO, NEUROLÓGICO OU SINDRÔMICO Este tipo de PTC está associado a outras doenças congênitas como a mielomeningocele e a atrogripose e tem um alto índice para recidivas. É caracterizado por apresentar rigidez (pouca ou nenhuma mobilidade), sem a presença de pregas ou dobras cutâneas locais. Em geral é tratado cirurgicamente. Diagnóstico do Pé Torto Congênito O diagnóstico do PTC pode ser feito durante a ultrassonografia pré-natal, sendo confirmado no momento do nascimento por exames físicos, não sendo necessários exames complementares. Tratamento do Pé Torto Congênito O objetivo geral do tratamento é tornar o PTC funcional e indolor. Geralmente, o tratamento é conservador, sendo mais utilizada atualmente a técnica de Ponseti. Essa técnica consiste em manipulações alternadas com imobilizações gessadas até que se consiga a mobilidade e a postura adequadas dos pés. Em alguns casos a cirurgia é indicada. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PÉ TORTO CONGÊNITO Levando em consideração todas as informações relatadas anteriormente acerca do PTC, devemos ter emmente que, para se obter uma boa avaliação das condições ortopédicas, neurológicas e funcionais da criança com essa deformidade, você precisa ter uma compreensão profunda dos princípios anatômicos e biomecânicos das estruturas envolvidas. Da mesma forma que, em se tratando de crianças, você deve avaliar e observar o desenvolvimento neuropsicomotor de acordo com a faixa etária a fim de detectar quaisquer alterações. Além disso, tenha em mente que essa criança geralmente apresentará um cognitivo bom. Da mesma forma como colocado no TMC, você precisa estabelecer um bom vínculo com o seu paciente, facilitando a execução do tratamento, pois a criança responderá melhor à sua estratégia terapêutica quando tiver confiança em você. O ludismo é a forma mais fácil de se adquirir vínculo com a criança. Seja criativo e elabore brincadeiras com objetivos terapêuticos para tornar seu atendimento agradável e efetivo. As manipulações passivas e alongamentos são primordiais no seu tratamento e, muitas vezes, causam dor, além de exigir que a criança permaneça na mesma posição por um tempo prolongado. Dependendo da idade da criança, qualquer período de imobilidade é grande para ela, por isso a importância do vínculo e da confiança. Em muitos casos, a criança terá indicação de órteses com o objetivo de melhorar o posicionamento, facilitar as trocas posturais ou prevenir alterações secundárias, como, por exemplo, o encurtamento muscular. No caso de crianças que foram submetidas à cirurgia, deve-se tratar a cicatriz para que não haja aderências ou queloides, pois isso dificultará a mobilidade articular e poderá gerar recidivas. As principais metas da abordagem fisioterapêutica na criança com PTC são: Alongamento e fortalecimento muscular – estimulação para contração muscular. Melhora ou manutenção da amplitude de movimento. Prevenção da instalação de aderências, contraturas e deformidades (lesões secundárias). Promoção de um desenvolvimento neuropsicomotor apropriado (manter e estimular as atividades e a força dos músculos não lesados) e estímulo das trocas posturais. Orientação aos familiares/cuidadores quanto ao posicionamento e movimentos compensatórios. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Além dessas metas, é importante salientar que essa criança pode ter outras alterações associadas que devem ser levadas em consideração e tratadas adequadamente de acordo com cada disfunção, individualmente. COMO LESÕES LOCAIS PODEM INTERFERIR NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR A especialista Eloá Moreira Marconi fala sobre a importância da avaliação global da criança, mostrando a importância da observação do desenvolvimento neuropsicomotor da criança, mesmo quando a lesão é local. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 4 Analisar a fisiopatologia da Artrite Reumática Juvenil e a aplicabilidade fisioterapêutica para o tratamento da patologia ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) é o termo utilizado desde 1995 para substituir o que antes era denominado Artrite Crônica em Crianças, Artrite Crônica Juvenil (ACJ) e Artrite Reumatoide (ou Reumática) Juvenil (ARJ). A AIJ é uma doença crônica sistêmica autoimune, de etiologia desconhecida. Caracteriza-se como um grupo heterogêneo de artrite inflamatória idiopática com duração de, no mínimo, seis semanas, que afeta crianças menores de 16 anos. Classificação da Artrite Idiopática Juvenil Existem sete categorias de AIJ que se diferem por fenótipo, predisposições genéticas, fisiopatologia, achados laboratoriais, curso da doença e prognóstico, sendo a artrite crônica uma característica em comum em todos os tipos de AIJ. O quadro a seguir mostra as principais características desses tipos de AIJ. Existem alguns critérios de exclusão para a classificação dos tipos de AIJ que estarão identificados por números no quadro. Ou seja, cada tipo não pode apresentar: 1 Psoríase ou história de psoríase na criança ou em parente de primeiro grau. Artrite em criança do sexo masculino HLA-B27 positivo com início depois dos 6 anos de idade. 2 3 Presença de: espondilite anquilosante, artrite relacionada à entesite, sacroiliíte associada à doença inflamatória intestinal, síndrome de Reiter ou uveíte anterior aguda ou história de uma dessas doenças em parentes de primeiro grau. ENTESITE Inflamação na entese (local em que os tendões e ligamentos se “ligam” ao osso) causando dor e inchaço. SACROILIÍTE É o processo inflamatório não infeccioso das articulações sacroilíacas, sendo critério diagnóstico das espondiloartropatias soronegativas. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) UVEÍTE Doença inflamatória que pode comprometer totalmente a úvea ou uma de suas partes (íris, corpo ciliar e coroide). Presença de fator reumatoide IgM pelo menos 2 vezes com intervalo mínimo de 3 meses. 4 5 Presença de AIJ sistêmica. SEROSITE Inflamação de qualquer serosa do organismo (pleura, pericárdio ou peritônio) DACTILITE Inflamação de um ou mais dedos (mão ou pé) que causa edema uniforme (também chamado de dedo em salsicha). Afeta ligamentos, tendões e articulações causando dor e limitação do movimento. ONICÓLISE Descolamento da unha do leito ungueal (parte que fica por baixo) a partir da ponta (distal) ou dos lados, sendo a psoríase sua causa mais comum. NAIL PITTING Aparecimento de depressões rasas na superfície da placa ungueal. Tipo de AIJ Características Exclusão Sistêmica - Artrite em uma ou mais articulações. - Febre ou precedida por febre diariamente por 2 semanas de duração no mínimo por pelo menos 3 dias. - Acompanhada por um ou mais dos seguintes sintomas: erupção eritematosa evanescente (não fixada); aumento generalizado dos linfonodos; hepatomegalia e/ou esplenomegalia; serosite. 1, 2, 3, 4 Oligoartrite - Afeta até 4 articulações durante os 6 primeiros meses de doença, sendo os joelhos e os tornozelos as articulações mais comumente afetadas. Duas subcategorias são reconhecidas: - Oligoarticular persistente – afeta até 4 articulações ao longo da doença. - Oligoarticular estendida – afeta mais de 4 articulações após os 6 primeiros meses de doença. 1, 2, 3, 4 e 5 Poliartrite (fator reumatoide negativo) - Afeta 5 ou mais articulações durante os primeiros 6 meses de doença. - Principais articulações acometidas: joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e pequenas articulações das mãos e dos pés. - Teste de fator reumatoide negativo. 1, 2, 3, 4 e 5 Poliartrite (fator reumatoide positivo) - Afeta 5 ou mais articulações durante os primeiros 6 meses de doença. - Teste de fator reumatoide positivo pelo menos 2 vezes com intervalo mínimo de 3 meses. 1, 2, 3 e 5 Artrite psoriásica - Artrite e psoríase ou artrite com pelo menos 2 das características abaixo: 1- Dactilite. 2- Onicólise ou nail pitting. 3- História familiar de psoríase em parente de primeiro grau. 2, 3, 4 e 5 javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Tipo de AIJ Características Exclusão Artrite Relacionada à Entesite (ARE) - Artrite e entesite associadas ou artrite ou entesite com pelo menos duas das características abaixo: 1 - Dor na articulação sacroilíaca e/ou dor inflamatória em coluna lombossacral 2 - Presença de HLA-B27. 3 - Uveíte anterior aguda geralmente associada à dor, vermelhidão e fotofobia 4 - Início da artrite em menino depois dos 6 anos de idade. 5 - História de espondilite anquilosante, ARE, sacroiliíte associada à doença inflamatória intestinal, síndrome de Reiter ou uveíte anterior aguda em parente de primeiro grau. 1, 4, 5 Artriteindiferenciada - Não preenche os critérios para nenhuma categoria descritas acima. Ou - Encaixa-se em 2 ou mais categorias descritas acima. 1 Psoríase ou história de psoríase na criança ou em parente de primeiro grau. 2 Artrite em criança do sexo masculino HLA-B27 positivo com início depois dos 6 anos de idade. 3 Presença de: espondilite anquilosante, artrite relacionada à entesite, sacroiliíte associada à doença inflamatória intestinal, síndrome de Reiter ou uveíte anterior aguda ou história de uma dessas doenças em parentes de primeiro grau. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) 4 Presença de fator reumatoide IgM pelo menos 2 vezes com intervalo mínimo de 3 meses. 5 Presença de AIJ sistêmica. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Quadro: Tipos de Artrite Idiopática Juvenil e suas principais características. Elaborado por Eloá Moreira Marconi DIAGNÓSTICO O diagnóstico da AIJ é feito pelo exame clínico com base nas categorias que vimos anteriormente. Nos estágios iniciais da doença, a criança pode não apresentar dor ou inchaço aparentes, o que dificulta a avaliação médica e o diagnóstico. O médico deve ficar atento para o descarte de outras doenças como lúpus, câncer infantil, doenças ósseas entre outras que podem confundir o diagnóstico de AIJ. RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS Exames complementares podem ser realizados, porém não existe um único teste ou exame que confirme o diagnóstico. Por isso, o médico responsável deve reunir as informações clínicas (sintomas, exames físicos, laboratoriais e de imagem) para fechar o diagnóstico. Alguns sintomas são característicos e importantes para a detecção da doença. Inicialmente apresentam-se de forma sutil como: febre diária acima de 39°C durante um período maior do que duas semanas, anorexia, fraqueza, regressão psicológica, irritabilidade, reação protetora com alguma articulação, recusa para engatinhar ou caminhar. Com o passar do tempo a doença evolui para os seguintes sintomas: temperatura alta, inchaço e dor acentuada (palpação e movimentação), espasmos, crepitação, rigidez matinal (dificuldade de se movimentar ao acordar) ou após um período de inatividade, dificuldade para realizar atividades motoras finas, redução da mobilidade articular (articulações afetadas) e atrofia muscular (THATAYATIKOM; DE LEUCIO, 2020). PROGNÓSTICO Ao longo dos anos o prognóstico da AIJ tem sido modificado. Atualmente, existem medicamentos que podem inibir seletivamente alguns mecanismos biológicos que são responsáveis pela inflamação persistente. ATENÇÃO A ARJ apresenta um prognóstico variável, pois depende do tipo de manifestação e de diversos outros fatores. Por esse motivo, para que haja bom resultado ao tratamento, se faz necessário um diagnóstico o mais precoce possível e a intervenção imediata da fisioterapia. Tendo um diagnóstico e tratamento de forma rápida e precisa, consegue-se prevenir a ocorrência de danos permanentes nas articulações, e suas funcionalidades são preservadas. TRATAMENTO O tratamento da AIJ é semelhante ao de outras doenças inflamatórias (agudas ou crônicas), tendo abordagens farmacológica (medicamentos anti-inflamatórios e imunomoduladores) e não farmacológica (fisioterapia, exercícios físicos, cuidados alimentares, apoio psicológico, entre outros). ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA O tratamento deve ser contínuo. Os principais objetivos são: Controlar a inflamação. Controlar a atividade e buscar a regressão da doença (pela prevenção de comorbidades como distúrbios de crescimento). Diminuir o nível de dor. Prevenir lesões articulares e danos irreversíveis. Melhorar a função articular. Com isso busca-se promover um desenvolvimento neuropsicomotor o mais próximo do normal possível e melhorar a qualidade de vida dessas crianças e de seus familiares. Durante a fase aguda da doença, a criança pode apresentar dor, tumefação, febre, mal-estar geral e limitação funcional. Então, os objetivos fisioterapêuticos devem contemplar: Diminuir o nível de dor. Controlar a inflamação. Evitar rigidez articular e atrofias musculares. Preservar e melhorar a mobilidade articular. Preservar e melhorar a força muscular. Prevenir deformidades e lesões secundárias. ⇋ Utilize a rolagem horizontal Mais tarde (fases subaguda e crônica), é importante prevenir as agudizações, corrigir deformidades e recuperar o tônus muscular. Para que esses objetivos sejam alcançados, devem ser elaboradas algumas estratégias de correção postural, utilização de órteses, mobilizações e alongamentos em todas as articulações e partes moles que apresentem alterações. Um dos recursos utilizados pelo fisioterapeuta que pode beneficiar crianças com AIJ é a fisioterapia aquática, pois, além da temperatura (quente), a água possui propriedades físicas que ajudam na redução do nível de dor e da rigidez articular, facilitam a mobilidade (aumento da extensibilidade das fibras de colágeno), aliviam espasmos musculares e promovem relaxamento, facilitando, assim, a execução de exercícios e alongamentos. A cinesioterapia deve ser adotada com cautela, sempre respeitando o nível de dor e a mobilidade inicial da criança. A rigidez articular pode ser um bom parâmetro para monitorar a progressão ou regressão da doença. Quanto maior o período de rigidez, mais a articulação estará suscetível a alterações. O calor superficial ou o gelo na região afetada pode reduzir a rigidez, causar analgesia e facilitar a execução dos exercícios. RESUMINDO Como podemos ver, não há uma intervenção protocolada para se tratar a AIJ. Tudo dependerá de sua categoria, da fase em que se encontra e das alterações individuais de cada criança. Por isso, a parte principal do seu tratamento é uma boa avaliação inicial e a contínua observação na evolução ou regressão dos sinais e sintomas do seu paciente. BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL A especialista Eloá Moreira Marconi resume as principais características da fisioterapia aquática e seus benefícios para crianças com Artrite Idiopática Juvenil. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Estudamos algumas doenças que afetam o sistema musculoesquelético e, embora com etiologias e disfunções distintas, todas são caracterizadas por afetar o desenvolvimento motor da criança, podendo manter a cognição/inteligência sem alterações. Resumimos aqui as principais disfunções da Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), Amiotrofia Espinhal Progressiva (AEP), Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ), Pé Torto Congênito (PTC), Torcicolo Muscular Congênito (TMC), Artrite Idiopática Juvenil (AIJ). Assim, você terá condições de elaborar estratégias de tratamento para atingir cada objetivo relacionado com as desordens neuromusculoarticulares de cada criança. Fique atento para a importância de uma avaliação global e para uma intervenção transdisciplinar. Isso pode melhorar a qualidade do seu atendimento e melhorar a qualidade de vida da sua criança e de seus familiares. PODCAST Agora, a especialista Eloá Moreira Marconi encerra o tema falando sobre a conduta do fisioterapeuta nas diferentes doenças abordadas no tema. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ARAUJO, A. P. Q. C.; CARVALHO, A. A. S.; DE CAVALCANTI, E. B. U.; SAUTE, J. A. M.; CARVALHO, E.; FRANÇA JUNIOR, M. C.; MARTINEZ, A. R. M.; NAVARRO, M. M. M.; NUCCI, A.; RESENDE, M. B. D.; GONÇALVES, M. V. M.; GURGEL-GIANNETTI, J.; SCOLA, R. H.; SOBREIRA, C. F. R.; REED, U. C.; ZANOTELI, E. Brazilian consensus on Duchenne muscular dystrophy. Part 1: diagnosis, steroid therapy and perspectives. Arq Neuropsiquiatr., São Paulo, v. 75, n. 8, p. 104-113, 2017. ARAUJO, A. P. Q. C.; NARDES, F., FORTES, C. P. D. D.; PEREIRA, J. A.; REBEL, M. F.; DIAS, C. M.; BARBOSA, R. D. C. G. A.; LOPES, M. V. R.; LANGER, A. L.; NEVES, F. R.; REIS, E. F. Brazilian consensus on Duchenne muscular dystrophy. Part 2: rehabilitation and systemic care. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 76, n. 7, p. 481-489,2018. BURR, P.; REDDIVARI, A. Spinal Muscle Atrophy. StatPearls. Treasure Island, FL: STATPEARLS PUBLISHING, 2021. GUARNIERO, R. Displasia do desenvolvimento do quadril: atualização. Rev. Bras. Ortop., São Paulo, v. 45, n. 2, p. 116-121, 2010. KAPLAN, S. L.; COULTER, C.; SARGENT, B. Physical Therapy Management of Congenital Muscular Torticollis. Ped Phys Therapy, v. 30, n. 4, p. 240–290, 2018. MARANHO, D. A.; VOLPON, J. B. Pé torto congênito. Acta Ortop Bras., v. 19, n. 3, p. 163-169, 2011. THATAYATIKOM, A.; DE LEUCIO, A. Juvenile Idiopathic Arthritis. StatPearls. Treasure Island, FL: STATPEARLS PUBLISHING, 2020. ROBERT, S.; MCCOMB, M. D. Deseases of Children For Nurses. Philadelphia and London, 1921, p. 276. EXPLORE+ Explore mais sobre algumas associações de apoio para DMD e AMP, buscando os seguintes sites: Associação carioca de distrofia muscular – ACADIM. Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal – INAME. CONTEUDISTA Eloá Moreira Marconi CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
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