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Didática e pedagogia: sua relação interdisciplinar no contexto de ensino-aprendizagem da língua portuguesa Autor: Francisco das Chagas Oliveira Pessoa (possui ensino superior incompleto em letras- Português) Datado de: 25 de março de 2024 Tipo de material: texto dissertativo-argumentativo A princípio, a didática explicita quais os processos metodológicos o professor necessita ter para conseguir o objetivo de uma educação significativa no processo de ensino- aprendizagem. A didática analisa o processo de ensino considerando, além da prática pedagógica, os pressupostos políticos, sociais e educativos para garantir uma educação de qualidade, segundo a autora Belther (2014). Em outras palavras, a didática é a forma de ensino- aprendizagem da qual o professor pode coordená-la com base nos seguintes parâmetros: assuntos curriculares a serem abordados na sala de aula, procedimentos metódicos que levem em conta a realidade da qual leciona, na sala, bem como considera pressupostos sociais ou políticos dentro do contexto de ensino. Falando a respeito dos pressupostos sociais e políticos, explicitados no parágrafo anterior, cabe analisar isto: a política influencia a sociedade devido à imposição ou exposição de suas ideologias, sejam progressistas, tradicionais, conservadoras, liberais etc. Além disso, a sociedade também exerce certa influência no contexto educativo. Para tal ocorrência, podemos tomar como base a cultura, o modo de falar, as variações da oralidade e da escrita, e também o ambiente de comunicação onde se predomina o poder do discurso (seja em camadas sociais formais, informais, prestigiadas ou não, ou estigmatizadas). Todas essas características supracitadas são compreendidas de modo implícito ou explícito dentro do contexto de educação na sala de aula. Tais fenômenos, aliás, estão intrinsicamente relacionados com a língua portuguesa do Brasil. No parágrafo acima, é explanado uma breve justificativa que ampara os pressupostos socais ou políticos incutidos na didática. Indo mais além, a autora Belther (2014) continua: a docência ou o ato de ensinar tem por base os saberes (ou conhecimentos adquiridos) a respeito da história da pedagogia sobre a condução do ensino, e que se foi modificando no decorrer das mudanças políticas, sociais, alinhadas às dificuldades que o processo educativo encontrava naqueles períodos. Contudo, cabe ao docente ou ao professor-orientador ser um indivíduo com capacidade investigativa, já que os processos pedagógicos-docentes ao longo da história sofreram mudanças com base no contexto sócio-político e cultural vigente da época. Para tal, é necessário que o professor seja pesquisador, reflexivo, a fim de que possa encontrar metodologias eficazes para a aplicação de uma determinada disciplina no processo de ensino (aqui vale salientar que o contexto disciplinar abordado está relacionado com os conteúdos da língua portuguesa). Partindo para a pedagogia, conhecemos que suas raízes advém dos gregos (FREITAS, 2019). Freitas (2019) salienta a pedagogia da seguinte forma: a) Os fundamentos da pedagogia são ideias que, ao passo que vão surgindo ao longo da história, tem relação com os pensadores (filósofos ou pedagogos) à época; b) A pedagogia se engaja com a relação pensamento-ação (MORANDI, 2008); c) O pedagogo realiza uma tarefa epistemológica levando em conta os diferentes níveis de aprendizagem, relacionando os saberes e os conhecimentos específicos para cada etapa exigida; d) A Pedagogia é a relação entre alunos e saberes: por meio do conhecimento compartilhado entre discentes e docentes, essa ciência visa esclarecer de modo lógico as ações da educação, do ensino, dos valores e da organização das ações (MORANDI, 2008, p. 8); e) A Pedagogia está recebendo atualmente influência das tecnologias no campo do aprender e do ensinar; f) Para Dewey, a Pedagogia é a reconstrução das experiências mutáveis, onde há a interrogação entre convicções e concepções (MORANDI, 2008, p. 10); g) A Pedagogia possui influência histórica, antropológica; dado a isso, ainda tem as influências das correntes de pensadores, que trouxeram ideias ou noções para a educação (MORANDI, 2008, p. 10); h) A Pedagogia existe graças ao fato do ser humano ser educável e sujeito da educação (MORANDI, 2008) Tendo como objeto de análise das 8 importantes concepções abordadas anteriormente, a Pedagogia assume importância no processo de ensino haja visto que possui influência de inúmeros pedagogos, relacionando a teoria à prática (ou o pensamento à ação, como explica Morandi). Ademais, é possível perceber que a Pedagogia é uma intrínseca relação entre aluno- professor, aluno-conhecimento, conhecimento-tecnologia, interrogação-ensino (análise crítica e reflexiva da didática), relação entre antropologia e concepções educacionais. Todas essas características em volta do pilar principal: o homem ou o ser humano é dotado de inteligência, fazendo com que seja, ao mesmo tempo, aquele que pode ser educado ou aquele que educa o outro. A palavra Pedagogia tem origem da relação entre paidós e agodé, significando criança e condução, respectivamente, enquanto que a palavra pedagogo está relacionada ao termo magister, que significa aquele que tem discípulos, ou seja, o pedagogo é o guia ou o instrutor com a função de conduzir o educando para o conhecimento e para a aprendizagem (FREITAS, 2019, P. 18). Considerando a autora, podemos afirmar que a pedagogia e o pedagogo estão focados no mesmo objetivo, que é estabelecer práticas de condução da aprendizagem para os aprendizes. Entretanto, é justamente pela função de conduzir os aprendizes, que o pedagogo não possui o direito de menosprezar a autonomia, a criatividade e a espontaneidade dos alunos (vide aprendizes) (FREITAS, 2019). Pois caso isso venha a ocorrer, o “magister” não está conduzindo seus discípulos para o conhecimento, mas os está conduzindo para a obediência cega, sem contestação, do assunto que é abordado no ensino. Apesar do significado de pedagogia estar relacionado com a condução de saber orientar o aprendiz no caminho do conhecimento, não cabe a ele dissociar esse conceito do significado da palavra professor. Isso não pode acontecer, porque o profissional docente é aquele que constrói a ponte entre o aprendizado e o conhecimento de seus alunos. Aqui podemos notar a estreita relação entre pedagogia-didática e professor. Trazendo toda essa realidade supracitada, é de vital importância que o professor de língua portuguesa possa construir seu currículo de ensino com base nas concepções da didática e da pedagogia. E há um motivo para isso: a língua portuguesa está repleta de regras, de exceções a essas regras e de conteúdos diversos. Então, cabe a ele estabelecer a correta didática para que o ensino da língua materna leve em conta as nuances da língua. Retomando os conceitos de didática, temos o que afirma a autora Belther (2014): os métodos de ensino ou os instrumentos de ensino precisam considerar que: a) Os alunos tenham domínio dos diferentes conhecimentos; b) Que possam compreender a realidade social na qual estão inseridos; c) Que possuam habilidades para o desempenho eficaz nas atividades, sejam profissionais, políticas ou sociais. d) Para Herbart, a clareza, associação, sistematização de conhecimento e método são os processos principais pelos quais a didática deve passar. Relacionando os conceitos acima com a disciplina de língua portuguesa, fica explícito que: 1) Os alunos necessitam conhecer sobre a diversidade da língua; (aqui entra as variações linguísticas, por exemplo); 2) Os alunos precisam compreender como funciona a realidade da qual estão inseridos (para tal exemplo, podemos citar o estudo dos gêneros textuais, dos gêneros do discurso, das funções da linguagem e do papel social do falante); 3) Os professores precisam criarnos alunos habilidades linguísticas das quais eles podem fazer uso na sua vida social (ajudar o outro que tem dificuldade de escrever, de falar, que está se preparando para um concurso, que está promovendo aulas de reforço, de sua própria iniciativa social, entre outros casos); 4) A correta explanação dos conteúdos a serem repassados aos alunos precisa levar em conta as especificidades de cada um deles (dificuldades na aprendizagem, ritmo da aprendizagem, por exemplo); 5) Os alunos precisam conhecer como se dá o processo de comunicação no seu dia a dia, adequando-se de acordo com o ambiente no qual estão inseridos socialmente (roda de conversa entre amigos, ambientes formais, conversas com autarquias, diálogo familiar, entre outros casos) Para concluir, o professor deve estar amparado em concepções da didática (forma como ensina), em concepções pedagógicas (meios de intervenção no processo de ensino), alinhando essas duas concepções ao ensino de língua portuguesa. Para isso, o professor-orientador pode fazer uso das variadas tendências pedagógicas, liberais ou progressistas. Analisando o quadro resumitivo, verificamos as seguintes observações a respeito das tendências pedagógicas, das quais podem auxiliar professor na relação pedagogia-didática- ensino da língua portuguesa: TENDÊNCIA CARACTERÍSTICA PRINCIPAL TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL PREPARAÇÃO SOCIAL FUTURA DO ALUNO COM BASE NAS SUAS APTIDÕES TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA RELACIONAR AS NECESSIDADES SOCIAIS DOS ALUNOS COM O MEIO SOCIAL TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO DIRETIVA AJUDAR O ALUNO NO PROCESSO DE AUTOCONHECIMENTO TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA ESTUDO DO DEVER DO APRENDIZADO TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA FORMAR CIDADADÃOS CONSIDERANDO SEU CONHECIMENTO DE MUNDO TENDÊNCIA PROGRESSISTA CRÍTICO-SOCIAL TORNAR O ALUNO APTO A ADMINSTRAR SEU PRÓPRIO APRENDIZADO TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA REVISÃO CRÍTICA DO CONTEÚDO PASSADO A ELE FONTE: Antonio (2014) Entretanto, o professor deve assumir a responsabilidade de não priorizar o ensino de ideologia, mas deve primar pelo ensino da língua portuguesa considerando os pressupostos acima. Quer queiramos ou não, tudo que conhecemos sobre a nossa língua já está consagrada pelo uso e pela cristalização do tempo. Cabe ao profissional, portanto, estabelecer a relação correta entre os conteúdos da língua portuguesa com as tendências acima, tendências essas que estão arraigadas à pedagogia, explicitamente, e à didática, implicitamente. Referências ANTONIO, J. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Pearson Educaction do Brasil, 2014. 126 p. BELTHER, J. M. Didática. São Paulo : Pearson Educaction do Brasil , 2014. FREITAS, G. Introdução à Pedagogia. Recife: Telesapiens, 2019. 244 p. Recurso eletrônico.
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