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1 
 
 
TÓPICOS ESPECIAIS EM MONITORAMENTO 
AMBIENTAL 
1 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ........................................................................................... 3 
VIDA URBANA ................................................................................................. 4 
Semelhanças ou Diferenças ......................................................................... 9 
ECOSSISTEMA .............................................................................................. 13 
EXEMPLOS DE ECOSSISTEMAS ................................................................. 18 
Os Grandes Biomas .................................................................................... 18 
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ........................ 20 
SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO .......................................................... 23 
AGENDA 21 .................................................................................................... 25 
SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO ...................................................... 26 
AS FERRAMENTAS PARA A GESTÃO SUSTENTÁVEL .............................. 28 
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO – ODM ................... 30 
ABNT NBR 14064 – INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO 
ESTUFA .................................................................................................................... 31 
 
 
2 
 
 
 
 
. 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O ser humano, desde os seus primórdios na Terra, enfrentou desafios das mais 
diferentes formas, diferentes momentos, diferentes situações. E tanto o ser humano 
quanto os desafios foram modificando o meio, o espaço ocupado por este ser e tantos 
outros seres. Assim, podemos nos perguntar: Quais os novos paradigmas que se 
apresentam para o ser humano? Como acontecerá o desenvolvimento humano 
respeitando a natureza em meio a tantos desafios e o que pode facilitar esse processo 
de desenvolvimento, tanto para o ser humano como para tudo o que o circunda, de 
modo especial a natureza, seja ela presente no meio urbano ou no meio rural? Como 
avançar no desenvolvimento sem prejudicar ainda mais o próprio ser humano e o seu 
meio? O primeiro passo é conhecendo onde ele vive. É o que queremos fazer nesse 
pequeno estudo. 
VIDA URBANA 
Urbano tem origem no latim urbanus, que significa “pertencente à cidade”. 
Segundo o Dicionário Web, “urbano é tudo aquilo que está relacionado com a vida na 
cidade e com os indivíduos que nela habitam, por oposição a rural, que é relativo ao 
campo e ao interior”. Repare que o rural e o urbano mexem com a vida, com o modo 
de vida das pessoas, da qualidade de vida. 
Vemos então que o urbano se formou a partir do rural, e criou tal separação, 
dicotomia e função. O antagonismo de um mesmo espaço só pode ser percebido no 
entendimento do que é, e qual a relação deste com o homem e com outros espaços. 
Segundo o IBGE (2013), a cidade é a parte de um lugar localizada na malha urbana, 
dentro do perímetro urbano. 
O senso comum aponta a vida urbana como uma vida por vezes estressante, 
conturbada, rápida, desordenada, barulhenta, em detrimento da vida rural, pacata, 
silenciosa, aprazível. Para melhor caracterizar a vida urbana, recorremos ao IBGE, 
que classifica as cidades pelo número de edificações/habitantes: 
• Cidade pequena, de até 50.000 habitantes. 
• Cidade média-pequena, de 50.000 a 100.000 habitantes. 
• Cidade média, de 100.000 a 300.000 habitantes. 
• Cidade média-grande, de 300.000 a 500.000 habitantes. 
4 
 
 
• Cidade grande, com mais de 500.000 habitantes. 
 
Há termos empregados não necessariamente à parte urbana de um município, 
mas sim à malha urbana ou economia: 
• Cidade global: grandes centros econômicos. São divididos em alfa, beta e 
gama. 
• Metrópole: principal cidade dentre várias que ocupam o mesmo perímetro. 
• Megacidade: cidade ou região com mais de 10.000.000 de habitantes. 
• Megalópole: conjunto de várias metrópoles e cidades grandes. Como vimos, 
a cidade é uma realidade bastante difícil de definir. 
Por estranho que possa parecer, não há nenhuma definição universal de cidade. 
Cada país adapta os seus critérios de definição. 
A definição de zona urbana varia de um país a outro. De uma forma geral, é 
considerada urbana qualquer zona que apresentar uma população igual ou superior a 
2000 habitantes. 
A atualização dos modelos de crescimento urbano tem feito com que a 
densidade da população, a extensão geográfica e o desenvolvimento de 
infraestruturas se combinem para serem pilares na delimitação deste tipo de zonas. 
Embora seja difícil generalizar, as zonas urbanas costumam apresentar um maior 
preço em termos de superfície (o custo de vida é mais caro, nomeadamente os 
próprios terrenos e aluguéis) e uma menor presença de emprego no setor primário 
comparando com as zonas rurais. 
Por outro lado, as zonas urbanas oferecem uma maior gama de recursos para 
a sobrevivência das pessoas. As zonas urbanas, como as cidades, caracterizam-se 
5 
 
 
pelo desenvolvimento do seu setor secundário (industrial) e terciário (serviços). Se, 
por um lado, os produtos e os serviços da cidade têm influência no comportamento do 
campo, já este, por sua vez, abastece as regiões urbanas com mercadorias agrícolas 
e pecuárias. 
Em geral, o espaço urbano excede os próprios limites da cidade, já que se 
formam grandes áreas metropolitanas periféricas agrupadas em seu redor. Convém 
destacar que a taxa de urbanização é o índice demográfico que expressa a relação 
percentual entre a população urbana (os habitantes das cidades) e a população total 
de um país. 
Quanto maior o valor, maior é o nível de desenvolvimento. Desde a Revolução 
Industrial, a população urbana tem vivido a experiência de um crescimento constante. 
De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (FPNUA), em 2008, 
a população mundial foi de 50% na zona rural e de 50% na urbana, ano a partir do 
qual se registrou uma ocupação cada vez maior das cidades. 
O olhar sobre o urbano em nosso país chega à ONU (Organização das Nações 
Unidas), que aponta que até 2050 o Brasil terá aproximadamente 93% de sua 
população vivendo nos centros urbanos. Já a população no meio rural terá um 
decréscimo, com moradores neste meio de aproximadamente 16 milhões de 
habitantes. 
VIDA RURAL 
Caro acadêmico! Todos nós sabemos que há pessoas que moram na cidade, 
outras no campo, ou no meio rural. 
É preciso desmistificar aquela imagem que temos do meio rural bucólico, como 
descrito em filmes ou em poesia. 
O agronegócio não nos deixa mentir, o meio rural alcançou grau de 
desenvolvimento ímpar nos últimos anos. 
6 
 
 
 
Visto isso, de forma conceitual podemos assim descrever: 
• A populaçãoque vive no campo ou na zona rural recebe o nome de população 
rural (do latim rural, is). 
• Já aquela que vive em meio aos grandes centros urbanos é denominada 
população urbana (do latim urbe, que significa cidade). 
Para definir o termo “rural”, devemos recorrer à sua origem vinda do latim “rural, 
is”. Segundo o Dicionário Web, “é um adjetivo que corresponde ao que pertence ou 
relativo ao campo” (um terreno extenso que se encontra fora das regiões mais 
povoadas e são terras de cultivo). 
É exatamente o oposto do que conhecemos como zona urbana, de cidades. 
Graziano da Silva (1999) nos dá o conceito de meio rural como um conjunto de regiões 
ou zonas (território) cuja população desenvolve diversas atividades ou se 
desempenha em distintos setores, como a agricultura, o artesanato, as indústrias 
pequenas, o comércio, os serviços, o gado, a pesca, a mineração, a extração de 
recursos naturais e o turismo, entre outros. Segundo este mesmo autor, em tais 
7 
 
 
regiões ou zonas há assentamentos que se relacionam entre si e com o exterior, e 
nas quais interagem uma série de instituições públicas e privadas. 
O rural transcende o agropecuário, e mantém elos fortes de intercâmbio com o 
urbano. 
Na provisão, não só de alimentos, mas também de grandes bens e serviços, 
entre os quais vale a pena destacar a oferta e cuidado de recursos naturais, os 
espaços para o descanso, e as contribuições à manutenção e desenvolvimento da 
cultura. 
Para Balsadi (2001), o meio rural é então uma entidade socioeconômica em um 
espaço geográfico com quatro componentes básicos: 
• Um território que funciona como fonte de recursos naturais e matérias-primas, 
receptor de resíduos e suporte de atividades econômicas. 
• Uma população que, com base em certo modelo cultural, pratica atividades 
muito diversas de produção, consumo e relação social, formando um ripado 
socioeconômico complexo. 
• Um conjunto de assentamentos que se relacionam entre si e com o exterior 
mediante o intercâmbio de pessoas, mercadorias e informação, através de canais de 
relação. 
• Um conjunto de instituições públicas e privadas que articulam o 
funcionamento do sistema, operando dentro de um marco jurídico determinado. O 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) define zona rural como o 
contrário da zona urbana. São regiões não urbanizadas ou destinadas à limitação do 
crescimento urbano, utilizadas em atividades agropecuárias, agroindustriais, 
extrativismo, silvicultura e conservação ambiental. 
Atualmente, muitas das áreas rurais estão protegidas como área de 
conservação, terras indígenas, turismo rural. Zona rural (campo) é o oposto de zona 
urbana (região destinada a habitação, trabalho e outras funções básicas da 
população), ou seja, quando comparadas à zona urbana, com a zona rural, são muitas 
vezes caracterizadas como carentes e precárias. 
No entanto, no meio rural está presente o conceito de ruralidade, contato com 
a natureza e animais, ar puro, sossego, vida tranquila e mais saudável. Muitas 
pessoas buscam sair da rotina estressante da zona urbana e encontram na zona rural 
uma forma de descanso. Entre as atividades realizadas no campo estão: trilhas 
ecológicas, cavalgadas, banhos em cachoeiras etc. 
8 
 
 
A zona rural também tem as importantes funções de preservar a biodiversidade 
de um determinado local, garantir a qualidade da água e manter as terras indígenas. 
Nesse sentido, as unidades de conservação foram criadas com o intuito de preservar 
o patrimônio ambiental e cultural do país. 
Semelhanças ou Diferenças 
Quando for decidir onde morar e qual estilo de vida é apropriado para você, 
existem diversos fatores que devem ser considerados, como empregabilidade, 
interação social e saúde. Os estilos de vida rural e urbano variam de muitas formas e 
os indivíduos podem fazer uma escolha entre os dois baseados naquilo que conhecem 
de si mesmos e na qualidade de vida que apreciam. A cidade e o campo proporcionam 
às pessoas diferentes oportunidades que nos permitem distinguir o modo de vida rural 
do modo urbano. Enquanto no campo, de uma forma geral: 
• persistem muitas ocupações, com horários diferentes de trabalho mais ou 
menos flexíveis; 
• há pouca oferta de ocupação de tempos livres; 
• valorizam-se as tradições: trajes, pratos típicos, festas populares; 
• todas as pessoas se conhecem e se ajudam em caso de necessidade; 
• o ambiente é sossegado e há pouca poluição sonora e visual; 
• as deslocações das pessoas são curtas, o ritmo de vida é calmo. 
Já na cidade, geralmente temos algumas das realidades descritas a seguir, que 
você, acadêmico, poderá confirmar ou não: 
• a esmagadora maioria das pessoas cumpre horários muito rígidos, a oferta de 
atividades de ocupação de tempo livre é muito diversificada; 
• não há um conjunto de valores comuns, mas uma grande diversidade de 
hábitos. Aceita-se a diversidade e valoriza-se o que é moderno; 
• cada um sente os seus problemas. As relações entre as pessoas são pouco 
familiares; 
• as ruas estão repletas de painéis publicitários e a intensa circulação de 
automóveis deteriora a qualidade do ar; 
• o ritmo de vida é agitado. O gráfico a seguir nos dá uma visão da evolução da 
população rural e urbana no Brasil. 
9 
 
 
 
Ao falar de rural e de urbano é necessário que se tenha claro o que podemos 
deferir por rural ou campo e por urbano ou cidade. 
A vigente definição de cidade é fruto do Estado Novo e “foi o Decreto-Lei nº 
311, de 1938, que transformou em cidade todas as sedes municipais existentes, 
independentemente de suas características estruturais e funcionais”. (VEIGA, 2003, 
p. 1). Segundo Veiga (2003, p. 2), a partir disso, da noite para o dia, “ínfimos povoados” 
ou “simples vilarejos” se tornaram cidades. Para as futuras cidades seria exigida a 
existência de pelo menos 200 casas e para as futuras vilas (sede de distritos) um 
mínimo de 30 moradias. 
Mas todas as localidades que àquela data eram cabeça de município passaram 
a ser consideradas urbanas, mesmo que suas dimensões fossem muito inferiores ao 
requisito mínimo fixado para as novas. No Brasil, mesmo com diversas modificações 
posteriores, essa discrepância de divisão territorial brasileira permanece. Só no ano 
de 1991 houve mudanças significativas, em que o IBGE passou a distinguir três tipos 
de categorias definidas como urbanas e quatro tipos de aglomerados rurais. Urbanas: 
áreas urbanizadas e não urbanizadas de acordo com a intensidade de ocupação 
humana e áreas urbanas isoladas, definidas pelas leis municipais, estando separadas 
por sede municipal, distrital, área rural ou outros limites legais. Rurais: aglomerados 
rurais do tipo extensão urbana, situados fora do perímetro urbano, nem que seja uma 
10 
 
 
extensão de uma cidade com vila; povoado, aglomerado rural isolado sem caráter 
privado ou empresarial que disponha do mínimo de serviços e equipamentos e que os 
moradores exerçam atividades econômicas; núcleo aglomerado rural isolado que 
pertença a um único pro prietário e outros aglomerados, os quais não representam as 
características de nenhum dos outros três. (VEIGA, 2003, p. 3, grifos do autor) 
 
Desse modo, em suas análises, Graziano da Silva (1999, p. 1, grifo do autor) 
tem enfatizado que: A diferença entre o rural e o urbano é cada vez menos importante. 
Pode-se dizer que o rural hoje só pode ser entendido como um ‘continuum’ do urbano 
do ponto de vista espacial; do ponto de vista da organização da atividade econômica, 
as cidades não podem mais ser identificadas apenas com a atividade industrial, nem 
os campos com a agricultura e a pecuária; e, do ponto de vista social, a organização 
do trabalho na cidade se parece cada vez mais com a do campo e vice-versa. 
Nas últimas décadas, tem-se destacado uma nova percepção do campo, 
relativo a um modo de vida “alternativo” e ambientalmente sustentável,correspondente a um resgate da natureza pelos hábitos da cidade que se dirige ao 
campo. 
11 
 
 
Com a inserção das novas atividades no campo, sobretudo as não agrícolas, 
que vêm crescendo também no Brasil, diminui a supremacia das atividades agrícolas 
no meio rural. 
Essas mudanças advêm do contínuo declínio da capacidade da agricultura de 
manter e gerar postos de trabalho, além do crescimento de atividades geradoras de 
ocupações rurais não agrícolas. Essas atividades não agrícolas fazem com que o rural 
assuma novas funções. 
Entre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão 
as atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e 
aposentadorias rurais. Dessa forma, crescem cada vez mais atividades de lazer, que 
buscam um resgate às tradições culturais de determinadas áreas e valorizam os 
costumes da vida rural. 
ECOLOGIA 
Ecologia ou eco-logia, do grego oikos = “casa” e logos = “estudo”; literalmente 
significa o estudo da casa. Que casa? Nossa única casa, o planeta Terra. (ODUM; 
BARRET, 2008) Nossa casa, a Terra, é formada por vários ecossistemas complexos 
que apenas existem porque estão interligados e inter-relacionados, ou seja, não 
podem viver isoladamente. 
Quais são estes ecossistemas? Fazem parte dos ecossistemas os fatores 
bióticos e abióticos. Os fatores bióticos são os que possuem vida, tais como: vegetais, 
animais e bactérias que interagem e se sustentam mutuamente. Os fatores abióticos 
são: água, solo, vento, gelo. 
A interdependência entre estes fatores forma os ecossistemas terrestres e 
aquáticos que sustentam a vida em nosso planeta, do qual a vida humana faz parte, 
pois a urbanização e o avanço tecnológico de nossa sociedade afastaram o ser 
humano da natureza, criando a falsa ideia de que a humanidade pode viver sem a 
natureza. O planeta Terra tem idade aproximada de 4,5 bilhões de anos. O surgimento 
da vida ocorreu 1 bilhão de anos depois, ou seja, há 3,5 bilhões de anos. A espécie 
humana iniciou sua evolução entre 2 e 3 milhões de anos. Entretanto, a humanidade 
viveu todo este tempo em harmonia com todos os animais e ecossistemas, 
domesticando alguns, matando outros para sobrevivência; mas jamais exterminando 
espécies inteiras como tem ocorrido nas últimas décadas. A humanidade multiplicou-
se de forma desordenada, sem medir os impactos sobre os ecossistemas naturais. 
12 
 
 
Somos hoje mais de 7 bilhões de pessoas que necessitam se alimentar, morar, 
vestir; e, para manter essas necessidades básicas, além do luxo e desperdício de 
alguns, precisamos trabalhar para produzir, utilizando as matérias-primas extraídas 
dos ecossistemas, levando à extinção de espécies inteiras de animais e vegetais. 
Quais as consequências de tamanha devastação e impactos sobre os ecossistemas? 
Já estamos presenciando inúmeras consequências, como o aumento de enxurradas, 
tufões, tornados ou secas prolongadas em regiões de clima úmido. 
ECOSSISTEMA 
Segundo Odum e Barret (2008), um sistema ecológico ou ecossistema é 
qualquer unidade que inclui todos os organismos (a comunidade biótica) em uma dada 
área, interagindo com o ambiente físico de modo que um fluxo de energia leve a 
estruturas bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes 
vivos e não vivos. 
O termo sistema, segundo definição padrão do College Dictionarys 10ª edição, 
é: “componentes regularmente interativos e interdependentes formando um todo 
unificado” (apud ODUM;BARRET, 2013). Sistemas formados pela interação entre os 
organismos vivos ou bióticos e seu ambiente abiótico, tais como: solo, água, sol, neve, 
vento, gelo, formam um biossistema, que abrange desde sistemas genéticos até 
sistemas ecológicos. Os sistemas ecológicos se organizam em hierarquias. Dentro 
dos sistemas os seres vivos se organizam em diferentes níveis ecológicos: Célula; 
Tecido; Órgão; Sistemas de órgãos; Organismo; População; Comunidade; 
Ecossistema; Paisagem; Bioma; Ecosfera. (ODUM; BARRET, 2013) 
13 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS 
Espécie: é o conjunto de indivíduos semelhantes estruturalmente, 
funcionalmente e bioquimicamente que se reproduzem naturalmente, originando 
descendentes férteis. Apresenta uma propagação genética própria em resposta às 
pressões do ambiente ao longo da evolução. Exemplo: todos os equinos pertencem a 
uma mesma espécie. 
Organismo: é a unidade (indivíduo) fundamental da ecologia. É qualquer corpo 
vivo (unicelular ou pluricelular), ou seja, é um ser vivo, como, por exemplo, um peixe, 
um cavalo, um boi, ou mesmo uma célula. 
População: é o conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem em uma 
mesma área em um determinado período, e abrange a taxa de natalidade, a taxa de 
mortalidade, a proporção de sexos, a distribuição de idades, a emigração e imigração. 
Podemos citar, como exemplo, a população de tainhas dos mares do sul, ou boto-cor-
de-rosa dos rios da Amazônia ou, ainda, as várias espécies de mamíferos e aves que 
vivem nas florestas. 
Comunidade: é o conjunto de populações de várias espécies que sofrem 
interferência uma das outras, e que habitam um determinado espaço (região) em um 
determinado tempo (período). 
14 
 
 
Ecossistema ou sistema ecológico: “Um sistema ecológico ou ecossistema é 
qualquer unidade que inclui todos os organismos (comunidade biótica), em uma dada 
área, interagindo com o meio físico de modo que um fluxo de energia leve a estruturas 
bióticas claramente definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivos e 
não vivos”. (ODUM; BARRET, 2008). 
Habitat: é o lugar preciso onde uma espécie vive, isto é, sua morada dentro do 
ecossistema que determina o comportamento de sobrevivência e reprodutivo da 
comunidade (local de abrigo, alimentação e reprodução). Biótopo: é a área física na 
qual determinada comunidade vive. Exemplo: o habitat do tucunaré, peixe da 
Amazônia, ou da traíra. 
Nicho ecológico: o nicho ecológico pode ser definido como o total de 
necessidades e condições necessárias à sobrevivência de um organismo. É um 
espaço n-dimensional, no sentido de que há uma infinidade de propriedades 
envolvidas. (ODUM; BARRET, 2008) Ecótono: é a região de transição entre duas ou 
mais comunidades/ecossistemas. 
Nesta área de transição (ecótono) encontramos grande número de espécies e, 
consequentemente, grande número de nichos ecológicos. Como exemplo disso 
podemos citar a mata dos cocais, vegetação de transição entre a floresta amazônica 
e a caatinga. Biosfera: é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, ou seja, de 
todas as formas de vida, que inclui a litosfera, a hidrosfera e a atmosfera. Nesta faixa 
se encontram os gases oxigênio e nitrogênio, importantes para a vida. (ODUM; 
BARRET, 2008) Atualmente, além de ecólogos, cientistas físicos e sociais estão 
considerando a ideia de que sociedades naturais e humanas funcionam da mesma 
maneira que sistemas. 
Por que é importante estudar e compreender as sociedades naturais e 
humanas na forma de sistemas? Qual a importância deste estudo/tema para 
compreender a ecologia? O que nossas vidas têm a ver com a ideia de sistemas ou 
ecossistemas? O que este tema tem a ver com os exames do ENADE? O que fez a 
humanidade, e sobretudo a ciência, ignorar a interdependência da teia da vida? Como 
não perceber que o rompimento da teia, com a morte em massa de algumas espécies, 
comprometeria a sobrevivência de toda a teia? A resposta está na forma como 
aprendemos a fazer ciência. 
O conhecimento humano fragmentou-se, tornando-se especializado, formando 
profissionais que sabem muito sobre sua formação e trabalho, perdendo a noção do 
15 
 
 
todo. Para compreender a Ecologia e os ecossistemas é fundamentalmente 
necessário ter uma noção mínima da interdependência entre as florestas com o clima 
e sua influência no ciclo das chuvas, a diversidade da vida, a manutenção das 
nascentes. Vamosrecordar o conceito de sistemas: “componentes regularmente 
interativos e interdependentes formando um todo unificado” (ODUM; BARRET, 2008). 
O que define uma região como floresta equatorial, mata atlântica, deserto, 
pântano, geleira, mar, rio etc., é uma conjuntura de fatores que evolve a latitude, 
altitude, climas, solo, regime hídrico. Nenhum destes sistemas é fechado, todos 
interagem e são interdependentes. Não é possível destruir um sem afetar toda a 
ecosfera, ou o planeta como um todo. 
A ecologia tem a função de ensinar, por exemplo, que a retirada de recursos 
naturais do planeta para suprir as necessidades de sobrevivência de mais de 7 bilhões 
de habitantes está ultrapassando a capacidade da natureza de repor o que é tirado. 
Florestas estão desaparecendo, rios secando, chuvas cada vez mais escassas, secas 
prolongadas. Um ecossistema se alimenta de entradas e saídas, ou seja, uma floresta 
recebe a luz solar das chuvas e os nutrientes da Terra; em contrapartida, esta sustenta 
a vida de milhares ou milhões de espécies vivas, plantas, animais, incluindo a humana, 
fornece oxigênio, ajuda a regular o regime de chuvas etc. 
As secas do Sudeste, afirmam especialistas, é consequência do desmatamento 
da Amazônia e do próprio desaparecimento da Mata Atlântica que cobria a região 
Sudeste originalmente. Sem florestas não há água e sem água não há vida. Isto é um 
ecossistema, um todo interdependente que necessita ser compreendido em sua 
totalidade. Para exercitar sua compreensão sobre a capacidade do nosso planeta de 
sustentar a vida, leia com atenção uma questão sobre ecologia que caiu numa das 
provas do ENADE. O assunto é pegada ecológica. Você sabe do que se trata? 
Pegada ecológica é um conceito criado para definir a necessidade que cada 
indivíduo ou a população de uma região, país ou a humanidade inteira tem de terra, 
água e outros recursos naturais para sustentar a geração atual. Analise a questão 
abaixo e responda: (Questão SINAES – ENADE 2014) Pegada ecológica é um 
indicador que estima a demanda ou a exigência humana sobre o meio ambiente, 
considerando-se o nível de atividade para atender ao padrão de consumo atual (com 
a tecnologia atual). É, de certa forma, uma maneira de medir o fluxo de ativos 
ambientais de que necessitamos para sustentar nosso padrão de consumo. Esse 
indicador é medido em hectare global, medida de área equivalente a 10.000 m². 
16 
 
 
Na medida hectare global são consideradas apenas as áreas produtivas do 
planeta. A biocapacidade do planeta, indicador que reflete a regeneração (natural) no 
ambiente, é medida também em hectare global. Uma razão entre pegada ecológica e 
biocapacidade do planeta, igual a 1 (um), indica que a exigência humana sobre os 
recursos do meio ambiente é reposta em sua totalidade pelo planeta, devido à 
capacidade natural de regeneração. 
Se for menor que 1 (um), indica que o planeta se recupera mais rapidamente. 
 
O aumento da razão entre pegada ecológica e biocapacidade representado no 
gráfico evidencia: 
a) Redução das áreas de plantio do planeta para valores inferiores a 10.000 m² 
devido ao padrão atual de consumo de produtos agrícolas. 
b) Aumento gradual da capacidade natural de regeneração do planeta em 
relação às exigências humanas. 
c) Reposição dos recursos naturais pelo planeta em sua totalidade frente às 
exigências humanas. 
d) Incapacidade de regeneração natural do planeta ao longo do período de 
1961 a 2008. 
Tendência a desequilíbrio gradual e contínuo da sustentabilidade do planeta. 
Analisando o gráfico da questão, constata-se que desde 1975 a pegada ecológica do 
planeta entrou no vermelho, ou seja, a Terra está perdendo gradativamente sua 
17 
 
 
capacidade de repor o que está sendo tirado. Quais serão as consequências deste 
desequilíbrio para as gerações futuras? Podemos criar várias teorias, mas a realidade 
só o futuro dirá. 
EXEMPLOS DE ECOSSISTEMAS 
Um lago, rio, pântano, floresta, bacia hidrográfica, ou mesmo um cultivo 
abandonado constituem um ecossistema. A questão é como estudar tais 
ecossistemas e compreender a ecologia. Para Odum e Barret (2008, p. 26), “um modo 
de estudar ecologia é observar uma pequena lagoa e um cultivo abandonado onde as 
características básicas dos ecossistemas podem ser examinadas de maneira 
adequada – e a natureza dos ecossistemas aquáticos e terrestres pode ser 
contrastada”. Para Odum e Barret (2008), bastaria uma amostra de água de um lago, 
um punhado de lodo do fundo ou solo de um prado para constituir uma mistura de 
organismos vivos, tanto de plantas como de animais, além de inúmeros elementos 
inorgânicos. 
DIVERSIDADE DO ECOSSISTEMA 
A diversidade do ecossistema pode ocorrer por vários fatores. Entre os mais 
importantes estão: diversidade genética; diversidade das espécies; diversidade de 
habitat e diversidade dos processos funcionais que mantêm os sistemas complexos. 
(ODUM; BARRET, 2008). 
Os Grandes Biomas 
Uma floresta, como a amazônica, por exemplo, possui grandes comunidades 
de plantas e animais influenciados pela latitude, o regime hídrico, solo e altitude, 
formando assim um bioma. (ODUM; BARRET, 2008). 
Fatores Que Determinam Os Biomas 
O clima, influenciado pela latitude e altitude, é o fator mais importante para 
determinar um bioma. Além disso, fatores como regime hídrico e solo são outros 
elementos que influenciam ou determinam a formação do bioma em determinada 
região geográfica. 
Os biomas se desenvolvem em ambientes como: planícies, planaltos, campos, 
praias, montanhas e desertos. Estes podem ser florestas, campos, campina, pântanos, 
mangues etc. 
18 
 
 
As florestas podem ser equatoriais, tropicais e temperadas. Entre as florestas 
equatoriais úmidas podemos citar, como exemplo, a floresta amazônica, floresta do 
Congo e floresta equatorial da Indonésia. Estas são matas exuberantes, ricas em 
biodiversidade e normalmente muito fechadas, em algumas regiões quase 
impenetráveis. 
As temperadas têm como exemplo a Mata de Araucária no sul do Brasil, já as 
florestas de Coníferas são comuns nas zonas temperadas do hemisfério norte. Este 
tipo de vegetação possui menor biodiversidade, pois em geral poucos tipos de árvores 
conseguem crescer em ambientes frios, o que influencia diretamente a fauna. O 
Cerrado brasileiro, a Savana africana e a Mata Atlântica são exemplos de biomas de 
clima tropical. 
O Cerrado e a Savana são formados por vegetação arbustiva, intercalada com 
campos e gramíneas. 
Já a Mata Atlântica é vegetação de clima tropical úmido, comum no litoral 
brasileiro. 
No clima árido e semiárido aparece vegetação como a caatinga, no Nordeste 
brasileiro, e vegetação de desertos, como o de Gobi, Saara e do Arizona etc. Os 
biomas lacustres aparecem em ambientes de transição entre o mar e o continente, 
tais como mangues, restingas etc. Nas regiões glaciares, nas proximidades do círculo 
polar, aparece a vegetação de tundra. 
 
19 
 
 
Como afirmamos, o clima é o fator determinante na formação de um bioma, 
determinando o aparecimento de florestas fechadas, gramíneas, vegetação arbustiva 
etc. 
O clima determina a flora, que por sua vez atrai animais adaptados àquele 
ambiente. Sobre estes biomas a civilização se estabeleceu e criou raízes, extraindo 
os recursos naturais necessários à sobrevivência. Cidades, rodovias, portos e 
aeroportos foram construídos sobre estes biomas, muitos dos quais foram totalmente 
destruídos ou existem apenas fragmentos, como a Mata Atlântica brasileira, da qual 
hoje restam apenas 7% das áreas originalmente ocupadas por este bioma. 
A devastação sobre os biomas e recursos naturais é tão intensa que a ONU 
criou o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja, “atender às necessidades 
da geração presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras”. 
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
As demandas ambientais vêm se configurandoem demandas socioambientais 
com o passar do tempo, o que exige mudança de atitude e do seu contexto político, 
tanto no espaço quanto no tempo, tornando-se necessário e urgente adotar novas 
medidas e novos olhares. 
No Brasil, país em desenvolvimento e caracterizado, em sua maioria, por 
democracias não consolidadas, as particularidades sociais, econômicas, ambientais 
e políticas exigem uma adaptação do conjunto de instrumentos que englobam 
principalmente a dinâmica políticodecisória, de modo a consolidar práticas 
participativas, acessíveis e realizáveis em todos os níveis sociais. É partindo desse 
contexto socioambiental e político que iremos nos aprofundar, abordando as questões 
sobre o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente. Vamos lá! 
QUESTÕES AMBIENTAIS – UMA REFLEXÃO 
SOCIOAMBIENTAL 
À medida que a população mundial aumenta, cresce também sua capacidade 
de intervir na natureza na busca de satisfazer suas necessidades e desejos 
crescentes. Paralelo ao fato, surgem conflitos e tensões quanto ao uso do espaço e 
dos recursos. 
Recurso é qualquer coisa que podemos obter do meio ambiente para satisfazer 
nossas necessidade e demandas. Em geral são classificados como: - Renováveis (ar, 
20 
 
 
água, solo, floresta), desde que não os utilizemos mais rapidamente do que a natureza 
possa renová-los. - Não renováveis (cobre, petróleo, carvão), que somente se tornam 
úteis após passarem por processos de engenharia tecnológica, como, por exemplo, o 
petróleo, que se converte em gasolina, óleo para aquecimento e outros produtos 
(MILLER; SPOOLMAN, 2012). 
Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas, ou seja, um sistema 
natural formado por plantas, animais, micro-organismos, solo, rochas, ar, água, clima 
e os fenômenos naturais que podem interferir no seu equilíbrio dinâmico. 
Nesse contexto, chamamos de produção sustentável a maior taxa em que 
podemos utilizar um recurso renovável indefinidamente sem reduzir sua oferta. Dentre 
os recursos não renováveis está o petróleo, que ameaça se tornar escasso. E não 
somente esse recurso vem se destacando na economia mundial, mas também as 
florestas: se em tempos atrás se retirava uma árvore, hoje retiram-se centenas por dia. 
Tempos atrás havia poucas famílias, consumindo pouca quantidade de água e 
produzindo poucos detritos. Hoje, nesse mesmo espaço moram milhões de famílias, 
logo, toda essa relação se ampliou significativamente, com o consumo de imensos 
mananciais e geração de milhares de toneladas de lixo por dia. Como resultado de 
tudo isso, temos a degradação ambiental, com perdas da biodiversidade, da vida 
animal e vegetal, tanto terrícolas quanto aquáticas. E a essa degradação ainda se 
somam as consequências, como: a poluição das águas, o empobrecimento e até 
desertificação do solo, as alterações no clima, a poluição do ar, a crescente violência 
nos centros urbanos, entre tantas outras. Entretanto, o modelo econômico que gera 
riqueza e renda, muitas vezes é contraditório, pois não impede o aumento da miséria 
e da fome (MILLER; SPOOLMAN, 2012). 
Degradação ambiental: esgotamento ou destruição de um recurso 
potencialmente renovável, como solo, pastagem, floresta ou vida selvagem, que é 
usado mais rapidamente do que pode ser naturalmente regenerado. Se tal uso 
continuar, o recurso torna-se não renovável (em uma escala de tempo humano) ou 
inexistente (extinto). (MILLER; SPOOLMAN, 2012). 
As maiores causas dos problemas ambientais estão no crescimento 
populacional, no uso insustentável e pouco eficiente de recursos, na pobreza e a falta 
de inclusão dos custos ambientais do uso dos recursos, nos preços de mercado e 
bens e serviços. 
21 
 
 
A exploração dos recursos naturais se intensificou nas últimas décadas e 
adquiriu características diferenciadas com a Revolução Industrial, sendo somadas ao 
desenvolvimento de novas tecnologias. 
A demanda mundial pelos recursos provém de uma formação econômica cuja 
base é a produção e o consumo desenfreado. E o que se tem atrelado a isso é a 
exploração da natureza, de fato responsável por boa parte da destruição dos recursos 
naturais, base da economia mundial. 
O modelo de desenvolvimento econômico, por muitos anos, decorreu como 
aquele que valoriza o aumento de riqueza sem preocupação com a conservação dos 
recursos naturais. Hoje, a necessidade vital de conservação do meio ambiente 
aparece em discussão com parâmetros sobre as formas de viabilizar o crescimento 
econômico, explorando os recursos naturais de forma racional, ou seja, sustentável. 
(SACHS, 2004) Há muitos questionamentos quanto a esse modelo, tais como: É 
possível atrelar desenvolvimento e sustentabilidade? E sem o aumento da destruição? 
De que tipo de desenvolvimento se fala? Existe desenvolvimento sustentável ou é um 
mito? (MONTIBELLERFILHO, 2004). 
De forma geral, em todos os espaços os recursos naturais e o próprio meio 
ambiente são prioridades e componentes importantes para o planejamento político e 
econômico dos governos, passando então a ser analisados em seu potencial 
econômico e vistos como fatores estratégicos. (SACHS, 2004; ASSADOURIAN, 2010). 
É nesse contexto que se iniciaram as grandes reuniões mundiais sobre o tema, 
no qual se instituiu o fórum internacional em que os países, apesar de suas 
divergências, passam a estar politicamente obrigados a se posicionar quanto a 
decisões ambientais de alcance mundial e a legislar de forma que os direitos e os 
interesses de cada nação possam ser detalhadamente equacionados em função do 
interesse maior da sociedade e para com o meio ambiente como um todo. 
É fundamental que a sociedade atribua regras ao crescimento, à exploração e 
à distribuição dos recursos de modo a garantir a qualidade de vida das atuais e futuras 
gerações e demais formas de vida. Umas das alternativas para tal se deu ao 
estabelecer um limite a esse consumo sustentável. Para isso, realizou-se a primeira 
Conferência Internacional promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 
Estocolmo, em 1972. A segunda foi no Rio de Janeiro, em 1992, a Rio/92, após 
aconteceu a Rio+10, em Johanesburgo, África do Sul em 2002, e recentemente a 
Rio+20 no Rio de Janeiro, em 2012. 
22 
 
 
SUSTENTABILIDADE: SURGIMENTO 
O tema da sustentabilidade começou a ganhar corpo em 1968, quando um 
pequeno grupo de líderes da academia, indústria, diplomacia e sociedade civil se 
reuniu num pequeno vilarejo em Roma, Itália. Esse grupo passou a ser chamado de 
Clube de Roma. 
A partir deste, o tema sustentabilidade foi pauta em conferências mundiais 
específicas em que se delinearam conceitos, ações, diretrizes e ementas na busca de 
promover o chamado desenvolvimento sustentável. Veja a sequência cronológica 
dessas importantes trajetórias em âmbito mundial. 
 
RELATÓRIO BRUNDTLAND OU “NOSSO FUTURO COMUM” 
A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento recomendou 
que se criasse uma nova declaração universal sobre a proteção ambiental e o 
23 
 
 
desenvolvimento sustentável. De tal forma, esse documento foi elaborado e intitulado 
Relatório Brundtland, também conhecido como “Nosso Futuro Comum”. O relatório 
trouxe à comunidade global o conceito de desenvolvimento sustentável e delineou 
medidas propostas para integrar a questão ambiental e o desenvolvimento econômico 
(CMMAD, 1991). Dentre as medidas propostas no Relatório podemos citar: 
AGENDA 21 
A “Agenda 21” criada pela Cúpula da Terra, organizada pela ONU em 1992, é 
utilizada no mundo todo para nortear discussões de políticas públicas e também para 
ser um “guia para o planejamento de ações locais que fomentem um processo de 
transição para a sustentabilidade”, conforme relatado pela ONU. 
Além das questões ambientais e suas problemáticas, a Agenda 21 inclui outros 
importantes assuntos, tais como: a pobreza e a dívida externa dos países em 
desenvolvimento; padrões insustentáveisde produção e consumo; pressões 
demográficas e a estrutura da economia internacional. 
A Cúpula da Terra ainda adotou a Convenção sobre a Diversidade Biológica 
(1992) e a Convenção da ONU de Combate à Desertificação em países que sofrem 
com a seca, particularmente a África (1994). 
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – RIO+20 
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, 
também conhecida como Rio+20, foi realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro, 
e teve como temas principais: A economia verde no contexto do desenvolvimento 
econômico sustentável e da erradicação da pobreza; e A estrutura institucional para o 
desenvolvimento sustentável. 
Como objetivo central, a Rio+20 definiu em seu relatório a seguinte questão: “A 
renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da 
avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas 
principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes”. 
(CGEE, 2012). 
A conferência foi intitulada como “Rio + 20” porque marca o vigésimo 
aniversário da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (Rio-92). 
24 
 
 
SUSTENTABILIDADE: CONCEITUAÇÃO 
Há uma gama de autores que descrevem e conceituam sustentabilidade. Para 
Ruscheinski (2003), sustentabilidade possui uma perspectiva dinâmica, o que não a 
caracteriza como estática. Para Miller e Spoolmann (2012), é a capacidade dos 
sistemas naturais da Terra e dos sistemas culturais humanos de sobreviver e se 
adaptar às mudanças nas condições ambientais a longo prazo, conceito que também 
se refere a pessoas preocupadas em transmitir um mundo melhor para as gerações 
vindouras. 
Se formos analisar todas as conceituações, certamente ficaríamos um bom 
tempo discutindo a respeito, pois são distintas as conotações para esse termo, quase 
sempre em comunhão com os desejos e interesses. No entanto, possui um significado 
intrínseco, histórico, que revela muito mais do que uma palavra “politicamente correta”. 
Vejamos como a ONU aborda a sustentabilidade no seu relatório, associando 
ao Desenvolvimento Sustentável. Conforme você pode perceber, o ONU não trata de 
sustentabilidade como termo isolado, e sim agregado ao desenvolvimento e com esse 
os demais índices, por isso a tem como desenvolvimento sustentável, mas o contexto 
conceitual da sustentabilidade não para por aqui. 
A sustentabilidade está alicerçada em pilares centrais, os quais veremos a 
partir desse momento, ampliando assim seu entendimento sobre esse tema. 
OS PILARES DA SUSTENTABILIDADE 
Vamos começar o estudo e entendimento dos importantes pilares da 
sustentabilidade de uma forma diferente. Analise a figura a seguir e reflita que 
dimensões você encontra para formar os pilares da sustentabilidade. Vamos lá! 
25 
 
 
 
Vamos nos aprofundar mais a respeito das dimensões identificadas nessa 
figura que alicerçam o desenvolvimento sustentável (SACHS, 2002). Vamos abordar 
os seguintes pontos: econômico, social, ambiental, cultural, espacial, político e 
psicológico. 
• Sustentabilidade econômica (conhecida pelo dito popular economicamente 
viável): significa uma alocação eficiente dos recursos, respeitando o meio ambiente e 
o bem-estar das pessoas. A principal medida dessa dimensão é dada justamente por 
critérios sociais, que pressupõem o investimento equilibrado de recursos privados e 
públicos na economia. 
• Sustentabilidade social (conhecida pelo dito popular socialmente justo): 
consiste em um desenvolvimento que reduza as desigualdades sociais e promova a 
igualdade. As ações devem abranger não só as necessidades materiais das pessoas, 
mas também as não materiais. 
• Sustentabilidade ecológica e ambiental (conhecida pelo dito popular 
ambientalmente correto): A ecológica implica em ações que respeitem a 
biodiversidade, permitindo o equilíbrio dos ecossistemas. Pressupõe a manutenção 
da vida na Terra, permitindo sua continuidade. Atitudes que, além de atender às 
26 
 
 
necessidades dos indivíduos, preservam os recursos naturais. A ambiental trata-se de 
respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais. 
• Sustentabilidade espacial ou geográfica ou territorial: as ações buscam 
desenvolver equitativamente todas as regiões, inclusive com ações que evitem a 
concentração excessiva de população em determinadas regiões, em detrimento de 
outras. Procura ainda equilibrar a população urbana com a do campo e desenvolver 
ações locais. 
• Sustentabilidade cultural: pressupõe um desenvolvimento que respeite a 
pluralidade cultural existente. As ações devem respeitar a especificidade de cada 
sistema, de cada local, inclusive na resolução dos problemas. 
• Sustentabilidade política (nacional e internacional): tem por base a 
democracia e a apropriação universal dos direitos humanos; além do desenvolvimento 
da competência do Estado para implementar os projetos em parceria com 
empreendedores. 
No aspecto internacional, tem sua eficácia na prevenção de guerras, garantia 
da paz, aplicação do princípio da precaução na gestão do meio ambiente, recursos 
naturais e preservação da biodiversidade e da diversidade cultural; gestão do 
patrimônio global como herança da humanidade. Ressalta-se, por fim, que a dimensão 
psicológica é incorporada ao estudo devido ao relacionamento com o ser humano e 
com as dimensões culturais, sociais, políticas e econômicas (MENDES, 2009). 
Esse é um momento de refletir, discutir com os colegas e ampliar a visão a 
respeito do tema em questão. Para ampliar sua discussão, analise a figura a seguir e 
discuta sobre sustentabilidade. 
AS FERRAMENTAS PARA A GESTÃO SUSTENTÁVEL 
Dentre algumas ferramentas e organismos internacionais e as normas 
brasileiras que auxiliam as organizações a desenharem seu caminho para o 
desenvolvimento sustentável, temos as seguintes. 
27 
 
 
 
PACTO GLOBAL 
O Pacto Global adotou dez princípios universais, derivados dos direitos 
humanos, dos direitos do trabalho e do conceito de sustentabilidade, que fazem parte 
da Declaração Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização 
Internacional do Trabalho, da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (1992) e de Copenhague (2004). Os dez princípios do Pacto Global 
 
 
 
 
28 
 
 
 
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO – ODM 
É uma ferramenta estabelecida na forma de um documento que estabelece um 
conjunto de oito objetivos, 18 metas e 48 indicadores para o desenvolvimento e a 
erradicação da pobreza em todos os países do mundo. Esses devem ser cumpridos 
até 2015, conforme definido pelos países membros da ONU no ano de 2000. 
(LOUETTE, 2007). 
29 
 
 
 
PROTOCOLO DE QUIOTO 
O Protocolo de Quioto é um tratado internacional com compromissos 
compulsórios para a redução das emissões dos gases que provocam o efeito estufa, 
legitimados por crescentes pesquisas científicas, como causa do aquecimento global 
e consequente variabilidade climática. O tratado originou-se em Toronto em 1988, 
seguido pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e 
culminou com a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática 
(UNFCCC) na Rio-92. O objetivo do Protocolo de Quioto é obrigar os países 
desenvolvidos a reduzirem a quantidade de gases poluentes com metas de curto, 
médio e longo prazo. (LOUETTE, 2007). 
ABNT NBR 14064 – INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES 
DE EFEITO ESTUFA 
A ABNT NBR ISO 14064 é uma série de normas que estabelecem diretrizes e 
procedimentos para ações, a saber: • Projetos MDL: Mecanismo de Desenvolvimento 
Limpo. • Inventários de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): documento que 
relata as fontes e sumidouros de gases de efeito estufa e quantifica-os em uma 
organização. • Projetos de redução de emissões de gases e a verificação egestão 
dos GEE. 
30 
 
 
Apenas a polícia brasileira foi responsável por seis mortes por dia, em 2013, 
reflexo da ideologia militar da corporação, segundo o relatório da Comissão. Hoje, o 
Brasil é responsável por um em cada dez homicídios no mundo. "A Polícia Militar tem 
uma organização e formação preparada para a guerra contra um inimigo interno e não 
para a proteção. 
Desse modo, não reconhece na população pobre uma cidadania titular de 
direitos fundamentais, apenas suspeitos que, no mínimo, devem ser vigiados e 
disciplinados, porque assim querem os sucessivos governantes, ontem e hoje." Essa 
é a conclusão do capítulo sobre a militarização da polícia brasileira, presente no 
relatório final da Comissão da Verdade "Rubens Paiva", divulgado nesta quinta-feira 
12. Através de um estudo histórico, que recupera a formação das polícias brasileiras 
desde o período colonial, o relatório sistematiza o modelo escolhido pelo Brasil para 
formar seus policiais e sugere uma profunda reforma da Segurança Pública a fim de 
acabar com o crescimento recorde de mortes de civis e policiais e com a 
"improdutividade" das corporações, que hoje estão divididas em duas polícias, cada 
uma com duas carreiras. 
O debate sobre a necessidade de reformar a Segurança Pública brasileira não 
é exclusividade da Comissão da Verdade. Segundo pesquisa Datafolha de 2014, a 
segurança já é a segunda maior preocupação dos brasileiros. E não é à toa. Hoje, o 
Brasil é responsável por um em cada dez assassinatos cometidos no mundo. 
Diariamente, 154 pessoas são mortas no país. Por outro lado, fontes extraoficiais 
estimam que o número de pessoas presas no Brasil já beira 600 mil, o que faz do país 
o terceiro maior em população carcerária do mundo, apenas atrás de Estados Unidos 
e China. Em 12 anos, o crescimento carcerário brasileiro foi de mais de 620%, 
enquanto o populacional foi em torno de 30%. Uma das causas deste cenário de caos 
reside, segundo o relatório, na incapacidade da Polícia Militar se adaptar ao regime 
democrático. 
"A Polícia Militar foi e continua sendo um aparelho bélico do Estado, empregada 
pelos sucessivos governantes no controle de seu inimigo interno, ou seja, seu próprio 
povo, ora conduzindo-o a prisões medievais, ora produzindo uma matança trágica 
entre os residentes nas periferias das cidades ou nas favelas", afirma o texto. Segundo 
o documento, a concepção militar da polícia é voltada para o controle político e não 
para a prevenção da violência e criminalidade. A avaliação do relatório é reforçada 
por levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Anistia 
31 
 
 
Internacional. Segundo estas organizações, a polícia brasileira matou, em média, seis 
pessoas por dia, em 2013. No ano anterior, 30 mil jovens brasileiros foram mortos, 
sendo 77% deles negros. 
A alta letalidade policial e suas práticas repressivas não foram, no entanto, as 
únicas marcas deixadas pela ditadura na gestão da segurança pública brasileira. Em 
depoimento prestado à Comissão, o ex-funcionário da Secretaria Nacional de 
Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, revelou que até meados dos anos 2000, 
policiais militares ainda recebiam aulas de tortura nas corporações. "Nós nos 
esquecemos de que a transição (democrática) passou de forma insuficiente pelas 
áreas da Segurança Pública", disse. “Até 1996, na formação da Polícia Civil do Rio de 
Janeiro havia aulas sobre como bater. Não é defesa pessoal, porque é indispensável, 
é como bater. O Bope oferecia, até 2006, aulas de tortura. E não estou me referindo, 
portanto, apenas às veleidades ideológicas de um e de outro, nós estamos falando de 
procedimentos institucionais”, completou Soares, que também é ex-secretário de 
Segurança Pública do Rio de Janeiro. Assim como no período ditatorial, os 
assassinatos e a tortura exercidos pelos agentes públicos seguem, na maioria dos 
casos, impunes. 
A ONG Conectas Direitos Humanos analisou, em 2014, 455 decisões de todos 
os Tribunais de Justiça do Brasil sobre denúncias de torturas. Ao final, o levantamento 
constatou que policiais e funcionários do sistema prisional condenados em um 
primeiro julgamento foram absolvidos, na segunda instância, em 19% dos casos. 
Entre agentes privados, o índice de absolvição cai praticamente pela metade (10%). 
A dependência da polícia por parte de órgãos investigativos e de perícia, como o 
Instituto Médico Legal (IML), é uma das razões para a impunidade em casos de 
violência policial. "É como se um colega produzisse provas contra outro, o que implica 
em conflitos de interesse", afirma Vivian Calderoni, advogada da Conectas. O mesmo 
raciocínio é utilizado pelo documento da comissão em relação às mortes decorrentes 
de conflito com a polícia, os chamados autos de resistência. "Não há investigação 
sobre os autos de resistência, o que garante, através da impunidade, a permissividade 
dos crimes, com aval e promoção institucional", afirma o documento. Atualmente, 
existem diversos projetos pelo fim dos autos de resistência no Congresso, porém, 
todos estão emperrados na burocracia do parlamento. Levantamentos, como o da 
ONG Conectas, revelam que a cultura de uma polícia repressiva e, muitas vezes, 
impune, é uma realidade nacional. 
32 
 
 
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a tropa mais letal do 
país é a do Rio de Janeiro, seguida pela de São Paulo, depois Bahia e Pará, "estados 
governados por partidos políticos diferentes, o que sugere que essa cultura carcerária 
é compartilhada por diversas forças políticas", diz a comissão. Por outro lado, o Brasil 
também possui o recorde de policiais assassinados no mundo: 490 em 2013, 43 a 
mais do que em 2012. Por conta disso, a proposta de desmilitarização policial encontra 
grande aceitação entre os policiais de baixa patente. Uma pesquisa da FGV, de 2014, 
mostra que 73,7% dos policiais apoiam a desmilitarização. Segundo a mesma 
pesquisa, entre os policiais militares, o índice sobe para 76,1%. Ao todo, estima-se 
que os custos ligados à violência, em 2013, giraram em torno de 258 bilhões de reais, 
sendo que a maior decorreu da perda do capital humano, com mortes e invalidez, 
representando 114 bilhões de reais 
Uma história de repressão Do ponto de vista da organização e instrução, a 
polícia brasileira, do Brasil Colônia até a República, se constituiu como uma força 
militar, com a finalidade de garantir a ordem interna e, por vezes, ser o exército da 
elite do Estado ou província. No Brasil colônia, por exemplo, uma das funções da 
polícia era garantir a submissão dos escravos. Já na República, a polícia paulista era 
caracterizada como uma força militar estadual, ou seja, um pequeno exército a serviço 
da elite cafeeira. No entanto, foi em 1967, com o decreto da Doutrina de Segurança 
Nacional, que se fortaleceu a ideia das polícias como forças repressivas com o intuito 
de combater um inimigo interno, no caso, o comunismo ou a subversão. "Com a 
criação da Doutrina de Segurança Nacional se criou a figura do inimigo interno. O 
Exército tem o seu inimigo externo, mas na Doutrina de Segurança Nacional se cria a 
figura do inimigo interno, que é para fazer o combate à luta armada", afirma o coronel 
reformado da Polícia Militar Fábio Gonçalves, em depoimento. Em 1969, o presidente 
ditador Costa e Silva, outra vez por meio de decreto, reorganiza as polícias militares. 
No mesmo ano, tem início a Operação Bandeirante, um órgão de repressão política 
criado por acordo entre as Forças Armadas e a Polícia Militar paulista, sob ordem do 
governo estadual e com apoio político e material de empresários. No ano seguinte, a 
relação entre militares e policiais militares se intensifica e cria-se o DOI-Codi 
(Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa 
Interna), que posteriormente terá sua atuação nacionalizada com órgãos semelhantes 
fora do Estado de São Paulo.Segundo o relatório, é neste bojo que acontece a 
unificação da Força Pública e Guardas Civis Estaduais, consolidando a Polícia Militar 
33 
 
 
como a conhecemos hoje. "[Graças ao] golpe dentro do golpe [AI-5] que se militarizam 
ao extremo as forças de segurança, centraliza-se o comando, o controle, a 
coordenação do sistema", diz o relatório. 
Nesse sentido, o relatório sugere a desmilitarização e unificação das polícias, 
com o fim da duplicidade das carreiras policiais, como medida fundamental para 
reverter o caráter repressivo das forças de segurança civil. Além disso, pede-se a 
revogação dos decretos que integram a P/2 das Polícias Militares ao Serviço Secreto 
do Exército, produtos legais também da ditadura civil-militar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
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