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Filosofia e Psicanalise - Oziel Martins - Complexo de Édipo - 2304- revisado-convertido

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Complexo de Édipo: Um breve relato do pensamento 
freudiano. 
Oziel Martins Araújo1 
Vinicius Arena Munis2 
 
 
 
 
Resumo: Na teoria psicanalítica, o complexo de Édipo se refere ao desejo da criança pelo 
envolvimento sexual com o genitor do sexo oposto, especial atenção erótica de um menino 
para a mãe. Freud sugeriu que o complexo de Édipo desempenha um papel importante na fase 
fálica do desenvolvimento psicossexual. Ele também acreditava que a conclusão desta etapa 
envolve a identificação com o genitor do mesmo sexo, o que acabaria por levar ao 
desenvolvimento de uma identidade sexual madura. O complexo de Édipo, tem atraído 
interesse e discussões tanto da classe acadêmica, como filósofos, sociológos, psicólogos tanto 
da população em geral como professores, pedagogos e principalmente dos pais, pois estes 
querem estar cada vez mais próximos dos filhos e identificar algo que possa trazer 
sentimentos hostis às crianças. Logo, este artigo tem por objetivo revisar a literatura deixada 
por Sigmund Freud sobre o assunto. O tema complexo Édipo traz outros assuntos que 
merecem ser citados como Complexo de Electra, Vivência pré-edipiana. 
 
Palavras chave: Freud, pai, mãe, infância, amor, ciúmes, Édipo, Electra. 
 
 
 
 
 
Vitória/ES, 2019
 
1 Este trabalho foi desenvolvido como pré-requisito à conclusão do curso Especialização em Filosofia da 
Psicanálise, oferecido pela Universidade Federal do Espírito Santo, coordenado pela Professora Claudia Murta, 
no período de 2017/2018. Cabe aqui um agradecimento à professora citada, ao tutor Nivaldo Cardoso dos Santos 
Filho bem como aos demais colegas de sala de aula, pelos debates e sugestões de ideias. 
2 Orientador. Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo 
 
2 
 
1 – Introdução 
Este artigo de revisão compreende um resumo sobre o Complexo de Édipo na Psicanálise. 
Existem inúmeras obras e textos de autores renomados como Freud, Lacan, Winnicott e 
Miller versam sobre o assunto. Sendo assim este artigo pretende traçar um resumo sobre o 
Complexo de Édipo baseado no material bibliográfico produzido por Sigmund Freud com o 
intuito de fomentar uma releitura do tema. 
Vale ressaltar que o tema proposto traz discussões e polêmicas e que após a literatura deixada 
por Freud comprendendo o final do século XIX até os anos 30 do século XX serviu de centro 
para novas literaturas e conceitos vinculados a sexualidade, damos evidência as mudanças 
produzidas pelos movimentos feminista3, homossexual, transexual e afins. 
Logo, é importante, relatar que hoje ao falar de Complexo de Édipo esses temas são sempre 
lembrados; sendo assim, mesmo não sendo o universo de estudo neste artigo procuramos falar 
forma suscita e clara sobre o Complexo de Electra e também da Fase Pré-Edipiana, mas 
sempre tendo em mente que nosso universo de estudo é o Complexo de Édipo. 
 
2 – Metodologia 
A forma de pesquisa empregada neste artigo de revisão foi a pesquisa bibliográfica, tanto a direta, em 
leituras nos seminários de Freud, para tanto tivemos acesso aos volumes publicados no Brasil pela 
Editora Imago, Edição Standart Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, assim apreciamos 
os volumes IV A Interpretação dos Sonhos I (1900), V A Interpretação dos Sonhos II e Sobre os 
Sonhos (1900-1901), VII Um caso sobre Histeria, Três Ensaios sobre Sexualidade e outros trabalhos 
(1901-1905), XV Conferências Introdutórias sobre Psicanálise, Partes I e II (1915-1916), XIX O ego 
e o Id e outros trabalhos (1923-1925) e XXII Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise e 
 
3 O movimento feminista ganhou força e atenção a partir da década de 1930, servindo de ponte para o 
movimento homossexual a partir dos 50 e 60 do século XX e o movimento transexual apesar de ter literaturas 
desde os anos 50 passou a ter maior evidência a partir dos 80 do século XX. 
 
3 
 
outros Trabalhos (1932-1936) como a pesquisa bibliográfica indireta através de leituras de livros, 
textos, artigos que versam sobre o assunto. 
 
3 – Psicanálise e o Desenvolvimento Psicossexual 
Nesta seção abordaremos o conceito de psicanálise, inconsciente, as fases do desenvolvimento 
humano propostas por Freud e uma breve explicação do mito grego sobre o Édipo Rei. 
Chiaratti; Gonçalves; Ricieri (2014, p. 46) afirmam que a psicanálise é uma teoria e uma 
prática que buscam sistematizar um conjunto de conhecimentos que objetiva encontrar as leis 
gerais sobre a estruturação e o funcionamento do psiquismo e dos processos inconscientes, em 
sua influência na conduta normal ou patológica dos indivíduos. Para os autores, Freud 
desenvolveu seu pensamento considerando que as recordações passam do inconsciente para o 
consciente, que há forças resistentes a certos fatos, causando traumas, dor. 
Concordando com os autores, Freud partiu do princípio de que reprimimos aquilo de que não 
gostamos ou que nos incomoda, que não há descontinuidade na vida mental, cada evento 
mental é motivado pelo intuito consciente ou inconsciente de determinados fatos que o 
precederam. 
Para Freud apud Chiaratti; Gonçalves; Ricieri (2014, p. 47) o homem, e consequentemente 
suas ações, é o resultado de vivências esquecidas e armazenadas em uma área sem acesso: o 
inconsciente. 
Exemplificando, quando um sentimento ou pensamento não está relacionado aos pensamentos 
e sentimentos que o precedem, as conexões estão no inconsciente. No inconsciente estão os 
elementos naturais, que jamais foram conscientes, não são compreensíveis à consciência. 
O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias de funcionamento; 
por exemplo, é atemporal, não existem as noções de passado e presente. 
 
4 
 
Para auxiliar o leitor e fomentar a sua atenção e melhor compreensão, apresentaremos um 
breve resumo sobre as fases do desenvolvimento propostas por Freud. 
Assim temos, conforme Chiaratti; Gonçalves; Ricieri (2014, p. 51-52): 
i) Fase oral (nascimento — 1 ano): ao nascer, o bebê perde a relação simbiótica que possuía 
com a mãe e a satisfação plena da vida intrauterina. Com o corte do cordão, a separação é 
irreversível e a criança deve iniciar sua adaptação ao meio. Ao nascer, a estrutura sensorial 
mais desenvolvida é a boca. É pela boca que começará a provar e a conhecer o mundo. É pela 
boca que fará sua primeira e mais importante descoberta afetiva: o seio. Os principais pontos 
de tensão e gratificação são a boca, a língua e os lábios — em que se incluem o morder e a 
sucção. 
ii) Fase anal (1 — 3 anos): nessa fase, a libido passa da organização oral para a anal. O 
período é denominado fase anal porque a libido passa a organizar-se sobre a zona erógena 
anal. No segundo e terceiro anos de vida, dá-se a maturação do controle muscular na criança, 
isto é, a organização psicomotora de base. 
iii) Fase fálica (3 — 5 anos): por volta dos 3 anos de idade, a libido inicia nova organização. 
A erotização passa a ser dirigida aos genitais e desenvolve-se o interesse infantil por eles. A 
masturbação torna-se frequente e normal. Os genitais erotizados dirigem uma busca de 
satisfações de desejos à organização da fantasia infantil, de forma inconsciente. [compartilho 
com o leitor a preocupação com que uma má interpretação sobre o assunto pode provocar, 
nesta fase, o prazer encontra-se nas genitais, porém, não da mesma forma que para um 
adulto]. 
iv) Período de latência (5 anos — puberdade): caracteriza-se pela canalização das energias 
sexuais para o desenvolvimento social, a partir das sublimações, sendo um período 
intermediário entre a genitalidade infantil (fase fálica) e a adulta (genital). A sexualidade, que 
permanece reprimida durante esse período, aguarda a eclosão da puberdade para ressurgir. 
Estando os fins eróticos vetados, dá-se lugar para o desenvolvimentointelectual e social da 
criança. 
 
5 
 
v) Fase genital (puberdade em diante): alcançar a fase genital constitui, para a psicanálise, 
atingir o pleno desenvolvimento do adulto normal. 
Freud (2014), apud Chiaratti; Gonçalves; Ricieri, sugeriu que o complexo de Édipo 
desempenha um papel importante na fase fálica do desenvolvimento psicossexual. Ele 
também acreditava que a conclusão desta etapa envolve a identificação com o genitor do 
mesmo sexo, o que acabaria por levar ao desenvolvimento de uma identidade sexual madura. 
Isto posto, podemos seguir adiante e expressar que Complexo de Édipo é um dos conceitos 
fundamentais de Freud, na Psicanálise. Este conceito refere-se a uma fase no desenvolvimento 
infantil em que existe uma “disputa” entre a criança e o genitor do mesmo sexo pelo amor do 
genitor do sexo oposto. 
Essa disputa fica evidenciada na fase fálica como vimos anteriormente, e podemos notar que 
popularmente a pessoas expressam: “como essa menina é apegada ao pai!” ou então “ esse 
menino não desgarra da mãe”, logo, já temos um exemplo prático do Complexo de Édipo. O 
complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na 
orientação do desejo humano. 
 
4 – Quem foi Édipo Rei? 
Para construir o conceito de Complexo de Édipo, Freud utilizou-se da mitologia grega, mais 
especificamente do teatro, escrito por Sófocles chamado “Édipo Rei”. 
De acordo com Ferrari (2011) o mito conta a história de Laio, rei de Tebas, que teria sido 
avisado por um Oráculo sobre seu futuro maldito: ele seria assassinado por seu próprio filho 
que se casaria com sua mulher, ou seja, a mãe deste. Para evitar que isso se concretizasse, 
Laio decide abandonar a criança num lugar distante, colocando-lhes pregos nos pés, para que 
morresse. Um pastor encontra a criança e lhe dá o nome de Edipodos (pés-furados). Essa 
criança, mais tarde é adotada pelo rei de Corinto. Ao consultar o oráculo, Édipo recebe a 
mesma mensagem que seu pai Laio recebera anos antes, mas, acreditando que se tratava dos 
 
6 
 
pais adotivos, Édipo foge de Corinto. Em sua fuga, Édipo se depara com um bando de 
negociantes e seu líder e acaba por matá-los todos em uma briga, sem saber que esse líder era 
Laio, seu pai. Ao chegar a Tebas, Édipo decifra o enigma da Esfinge e livra a cidade de suas 
ameaças, assim recebe o trono de rei e a mão da rainha Jocasta, agora viúva. Os dois se casam 
e têm quatro filhos. 
Ainda com Ferrari (2011) anos depois, quando uma peste chega à cidade, Édipo e Jocasta 
consultam o oráculo para tentar resolver essa questão e acabam por descobrir que são mãe e 
filho. Jocasta suicida-se e Édipo fura os próprios olhos como punição por não ter reconhecido 
a própria mãe. 
 
4.1 – O Complexo de Édipo e a Psicanálise 
No desenvolvimento infantil e ao perceber a relação entre os pais, a criança passa a 
responsabilizar o genitor do mesmo sexo pela “separação” e deseja o amor, proteção e total 
atenção do genitor do sexo oposto. Nessa fase, a criança passa a ter sentimentos hostis para 
com o genitor do mesmo sexo ou mesmo outras fontes que possam desviar a atenção do 
genitor de sexo oposto diante de si. 
Em seu livro de 1900 A Interpretação dos Sonhos I Freud propôs pela primeira vez o conceito 
de complexo de Édipo, embora ele não tenha formalmente começado a usar o termo até o ano 
de 1910. O termo foi nomeado por causa do personagem de Sófocles, Édipo Rei, que 
acidentalmente mata seu pai e se casa com sua mãe, como já relatamos anteriormente. 
É destino de todos nós, talvez, dirigir nosso primeiro impulso sexual para nossa 
mãe, e nosso primeiro ódio e primeiro desejo assassino, para nosso pai. Nossos 
sonhos nos convencem de que é isso o que se verifica. O Rei Édipo, que 
assassinou Laio, seu pai, e se casou com Jocasta, sua mãe, simplesmente nos 
mostra a realização de nossos próprios desejos infantis. (FREUD, 1900, p. 179). 
 
7 
 
Para Freud (1900, p. 179) somos mais afortunados que ele [Édipo] entrementes conseguimos, 
na medida em que não nos tenhamos tornado psiconeuróticos, desprender nossos impulsos 
sexuais de nossas mães e esquecer nosso ciúme de nossos pais. 
Freud segue estudando seus pacientes e no livro A Interpretação dos Sonhos II e Sobre 
Sonhos (1900-1901) e começa encontrar um padrão nos sonhos de seus pacientes com relação 
aos seus genitores e isso fica mais evidente no livro Um caso de Histeria, Três ensaios sobre 
a teoria da sexualidade e outros trabalhos (1901-1905) ao tratar a paciente Dora a lenda de 
Édipo provavelmente foi considerada como a elaboração poética do que há de típico relações 
entre Dora, seu pai e a senhora K. O pai de Dora tinha uma relação com a senhora K [as duas 
famílias eram amigas]. Segundo Freud o comportamento de Dora ia muito além da esfera de 
interesse de uma filha; ela se sentia e agia mais como uma esposa ciumenta, como se 
consideraria compreensível em sua mãe. Ainda de acordo com Freud identificava-se com as 
duas mulheres, a que o pai amara um dia (a mãe) e a que amava agora (a amante). É óbvia a 
conclusão que sua inclinação pelo pai era muito maior do que ela sabia ou estava disposta a 
admitir, ou seja, que estava apaixonada por ele, pondera Freud. 
Freud relata que aprendeu a ver nessas relações amorosas inconscientes entre pai e filha ou 
entre mãe e filho, conhecidas por suas consequências anormais, uma revivificação de germes 
dos sentimentos infantis. 
Expus em outros lugares em que tenra idade a atração sexual se faz sentir entre 
pais e filhos, e mostrei que a lenda de Édipo provavelmente deve ser 
considerada como a elaboração poética do que há de típico nessas relações. É 
provável que se encontre na maioria dos seres humanos um traço nítido dessa 
inclinação precoce da filha pelo pai e do filho pela mãe, e deve-se presumir que 
ela seja mais intensa, já desde o início, no caso das crianças constitucionalmente 
destinadas à neurose, que têm amadurecimento precoce e são famintas de amor. 
(FREUD, 1901, p. 36). 
Freud relata que tratou a paciente Dora por vários anos [Dora abandona o tratamento e 
regressa após anos sem contato com Freud], analisando seus sonhos e comportamentos 
baseando nas confissões durante as sessões. Em determinado momento Freud verifica que o 
“apego” da jovem do seu pai foi lhe transferido: “Desde o início ficou claro que em sua 
 
8 
 
fantasia eu substituía seu pai, o que era fácil de compreender em vista de nossa diferença de 
idade”. 
Freud (1901, p. 79) conclui o tratamento da paciente, segundo o autor: 
Passaram-se novamente vários anos desde sua visita. A moça se casou, e por 
certo com aquele rapaz (...), afastamento do homem amado em direção ao pai, 
ou seja, a fuga da vida para a doença, esse segundo sonho anunciou que ela se 
desprenderia do pai e ficaria recuperada para a vida. (FREUD, 1901, p. 76). 
Penso que, no caso de Dora houve um desfecho positivo, pois a paciente passou pelo período 
de atraçaõ pelo pai,ciúmes da mãe e posteriormente da amante (senhora K) e no final desta 
fase identcou-se com a mãe, prova disso que ela se casa com um rapaz. 
No livro O Ego e o Id e Outros Trabalhos (1923-1925) Freud afirma que o assunto é 
complicado, porém é necessário abordá-lo pormenorizadamente. Já na obra Conferência 
Introdutórias sobre a Psicanálise I e II (1915-1916) o autor revela uma preocupação com a 
repercussão do assunto: 
Não se pode dizer que o mundo tenha demonstrado muita gratidão à 
investigação psicanalítica por sua revelação do complexo de Édipo. Ao 
contrário, a descoberta provocou a mais violenta oposição entre adultos; e 
aqueles que não se interessaram por tomar parte no repúdio a este 
relacionamento emocional proscrito e tabu, compensaram seu débito mais tarde, 
subtraindo a este complexo o seu valor, por meio de reinterpretações tortuosas. 
(FREUD, 1915, p. 135). 
Freud (1923, p. 19) comenta o Complexo de Édipo em sua forma simplificada,e no caso de 
uma criança do sexo masculino, (...). Em idade muito precoce o menininho desenvolve uma 
catexia4 objetal pela mãe, originalmente relacionada ao seio materno, e que é o protótipo de 
uma escolha de objeto segundo o modelo anaclítico; o menino trata o pai identificando-se 
com este. Para o autor durante certo tempo, esses dois relacionamentos avançam lado a lado, 
 
4 É o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é vinculada a ou investida na representação 
mental de uma pessoa, idéia ou coisa. 
 
9 
 
até que os desejos sexuais do menino em relação à mãe se tornam mais intensos e o pai é 
percebido como um obstáculo a eles; daí conforme o Freud disso se origina o complexo de 
Édipo. 
Sua identificação com o pai assume então uma coloração hostil e transforma-se 
num desejo de livrar-se dele, a fim de ocupar o seu lugar junto à mãe. Daí por 
diante, a sua relação com o pai é ambivalente; parece como se a ambivalência, 
inerente à identificação desde o início, se houvesse tornado manifesta. Uma 
atitude ambivalente para com o pai e uma relação objetal de tipo unicamente 
afetuoso com a mãe constituem o conteúdo do complexo de Édipo positivo 
simples num menino. (FREUD, 1923. p.20). 
Para Freud a catexia objetal da mãe, por parte do menino, deve ser abandonada. De acordo 
com o autor o seu lugar pode ser preenchido por uma de duas coisas: uma identificação com a 
mãe ou uma intensificação de sua identificação com o pai. Freud esclarece que estamos 
acostumados a encarar o último resultado como o mais normal; ele permite que a relação 
afetuosa com a mãe seja, em certa medida, mantida. Dessa maneira, a dissolução do complexo 
de Édipo consolidaria a masculinidade no caráter de um menino. Logo, de maneira 
precisamente análoga, o desfecho da atitude edipiana numa menininha pode ser uma 
intensificação de sua identificação com a mãe (ou a instalação de tal identificação pela 
primeira vez) - resultado que fixará o caráter feminino da criança. 
De acordo com Freud a descrição acima refere-se ao complexo de Édipo simples e é a sua 
forma mais comum, e um estudo mais aprofundado geralmente revela complexo de Édipo 
mais completo, o qual é dúplice, positivo e negativo, e devido à bissexualidade originalmente 
presente na criança. 
 
4.2 – A Dissolução do Complexo de Édipo 
No capítulo “A dissolução do complexo de Édipo (1924)” presente no livro “O Ego e o Id e 
Outros Trabalhos (1923-1925) Freud revela a importância do assunto fenômeno central do 
período sexual da primeira infância. Para o autor a dissolução do complexo de Édipo 
 
10 
 
resultado de diversas análises demonstra ocorrer após experiência de desapontamentos 
penosos. 
A menina gosta de considerar-se como aquilo que seu pai ama acima de tudo o 
mais, porém chega a ocasião em que tem de sofrer parte dele uma dura punição 
e é atirada para fora de seu paraíso ingênuo. O menino encara a mãe como sua 
propriedade, mas um dia descobre que ela transferiu seu amor e sua solicitude 
para um recém-chegado. (FREUD, 1923. p.102). 
Conforme vemos acima a reflexão deve aprofundar nosso senso da importância dessas 
influências, porque ela enfatizará o fato de serem inevitáveis experiências aflitivas desse tipo, 
que agem em oposição ao conteúdo do complexo. No caso do menino a ausência da satisfação 
esperada, a negação continuada do bebê desejado, devem, ao final, levar o pequeno amante a 
voltar as costas ao seu anseio sem esperança. Assim, concordo com Freud que o complexo de 
Édipo se encaminharia para a destruição por sua falta de sucesso, pelos efeitos de sua 
impossibilidade interna. 
Freud ainda apresenta outra ótica sobre a ruina [dissolução] do complexo, o autor faz analogia 
a queda dos dentes de leite de uma criança que estão fadados a cair quando os dentes 
permanentes começam a crescer. 
Embora a maioria dos seres humanos passe pelo complexo de Édipo como uma 
experiência individual, ele constitui um fenômeno que é determinado e 
estabelecido pela hereditariedade e que está fadado a findar de acordo com o 
programa, o instalar-se a fase seguinte preordenada de desenvolvimento. Assim 
sendo, não é de grande importância quais as ocasiões que permitem tal 
ocorrência ou, na verdade, que ocasiões desse tipo possam ser de algum modo 
descobertas. (FREUD, 1923. p.102). 
Freud se refere ao fim da fase fálica e ao início da fase de latência (puberdade) no já vimos 
anteriormente. 
 
11 
 
Freud (1923, p. 104) que as catexias [libidinal] de objeto são abandonadas e substituídas por 
identificações. Para o autor a autoridade do pai ou dos pais é introjetada no ego5 e aí forma o 
núcleo do superego6, que assume a severidade do pai e perpetua a proibição deste contra o 
incesto, defendendo assim o ego do retorno da catexia libidinal. Ele afirma que as tendências 
libidinais pertencentes ao complexo de Édipo são em parte dessexualizadas e sublimadas 
[coisa que provavelmente acontece com toda transformação em uma identificação] e em parte 
são inibidas em seu objetivo e transformadas em impulsos de afeição. Conforme o autor esse 
processo introduz o período de latência, que agora interrompe o desenvolvimento sexual da 
criança, muito importante no desenvolvimento do indivíduo. 
 
5 – Electra e a Fase Pré-Edipiana 
Em 1931, Freud, já com 75 anos de idade, na obra Novas Conferências Introdutórias sobre 
Psicanálise e outros Trabalhos – admitiu sua dificuldade em decifrar o enigma da esfinge 
feminina. Reconheceu, então, que o complexo de Édipo correspondia de forma muito limitada 
ao desenvolvimento feminino. Para entender a questão feminina, o conceito deveria ser 
ampliado. Freud criou o termo pré-edipiano para poder manter o complexo de Édipo como 
núcleo da neurose. Através do prolongamento da fase pré-edipiana, Freud encontrou uma 
maneira de por um lado, manter o desenvolvimento de ambos, meninos e meninas, 
determinado pelo complexo de Édipo, mas por outro, de diferenciar o percurso deste para 
meninas. Assim, de acordo com Halberstadt (2006) ele evitou confrontar-se com o problema 
do complexo de Édipo nas meninas. 
 
5 Com referência aos acontecimentos externos, o ego desempenha sua função dando conta dos estímulos 
externos, armazenando experiências sobre eles na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante 
a fuga), lidando com estímulos moderados (por meio da adaptação) e aprendendo, com a atividade, a produzir 
modificações convenientes no mundo externo em seu próprio benefício. Ballone (2014) apud Chiaratti; 
Gonçalves; Ricieri (2014, p.60). 
6 O superego, ou seja, a consciência moral, nem sempre reflete fielmente as normas da sociedade. Como ele se 
forma na infância, as restrições e proibições à expressão das energias instintivas são internalizadas de uma forma 
mais rígida e severa que as repressões reais. Freitas (2014) apud Chiaratti e tal (2014, p.60). 
 
12 
 
O mito de Electra7 tem sido escolhido como tema por vários autores clássicos e modernos, 
fascinados pelos enigmas da feminilidade. Electra representa a problemática do 
desenvolvimento feminino malsucedido, frequentemente marcado por ciúmes, masoquismo, 
dramatização, rejeição da feminilidade e sexualidade freada8. 
Uma obra de arte ou um mito são comparáveis com um sonho, afirma Halberstadt e concordo 
com a autora que eventos simbólicos ricos em significado expressam diversas emoções e 
fantasias. Assim Electra traduz o conflito entre mãe e filha, repleto de fantasias de morte, 
suicídio e ódio, que leva ao sadismo e também ao masoquismo. 
É importante destacar diferenças entre Electra e Édipo, enquanto este mata um estranho em 
um cruzamento de Delfos, em um ataque de raiva irracional; já Electra planeja durante muitos 
anos o assassinato da sua mãe, que executará sorrateiramente e Electra alimentaráum rancor 
pelo resto de sua vida em relação a sua mãe pelo fato de que esta, junto com o amante 
Aegisthus, matou seu pai, Agamêmnon, e a amante deste, Cassandra. Após anos de espera, 
Electra consegue executar sua vingança com a ajuda do irmão, matando a mãe, 
Clytaemnestra. 
Electra tornou-se uma mulher infeliz e só, obcecada pelo rancor em relação a sua mãe e a 
Aegisthus, seu padrasto. Ela era cronicamente enraivecida, profundamente frustrada e sofria 
amargamente com seu destino incontestavelmente triste. Na ausência de Agamêmnon, 
identificava-se intensamente com seu pai adorado. Assim ela odiava a mãe com a mesma 
intensidade com que amava o pai, como se ela tivesse dividido seus afetos em dois polos 
opostos. 
A dissolução do complexo de Electra acaba por conduzir a identificação com o genitor do 
mesmo sexo. E podemos acrescer o aparecimento da bissexualidade da mulher que também 
fica evidenciado no caso de Electra e seu desejo de ser e possuir ambos os sexos é 
 
7 Embora seja frequentemente associado com Freud, foi na verdade Carl Jung que cunhou o termo complexo de 
Electra em 1913. 
8 Para Chodorow, tanto o complexo de Édipo como o de Electra são reduções. O desenvolvimento da 
heterossexualidade e da homossexualidade apresentam uma variabilidade e complexidade tão grandes que não 
justificam generalizações no caso individual (CHODOROW, 1992, apud HALBERSTADT ). 
 
13 
 
demonstrado pela depreciação do marido (Eurípides), e também na medida em que força seu 
irmão a servir-lhe como ferramenta no assassinato de sua mãe. 
Passado esse breve relato sobre Electra voltamos nosso pensamento para Freud, e entendemos 
que o psicanalista apresenta três saídas ao Édipo na menina: a neurose, a homossexualidade e 
a feminilidade, obtivemos essa conclusão ao examinar a obra Novas Conferências 
Introdutórias sobre Psicanálise e outros Trabalhos. 
Vale ressaltar que no pensamento do autor: 
A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da 
menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à 
inibição sexual ou à neurose, outra, à modificação do caráter no sentido de um 
complexo de masculinidade, a terceira, finalmente, à feminilidade normal. 
(FREUD, 1932, p. 85) 
Logo, aprendemos que o termo Complexo de Édipo começa aos poucos a deixar de ser 
relatado quando se trata de meninas com suas mães ou como queiram genitor do mesmo sexo, 
e como já dissemos anteriormente o próprio Freud confirma que Édipo limita-se ao universo 
masculino e com essa limitação Freud pode observar e denominar essa fase de vinculação da 
menina a sua mãe de pré-edipiana, pois, na época de Freud a vida sexual era dominada pela 
polaridade masculino-feminino, por isso não podemos imputá-lo culpa ou lhe cobrar textos e 
análises sobre homossexualidade, transexualidade e identidade de gênero. 
 
 
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6 – Conclusão 
Vimos neste artigo que o tema edipiano que foi proposto por Freud teve aceitação na 
Psicanálise, mesmo sendo alvo de críticas foi o primeiro passo para estudar a sexualidade 
infantil e os primeiros casos receberam na literatura psicanalítica o nome de neurose infantil. 
O desfecho favorável do complexo de Édipo, que é um dos conceitos fundamentais de Freud 
na Psicanálise, entendemos que seja a afeição da criança pelo sexo oposto e depois o seu 
desfecho positivo resultará para o menino na identificação com a masculidade e para a menina 
com feminilidade, pois muitos psicanalistas defendem que o seu desenvolvimento 
malsucedido frequentemente é marcado por marcado por ciúmes, masoquismo, dramatização, 
rejeição da masculinidade e/ou feminilidade e sexualidade freada. Entretanto, atualmente, 
estudos vindos dos meados do século XX para cá apresentam a vivência pré-edípica como 
berço da transexualidade, que após debates o termo “transexualismo” foi substituído por 
Transtorno de Identidade de Gênero, adiante por Disforia de Gênero e hoje por Transtornos da 
identidade sexual; o que não foi nosso universo de estudo, no entanto, podemos deixar 
registraddo que psicanalista Robert Stoller versa sobre o assunto em seu importante trabalho 
“A experiência transexual” publicado em 1975. 
Como relatado em nossa introdução procuramos dedicar um tempo sobre o complexo de 
Electra, visto que Freud não deixou literatura sobre o tema, apesar que por volta dos anos 
1930 este mencionar o termo relação pré-edipiana, que outros estudiosos deram ênfase ao 
assunto, por exemplo, Carl Jung. 
Na literatura de Freud chamou-nos a atenção a análise que o psicanalista fez da paciente Dora 
mesmo que o Complexo de Édipo seja orientado para o univerno masculino, o caso da 
paciente Dora nos serviu para nos iniciar no assunto. 
Em resumo esperamos ter alcançado nosso propósito que era traçar um resumo sobre o 
Complexo de Édipo baseado no material bibliográfico produzido por Sigmund Freud com o 
intuito de fomentar a atenção para o assunto, assim como quebrar o tabu sobre o 
desenvolvimento psicossexual da criança, trazer a tona a releitura do tema tantoda população 
em geral quanto de professores, pedagogos, filósofos, sociólogos, psicólogos e psicanalistas. 
 
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7 – Referências 
CHIARATTI, Fernanda Germani de Oliveira; GONÇALVES, Carlos Eduardo de Souza; 
RICIERI, Marilucia. Psicologia da educação: desenvolvimento e aprendizagem. Londrina: 
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014. 
 
FERRARI, Juliana Spinelli. Complexo de Édipo;Brasil Escola. Disponível em 
<https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/complexo-edipo.htm>. Acesso em jan de 2019. 
 
FREUD, Sigmund. Volume IV, A Interpretação dos Sonhos I (1900). Edição Standart 
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Editora Imago[recurso 
eletrônico]. 
 
______________. Volume V, A Interpretação dos Sonhos II e Sobre os Sonhos (1900-
1901). Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. 
Editora Imago[recurso eletrônico]. 
 
______________. Volume VII, Um caso sobre Histeria, Três Ensaios sobre Sexualidade e 
outros trabalhos (1901-1905). Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas 
de Sigmund Freud. Editora Imago[recurso eletrônico]. 
 
______________. Volume XV, Conferências Introdutórias sobre Psicanálie, Partes I e II 
(1915-1916). Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund 
Freud. Editora Imago[recurso eletrônico]. 
 
______________. Volume XIX, O ego e o Id e outros trabalhos (1923-1925). Edição 
Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Editora 
Imago[recurso eletrônico]. 
 
______________. Volume XXII, Novas Conferências Introdutórias sobre Psicanálise e 
outros Trabalhos (1932-1936). Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas 
de Sigmund Freud. Editora Imago[recurso eletrônico]. 
 
RIOS, Dermival Ribeiro, coord. Grande Dicionário Unificado da Língua Portuguesa. São 
Paulo, SP: DCL, 2010. 
 
Universidade Federal do Espírito Santo. Normatização e Apresentação de Trabalhos 
Científicos e Acadêmicos. Vitória, ES: Abiblioteca, 2006. 
____________________________________. Normatização de Referências: NBR 
6023:2002.Vitória, ES: A Biblioteca, 2006.

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