Buscar

Fenomenologia e Existencialismo na Clínica aol 4 ebook


Continue navegando


Prévia do material em texto

UNIDADE 4. O plantão psicológico sob a 
perspectiva fenomenológica-existencial 
Noções básicas sobre o 
aconselhamento psicológico em 
instituições 
Desenvolvida por Edmund Husserl, a fenomenologia é um método 
de pesquisa qualitativa. Husserl estendeu os conceitos e métodos 
da ciência moderna ao estudar a consciência, influenciando a 
filosofia, como também outras humanidades e ciências sociais no 
século XX. Husserl formulou métodos científicos que se 
desenvolveram de maneira única, uma vez que eles foram criados 
para ajudar pesquisadores psicológicos a estudar experiências e 
comportamentos humanos. 
Husserl dedicou muita atenção à psicologia ao longo do movimento 
fenomenológico com a psicologia da saúde mental. O movimento 
fenomenológico, conforme foi sendo construído no decorrer do 
século XX, recebeu importantes contribuições, a partir de obras de 
diferentes autores, tais como Max Scheler, Martin Heidegger, Jean 
Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, entre outros. Embora as obras 
ofereçam conhecimentos inovadores em áreas fundamentais da 
psicologia, como observadas no Quadro 1, a psicologia tem o maior 
impacto no campo da saúde mental. 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1. Aspectos fundamentais para a psicologia. 
Alguns desses temas chegaram a ser reunidos em trabalho, com 
foco na experiência, no processo e na importância da relação 
cliente-terapeuta, além de compreender os problemas por meio da 
perspectiva do cliente. Esse trabalho começou a atrair a atenção de 
psicólogos americanos e europeus, que criaram uma onda de 
interesse dos psicoterapeutas pelo movimento fenomenológico 
existencial. Em 1962, a Duquesne University iniciou seu programa de 
doutorado em psicologia fenomenológica existencial para treinar 
psicólogos e médicos, bem como acadêmicos nascidos nos Estados 
Unidos e profissionais de saúde mental, como James Bugental, 
Eugene Gendlin e Irvin Yalom. 
O aconselhamento psicológico é uma das disciplinas consideradas 
fundamentais na formação do psicólogo, e a sua prática encontra-
se regulamentada no Brasil. A prática do aconselhamento tem sido 
tradicionalmente associada a várias opções de ação, como fornecer 
informações, feedback positivo, orientação, incentivo e 
interpretação. Essa diversidade fica evidente na forma como os 
profissionais da área são conhecidos: psicólogos, terapeutas, 
conselheiros, profissionais de saúde, entre outros (SCHMIDT, 2012). 
Existem várias maneiras de definir o aconselhamento psicológico, 
desde a adoção de referências generalistas que se concentram na 
explicação do processo de aconselhamento, sem mencionar 
diretamente as abordagens psicológicas, até as posições que se 
desviam apenas de um determinado enfoque teórico para explicar 
o que se entende por aconselhamento psicológico. 
No geral, é uma experiência projetada para ajudar as pessoas a 
planejar, tomar decisões, lidar com as pressões diárias e crescer 
para obter uma autoestima positiva. Pode ser vista como uma 
relação de ajuda, que envolve alguém em busca de auxílio, alguém 
disposto a ajudar e capaz de cumprir a tarefa, em uma situação que 
permite que o apoio seja dado e recebido. 
 
Outra definição clássica é uma relação pessoal entre duas pessoas, 
em que uma delas recebe ajuda para resolver dificuldades 
educacionais, profissionais e vitais e a fazer melhor uso de seus 
recursos pessoais. Ainda em relação às abordagens de 
aconselhamento genérico, Patterson e Eisenberg (1988) o 
descrevem como um processo interativo caracterizado por uma 
relação única entre o conselheiro e o cliente, o último levando a 
mudanças em uma ou mais das seguintes áreas: comportamento, 
construções pessoais, capacidade de ter sucesso em situações de 
vida ou conhecimento e capacidade de tomada de decisão. 
O aconselhamento é o processo pelo qual os clientes têm a 
oportunidade de explorar suas preocupações pessoais, 
aumentando, assim, a consciência e a escolha. Apesar das definições 
mais relacionadas a abordagens psicológicas específicas, a tarefa de 
aconselhamento pode ser compreendida como o processo, com 
formulários, orientações e procedimentos para mostrar ou criar 
condições para que as pessoas possam julgar as alternativas por si 
mesmas e formular suas opções. 
Nesse sentido, o aconselhamento seria diferente da psicoterapia, 
embora compartilhe semelhanças com essas outras tarefas 
relacionadas a uma relação de ajuda. O aconselhamento pode ser 
entendido como um método de apoio psicológico, que visa restaurar 
as condições do indivíduo para o seu crescimento e atualização que 
lhe permitem perceber sem distorção da realidade que o cerca e 
atua nessa realidade, para alcançar uma satisfação pessoal e social 
abrangente. 
 
Do ponto de vista fenomenológico, trata-se de uma relação entre 
duas pessoas em que a presença do conselheiro se torna 
existencialmente terapêutica para os aconselhados, razão pela qual 
também é chamado a consultar aconselhamento psicológico 
terapêutico nesta abordagem. Essa relação interpessoal exige a 
presença genuína do conselheiro, manifestada por ele em várias 
ações, a saber, como fornecer informações, examinar e refletir 
sobre as situações de conflito vividas pelo cliente, reconhecer e 
explorar recursos pessoais e habilidades. 
A atenção ao indivíduo e a presença genuína do conselheiro 
também são elementos centrais do aconselhamento na proposta da 
abordagem centrada na pessoa, cujo objetivo é facilitar o 
crescimento do indivíduo, em vez de solucionar problemas 
específicos. Ou seja, o conselheiro seria um facilitador desse 
crescimento e da busca por maior autonomia e liberdade por parte 
de quem busca ajuda. 
Nesse sentido, dentro dessa clínica, haveria um local de 
aconselhamento psicológico, entendido como um espaço clínico 
caracterizado por um tempo cronologicamente limitado. Assim, é 
capaz de propiciar esse tipo de encontro, em que a relação entre o 
sujeito que tem sua subjetividade em cser_educacional e o 
terapeuta, convivendo, buscariam, dentro do lugar comum criado 
por esse encontro, o esclarecimento dos significados experienciais e 
relacionais vivenciados por aquela subjetividade, como pode ser 
observado de maneira mais dinâmica no Diagrama 1. Não é função 
do aconselhamento promover uma mudança qualitativa na 
personalidade do indivíduo, como a clínica psicoterapêutica parece 
propor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagrama 1. O espaço clínico no aconselhamento psicológico. 
Uma das justificativas para o aconselhamento psicológico é a 
possibilidade de ser o primeiro espaço de contato da pessoa com 
um serviço psicológico, oferecendo apoio psicológico imediato, 
orientação psicoeducacional em caso de solicitação focal do 
indivíduo em tratamento e, por fim, possibilidades de continuidade, 
assistência psicológica mais profunda, incluindo psicoterapia. 
Exercício, ou seja, a responsabilidade de construir concepções, 
métodos e práticas mais suficientes relativos à subjetividade 
privatizada em cser_educacional não é conhecimento ou intenção 
psicológica. Esta responsabilidade é absolutamente necessária para 
todo o conhecimento que a abstração humana reivindica. É uma 
pesquisa, talvez uma busca infinita e, por isso mesmo, 
indispensável. 
ASSISTA 
No aconselhamento psicológico, a abordagem centrada na pessoa foi 
desenvolvida por Carl Rogers, tendo como foco o indivíduo. Para saber mais, 
assista ao vídeo Carl Rogers Aconselhamento Psicológico, no qual o autor 
debate junto a outros autores a temática. 
ACONSELHAMENTO NA SAÚDE 
 
Diante da literatura, pode-se encontrar diferentes definições do aconselhamento 
psicológico, inicialmente como um campo delimitado por suas origens 
educacionais e organizacionais, com forte influência da teoria das características 
e fatores, e que tem sido aplicado em diversos contextos, inclusive na saúde 
pública. 
Entre as várias definições, encontram-se expressõescomo 
relacionamento de ajuda, tecnologia de atendimento, 
relacionamento interpessoal, relacionamento com o cliente e 
profissional. 
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aconselhamento 
baseia-se na criação de relações e condições favoráveis para que as 
pessoas possam avaliar seus problemas e tomar decisões. Para o 
Ministério da Saúde, é uma escuta ativa, individualizada e centrada 
no cliente, que pressupõe a capacidade de construir relações de 
confiança entre interlocutores, cujo objetivo é poupar os recursos 
internos do cliente para que ele próprio tenha a oportunidade de se 
reconhecer como sujeito da sua própria saúde e transformação. 
Portanto, o aconselhamento em saúde implica esclarecer certos 
aspectos do estado de saúde do cliente, para que possa tomar 
decisões sobre sua saúde e tratamento, estando ciente de seus 
limites e potencialidades, a fim de lutar por maior autonomia e 
crescimento pessoal diante dos problemas aos quais está exposto. 
Depende do especialista que desenvolve o aconselhamento, que 
nem sempre é exclusivamente o psicólogo; pode ser, por exemplo, 
o enfermeiro e os agentes comunitários de saúde que acompanham 
o cliente nesse processo, oferecem suporte emocional e querem 
apoiá-lo no dia a dia, nas dificuldades relacionadas à doença. 
 
 
 
 
 
 
Diagrama 2. Processos básicos do aconselhamento psicológico. 
Conforme observado na Figura 1, o profissional da saúde deve, no 
primeiro momento, observar a demanda, estando atento às 
modificações em seu quadro. Em seguida, o acompanhamento ao 
longo do processo de adoecimento se torna essencial, com o 
objetivo de fazer com que o profissional compreenda a condição do 
cliente, possibilitando elaborar intervenções durante o tratamento. 
Ainda na área do aconselhamento em saúde, destaca-se a 
implicação da capacidade de avaliar e reconhecer situações de risco, 
tomar decisões, trocar informações sobre doenças, prevenção e 
tratamento e possibilitar uma relação educativa diferenciada. Um 
estudo recente, de Pupo e Ayres (2013), descreve o aconselhamento 
psicológico na saúde como ferramenta e prática, que oferece ajuda 
estruturada, além de ser personalizada para enfrentar situações 
difíceis e cser_educacionals que requerem ajustes e adaptações ao 
respectivo problema e ao seu enfrentamento. Assim, é uma prática 
que se constitui entre o modelo médico e a formação, que dá voz ao 
cliente nas suas dificuldades e sofrimentos, como também promove 
um espaço de escuta que permite à pessoa alcançar a autonomia e 
a procura do bem-estar. 
No contexto brasileiro, diante de um denso processo de mudanças 
derivado do processo de democratização do País e da busca pela 
reforma sanitária no final do século XX, o direito à saúde foi incluído 
como responsabilidade do Estado desde a Constituição Federal do 
Brasil de 1988, juntamente com o surgimento do Sistema Único de 
Saúde (SUS) como uma das mais importantes inovações da reforma 
do Estado brasileiro. Além disso, a VIII Conferência Nacional de 
Saúde, realizada em 1986, levantou várias discussões, tendo 
realizado fóruns nos quais, entre outras coisas, discutiu-se o papel 
dos profissionais de psicologia neste contexto de mudança. Todo 
esse movimento de saúde pública mostra um processo gradativo de 
democratização no acesso a tratamentos e intervenções, tendo a 
atenção básica como prioridade, não a nível de cura, mas de 
prevenção e promoção da saúde. 
A promoção da saúde elimina a possibilidade de adoecimento e 
amplia a educação em saúde, que inclui as práticas e a adoção de 
atitudes voltadas para o bem-estar. Portanto, é importante reforçar 
os aspectos históricos, sociais e políticos desse momento, que têm 
contribuído para a construção de um novo modelo de saúde pública, 
que não se concentra mais na doença, mas em um conceito de 
saúde mais amplo e complexo. A ausência da doença como 
sinônimo de saúde foi substituída neste novo paradigma por uma 
ideia de bem-estar físico, psicológico, emocional, social e espiritual, 
em que o sujeito pode exercer suas capacidades e, segundo a OMS, 
lidar com as tensões normais da vida, trabalhar produtivamente e 
contribuir para a sociedade em que opera. Para compreender a 
saúde como um processo histórico e social, os psicólogos foram 
incorporados às políticas públicas de saúde no final dos anos 1970. 
Nesse cenário, defende-se que a atuação do psicólogo deve 
considerar o processo de cidadania e constituição do sujeito como 
capaz de agir e propor. Esse profissional também deve romper com 
o corporativismo, as práticas isoladas e a identidade profissional 
hegemônica associada à psicoterapia. Diante disso, o 
aconselhamento em saúde deve ser entendido como uma prática 
integradora a serviço do trabalho multiprofissional e interdisciplinar 
com abordagem de promoção da saúde e não diretamente 
vinculada à psicoterapia, que é uma prática exclusiva do psicólogo. 
Apesar das aproximações e distâncias entre essas áreas – 
aconselhamento e psicoterapia –, postula-se que a primeira contém 
processos comunicativos e relacionais, que podem ser realizados 
por outras profissões da saúde em sua prática diária. Por exemplo, 
um oficial de saúde comunitário pode oferecer uma sala de audição 
qualificada para a família presente durante as visitas domiciliares. 
Não fará psicoterapia, mas utilizará atitudes como empatia e 
autenticidade, consideradas mediadoras para construir uma relação 
de ajuda, bem como atenção focada para apoiar a pessoa em 
dificuldades, informá-la sobre um processo de adoecimento e lhe 
dar mais autonomia na tomada de decisões sobre sua área de 
atuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. O papel do aconselhador. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/10/2021. 
Conforme é possível observar na Figura 2, esses profissionais de 
saúde priorizados na atenção básica são importantes veículos para 
oferecer ajuda e esclarecer dúvidas, bem como disseminar práticas 
de conscientização que promovam o bem-estar. O aconselhamento 
em saúde pode fazer parte do processo de formação desses 
profissionais, por exemplo, em colaboração com psicólogos. Essas 
alianças são possíveis em alguns programas como a Residência 
Multiprofissional em Saúde, em que são descritas experiências 
exitosas com diversos profissionais da atenção básica. 
Em todas essas intervenções, princípios éticos como o sigilo devem 
ser enfatizados, uma vez que o ambiente de atendimento na maioria 
das vezes é a casa do cliente. Portanto, a reflexão ética deve fazer 
parte da formação e da prática profissional, a fim de gerar um clima 
de aceitação e confiança para que as pessoas possam conhecer seus 
problemas ou sofrimentos em relação ao processo saúde-doença. O 
aconselhamento também se apresenta como uma prática no 
contexto da educação em saúde, como um conjunto de 
conhecimentos e práticas para a prevenção de doenças e promoção 
da saúde. Portanto, a atenção básica proporciona um contexto 
privilegiado para ampliar a compreensão do processo saúde-doença 
e buscar relações mais horizontais. 
No campo da saúde pública, o psicólogo do aconselhamento precisa 
ser capaz de dar ao cliente um espaço para expressar o que sabe, 
pensa e sente, além disso, também deve responder a perguntas e 
fornecer suporte emocional. Ou seja, deve desenvolver uma 
comunicação competente que forneça informações apropriadas e 
cientificamente corretas para as necessidades do usuário. Deve-se 
usar linguagem e informações adequadas sobre os riscos derivados 
da experiência do usuário, que devem acompanhar a formação de 
outros profissionais de saúde, uma vez que essas ferramentas de 
comunicação estão presentes no trabalho de diferentes 
profissionais. Dessa maneira, o aconselhamento pode ser integrado 
a uma educação em saúde mais ampla, sendo o psicólogo um 
auxiliar nesse processo de desenvolvimento e discussão sobre a 
construção darelação de ajuda e as complexidades da comunicação 
entre profissionais e clientes. 
Abrem-se cada vez mais espaços para a humanização como 
estratégia de intervenção no processo de produção da saúde. O 
pressuposto é que, quando os sujeitos se mobilizam, são capazes de 
transformar realidades e transformar-se no mesmo processo 
(BENEVIDES; PASSOS, 2005). Para esses autores, humanizar significa 
qualificar as práticas de saúde, promovendo o acesso com cuidado, 
uma oferta integral e equitativa de responsabilização e fidelização. 
É importante focar na avaliação de trabalhadores e usuários com os 
avanços na democratização dos processos de gestão e participação 
social. 
ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO DURANTE A 
PANDEMIA DA COVID-19 
 
O aconselhamento faz parte do acompanhamento regular de psicólogos durante 
esta pandemia de Covid-19, uma vez que as pessoas temiam o estresse e a 
ansiedade durante a quarentena nessas circunstâncias. 
Diante disso, é responsabilidade dos profissionais experimentar 
dicas eficazes para controlar a fobia do vírus. Nessa pandemia, as 
pessoas pensaram que durante uma gripe normal ou tosse e 
resfriado poderiam estar com algo mais grave, podendo acarretar 
morte. Conforme apontado por Pratima Murthy, professora do 
NIMHANS, a pandemia influenciou parcial ou imparcialmente a 
opinião de todos, uma vez que existem muitas informações sobre a 
situação de disseminação e eclosão do vírus. 
Durante a consulta, psicólogos descobriram que todo mundo tem 
problemas de saúde mental relacionados ao futuro, que são 
acentuados pela falta de disponibilidade de vacina ou tratamento. 
Diante dessa situação, as mídias sociais e eletrônicas reproduziram 
e verificaram informações que geraram mais situações de pânico 
durante a pandemia. No Quadro 2 estão algumas ações eficazes que 
os psicólogos realizaram durante o aconselhamento para ajudar as 
pessoas a melhorarem sua saúde mental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 2. Recomendações durante a pandemia da Covid-19. 
No momento da pandemia, as pessoas tomam precauções terríveis 
em sua prática diária. Em uma situação difícil, é responsabilidade 
exclusiva do psicólogo tentar tirar as pessoas desses sentimentos, 
fortalecendo-as na luta contra esta pandemia. O bloqueio 
provocado pela Covid-19 leva a problemas de saúde mental nas 
pessoas, por exemplo, grande parte das mulheres sofrem violência 
doméstica. Portanto, é necessário suporte terapêutico, fonte de sua 
melhor saúde mental. 
A consulta e o acompanhamento online são recursos úteis para 
reduzir problemas de saúde mental, como ansiedade e estresse. 
Grupos de amigos em sites sociais também desempenham um 
papel importante na redução da solidão das pessoas durante o 
distanciamento social. O apoio psicológico é uma parte obrigatória 
do tratamento físico para pacientes com Covid-19 e pessoas em 
quarentena. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
É importante ressaltar que as consequências da pandemia da Covid-19 
continuarão presentes por alguns anos, visto o grande efeito na população. Por 
isso, a psicologia fenomenológica se torna essencial para o acolhimento, 
acompanhamento e tratamento dos sujeitos, uma vez que possibilita que a 
pessoa ressignifique sua dor, transforme sua perspectiva e consiga vivenciar a 
vida de maneira positiva e saudável. 
Definição do plantão psicológico 
 
O plantão psicológico surge como uma modalidade de atendimento, 
desenvolvido pelo Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP), do 
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), em 1969. 
O serviço foi elaborado para clientes que buscavam atendimento, 
sendo representado como uma alternativa às longas filas de espera. 
O SAP foi introduzido em um momento de luta pelo reconhecimento 
da profissão da psicologia no Brasil e com o advento da psicologia 
humanística no país, proposta pelo psicólogo americano Carl 
Rogers. Também conhecido como a "terceira força", o serviço surge 
para abordar tendências psicológicas atuais sobre como combater a 
psicanálise e o behaviorismo. 
Esse fato serviu de ímpeto para cientistas e profissionais em busca 
de alternativas às teorias e práticas tradicionais, o que nos levou a 
adotar um novo modelo clínico de psicologia para acreditar. O 
plantão psicológico é baseado no modelo de aconselhamento 
psicológico proposto por Carl Rogers, o qual estava inicialmente 
relacionado ao exame da personalidade por meio de testes 
psicológicos. No entanto, Rogers começou a questionar esse modelo 
de aconselhamento a partir de sua prática, e sugeriu uma mudança 
de perspectiva passando a dar importância ao cliente e não ao 
problema, à relação e não ao instrumento de avaliação, ao processo 
e não ao resultado. 
Rogers não se concentrou apenas na técnica e se voltou para as 
possibilidades da relação de ajuda, diante disso, mudou-se para não 
se limitar apenas à prática clínica tradicional (psicoterapia), e seguiu 
o caminho do aconselhamento psicológico. Ele não se limitou à 
prática clínica. Ouvindo as questões sociais e reformulando esse 
campo a partir das questões, foi possível retornar a outros contextos 
que também demandavam ajuda: escolas/educação, grupos, 
conflitos sociais, empresas. 
 
Combinando essas experiências, ele começou a repensar como a 
origem das tensões, conflitos e cser_educacionals das pessoas se 
encontravam nas diferentes situações das relações humanas, ou 
seja, a condição humana no mundo com os outros. Portanto, o 
aconselhamento psicológico configura-se com a disponibilidade do 
conselheiro para aceitar qualquer solicitação que possa surgir. 
A ideia é receber o cliente e ajudá-lo a enfrentar seu sofrimento e 
decidir se o serviço será aconselhamento, orientação ou 
psicoterapia. O consultor, ao dar as boas-vindas ao cliente, pode, 
juntamente com ele, explorar não só a reclamação, mas outras 
possibilidades que a antecedem. O aconselhamento psicológico, 
então, é feito de disponibilidade e flexibilidade na proposição de 
ajudas alternativas. 
O plantão psicológico emerge da necessidade de atendimento 
psicológico a uma parcela da população que, na maioria das vezes, 
no momento de urgência, não é atendida devido à escassez de 
recursos públicos para o atendimento à saúde, o que acaba 
favorecendo os casos "mais graves", resultando em uma 
especialização das solicitações. 
 
Dessa forma, pode-se colocar uma questão: é possível, hoje em dia, 
saber o que é "sério" e o que é "trivial"? Possivelmente não, porque 
cair nisso é uma falta de respeito pela singularidade do ser humano 
e, independentemente do pedido que venha, o que importa é a 
necessidade de ser ouvido. Por isso, a questão que se coloca é 
oferecer um espaço de atendimento a essas pessoas que estão à 
margem da sociedade, seja qual for a sua solicitação, visto que o 
foco é definido pelo cliente e não pela especialização do profissional. 
A proposta do plano é aceitar ficar com o cliente no momento 
presente, no problema que surge, favorecendo uma melhor 
avaliação dos recursos disponíveis, ampliando o leque de 
possibilidades. 
Nesse sentido, não importa onde esteja ou com que nome se dê, o 
psicólogo estará ali no dever de ajudar a pessoa e focar sua atenção 
no desenvolvimento, não no problema. A eficácia da mudança 
psicológica, portanto, não está relacionada com a solução do 
respectivo problema, uma vez que não é a queixa, mas sim o sentido 
da pessoa que está em primeiro plano, e o papel do psicólogo é 
ajudá-la a refletir e a encontrar novas maneiras de lidar com seus 
problemas. 
É importante lembrar que a mudança não é solução para tudo. Os 
limites são muitos, muitos deles devido à grande desigualdade social 
e à falta de serviços públicos. No entanto, a proposta de recolocação 
se apresenta como o âmbito do atendimento psicológico a uma 
população que talvez nunca tenha tido acesso, como um espaço de 
acolhimento e informação queconfere maior autonomia emocional 
às pessoas e como esclarecimento das suas realidades sociais e 
direitos de cidadão. 
OBJETIVOS E DESENVOLVIMENTO DA PRÁTICA 
NO PLANTÃO PSICOLÓGICO 
 
No plantão psicológico, o objetivo principal é o atendimento emergencial à 
questão. 
 
Há uma proposta muito semelhante, embora essa prática tenha sido 
desenvolvida a partir de um contexto, ao do aconselhamento 
psicológico. Nem sempre entendida como uma atividade clínica, 
essa prática inspira-se na proposta de atendimento clínico de curta 
duração, fora do quadro consultivo, proposta por Morato (1999), 
possibilitando um tipo de atendimento emergencial que funcione 
sem necessidade de programação, voltado para as pessoas que eles 
usam de forma espontânea, buscando ajuda para problemas 
emocionais. A entrevista do plantão visa facilitar ao cliente o 
esclarecimento da natureza de seu sofrimento e de seu pedido de 
ajuda, o tipo de elaboração e o nível de elaboração alcançado, nesta 
primeira entrevista, são os critérios norteadores das possíveis 
consequências deste primeiro encontro. 
O atendimento psicológico na oferta de plantão pressupõe a 
necessidade de disponibilizar o profissional de psicologia (ou 
plantonista ou estagiário sob supervisão de um profissional) a 
determinada comunidade ou instituição por períodos determinados 
ou ininterruptos. Esse atendimento pode ser em uma única reunião 
ou distribuído a outras pessoas, dependendo da necessidade de 
quem busca ajuda. O que define a mudança é a não delimitação ou 
sistematização dessa oferta de ajuda, de forma que o profissional 
esteja disponível para “atender o outro em uma emergência”, 
oferecendo suporte emocional, espaço para expressão de 
sentimentos, bem como a possibilidade de reorganização psíquica. 
O Quadro 3 apresenta a diferença entre o plantão e a psicoterapia 
tradicional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 3. Diferenças entre a psicoterapia e o plantão. 
Várias universidades têm os serviços escolares, como cenários de 
investigação e intervenção, para que as instituições continuem a ser 
locais onde o trabalho psicológico encontra mais abertura e terreno 
fértil para o desenvolvimento das suas práticas. Dentre as 
modalidades mais realizadas nos serviços psicológicos das escolas, 
a mudança psicológica se destaca como uma das intervenções mais 
importantes realizadas, tanto pelos bons resultados obtidos nas 
consultas anteriores quanto pela possibilidade de grande número 
de atendimentos de emergência. 
Embora esse movimento tenha permitido a continuidade dessa 
prática profissional e seu ensino, divulgação e supervisão, é 
necessário destacar a necessidade de atenção também em outras 
instituições e comunidades, bem como em estudos em hospitais 
universitários, serviços psiquiátricos, cuidados paliativos, 
aconselhamento jurídico, escolas, creches, prisões e comunidades 
religiosas. A variedade de cenários possibilita o surgimento de novas 
formas de atendimento psicológico, razão pela qual o serviço 
de plantão é uma modalidade suficientemente flexível e, portanto, 
aplicável e desenvolvível. 
Nos relatos de experiência nas escolas de psicologia, as práticas 
(básicas e curriculares, obrigatórias para a formação do psicólogo) 
não aparecem necessariamente em relação a uma disciplina de 
formação no domínio da orientação psicológica ou do plantão 
psicológico ou mesmo como disciplina de prática (que, em princípio, 
garante a formação teórica nesta área). Essa característica pode 
significar que o plantão psicológico, é uma forma generalizada de 
supervisão, ministrada de forma prática nas universidades, que se 
baseia na experiência em estágios, questionando a transmissão de 
conhecimentos teóricos sobre o assunto. Enquanto os estágios têm 
conteúdo teórico que os alunos devem adquirir, o projeto se 
apresenta ao psicólogo em formação como um campo de prática 
essencialmente orientado para a experiência, que pode retroceder 
a pesquisa científica para um plano menos proeminente. 
 
CURIOSIDADE 
A prática do plantão psicológico, geralmente, está presente nas universidades 
por meio de serviços-escolas, em que os alunos, por intermédio de supervisão, 
atuam para atender às demandas consideradas urgentes, podendo auxiliar de 
forma mais objetiva e encaminhar de maneira efetiva. Tais plantões seguem os 
princípios da fenomenologia-existencial, que tem como foco a pessoa em vez do 
problema. 
A ATUAÇÃO DO ACONSELHADOR NO PLANTÃO 
PSICOLÓGICO 
 
O plantão surgiu por meio do pressuposto de dever de ouvir as demandas sociais 
e propor novos modelos, para atender demandas urgentes. 
A partir dessas experiências, começou-se a repensar a origem das 
tensões, conflitos e cser_educacionals de pessoas e indivíduos nas 
várias situações das relações humanas. O atendimento psicológico 
em uma abordagem fenomenológica humanística pode servir tanto 
para aliviar a ansiedade quanto para servir como serviço de 
emergência. 
Uma emergência pode variar desde o risco de autodestruição até 
um colapso emocional, com alguém com fortes laços emocionais. 
Esse tipo de atendimento pode ajudar a melhorar a saúde pública 
em termos de apoio psicológico. Esse formato de cuidado pode ser 
entendido como clínico e investigativo, uma vez que busca 
esclarecer a queixa com quem faz a reclamação, o que não só 
favorece a aceitação de seu sofrimento psíquico/existencial, mas 
também o auxilia no enfrentamento da situação e cria 
oportunidades de esclarecimento e confronto. 
Chaves e Henriques (2008) defendem o plantão psicológico como 
uma forma de intervenção psicológica que acolhe a pessoa no exato 
momento de sua necessidade, ajudando-a a enfrentar a dificuldade, 
tomando consciência de seus limites e descobrindo seus recursos, 
até então desconhecidos. Essa ação psicológica é entendida como o 
atendimento psicológico por meio do plantão psicológico, a escuta 
se apresenta como uma abertura para compreender o desconforto 
nas relações localizadas, permitindo sua reativação e significado de 
experiência. Acompanhar o outro na expressão do que o machuca, 
apreendê-lo em sua realidade, é uma solicitação, colocar-se à 
disposição por meio de uma escuta que possa permitir a 
manifestação de elementos norteadores da ação cotidiana, 
esclarecendo os caminhos de singularização e possibilitando a 
apropriação de sentidos no existir. 
 
O psicólogo, ao invés de ouvir, ao compreender a história daqueles 
que, muitas vezes, diante do sofrimento psíquico/existencial, 
consegue apreender os pontos de desordem ou estagnação, 
facilitando a fala do cliente e deixando surgirem aspectos 
conflitantes. O aparecimento de aspectos conflitantes na fala do 
cliente, permitindo-se ser influenciado pela fala do terapeuta, pode 
fornecer um insight, mantendo o tema devido ao sofrimento. Desse 
modo, por meio da autorreflexão, o cliente pode descobrir-se 
livremente na escolha de suas possibilidades. 
Ressalta-se que o cuidado oferecido pelo profissional está associado 
à escuta, às reflexões sugeridas por quem busca ajuda, bem como à 
situação existencial e socioecológica do plantonista, que 
possibilitam o acolhimento do cliente em sua dor na hora exata ou 
muito perto de onde surgiu, sem a necessidade de agendamento ou 
espera na fila. O plantão psicológico é realizado em uma ou mais 
consultas sem duração predeterminada, se necessário, ser um ou 
desdobrar-se em outros. 
O tempo de consulta e o possível retorno dependem de decisões 
mútuas entre o psicólogo e o paciente que está sendo cuidado, sem 
a necessidade de um horário planejado. É um espaço privilegiado de 
escuta e acolhimento, que incentiva a instrumentalização das 
pessoas para o enfrentamento de suas dificuldades, como as 
situações de violência, e resguarda os direitos das pessoas que 
buscam a instituição. O dever pode ser um espaço de apoioaos 
processos de ressignificação das experiências emocionais. Se 
pensar sob a ótica das necessidades das unidades de saúde, deve-
se abandonar as concepções tradicionais da clínica e abrir sugestões 
como o dever psicológico de atender as emergências aos serviços de 
saúde. 
 
Não se deve esquecer que o trabalho do psicólogo está sempre em 
andamento, e requer outros conhecimentos que levem em 
consideração a complexidade da pessoa, o que pode ser verificado 
no recente envolvimento e atuação do profissional psicólogo nas 
políticas públicas, nas ações e intervenções junto às pessoas cujos 
direitos estão sendo violados, e em diversos novos e desafiadores 
campos de atuação, bem como na tradição de concepção de sua 
clínica. 
Nesse sentido, o conhecimento psicológico não é a única verdade e 
deve servir à população por meio do contato com outras práticas, 
que também promovam o bem-estar e o desenvolvimento pessoal 
do trabalho do psicólogo. É importante estar aberto a outros 
saberes, à criatividade e à vontade de aprender com o que está 
sendo construído e, às vezes, ainda não teorizado. 
O atendimento psicológico é uma novidade e é uma área que pode 
contribuir muito, tanto para a população atendida quanto para a 
equipe de profissionais que nela atua. Deve-se lembrar também que 
o foco na promoção da saúde deve ser a meta de todos os 
profissionais de saúde, além de prestar assistência quando um 
problema já existe. Este é um campo da psicologia que deve ser 
considerado para se adaptar a este contexto de saúde. Em seguida, 
estudos devem ser promovidos para que diferentes e diversas 
perspectivas possam chegar a um consenso e um melhor 
aproveitamento para os pacientes deste serviço. 
 
 
 
 
 
 
Diante dos serviços públicos e da demanda por essas instituições, 
o plantão psicológico pode ser uma alternativa de hospedagem 
para impulsionar o dinamismo e a determinação na atenção à 
saúde, promovendo o bem-estar e prevenindo o agravamento de 
doenças. O plantão é uma alternativa que oferece um espaço de 
acolhimento, escuta ativa e respeito, em que os serviços únicos 
ouviram e ajudaram a reconstruir recursos que tornaram possível 
enfrentar as adversidades. Os problemas foram abordados à 
medida que surgiam, demonstrando preocupação com a história de 
vida de cada paciente que utiliza o serviço e proporcionando uma 
visão da pessoa, seus sentimentos e comportamentos sobre sua 
realidade. 
PLANTÃO PSICOLÓGICO NO AMBIENTE 
HOSPITALAR 
 
O plantão psicológico apresenta-se como uma alternativa às intervenções clínicas 
tradicionais, decorrente de uma percepção da necessidade de ampliação dos 
serviços disponíveis à população e, também como um questionamento em relação 
aos modelos padronizados de atendimento psicológico em vigor nas instituições 
de saúde. 
A proposta de compreender a afetividade da modalidade aplicada 
ao contexto de uma policlínica, a partir da vivência dos clientes, que 
no caso eram os próprios funcionários, conseguiu entender os 
elementos psicológicos presentes na relação guarda-cliente e um 
breve olhar sobre a relação cliente-instituição, que permite uma 
análise da abrangência do campo em questão. 
O conceito de emergência emocional pressupõe uma reflexão em 
relação à existência de elementos subjetivos em cada pessoa que 
busca ajuda psicológica. No serviço de psicologia, em particular, 
essas dimensões parecem se fundir no tema da emergência 
emocional de cada pessoa, ou seja, para alguns, a emergência pode 
ser uma briga com o namorado, enquanto, para outros, é uma 
tentativa iminente de suicídio. Cabe ao cliente definir sua 
emergência existencial e como cabe também ao profissional acolher 
e compreender esse momento especial em que o cliente deseja 
refletir com alguém sobre um aspecto pessoal. 
O plantão é uma nova tendência da psicologia clínica com foco no 
atendimento de emergência e serve como exemplo afirmativo da 
importância, valor e utilidade de quem busca esse tipo de 
atendimento. Este serviço implantado em hospitais gerais tem se 
mostrado em consonância com essa afirmação, e traz consigo o 
acréscimo de que, segundo a vivência dos usuários, deve auxiliar 
não só essas “emergências", mas também o serviço competente de 
continuidade para poder oferecer mais. Essa vivência do plantão foi 
evidenciada como uma forte influência na promoção da saúde e da 
atenção aos usuários ou funcionários. 
 
Ao contrário do que se evidenciou de que a maioria das pessoas que 
procuram o serviço nas clínicas das escolas apresentam queixas 
orgânicas ou foram encaminhadas por médicos, os clientes do 
serviço psicológico de hospital geral, apesar de estarem internados 
em hospital, procuraram esse tipo de atendimento de forma 
espontânea e sem encaminhamento médico. Isso mostra que a 
equipe sabe distinguir entre ajuda médica e psicológica, além de 
entender o tipo de ajuda que o serviço psicológico pode oferecer, ou 
seja, o escopo da ajuda neste serviço é puramente psicológico e não 
serve para aliviar doenças físicas. 
No plantão, o foco está em compreender o cliente em sua dimensão 
geral como pessoa, levando em consideração tanto suas expressões 
de sentimentos e emoções quanto seus comportamentos e atitudes 
para ajudá-lo a refletir à luz do que ele quer dizer e encontrar novos 
caminhos para se encontrar quando busca ajuda psicológica. O 
atendimento é considerado terapêutico quando o cliente se sente à 
vontade para se expressar ou se retrair para que, durante esse 
processo, reconheça o conteúdo emocional que está vivenciando e 
reconfigure seu problema, compreendendo seu sofrimento ou 
transformando sua dificuldade em uma reflexão sobre ele, novas 
oportunidades de vida a partir deste encontro. O funcionamento do 
serviço de plantão no hospital geral pautou-se na norma existente a 
partir da implementação deste tipo de serviço em acolher, 
compreender, esclarecer, refletir e orientar. 
 
No entanto, também foi confiada a tarefa de pensar em conjunto ao 
pessoal do hospital, refugiando-se nos momentos de dificuldade 
profissional, organizando ideias e agindo, e oferecendo segurança 
emocional, pois sabem que quando precisam de atendimento 
psicológico há um serviço disponível. A partir da literatura, foi 
possível observar as possibilidades do plantão psicológico em um 
ambulatório de saúde mental com pacientes egressos da primeira 
internação em um hospital psiquiátrico, demonstrando que o 
plantão psicológico funcionava como uma forma de acolhimento 
afetivo e escuta empática, além de facilitar um diálogo que 
abordasse as vivências emocionais quando os pacientes buscavam 
algum tipo de ajuda. 
Isso mostra que, apesar dos diferentes contextos e grupos-alvo aos 
quais o serviço do plantão psicológico se destinava, a compreensão 
dos usuários era semelhante. Ressalta-se, ainda, as dificuldades 
enfrentadas pelos plantonistas durante a fase introdutória do 
serviço psicológico de plantão em hospitais devido ao delicado 
processo de conquista de confiança da equipe e a difícil divulgação 
do serviço ao hospital como um todo. 
A atitude solidária da equipe de plantão e o acolhimento percebidos 
pelos colaboradores permitem valorizar a subjetividade de cada 
colaborador, de forma a provocar uma mudança de perspectiva e 
atitude, o que permite ao cliente uma maior autonomia e poder 
sobre ele. Rogers (1995) sugeriu a existência de três atitudes que, 
quando vivenciadas subjetivamente pelo terapeuta e 
adequadamente transmitidas ao cliente durante as sessões, 
promovem a facilitação das relações interpessoais: aceitação 
positiva incondicional, empatia e autenticidade, que são 
apresentadas no Quadro 4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 4. Relações interpessoais. Fonte: ROGERS, 1995, n. p. (Adaptado). 
Agora é a hora de sintetizar tudo 
o que aprendemos nessa unidade. 
Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
 
A partirdo conteúdo apresentado, pode-se observar a importância 
do aconselhamento psicológico e do plantão psicológico para as 
pessoas que precisam desse espaço. Os dois temas ainda são 
considerados emergentes e precisam receber atenção de 
profissionais e pesquisadores, a fim de contribuir para o 
desenvolvimento e valorização desse espaço. 
O aconselhamento psicológico se apresenta como o primeiro passo 
dado pela perspectiva fenomenológica em oferecer um espaço de 
escuta e acolhimento, buscando compreender a subjetividade do 
indivíduo e trazer questões voltadas para a sua existência, por 
exemplo, as suas dores. 
A partir do aconselhamento psicológico, profissionais desenvolvem 
o plantão psicológico, sendo um espaço que tem o intuito de 
oferecer um suporte mais urgente, assim, podendo proporcionar 
atendimentos mais rápidos, por consequência, diminuindo as filas 
de espera de quem necessita de um profissional. 
Na maioria das vezes, o plantão psicológico está presente em 
universidades, com os chamados serviços-escolas, podendo ser 
realizados por um profissional ou por um estudante que está sendo 
supervisionado. O intuito é proporcionar um alívio frente àquela 
queixa apresentada, por meio de uma relação de troca, entre o 
cliente e o profissional, sendo possível trazer todas as questões da 
subjetividade do sujeito. 
Esses encontros, geralmente, acontecem uma única vez. Contudo, 
se for necessário, são realizados outros encontros, pois o foco está 
em acolher a demanda e direcionar para o melhor tratamento 
possível, dessa forma, o plantão possibilita que o cliente receba 
orientações para trabalhar o seu sofrimento. Além de estar em 
universidades, o plantão pode estar presente em outros contextos, 
como, por exemplo, o hospitalar. Dentro desse ambiente, seu foco 
está em confortar o indivíduo sobre a sua enfermidade, trabalhando 
as questões de sofrimento sobre o medo, a incerteza e até mesmo 
a morte.