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CCGBEF/CPCE055 - MANEJO FLORESTAL Professor Antonio Carlos Ferraz Filho A qualificação de sítio refere-se à combinação de todas as influências biológicas e ambientais no crescimento de árvores. Classificação da capacidade produtiva Importância: -Implantação de plantios e análise do retorno econômico Cada espécie possui exigência específica de condições para crescimento. Eucalipto desenvolve bem em solos profundos Candeia tolera solos rasos e pedregosos - Mapeamento de sítios - Modelagem da produção e crescimento Volume (m3/ha) = f (idade, sítio, área basal) Por exemplo: Definição de sítio: Do ponto de vista da ecologia: - Área ou local que comporta as árvores em crescimento (conjunto de fatores climáticos, edáficos é biológicos). - O conjunto de fatores climáticos, edáficos é biológicos formam uma unidade geográfica uniforme. - A unidade geográfica uniforme forma um sítio, que determina o porte da floresta local. - Qualitativo. Definição de sítio: Do ponto do manejo florestal - Fator de produção primária, ou seja, a capacidade de um determinado local em produzir madeira ou outro produto florestal. - Quantitativo (valor da altura dominante em uma idade de referência). 0 5 10 15 20 25 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A lt u ra d o m in an te ( m ) Idade (anos) Classe de sítio Índice de sítio (m) I II 14 17 Definição de sítio: - Os dois pontos de vista são complementares, uma classificação de sítio do ponto de vista ecológico (mais holística) pode preceder a determinação da capacidade produtiva. - O conceito de sítio é aplicável a uma espécie ou a um conjunto determinado de espécies, ou seja, a classificação de sítio (considerando altura dominante) é feita para florestas plantadas. - Para a classificação de sítio de florestas nativas, pode-se usar volume ou área basal, porém a floresta deve ser primária (não explorada). Floresta primária 300 m3/ha Sítio bom Exploração por corte seletivo Floresta explorada 270 m3/ha Sítio médio Determinação da qualidade do sítio - Métodos diretos: A capacidade produtiva da terra é medida através do crescimento da floresta. - Métodos indiretos: A capacidade produtiva da terra é estimada através de atributos do sítio. Métodos indiretos A) Fatores primários: São independentes do ecossistema A.1) Macroclima: Apropriado para uso em classificações de ampla escala Exemplo: Estados; Brasil; Américas... A.1.1) Atributos absolutos: - Precipitação - Temperatura - Radiação solar - Déficit de pressão de vapor A.1.1) Atributos absolutos: relação com o crescimento da floresta - Temperatura e Radiação solar - Déficit de pressão de vapor Tmin = 7.5, Topt = 15, Tmax = 35 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 5 10 15 20 25 30 Mean temperature T e m p e ra tu re m o d if ie r (f T ) kD = 0.05 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0 2 4 6 8 10 Vapor pressure deficit (mBar) V P D g ro w th m o d if ie r (f V P D ) - Precipitação Scolforo et al. Dominant Height Model for Site Classification of Eucalyptus grandis Incorporating Climatic Variables. International Journal of Forestry Research, 2013. A.1.1) Atributos absolutos: Exemplo Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais Zoneamento edafoclimático da cultura do eucalipto Métodos indiretos A) Fatores primários A.1) Macroclima A.1.1) Atributos absolutos A.1.2) Fórmulas: - Quociente de umidade de Martonne (QUM) QUM = 𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 + 10 Iu = Índice hídrico Ih − Índice de aridez Ia Ih = 100 ∙ Excesso hídrico Evapotranspiração potencial Ia = 100 ∙ Deficiência hídrica Evapotranspiração potencial - Índice de umidade de Thornthwaite (Iu) A.1.2) Fórmulas: Exemplo Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais Zoneamento climático edafoclimático da cultura do eucalipto Métodos indiretos A) Fatores primários A.1) Macroclima A.1.1) Atributos absolutos A.1.2) Fórmulas A.2) Características da terra A.2.1) Topografia: - Altitude: Acima de 1800 m de altitude é APP - Relevo: Classe de relevo Aptidão para cultura do eucalipto Plano e suave ondulado Ondulado Forte ondulado Montanhoso e escarpado Boa Boa Regular Inapta Zoneamento edafoclimático da cultura do eucalipto Métodos indiretos A) Fatores primários A.1) Macroclima A.1.1) Atributos absolutos A.1.2) Fórmulas A.2) Características da terra A.2.1) Topografia A.2.2) Coordenadas geográficas (latitude e longitude) Rochas basálticas: latossolo roxo de alta produção Arenito: solos arenosos de baixa produção A.2.3) Rocha de origem Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado de Minas Gerais Zoneamento climático edafoclimático da cultura do eucalipto Atributos do solo: Inapto Afloramentos de rochas Montanhoso e escarpado Inapto/Restrito Neossolos Cambissolos Regular/Boa Argissolos Latossolos Métodos indiretos A) Fatores primários A.1) Macroclima A.1.1) Atributos absolutos A.1.2) Fórmulas A.2) Características da terra A.2.1) Topografia A.2.2) Coordenadas geográficas A.2.3) Rocha de origem B) Fatores secundários: são desenvolvidos e influenciados por componentes do ecossistema B.1) Microclima B.2) Fatores ligados ao solo Química (N, P, K...) Umidade Matéria orgânica Textura Estrutura Permeabilidade Profundidade ... Métodos indiretos A) Fatores primários A.1) Macroclima A.1.1) Atributos absolutos A.1.2) Fórmulas A.2) Características da terra A.2.1) Topografia A.2.2) Coordenadas geográficas A.2.3) Rocha de origem B) Fatores secundários B.1) Microclima B.2) Fatores ligados ao solo B.3) Plantas indicadoras: Utiliza presença ou ausência e abundância de determinadas plantas da vegetação nativa para estimar capacidade produtiva. Exemplo: Cajander, A. K. The Theory of Forest Types, 1926. Pohjanmies et al. (2020) Pohjanmies et al. (2020) Fotos: https://www.vaasa.fi Métodos indiretos B.3) Plantas indicadoras: Exemplos de presencia/ausência: - Araucária: solos profundos - Samambaia: solos ácidos - Picão-preto: excesso de nitrogênio ... Exemplos abundância/porte: - Cobertura do solo por vegetação rasteira - Altura da vegetação original - Volume da vegetação original - Tipo de vegetação (cerrado, mata) - Percentual de cobertura do solo pelas copas Métodos diretos – ocorre medição de parcelas A) Registro histórico de plantios - Registro de culturas agrícolas - Registro produção florestal de talhões passados Dificuldade para classificação de sítio: - Ainda é indireto, pois clones, rotação, silvicultura mudam ao longo do tempo. B) Variáveis de povoamento (expressas por hectare) - Área basal (m2/ha) - Volume (m3/ha) Dificuldade para classificação de sítio: - Variáveis de povoamento são altamente influenciadas pelo espaçamento de plantio A) Registro histórico de plantios B) Variáveis de povoamento Métodos diretos Variável Talhão A Árvores Volume aos 7 anos Altura dominante aos 7 anos Produção de eucalipto em dois talhões, qual é o mais produtivo? Talhão B 300 m3/ha 250 m3/ha 1667 N/ha 1111 N/ha 33 m 36 m C) Variáveis de árvore individual (expressas por médias) - Altura média - Diâmetro médio - Volume médio - ... Dificuldade para classificação de sítio: - Estas variáveis também são influenciadas pela densidade de plantio (menos que as de povoamento) A) Registro histórico de plantios B) Variáveis de povoamento C) Variáveis de árvore individual Métodos diretos Variável Talhão X Árvores Altura dominante Exemplo: Considere que os dois talhões abaixo são do mesmo sítio Talhão Y 2500 N/ha Menor Maior Igual DAP médio Pouco maiorAltura média Pouco menor Igual 1667 N/ha D) Variáveis dominantes (considera apenas as maiores árvores) - Diâmetro dominante - Altura dominante A variávelmais indicada para a classificação da capacidade produtiva - Fácil medição - Pouco afetada pela densidade - alta relação com o volume do talhão - Conceitos: - Média da altura das 100 árvores mais altas por hectare (Hart). - Média da altura das 100 árvores mais grossas por hectare (Assmann, 1970). Altura dominante - Altura dominante média é uma variável da parcela (ou seja, de povoamento). - A altura das árvores dominantes devem ser medidas no campo, não estimadas por modelos hipsométricos. - Exemplo: em uma parcela de 400 m2, quantas árvores dominantes medir? 400 m2 10000 m2 100 N ? n 𝑛 = 400 ∙ 100 10000 = 4 á𝑟𝑣𝑜𝑟𝑒𝑠 As 4 árvores de maior DAP (sem defeitos) são as dominantes da parcela A altura média destas 4 árvores é a altura dominante da parcela - Média da altura das 100 árvores mais grossas por hectare (Assmann, 1970). Altura dominante - Conceito mais aplicado na área florestal para definir as árvores dominantes. - Em casos de plantios de baixa densidade (p.e. < 300 N/ha), o número de árvores dominantes pode ser reduzido. Motivos: - 100 N/ha representa não apenas as árvores dominantes nestes casos. - Baixas densidades implicam em parcelas grandes (p. e. > 1000 m2), que implica na medição de muitas árvores dominantes. Plantio de 300 N/ha Parcela de 1000 m2 - Árvores = 30 - DAP = todas as árvores (30) - Altura = 5 primeiras árvores + as dominantes Número de árvores dominantes 100 por hectare 30 por hectare Medição de 10 árvores na parcela (33% das árvores) Medição de 3 árvores na parcela (10% das árvores) - 25 árvores por hectare como dominantes em plantios de carvalho (Paulo et al. 2011) - 30 árvores por hectare como dominantes em plantios de mogno africano (Ribeiro et al. 2016) DOI: 10.1007/s13595-011-0041-y DOI: 10.1590/01047760201622042185 Modelos comumente utilizados para retratar a relação entre altura dominante e idade A altura dominante está relacionada com a construção de curvas de sítio, sendo altura dominante a variável dependente da idade a variável como independente Hd = f (idade) 𝐻𝑑 = 𝛽0 ∙ (1 − exp(𝛽1 ∗ 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒)) 𝛽2 Chapman & Richards Schumacher ln(ℎ𝑑) = 𝛽0 + 𝛽1 ∙(1/𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒) + 𝜀 𝛽0≈ 3 𝛽1≈ −2 𝛽0≈ 30 𝛽1≈ −0,2 𝛽2≈ 1 ln(ℎ𝑑) = 𝛽0 + 𝛽1 ∙ 1 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝛽2 Bailey & Clutter 𝛽0≈ 49 𝛽1≈ −47 𝛽2≈ 0,02 Classe de sítio Limite inferior Limite superior Índice de sítio I 15 19 17 II 19 23 21 III 23 27 25 IV 27 31 29 V 31 35 33 Tabela de sítio, idade de referencia de 15 anos Nomenclatura associada à classificação de sítio 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 A lt u ra d o m in an te ( m ) Idade (anos) Limite superior da classe de sítio I Limite inferior da classe de sítio I Média da classe de sítio I Idade de referência: idade alvo utilizada para representar o índice de sítio, próximo à rotação da floresta. Exemplos: - Eucalipto ≈ 7 anos - P𝑖𝑛𝑢𝑠 ≈ 14 anos - Teca ≈ 22 anos - Mogno africano ≈ 20 anos Fonte de dados para a construção de curvas de índice de sítio Hd = f (idade) 1) Parcelas permanentes: Mesmas árvores são remetidas ao longo do tempo. - É a fonte de dados preferível para a construção de curvas de índice de sítio. - Possibilita o acompanhamento do desenvolvimento da altura dominante. - Parcelas são remedidas anualmente para espécies de rápido crescimento (ex. eucalipto) ou bianualmente (ex. Pinus) para as demais. 2) Parcelas temporárias: Medidas em apenas uma ocasião. - Utilizadas no caso de inexistência de parcelas permanentes. - Possuem vantagem de fornecer informação da altura e idade em curto espaço de tempo. - Possuem a desvantagem de não permitir acompanhamento da evolução da altura dominante ao longo das idades. Avaliando a estabilidade da classificação de sítio Parcelas permanentes 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 A lt u ra d o m in an te ( m ) Idade (anos) Parcela 1 Parcela 2 Parcela 3 Parcelas temporárias Problema, eliminar esta medição (ou a parcela toda) da base de dados 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 A lt u ra d o m in an te ( m ) Idade (anos) Problema? Fonte de dados para a construção de curvas de índice de sítio 3) Análise de tronco (ANATRO) - é uma técnica que possibilita reconstruir o crescimento passado das árvores através da soma dos incrementos anuais em diâmetro e em altura. - É feita de forma destrutiva. - Mais fácil para árvores que formam anéis de crescimento anual. http://climate.nasa.gov/ Cada conjunto de anéis forma um ano de crescimento 5 m 1 m 1 m 1 m Altura toco = 0,5m 1 m 1 m Exemplo: Árvore foi cortada aos 5 anos, quando tinha 5,5 m de altura total Contagem dos anéis 4 3 3 2 2 Disco Altura Aneis Anéis internos Idade 1 0,5 4 1 1 2 1,5 3 0 1 3 2,5 3 1 2 4 3,5 2 0 2 5 4,5 2 2 4 Idade ht 1 1,5 2 3,5 4 4,5 5 5,5 Reconstrução das alturas ao longo da idade Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27
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