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29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 1/57 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio Prof. Julio Cesar Descrição Principais aspectos das fraturas por corrosão e por ação do hidrogênio, em particular, os aspectos relevantes das corrosões por fadiga e sob tensão. Mecanismo do fenômeno de fragilização por hidrogênio e as principais técnicas para o seu controle ou sua mitigação. Propósito O controle do fenômeno da fratura em componentes ou estruturas é um ponto de destaque na atuação profissional do engenheiro. As fraturas associadas à fadiga e à corrosão sob tensão representam muitos casos na engenharia. Assim, é importante que futuros engenheiros possam conhecer os mecanismos e as técnicas de controle dessas fraturas. O conhecimento é agregado, descrevendo-se a fragilização de metais pelo hidrogênio. Objetivos Módulo 1 Fratura assistida pelo ambiente 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 2/57 Reconhecer a fratura assistida pelo ambiente. Módulo 2 Corrosão sob fadiga Descrever a corrosão sob fadiga. Módulo 3 Corrosão sob tensão Descrever a corrosão sob tensão. Módulo 4 Fragilização por hidrogênio Descrever a fragilização por hidrogênio. Introdução No vídeo a seguir, você conhecerá as fraturas por corrosão e por ação do hidrogênio. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 3/57 1 - Fratura assistida pelo ambiente Ao �nal deste módulo, esperamos que você reconheça a fratura assistida pelo ambiente. Vamos começar! O que é a fratura assistida pelo ambiente? Assista ao vídeo a seguir que apresentará a fratura assistida pelo ambiente e suas principais modalidades. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 4/57 Aspectos gerais de fraturas assistidas pelo ambiente O fenômeno de fratura assistida pelo ambiente é um processo dependente do tempo e que pode ser lento, decorrendo da ação combinada de cargas (externas ou residuais), do ambiente e de materiais suscetíveis ao fenômeno que, isoladamente, não implicariam em falha do componente. Uma maneira simples de descrever a fratura assistida pelo ambiente é quando um componente de material suscetível, em um ambiente agressivo (moderadamente) sob a ação mecânica, sofre a falha por fratura. O nosso escopo é a apresentação de situações em termos de indústrias, estruturas e componentes da fratura assistida pelo ambiente. Contudo, um exemplo simples e do cotidiano pode ser a partida para o perfeito entendimento do fenômeno. Exemplo Suponha que você possua uma casa de praia e a frequente no verão. Nessa casa, existe uma mangueira (constituída de determinado polímero) que, durante a sua ausência, fica guardada em um suporte, mantendo-a enrolada e com algum nível de tensionamento. Além disso, fica exposta às intempéries, como a chuva, o ar atmosférico, a umidade e a radiação solar. Muitas vezes, a mangueira começa a apresentar pequenas trincas superficiais que podem ser explicadas pela ação do meio e da tensão sobre o polímero. Essa é uma apresentação de fratura assistida pelo ambiente. Deve ficar claro que a eliminação de qualquer uma das três condições (material suscetível, ambiente e tensão) interromperá o processo de fratura assistida pelo ambiente. A maior parte da literatura especializada no assunto considera as seguintes modalidades de fraturas assistidas pelo meio ambiente: a corrosão sob tensão (CST); a fragilização por hidrogênio; a fragilização por metal líquido; a fratura por fluência; a fratura assistida por irradiação. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 5/57 Em particular, ao longo dos módulos posteriores, serão abordadas de maneira aprofundada as duas primeiras fraturas, visto que se apresentam em várias situações da engenharia. Como ilustração, tem- se a imagem a seguir em que se percebem a corrosão e as trincas em um tubo de aço carbono. É um exemplo associado à corrosão sob tensão (CST). Fratura assistida pelo ambiente – CST. Cabe ratificar a presença do material suscetível, em ambiente agressivo e sob carregamento originando a CST, um exemplo de fratura assistida pelo ambiente. Resumindo Na fratura assistida pelo ambiente, a tensão atuante pode ser externa, devido às condições de carregamento em serviço, ou de origem interna, devido às tensões residuais que podem resultar, por exemplo, de tratamentos térmicos ou de processos de fabricação. Generalidades da fragilização por metal líquido A fragilização por metal líquido é apresentada na literatura como uma das possibilidades de o ambiente danificar uma peça ou componente, isto é, alguns metais ou ligas metálicas, em contato com metais fundidos e, sob a ação de tensão (externa ou residual, como as térmicas), sofrem a fratura decorrente de metais fundidos. Em linhas gerais, o componente está tensionado e possui algum defeito superficial (trinca) permite que o metal líquido flua para o interior, iniciando a 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 6/57 propagação da trinca, devido ao tensionamento. Materiais dúcteis e frágeis apresentam comportamentos distintos na situação descrita. Materiais dúcteis Nos materiais dúcteis, a trinca é interrompida em seu processo de propagação quando, em regra, quando o metal líquido não está mais presente. Materiais frágeis Nos materiais frágeis, essa interrupção pode ocorrer, contudo, conforme os preceitos da Mecânica da Fratura, se a trinca já estiver atingido seu tamanho crítico, a propagação é inevitável e catastrófica. Um clássico exemplo na engenharia é a ação do mercúrio sobre a liga de cobre e zinco, o latão. Em geral, o metal fundido provoca fraturas intergranulares, ou seja, a trinca caminha nos contornos do grão da estrutura cristalina. Do exposto, é possível perceber que a fragilização por metal líquido não tem uma componente de corrosão. A imagem seguinte apresenta, esquematicamente, a presença do líquido em uma trinca e a sua direção de propagação. Esquema com trinca preenchida com metal fundido - fragilização. Onde: SL - energia intersuperficial (sólido - líquido); B energia do contorno de grão. Comentário Outras ligas metálicas são suscetíveis à degradação pela presença de metais líquidos. Como as ligas de alumínio 5050, utilizadas na indústria γ γ 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 7/57 aeronáutica, que podem ser fragilizadas pela ação do mercúrio. Os aços inoxidáveis, durante o processo de galvanização, podem ser danificados pelo zinco líquido. Aspectos gerais da fratura por �uência A fratura por fluência é mais uma das modalidades das fraturas assistidas pelo ambiente. Em linhas gerais, é a deformação plástica e decorrente fratura de um material sob tensão constante exposto a temperaturas elevadas, também invariáveis. Em regra, a temperatura deve ser superior a 40% da temperatura de fusão da liga, em Kelvin. As indústrias aeronáutica, petrolífera e nuclear apresentam várias situações em que o fenômeno da fluência é um aspecto determinante no projeto de componentes ou estruturas metálicas. Como ocorre na fratura por fadiga (ação externa de carregamento cíclico), as tensões atuantes que levam à fratura em fluência são menores que a tensão de escoamento do material, à temperatura ambiente. O ensaio de fluência apresenta um diagrama deformação versus tempo, em que três estágios podem estar presentes. 1. A fluência primária, em que a taxa de deformaçãoé decrescente; 2. A fluência secundária ou estacionária em que a taxa de deformação é constante; 3. A fluência terciária, em que a taxa de deformação é crescente e ocorre a ruptura. Observe a imagem seguinte em que os três estágios da fluência são apresentados e o comportamento da taxa temporal de deformação é evidenciado pela curva. O valor (indicado no eixo vertical) é a deformação inicial no material devido à aplicação da carga. ( dεdt ) ε0 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 8/57 Curva deformação versus tempo para uma liga metálica - fluência. A imagem que segue apresenta um corpo de prova (CP) fraturado durante a execução do ensaio de fluência. Corpo de prova fraturado no ensaio de fluência. Aspectos gerais da fratura assistida por irradiação A fratura por irradiação é mais uma das modalidades das fraturas que são assistidas pelo ambiente. Nesse caso, as trincas são decorrentes da exposição do material a diferentes formas de irradiação, como, por exemplo, o bombardeamento de nêutrons, a radiação ultravioleta, a radiação gama etc. Em linhas gerais, ocorre a interação da radiação com a matéria, em nível molecular, podendo haver ruptura de ligações químicas ou deslocamento de átomos de sua posição na rede cristalina. Esses efeitos podem ser benéficos e maléficos. Exemplo 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 9/57 A irradiação por nêutrons pode ser utilizada como uma maneira de aumentar a resistência mecânica de uma liga metálica, pelo endurecimento da microestrutura, a partir da geração de discordâncias. A intenção de obter um encruamento é inicialmente benéfica e apresenta um objetivo. Contudo, o aumento da resistência mecânica promove a perda de tenacidade e, assim, o material metálico ou liga metálica pode vir a ter danos que o fragilizam. Muitas vezes, o dano é gerado ao material mesmo sem aplicação de carga externa. Outro exemplo de danificação e de fragilização pela irradiação acontece em polímeros que degradam com a exposição à radiação ultravioleta (UV). 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 10/57 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Banca: Aeronáutica Órgão: CIAAR Prova: 2021 - CIAAR - Primeiro Tenente - Engenharia Metalúrgica – adaptada). Segundo Shackelford (2008), “... todos os materiais até certo ponto são suscetíveis à degradação ambiental.” Como desafio à engenharia, deve-se identificar e empregar adequadamente um material ou desenvolver um material novo, inteligente e inovador, o suficiente para minimizar os danos ao longo da vida útil das peças e componentes. Em relação às reações ambientais e físicas às quais os materiais estão submetidos são feitas as seguintes afirmações: I - A oxidação é uma das formas de degradação dos materiais, sendo, em resumo, a dissolução de um metal em um ambiente aquoso. II - As tensões mecânicas aplicadas ao componente ou associadas à microestrutura maximizam a corrosão. III – A radiação de nêutrons e a presença de metal líquido podem levar à fratura de materiais e são tipo de fraturas assistidas pelo ambiente. A partir da análise das afirmações é correto concluir que A apenas a afirmação I está correta. B apenas a afirmação II está correta. C 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 11/57 Parabéns! A alternativa E está correta. O processo de oxidação envolve reações químicas e, não somente, a dissolução de uma substância em outra. As tensões mecânicas, sejam elas de origem externa, sejam interna (tensões residuais) aliadas a um ambiente corrosivo, potencializam o fenômeno. No tracionamento, as superfícies da trinca estão mais abertas e, portanto, a degradação é mais eficiente, como, por exemplo, ocorre na corrosão sob fadiga. A literatura elenca uma série de fraturas assistidas pelo ambiente, das quais destacam-se a corrosão sob tensão (CST), a fratura por fluência, a fratura por fragilização por hidrogênio, a fratura por radiação de nêutrons e a fratura por metais líquidos. Questão 2 O fenômeno de fratura assistida pelo ambiente é um processo que apresenta uma série de variáveis para que o componente metálico seja danificado, sendo, em última análise, levado à falha por fratura. Alguns exemplos da fratura assistida pelo meio ambiente podem ser citados: a corrosão sob tensão, a corrosão sob fadiga, a fragilização pelo hidrogênio, entre outros. A imagem a seguir mostra um componente que foi fragilizado pelo hidrogênio atômico. A respeito desse item são feitas as seguintes afirmações: I – Entre algumas das variáveis do fenômeno da fratura assistida pelo ambiente, encontra-se o tempo para que ocorra a fratura. apenas a afirmação III está correta. D apenas as afirmações I e II estão corretas. E apenas as afirmações II e III estão corretas. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 12/57 II - O componente mecânico da figura é suscetível à fragilização do hidrogênio, e para que o dano ocorra, há uma fonte de hidrogênio atômico que, por difusão intersticial, alcança o interior do material. III - Algumas ligas metálicas, como o titânio e a classe de aços inoxidáveis martensíticos, não apresentam suscetibilidade aos diversos meios corrosivos das indústrias na engenharia, não sendo assim afetadas pela fratura assistida pelo ambiente. Após a análise das afirmações: Parabéns! A alternativa D está correta. A fratura assistida pelo ambiente apresenta, concomitantemente, o material corrosivo, a tensão (externa ou interna) e o material suscetível. O tempo é uma variável, pois dependendo das condições dos três fatores iniciais, ele pode ser de apenas alguns minutos até que ocorra a fratura. A fragilização de metais pelo hidrogênio deve ter uma fonte de hidrogênio atômico (H), a suscetibilidade do material ao fenômeno e carregamento. Em regra, aços de alta resistência mecânica apresentam elevada suscetibilidade à fragilização pelo hidrogênio, como é o caso das ligas de titânio e de aços martensíticos. A Apenas a afirmativa I está correta. B Apenas a afirmativa II está correta. C Apenas a afirmativa III está correta. D Apenas as afirmativas I e II estão corretas. E Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 13/57 2 - Corrosão sob fadiga Ao �nal deste módulo, esperamos que você descreva a corrosão sob fadiga. Vamos começar! Entendendo a corrosão sob fadiga Assista ao vídeo a seguir que descreve o fenômeno da corrosão sob fadiga, abordado neste módulo. Aspectos gerais da fadiga 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 14/57 O fenômeno da fadiga está diretamente relacionado ao carregamento mecânico de uma estrutura ou componente. A situação em que o carregamento é cíclico (como pode ser visto na imagem a seguir) é condição necessária para a ocorrência de fadiga do material. Ciclamento mecânico de tensões na fadiga. Em suma, a fadiga apresenta três estágios, descritos a seguir: Estágio I ou de nucleação de trinca O primeiro dos estágios da fadiga é a formação de micro trincas. Por exemplo, concentradores de tensão aumentam, localmente, a tensão e, assim, poderá surgir uma pequena trinca. Eventualmente, o componente já possui trincas superficiais e, dessa forma, o primeiro estágio não ocorrerá na prática. Estágio II ou de propagação da trinca No segundo estágio, o carregamentocíclico aplicado à peça ou ao componente proporciona a abertura na ponta da trinca que, dessa maneira, vai aumentando seu tamanho progressiva e gradualmente. Esse estágio é estável. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 15/57 A imagem seguinte apresenta, de maneira esquemática, os três estágios do fenômeno da fratura por fadiga descritos. Estágios do fenômeno de fadiga. Alguns aspectos devem ser ressaltados no fenômeno da fadiga. O primeiro é que a fratura ocorre a um nível de tensão menor que o que ocorreria com carregamento estático de tração. O segundo é que a superfície de fratura apresenta características próprias como a região lisa associada à propagação lenta e gradual das trincas, e a região opaca é fibrosa (falha catastrófica), conforme apresentado na seguinte imagem. Estágio III ou fratura No terceiro estágio, a propagação da trinca vai ocorrendo até que seu tamanho crítico seja alcançado, levando a uma falha por fratura, de maneira instável e catastrófica.. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 16/57 Aspecto da superfície de fratura por fadiga e suas regiões. Vida em fadiga O ensaio de fadiga tem como resposta o gráfico tensão versus número de ciclos (N) para que ocorra a fratura. Em geral, as curvas desse gráfico apresentam dois comportamentos. No primeiro caso, a curva é decrescente e, a partir de um determinado valor de N (ou LogN), ocorre um patamar (reta horizontal). Os materiais que se comportam conforme descrição anterior apresentam um limite de resistência à fadiga, isto é, valor de tensão, abaixo do qual a fratura por fadiga não ocorre. É o que se denomina vida infinita em fadiga. No segundo comportamento da curva versus é de uma curva estritamente decrescente. Os materiais que se enquadram nessa situação apresentam vida finita em fadiga. Na imagem seguinte estão representados os comportamentos das curvas, descritos anteriormente. (σ) σ N 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 17/57 Curva tensão versus número de ciclos – vida em fadiga A imagem anterior apresenta o comportamento de uma liga ferrosa, o aço doce, e de uma liga não ferrosa de alumínio. Em geral, as ligas ferrosas apresentam o limite de resistência à fadiga que, segundo Callister e Rethwisch (2016), varia entre 35% e 60% do seu limite de resistência à tração. Curiosidade Ligas de titânio (Ti) e de molibdênio (Mo), em geral, apresentam o comportamento das ligas ferrosas em fadiga, ou, ainda, apresentam o gráfico com uma curva com patamar horizontal. As curvas tensão versus número de ciclos também são conhecidas como Curvas de Wöhler. Nesse tópico, o objetivo não é estimar a vida em fadiga, mas essa estimativa é possível a partir do estudo da Mecânica da Fratura. O gráfico apresentado na imagem seguinte tem a região , associada à Lei de Paris . A partir da integração de equação diferencial anterior e pequenas substituições, é possível estimar a vida útil do componente sob fadiga: Confira a imagem: B ( dadN = C ⋅ (ΔK) m) Nfinal = 1 C ⋅ (Δσ)m ⋅ πm/2 ⋅ ∫ acrit a0 da [Y√a]m 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 18/57 Gráfico apresentado na região B, a Lei de Paris. Para efeito de comparação, a imagem a seguir apresenta duas curvas, e em uma delas a peça, além de estar sob condições de fadiga, encontra- se em um ambiente corrosivo. Comparação para fadiga pura e corrosão sob fadiga. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 19/57 Fenômeno da corrosão sob fadiga Aspectos gerais Iniciaremos o estudo a partir da seguinte ideia: na fratura por fadiga, apresentada nos tópicos anteriores, ocorria o crescimento da trinca, devido à ação do esforço mecânico sobre a peça, culminando com a falha. No caso da corrosão sob fadiga, um novo elemento participa do processo: o ambiente corrosivo. Nesse caso, dois efeitos se somam: o ciclamento mecânico e o ambiente corrosivo que, em resumo, aumenta a taxa de propagação da trinca e, consequentemente, diminui a vida em fadiga do componente ou da estrutura. Conforme afirmam Callister e Rethwisch (2016), a atmosfera ambiente normal (ar atmosférico) afetará o comportamento em fadiga de alguns materiais. No entanto, quando o ambiente é mais agressivo, como a água do mar, uma das hipóteses é que sejam formados pequenos pites de corrosão que exercerão o papel de um concentrador de tensões. Assim, pelo aumento local da tensão nos arredores do concentrador de tensões (pites), surgem as microtrincas que se propagarão até a fratura. O ambiente corrosivo em que se encontra a estrutura eleva a taxa de propagação da trinca que pode ser apresentada matematicamente como a derivada temporal do comprimento a da trinca, isto é, . O ciclamento de tensões aplicado ao componente apresenta uma frequência de vibrações que influencia a corrosão sob fadiga. Para ciclamentos com frequências baixas, o ambiente corrosivo aliado à fadiga diminui a vida em fadiga. A explicação é simples, visto que, durante a etapa de tracionamento, a trinca ficará por mais tempo (períodos longos) em contato com o meio corrosivo que potencializará a propagação da trinca por fadiga. Relembrando As grandezas frequência (f) e período (T) são inversamente proporcionais, ou seja, . Isso ratifica o descrito no parágrafo anterior: baixa frequência está associada a um longo período. da dN f = 1T 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 20/57 Como acontece o fenômeno da corrosão sob fadiga? Conforme descrito no item anterior, a fratura de um componente sob fadiga em ambientes corrosivos é acelerada devido à degradação do material. Se quantificarmos os danos provocados, sobre o mesmo material: apenas pelo fenômeno da fadiga; devido à corrosão; para as duas condições simultaneamente. É possível notar que no último caso os danos são intensificados, reduzindo a vida útil de um componente. De maneira idêntica, a corrosão sob fadiga apresenta o estágio de nucleação de pequenas trincas, em geral, em pontos de concentração de tensão local que vai se propagando e, após um certo número de ciclos (na ordem de milhões), a seção resistente é insuficiente para manter a integridade do componente, sob o carregamento cíclico externo. Ocorre, portanto, a fratura catastrófica. Como já apresentado, as ligas ferrosas, as de cobalto e de molibdênio são exemplos nos quais há o limite de resistência à fadiga. De acordo com Gentil (1996), as fraturas mecânicas sucessivas durante a fase de propagação das trincas (em fadiga) rompem a camada de óxido protetora, expondo o material ao meio corrosivo. Em consequência, a curva tensão versus número de ciclos deixa de ter o patamar horizontal, ou seja, o limite de resistência à fadiga do material. Observe as imagens a seguir, em que são apresentados os comportamentos, em fadiga, de um mesmo aço, em atmosferas distintas: no ar (considerada aqui como não corrosiva) e em uma atmosfera corrosiva. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 21/57 Curva tensão versus número de ciclos para aço no ar. Curva tensão versus aço em atmosfera corrosiva. Perceba que o patamar horizontal das curvas de Wöhler, característico para ligas ferrosas, deixa de existir em ambientes corrosivos, ou seja, na corrosão sob fadiga. Como forma de ilustrar a corrosão sob fadiga, imagem representa o eixo de uma bomba, cujo material é o aço inoxidável. O eixo estava29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 22/57 submetido a carregamentos cíclicos em que as tensões se alternam entre trativas e compressivas e, no caso apresentado, o meio corrosivo foi a água do mar, levando à fratura do componente. A nucleação da trinca de fadiga iniciou-se no pite de corrosão, que funcionou como concentrador de tensão. Eixo de aço inoxidável – corrosão sob fadiga. Proteção contra corrosão sob fadiga A corrosão sob fadiga pode ser evitada ou mitigada observando-se os principais aspectos causadores dessa forma de fratura. Uma das maneiras de evitá-la ou mitigá-la consiste em evitar o contato direto do componente com o meio corrosivo, utilizando revestimentos metálicos ou não. Proteção 1 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 23/57 A outra maneira é reduzir a corrosividade do meio com a adição de alguns inibidores. A proteção por meio de anodos de sacrifício apresenta excelentes resultados, assim como o jateamento (shot peening) que, ao introduzir tensões compressivas na superfície do componente, fecham as películas protetoras retardando o fenômeno de corrosão sob fadiga. Aspectos da superfície de fratura de corrosão sob fadiga A fratura devido à corrosão sob fadiga é, em tese, transgranular, ou seja, sua propagação se dá por meio dos grãos da estrutura cristalina. A imagem seguinte apresenta um esquema da propagação transgranular de uma trinca (em vermelho). Fratura transgranular. Proteção 2 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 24/57 A imagem a seguir apresenta superfície de fratura por corrosão sob fadiga de um eixo metálico, em seus aspectos macrográficos. Superfície de fratura por corrosão sob fadiga – visão macro. A imagem seguinte apresenta superfície de fratura por corrosão sob fadiga de um eixo metálico, em seus aspectos micrográficos, por meio da utilização de microscópio eletrônico. Superfície de fratura por corrosão sob fadiga – visão micro. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 25/57 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 26/57 1. (Marinha Órgão: CAP Prova: 2017 - Cabo - Técnico em Química - adaptada). Quando um metal é submetido a solicitações mecânicas alternadas ou cíclicas pode ocorrer, em muitos casos, um tipo de fratura denominado fratura por fadiga. Sobre essa fratura, considere as afirmações a seguir: I - A ocorrência de fratura sob fadiga pode ser observada em tubulações de equipamentos de perfuração de poços, usadas para bombear petróleo. II - O mecanismo de fratura sob fadiga pode, no início do processo, estar associado com concentração de tensões nos locais de entalhes, mas nunca em pites formados pelo meio corrosivo. III - O aparecimento de profundas escavações no material oriundas da corrosão é característico da corrosão sob fadiga. São corretas Parabéns! A alternativa E está correta. Tubulações em que líquidos são conduzidos sob variação da pressão estarão sujeitos a esforços cíclicos e, consequentemente, suscetíveis à fratura por fadiga. Dependendo do líquido conduzido nessas tubulações, a agressividade pode potencializar a fratura devido à corrosão. É a corrosão sob fadiga. São três as fases da fadiga: nucleação das trincas, propagação da trinca e fratura catastrófica. O primeiro estágio pode se originar em concentradores de tensão ou pites de corrosão, funcionando como concentradores de corrosão. Na corrosão sob fadiga, uma das características é a A apenas a afirmativa I. B apenas a afirmativa II. C apenas a afirmativa III. D apenas as afirmativas I e II. E apenas as afirmativas I e III. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 27/57 presença de escavações profundas no equipamento ou componente. Questão 2 A fratura por fadiga é uma das principais causas de falhas em componentes mecânicos. Na fadiga, existe um carregamento externo cíclico. Alguns materiais possuem o limite de resistência à fadiga que permite usá-los indefinidamente, desde que abaixo desse limite. A imagem a seguir apresenta, de maneira esquemática, os três estágios da fratura por fadiga. Com relação a esses estágios são feitas as seguintes afirmações: I – No estágio I ocorre a nucleação da trinca, em geral, na superfície da peça pelo efeito de um concentrador de tensões. II – No estágio II ocorre a propagação da trinca de maneira rápida e frágil, normalmente de maneira transgranular. III – O estágio III é o final do ciclo da fadiga em que ocorre a fratura de maneira imprevisível e catastrófica. São corretas A apenas a afirmativa I. B apenas a afirmativa II. C apenas as afirmativas II e III. D apenas as afirmativas I e III. E 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 28/57 Parabéns! A alternativa D está correta. A fadiga é decorrente do carregamento mecânico externo cíclico a que está sujeito um componente. Inicialmente é formada uma trinca superficial, nucleação, em decorrência de descontinuidades, defeitos, concentradores de defeitos etc. Com o carregamento cíclico, a ponta da trinca vai se deformando lenta e gradualmente. É o estágio II ou de propagação da trinca. Por fim, no estágio III, ocorre a fratura por fadiga de maneira catastrófica. 3 - Corrosão sob tensão Ao �nal deste módulo, esperamos que você descreva a corrosão sob tensão. Vamos começar! O que é a corrosão sob tensão? apenas as afirmativas I e II. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 29/57 Assista ao vídeo a seguir para conhecer como empregar a técnica operatória da macrografia que será abordada neste módulo. Aspectos gerais da corrosão sob tensão A corrosão sob tensão (CST) ou, em inglês, SCC (stress corrosion cracking) é uma categoria de fratura assistida pelo ambiente, ou ainda, três condições devem ser satisfeitas simultaneamente para a sua ocorrência: a aplicação de tensão trativa (ou tensão residual), material suscetível à corrosão sob tensão e um ambiente corrosivo específico. Esquematicamente, tem-se a imagem a seguir. Condições para a ocorrência da CST. Pela imagem anterior, fica claro que as três condições devem coexistir para que o material apresente fratura, devido à corrosão sob tensão. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 30/57 Isoladamente, nem a tensão, nem o ambiente corrosivo promoveriam a fratura no componente ou estrutura ou, pelo menos, não com a mesma velocidade. Conforme afirmam Callister e Rethwisch (2016), alguns materiais virtualmente inertes em alguns meios corrosivos específicos, quando sob tensão, tornam-se suscetíveis à CST, como exemplificado a seguir. Exemplo Aços inoxidáveis, em regra, não são afetados pela corrosão sob tensão, quando o meio corrosivo é composto, por exemplo, de ácido sulfúrico. Contudo, são suscetíveis à CST quando o ambiente é formado por cloretos, o que acontece em ambientes marinhos. A corrosão sob tensão pode levar o componente mecânico à fratura sendo caracterizada por duas fases. A primeira fase é denominada de indução, é anterior à nucleação das trincas. Ocorre de maneira lenta por ação do meio corrosivo. A segunda fase é denominada de propagação. Nela, dois efeitos ocorrem mutuamente:as ações do ambiente corrosivo e da tensão trativa aplicada ao corpo. A imagem seguinte apresenta trincas na superfície de um tubo de aço inoxidável austenítico devido à corrosão sob tensão. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 31/57 Corrosão sob tensão em aço inoxidável austenítico. Em linhas gerais, a fratura apresenta estricção em duas regiões, sendo a primeira com aspecto frágil e com depósitos de materiais oriundos da reação ocorrida na corrosão. Nesse ponto, a seção reta resistente diminui tanto que ocorre a segunda região, a fratura por ruptura brusca. As trincas que ocorrem na corrosão sob tensão podem se propagar: de maneira intergranular (nos contornos dos grãos cristalinos); transgranular (pelo meio do grão cristalino); um misto das duas formas. A tensão que causa a fratura devido à CST é, em regra, menor que a tensão determinada em ensaios estático (o de tração). A propagação das trincas ocorre perpendicularmente às linhas de ação da tensão. O fenômeno da corrosão sob tensão Como apresentado, a corrosão sob tensão (CST) necessita da ação combinada de um trinômio assim descrito: 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 32/57 A suscetibilidade e o meio corrosivo específico relacionam-se com a natureza da liga e das condições químicas do meio. Uma mesma liga pode não sofrer CST em determinados ambientes, mas ser suscetível para outros meios corrosivos. A família de aços inoxidáveis em ambientes sulfúricos ou nítricos não sofrem CST. Contudo, quando o ambiente apresenta cloretos (água do mar), aços inoxidáveis sofrem A Tensão trativa constante, devido ao carregamento externo ou decorrente de tensões residuais oriundas de trabalhos mecânicos ou, ainda, tensões que surgem devido às variações bruscas de temperaturas em ligas com coeficientes térmicos de expansão distintos. Além dessas possibilidades, Callister e Rethwisch (2016) citam que os produtos de corrosão sólidos e gasosos podem se prender internamente, resultando em tensões. B Um ambiente em que o componente atuará (meio de serviço) que apresente um corrosivo específico para que possa ocorrer a corrosão sob tensão (CST). É o caso de peças compostas de latão na presença de um meio rico em amônia. C Materiais suscetíveis ao fenômeno da corrosão sob tensão. Por exemplo, metais puros apresentam baixíssima probabilidade de corrosão sob tensão, enquanto muitas classes de aços inoxidáveis são suscetíveis à CST, quando o ambiente apresenta, por exemplo, cloretos. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 33/57 CST. A existência de pré-trincas superficiais no componente deixa em segundo plano a suscetibilidade do material. Exemplo Alguns trincamentos por ação do meio corrosivos são conhecidos e levam à CST. São exemplos, o cloreto em aços inoxidáveis, os ambientes cáusticos em aços carbono e ambiente amoniacal em ligas de cobre. Em tese, para alguns materiais existe um valor de tensão trativa, abaixo do qual não ocorre a ruptura por CST. O gráfico tensão aplicada versus tempo para que ocorra a ruptura por CST apresenta um patamar horizontal. Observe a imagem a seguir, na qual se percebe o descrito e é possível uma analogia com a curva de Wöhler. Curva tensão aplicada versus tempo para ruptura em CST. Características da corrosão sob tensão (CST) Além da tensão trativa (aplicada ou residual) e do meio corrosivo, outras características devem ser abordadas para um maior entendimento da CST. A ruptura de um componente nas condições para que ocorra a CST inicia-se com a formação de trincas inicialmente governadas pelo fenômeno da corrosão e, depois, pela ação combinada do esforço 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 34/57 mecânico e da ação química. A imagem seguinte apresenta, esquematicamente, o início do processo de corrosão sob tensão. Esquema de um trinca na corrosão sob tensão. Na imagem anterior, a abertura da ponta da trinca em uma liga ferrosa pela ação combinada da tensão trativa e das reações químicas, propagando-se, assim, a trinca, ou seja, ocorre o seu crescimento. É possível, também, a partir da imagem, observar que o crescimento da trinca é perpendicular à linha de ação da tensão. Em geral, valores mínimos, tanto para as tensões como para as concentrações químicas, devem ser ultrapassados para que o fenômeno de corrosão sob tensão (CST) aconteça. Curiosidade A taxa de corrosão que ocorre na ponta da trinca é bem superior às taxas de corrosão em outras regiões da peça. Mecanismo da corrosão sob tensão O fenômeno da CST é causado pela interação da estrutura do material e de fatores mecânicos e químicos (ambientais), cujo mecanismo é complexo levando a uma série de modelos, de teorias e de hipóteses. É senso comum que a nucleação das trincas ocorre em pites de corrosão, na superfície do componente (ou estrutura) mecânico. Os pites funcionam como concentradores de tensão e, então, localmente a tensão trativa é amplificada, levando à propagação da trinca. Na imagem a seguir, vemos os pites iniciais onde ocorre a nucleação das trincas que, sob o efeito combinado das ações química e mecânica, propagam-se. Constate, ainda, que as pontas da trinca são altamente ramificadas. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 35/57 Trinca na CST: nucleação nos pites e crescimento. Resumindo, a corrosão sob tensão apresenta três fases: A Na primeira fase, deve existir um ambiente corrosivo propício à ocorrência da CST, ou seja, um ambiente em que o material seja suscetível à corrosão sob tensão. B No segunda fase, a corrosão passa a ser predominante, em que pequenas trincas são formadas. C Na terceira fase, a final, a ação combinada do ambiente corrosivo e da tensão trativa promove a propagação da trinca, perpendicularmente à direção de aplicação da tensão trativa. Cabe ressaltar que os principais efeitos da CST são verificados na etapa final, resultando em falha exclusivamente mecânica, devido à redução da seção transversal resistente. A tabela seguinte apresenta algumas ligas suscetíveis à corrosão por tensão em ambientes corrosivos específicos. Metal Ambiente corrosivo Aço doce (NO3) −, (OH)− 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 36/57 Metal Ambiente corrosivo Aço de alta resistência Aço inoxidável austenítico Latão , aminas Ligas de titânio (8% Al, 1% Mo, 1% V) Ligas de alumínio , soluções de NaCl Ligas de zircônio Tabela: Ligas e ambientes favoráveis à CST. Adaptado de Winston e Herbert, 2008. p. 152. É importante ressaltar que a combinação de suscetibilidade do metal ao ambiente corrosivo, aliada à tensão trativa, faz com que a fratura por corrosão sob tensão possa demorar de alguns poucos minutos até vários anos. Dessa forma, é importante que ocorram manutenções a fim de se acompanhar os componentes em condições de CST para mitigar a presença das trincas iniciais, ou, até mesmo, realizar eventuais substituições antes que ocorra a falha por fratura. Comentário Conforme afirmam Callister e Rethwisch (2016), o comportamento ao ocorrer a falha por CST é característico daquele exibido por um material frágil, apesar de a liga metálica poder ser intrinsecamente dúctil. A fim de elucidar, a imagem seguinte apresenta uma fotomicrografia de um latão em que é perceptível uma trinca intergranular (comportamento frágil) devido à corrosão sob tensão a que o componente está sujeito. H2O Cl−, (OH)−,Br− NH3 Cl−, I−,Br− H2O Cl− 29/03/2024, 15:05Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 37/57 Micrografia evidenciando a trinca em latão sob CST. Na imagem a seguir, tem-se um exemplo de um tubo que fraturou devido à corrosão sob tensão. Corpo fraturado por corrosão sob tensão (CST). A imagem que segue apresenta uma trinca de corrosão por tensão (CST) nucleada em um pite de corrosão e com propagação perpendicular à linha de ação do esforço externo. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 38/57 Trinca nucleada em pite de corrosão CST. A seguinte imagem apresenta as superfícies de fratura de dois componentes, devido à corrosão sob tensão (CST), em termos macroscópicos. Aspectos macroscópicos de superfícies de corpos fraturados por CST. Prevenção da corrosão sob tensão A partir do estudo apresentado anteriormente, a corrosão sob tensão deve apresentar três condições simultâneas: a suscetibilidade do material, o ambiente corrosivo específico e a tração trativa. Em regra, a eliminação de uma ou mais condições inibirá a CST. Muitos materiais são quase que inertes em determinados ambientes corrosivos, mas com a presença da tensão, podem se degradar. Dessa forma, é natural supor que alterar a tensão atuante é uma das formas de prevenção em relação à corrosão sob tensão. Lembrando que, para alguns materiais existe um valor de tensão abaixo do qual não ocorre 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 39/57 CST. A redução da tensão, seja por diminuição do carregamento, seja pelo aumento da seção resistente é eficiente. A tensão que induz a CST pode ser de origem interna, como as tensões residuais. Para esse tipo de intercorrência, os tratamentos térmicos de alívio de tensões, como o recozimento após a têmpera, diminuem a probabilidade de ocorrência da corrosão sob tensão. Outras técnicas são utilizadas para a prevenção ou mitigação da CST. Exemplo Para diminuir a agressividade do meio corrosivo, faz-se o uso de inibidores. No caso particular das ligas ferrosas (aços) expostas a águas de caldeiras, o nitrato de sódio (NaNO3) é utilizado como inibidor, reduzindo-se, assim, a CST nesses componentes. Uma outra técnica utilizada como forma de prevenção, é a introdução de tensões compressivas na superfície do componente por jateamento ou shot peening, exemplificada na imagem que segue. Shot peening – jateamento para introdução de tensões compressivas. As tensões de compressão produzidas na superfície do componente são eficazes para diminuir a probabilidade de pequenos defeitos superficiais e, assim, evitar a ação do meio corrosivo. Mais uma possibilidade, desde que atenda as condições do projeto, é a mudança do material a ser utilizado na produção do componente. Tal como, em ambientes corrosivos com a presença de cloretos, os aços inoxidáveis austeníticos apresentam alta suscetibilidade à CST, enquanto os aços duplex são mais resistentes. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 40/57 Falta pouco para atingir seus objetivos. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 41/57 Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Exame de admissão ao estágio de adaptação de oficiais engenheiros da Aeronáutica - EAOEAR – 2020 – adaptada). Avalie o trecho a seguir sobre uma das formas de corrosão. “A corrosão se processa entre os grãos da rede cristalina do material metálico, o qual perde suas propriedades mecânicas e pode fraturar quando solicitado por esforços mecânicos, tendo-se então a corrosão sob tensão fraturante.” (GENTIL, 1996). Trata-se da forma de corrosão denominada de Parabéns! A alternativa C está correta. A corrosão sob tensão (CST) apresenta as seguintes condições para a sua ocorrência: material suscetível a determinado ambiente corrosivo e aplicação de tração trativa. A fratura tem o aspecto frágil, mesmo para materiais dúcteis. Dessa forma, a trinca pode percorrer um caminho entre os grãos (intergranular) ou “por dentro” dos grãos (transgranular). No texto, fica claro que a fratura ocorre com separação dos grãos, ou seja, intergranular. Questão 2 A alveolar. B filiforme. C intergranular. D intragranular. E uniforme. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 42/57 2. (Centro de seleção e de promoção de eventos UnB - CESPE/CEBRASPE - Petrobras - Engenheiro - Área Mecânica – 2004 – adaptada). Sobre o fenômeno da corrosão sob tensão (CST) são feitas as seguintes afirmações: I - É um processo de corrosão e tensões de contato, associadas a vibrações que produzem pequenos deslocamentos relativos entre as superfícies. II – É um processo em que as ações mecânicas (tensões estáticas trativas) e química promovem o crescimento da trinca até que ocorra a ruptura do componente. III – O aço inoxidável não sofre a corrosão sob tensão devido ao alto percentual de cromo em sua composição química, fazendo uma barreira natural na superfície do componente. São corretas Parabéns! A alternativa B está correta. Um dos fatores que levam à corrosão sob tensão (CST) é a aplicação de uma tensão trativa. Além disso, há a necessidade de um ambiente corrosivo e que o material seja suscetível à CST. Como regra geral, a família de aços inoxidáveis não é afetada pela corrosão sob tensão, quando o meio corrosivo é o ácido sulfúrico. Contudo, são suscetíveis à CST quando o ambiente é formado por cloretos, como os ambientes marinhos. A apenas a afirmativa I. B apenas a afirmativa II. C apenas as afirmativas II e III. D apenas as afirmativas I e III. E apenas as afirmativas I e II. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 43/57 4 - Fragilização por hidrogênio Ao �nal deste módulo, esperamos que você descreva a fragilização por hidrogênio. Vamos começar! Entendendo a fragilização por hidrogênio Assista ao vídeo a seguir para conhecer as vantagens e as limitações por hidrogênio, que serão abordados neste módulo. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 44/57 Aspectos gerais da fragilização por hidrogênio O hidrogênio pode provocar danos em diversas ligas metálicas, em particular nas ligas ferrosas denominadas aços. Os danos provocados pelo hidrogênio promovem alterações nas propriedades mecânicas do material que falham por fratura frágil. Em regra, o hidrogênio atômico (H) difunde-se e ocupa um vazio intersticial, promovendo a diminuição da ductilidade da liga metálica, ou seja, a sua capacidade de se deformar plasticamente. Trincas são formadas (a partir da expansão do H2) e, por ação de carregamento externo pode ocorrer a falha pela fragilização por hidrogênio. O fenômeno da fragilização por hidrogênio tem dois momentos de ocorrência: no processo de fabricação do aço ou, com a fabricação terminada, durante alguns procedimentos que funcionam como fonte de H. O processo de soldagem, os tratamentos térmicos, a reação catódica durante a corrosão etc. Comentário Cabe ressaltar que existem o hidrogênio atômico e o molecular . Analise a reação esquemática a seguir: . A imagem seguinte apresenta a falha ocorrida em um tubo devido à fragilização por hidrogênio atômico. (H) (H2) H + H → H2 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 45/57 Fragilização por hidrogênio. A fragilização por hidrogênio também é denominada por craqueamento induzido por hidrogênio, noinglês hydrogen induced cracking (HIC). Material policristalino A fim de que o conceito de vazio intersticial, ocupado pelo hidrogênio atômico, quando da fragilização do metal, seja relembrado, um breve resumo será apresentado sobre os dois vazios possíveis: substitucional e intersticial. As ligas metálicas são materiais que apresentam ordenação de longo alcance, são policristalinos devido à presença de vários grãos. Resumindo A estrutura cristalina é uma representação espacial dos átomos em um material cristalino. Com isso, é comum a divisão da estrutura cristalina em unidades menores, denominadas células unitárias. Alguns exemplos de estruturas são: a cúbica de faces centradas (CFC); a cúbica de corpo centrado (CCC); a hexagonal compacta (HC) etc. Perceba nas imagens a seguir, em que são apresentadas algumas células unitárias e um agregado de muito átomos. Os átomos são representados por esferas ou pontos. Estrutura cristalina cúbica de faces centradas – CFC. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 46/57 Na imagem anterior, a representação da estrutura cristalina denominada cúbica de faces centradas (CFC). Alumínio, cobre e prata são exemplos de metais com essa estrutura cristalina. Estrutura cristalina cúbica de corpo centrado – CCC. Já na imagem supracitada, está representada a estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC) em que cromo, ferro e tungstênio são exemplos típicos. Vazios intersticiais e substitucionais A estrutura cristalina pode apresentar uma lacuna, isto é, a ausência de um átomo. É o denominado vazio substitucional que, quando ocupado, é o átomo substitucional. O vazio intersticial é uma região em que não há átomo. A presença de um átomo nessa posição é um defeito intersticial (átomo de impureza intersticial) que, em regra, produz distorções na estrutura. Analise uma representação esquemática bidimensional, na imagem a seguir. Átomos intersticial e substitucional. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 47/57 Fazendo a ligação dos conceitos apresentados até aqui, na fragilização por hidrogênio de um material metálico, o hidrogênio é absorvido na superfície do metal em contato com o ambiente corrosivo, ocupando um vazio intersticial. A absorção é possível devido ao pequeno volume do hidrogênio atômico. Falha por fragilização por hidrogênio De acordo com os itens anteriores, a fragilização de uma liga metálica por hidrogênio ou trincamento sob tensão, devido ao hidrogênio, consiste na difusão de hidrogênio atômico (H) por meio da rede cristalina do metal (ou liga). O hidrogênio promove pequenas trincas (“flocos”) nas ligas metálicas, sendo, de acordo com Callister e Rethwisch (2016), as fraturas do tipo transgranular as mais frequentes. Algumas ligas metálicas podem fraturar de maneira intergranular. A fratura por fragilização pelo hidrogênio é decorrente de tensões aplicadas externa ou internamente (tensões residuais). A fratura é frágil, mesmo quando o material apresenta ductilidade elevada. Inicia-se com a nucleação de trincas (presença do hidrogênio no interior da rede cristalina) e a consequente propagação. Para que um metal possa ser fragilizado pelo hidrogênio há a necessidade de uma “fonte” que produza hidrogênio atômico para a posterior difusão intersticial. O processo de craqueamento induzido por hidrogênio é bastante comum em aços médio e baixo carbono, conforme relata a literatura especializada, quando expostos a uma atmosfera contendo ácido sulfídrico (H2S) e dióxido de carbono (CO2) em uma solução de água. Conforme afirmam Callister e Rethwisch (2016), o H2S é conhecido como “veneno”, uma vez que retarda a formação do hidrogênio molecular na superfície do metal, o que aumenta a probabilidade da difusão intersticial do H. Na presença de um meio contaminante de ácido sulfídrico, ocorre a reação cujos principais produtos são os sulfetos metálicos e o hidrogênio atômico. Este último pode tomar dois caminhos: combinar-se, formando o hidrogênio 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 48/57 molecular H2, ou ocorrer a difusão do hidrogênio atômico para a estrutura metálica, sendo esta última a mais provável pelo efeito do enxofre (S) no retardamento da combinação do hidrogênio. Algumas indústrias, como a de extração de óleo e de gás, apresentam esse problema devido às altas quantidades presentes de H2S. Outra fonte para a fragilização de hidrogênio é a decapagem (limpeza) de aço em ácido sulfúrico (H2SO4). As condições de trabalho e atmosféricas com umidade relativa alta, a quebra de lubrificantes orgânicos, os processos de fabricação, o processo de soldagem e os tratamentos químicos também são potenciais causas para a fragilização por hidrogênio. Perceba no esquema da imagem a seguir, a presença de H2S úmido como fonte de hidrogênio atômico para a fragilização da liga metálica suscetível. Esquema do HIC a partir do H2S. A imagem anterior apresentou esquematicamente a difusão do hidrogênio atômico, a partir da presença de H2S úmido. São formados nas superfícies os átomos de hidrogênio que podem se difundir para o interior do material ou combinarem-se, originando a molécula de hidrogênio, inerte para essa situação. Os átomos de hidrogênio, combinando-se como hidrogênio molecular, ancoram-se em discordâncias, contornos de grãos etc. Ocorrerá um campo de tensões que gerará a nucleação de trincas e posterior propagação. É o craqueamento devido ao hidrogênio (HIC). Saiba mais No craqueamento devido ao hidrogênio (do inglês hydrogen induced cracking - HIC), ocorre um delay (tempo de atraso) para aparecimento de trincas após a aplicação da tensão. Esse tempo de atraso é ligeiramente afetado pela aplicação da tensão, diminuindo com o aumento da concentração de hidrogênio atômico na liga metálica e com o aumento 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 49/57 da dureza ou resistência à tração. Com o intuito de quantificar, com pequenas concentrações de hidrogênio, a fratura pode ocorrer alguns dias após a aplicação da tensão. Uma variação do craqueamento induzido pelo hidrogênio é o fenômeno de empolamento, cuja principal diferença é o aspecto superficial com bolhas, que pode ser constatado na imagem a seguir. Ressalta-se que o exame visual (vista desarmada) é suficiente para a detecção do empolamento. Fragilização por hidrogênio - empolamento. A imagem seguinte apresenta a superfície de um tubo de aço API 5L X65, muito utilizado na indústria petrolífera para a exploração de petróleo e de gás natural, apresentando bolhas superficiais provocadas pela fragilização pelo hidrogênio. Bolhas em superfície de aço API 5L X65 por hidrogênio. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 50/57 Na imagem a seguir, duas fotos de tubulações de transporte de petróleo e gás nos Estados Unidos são apresentadas. Na imagem (a) vê-se a fratura e na (b), a planta fabril em chamas. Tubulações em planta de exploração de petróleo danificadas por fragilização pelo hidrogênio. Suscetibilidade de ligas metálicas à fragilização por hidrogênio O processo de fragilização devido à difusão de hidrogênio atômico na estrutura cristalina de um metal decorre da diminuição da ductilidade. Exemplo É frequente que ligas metálicas de alta resistência, como, por exemplo, aços de alta resistência, em particular os martensíticos, e ligas de titânio sejam mais suscetíveis ao fenômeno de fragilização por hidrogênio. Aços inoxidáveis austeníticos, aços ferríticos, bainíticos, ligas de cobre, de níquel e de alumínio são menos suscetíveis àfragilização por hidrogênio. De acordo com Callister e Rethwisch (2016), as ligas anteriormente citadas são menos suscetíveis ao fenômeno devido à alta ductilidade inerente. Contudo, se essas ligas sofrerem o processo de endurecimento por deformação, ocorrendo assim a redução da ductilidade, passarão a ser mais suscetíveis à fragilização por hidrogênio. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 51/57 Técnicas de proteção ao fenômeno de fragilização por hidrogênio Genericamente, um princípio básico para evitar-se que uma liga metálica seja danificada pela fragilização por hidrogênio é não permitir a presença de fontes fornecedoras desse elemento. Na prática, pode-se tentar diminuir essas fontes, porém, eliminá-las é apenas teórico. Outra questão passa pela seleção de materiais, visto que alguns são mais suscetíveis ao fenômeno. Dessa maneira, em suma, as seguintes técnicas podem ser utilizadas para a proteção da liga metálica, diminuindo a probabilidade da fragilização por hidrogênio: diminuição da suscetibilidade do material com a diminuição do limite de resistência à tração, que pode ser feita por meio de tratamentos térmicos; remoção ou diminuição da fonte de hidrogênio atômico; seleção de materiais metálicos menos suscetíveis ao fenômeno; aplicação de determinados inibidores antes da decapagem da superfície do metal. Esses inibidores apresentam alta reatividade com o ferro, mitigando-se a difusão de hidrogênio atômico na estrutura cristalina; tratamento térmico denominado cozimento em que, pela ativação térmica, o hidrogênio atômico é “expulso” da estrutura cristalina do metal. Gentil (1996), em sua obra, afirma que o emprego de aços com alumínio é uma forma de mitigar a fragilização por hidrogênio na presença de H2S, como ocorre em tubulações da indústria petrolífera, na exploração de gás natural. A composição química desses aços apresenta 0,13% C; 2,2% Cr; ,35% Mo; 0,35% Al e 0,10% V. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 52/57 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 53/57 (Petrobras. Prova: CESGRANRIO - 2014 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior – Inspeção). A fragilização por hidrogênio é um dos problemas mais importantes no emprego de diversos materiais metálicos, mas alguns procedimentos podem ser desenvolvidos para evitar essa fragilização. O que se deve fazer para reduzir a fragilização por hidrogênio? Parabéns! A alternativa A está correta. A fratura assistida pelo ambiente, denominada fragilização pelo hidrogênio, deve ter a ação de três fatores mutuamente: o ambiente corrosivo, o material suscetível ao fenômeno e a fonte de hidrogênio atômico para a sua difusão para o interior do material. Em todas as opções, há oferta de hidrogênio, potencializando o fenômeno, exceto na opção A. Questão 2 (Petrobras. Prova: CESGRANRIO - 2011 - Engenheiro de Equipamento Júnior – Inspeção – adaptada). O fenômeno denominado Fragilização por Hidrogênio ocorre em várias ligas metálicas quando o hidrogênio atômico (H) penetra o material e A Proteger a região da solda e a vizinhança da presença de água durante o processo de soldagem das peças metálicas. B Molhar a região da solda com muita água durante o processo de soldagem das peças metálicas. C Aumentar a taxa de corrosão durante o processo de limpeza de peça metálica em meio ácido. D Tratar a peça metálica termicamente, a altas temperaturas, numa atmosfera rica em hidrogênio. E Tratar a peça metálica termicamente, a altas temperaturas, numa atmosfera rica em água. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 54/57 reduz sua ductilidade. Com o objetivo de reduzir a probabilidade de ocorrência desse fenômeno, várias técnicas podem ser utilizadas. A respeito desse tema, são feitas as seguintes afirmações. I – A realização de tratamento térmico para reduzir o limite de resistência à tração da liga. II – A substituição da liga projetada por uma liga mais resistente a essa fragilização, como, por exemplo, a troca de aços martensíticos por aços bainíticos. III – A decapagem do aço para eliminar a camada da liga danificada pela penetração do hidrogênio atômico. IV – O tratamento de cozimento da liga em uma temperatura elevada, eliminando os hidrogênios dissolvidos. São corretas Parabéns! A alternativa D está correta. Ligas metálicas com elevada resistência mecânica são mais suscetíveis ao fenômeno de fragilização por hidrogênio. Assim, tratamentos térmicos que reduzam a resistência mecânica e elevem a ductilidade são eficientes para a proteção do metal. Os aços martensíticos apresentam elevada resistência mecânica e consequentemente são suscetíveis à fragilização pelo hidrogênio. Já nos bainíticos a suscetibilidade é menor. A limpeza realizada por meio de decapagem apresenta solventes que funcionam como fonte de hidrogênio. Por fim, o tratamento de cozimento, em que se aumenta a temperatura e ocorre a expulsão do hidrogênio. A apenas as afirmativas I e II. B apenas as afirmativas I, III e IV. C apenas as afirmativas I, II e III. D apenas as afirmativas I, II e IV. E apenas as afirmativas II, III e IV. 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 55/57 Considerações �nais O foco do conteúdo foi o estudo das fraturas por corrosão e pela fragilização por hidrogênio. Inicialmente, a abordagem foi sobre as fraturas assistidas por ambientes e a necessidade de que três fatores coexistam. Alguns tipos de fratura assistidas pelo ambiente foram citadas, sendo que a fragilização pela presença de metal líquido, a fratura por fluência e a fratura induzida pela radiação de nêutrons foram detalhadas. Na sequência, foi apresentada uma situação de fratura muito presente na engenharia: a fratura por corrosão em fadiga. Foram descritos seus aspectos gerais, o mecanismo do fenômeno e as técnicas para a proteção do componente. Por fim, algumas imagens foram exibidas revelando os principais aspectos da superfície de fratura de corrosão sob fadiga. Como forma de aprofundar a fratura assistida pelo meio ambiente, foi feita a abordagem da corrosão sob tensão (CST). Primeiro, os aspectos gerais da corrosão sob tensão foram apresentados para que, na sequência, seu fenômeno fosse estudado e fosse possível o perfeito entendimento de seu mecanismo. Também foi explorada a prevenção da corrosão sob tensão. Como complemento, algumas ligas metálicas e ambientes corrosivos foram apresentados, mostrando quando a suscetibilidade é mais acentuada. Na última parte, foi visto o dano causado pela difusão do hidrogênio atômico em ligas metálicas. Foi feita uma apresentação do fenômeno e das principais técnicas para prevenção dessa fragilização que pode culminar com a fratura do componente. Podcast 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 56/57 Agora, o especialista encerra o tema falando sobre as principais fraturas assistidas pelo ambiente, destacando-se a corrosão sob tensão e a fragilização pelo hidrogênio. Explore + Deixamos aqui para você a dica de leitura do trabalho apresentado no 68º Congresso ABM – Internacional, Fragilização por hidrogênio em parafusos temperados e revenidos com superfície carbonitretada 2013, Belo Horizonte, disponível no portal AbmProceedings. Vale conferir! Referências BERTOLDI, Daniel Brito. Trincamento induzido por hidrogênio em aços inoxidáveis supermartensíticos modificados pela ação de boro paraaplicação em exploração de petróleo em águas profundas. 2015. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D.G. Ciência e Engenharia de Materiais: uma Introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. DIETER, G. E. Metalurgia mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981. GARCIA, A.; SPIM, J. A.; DOS SANTOS, C.A. Ensaios dos materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. GENTIL, V. Corrosão. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. LADINO, D. H.; FALLEIROS, N. A. Trincamento induzido por hidrogênio em aços microligados. Tecnologia em Metalurgia, Materiais e 29/03/2024, 15:05 Fratura por corrosão e por ação do hidrogênio https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04342/index.html# 57/57 Mineração, São Paulo, v. 12, p. 82-93, jan. 2015. OLIVEIRA, A. R. Corrosão e tratamento de superfície. Belém: IFPA, 2012. PARSONS, J. F. Stress Corrosion Cracking - Metallic Corrosion. AZO Materials website, 2020. Consultado na internet em: set. 2022. COSTA, M. Y. P. Fadiga em titânio aeronaútico revestido por PVD. 2009. 123 f. 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