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29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 1/56 Introdução à fratura dos materiais Prof. Julio Cesar José Rodrigues Junior Descrição Discussão dos principais tipos de falhas por fratura: a frágil, a dúctil e a por fadiga. Estudo do fator de concentração de tensões e dos seus efeitos na mecânica da fratura, bem como dos aspectos macroscópicos e microscópicos das superfícies de fratura. Propósito O estudo da fratura dos materiais é de fundamental importância para o futuro profissional, já que é uma das falhas mais comuns na engenharia. O entendimento do fator de concentração de tensões, a partir de descontinuidades funcionais de um componente, auxilia o engenheiro no dimensionamento de peças. A fractografia, portanto, é uma ferramenta usual na análise de falhas. Objetivos Módulo 1 Os tipos de falhas por fratura Reconhecer os tipos de falhas por fratura. Módulo 2 Fator de concentração de tensões 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 2/56 Identificar o fator de concentração de tensões. Módulo 3 Efeito de entalhes e trincas na mecânica da fratura Identificar o efeito dos entalhes e trincas na mecânica da fratura. Módulo 4 Aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura Reconhecer os aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura. Introdução 1 - Os tipos de falhas por fratura Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os tipos de falhas por fratura. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 3/56 Vamos começar! Principais tipos de falhas por fratura Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre os principais tipos de falhas por fratura. Aspectos gerais de falhas por fratura O engenheiro é responsável por projetar estruturas, peças, sistemas eletrônicos etc. Contudo, é necessário que a engenharia acompanhe o material da peça ou estrutura para conseguir diagnosticar deteriorações que possam comprometer o funcionamento de um sistema. Exemplo Manutenções programadas para fazer a substituição da peça, evitando custos maiores e mais graves, como a interrupção da produção ou acidentes com operários. O carregamento de uma peça ou estrutura pode ocorrer de três formas: Sem o crescimento de trincas; Com o crescimento estável de trincas; Com o crescimento instável de trincas. De maneira simplificada, uma fratura ocorre quando há a separação de uma peça/estrutura em mais de uma parte devido ao carregamento ao qual ela está submetida. A tensão atuante promove a nucleação e a propagação de uma trinca, que culmina com a falha por fratura. As falhas por fraturas em metais podem ocorrer basicamente de duas formas. Elas acontecem por meio de fratura frágil ou de fratura dúctil, cujos principais aspectos serão abordados em nosso estudo. Dois tipos de fratura ainda são muito importantes na engenharia: a fratura por fadiga (tensões cíclicas) e a fratura por fluência (temperaturas elevadas e tensão constante). Os principais aspectos das fraturas anteriormente citadas são: 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 4/56 Como forma de ilustração, a imagem adiante apresenta um parafuso que falhou por fadiga: Superfície de fratura por fadiga de parafuso. Fratura frágil A fratura frágil apresenta duas características principais. A primeira é que ela ocorre com praticamente nenhuma deformação plástica do Frágil A fratura ocorre com pouca ou nenhuma deformação plástica. Dúctil A fratura acontece com apreciável deformação plástica. Fadiga O fenômeno é caracterizado pela ação de ciclamento mecânico. Fluência O fenômeno se caracteriza pela atuação de uma tensão constante sobre o componente a elevadas temperaturas. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 5/56 material (permanente) e com baixa absorção de energia para o rompimento das ligações atômicas (clivagem). Atenção! Cabe esclarecer que, associada a uma trinca, a fratura frágil apresenta uma rápida propagação, a qual, em geral, é catastrófica. Normalmente, os corpos que falham por fratura frágil geram uma grande quantidade de peças. Um corpo de prova (CP) normatizado ensaiado em uma máquina universal de ensaio de tração romperá sem uma deformação apreciável, enquanto a superfície apresentará um aspecto granular. Observe a imagem a seguir de um CP de aço meio doce ensaiado em tração uniaxial. Note a superfície de fratura granular: CP de aço meio doce rompido no ensaio de tração – fratura frágil. Como afirmam Callister e Rethwisch (2016), além das características anteriormente citadas para as fraturas frágeis, as superfícies de fratura nas quais a falha foi frágil apresentam alguns padrões de repetição. Listemos os principais: Por vezes, aparecem marcas de sargento em forma de “V”; Ocasionalmente, há nervuras que irradiam da origem da trinca; Existe a presença de facetas que correspondem aos planos cristalográficos clivados. A fratura frágil pode ocorrer de duas maneiras distintas. Na primeira, a propagação da trinca movimenta-se ao longo dos contornos do grãos (CG). Trata-se da chamada fratura intergranular, em que ocorre o decoesão dos contornos de grão. Normalmente, essa fratura está associada à "fragilização" do CG pela presença de hidrogênio, carbetos etc. A segunda maneira é aquela em que a trinca percorre planos cristalinos específicos através dos grãos. Tal processo é denominado clivagem, 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 6/56 isto é, a separação de um plano cristalográfico a partir do rompimento das ligações químicas entre os átomos. Essa fratura é chamada de transgranular ou transcrita. A superfície da fratura tem um aspecto granular ou facetada. A imagem a seguir apresenta um esquema em que a trinca se propaga através dos grãos (transgranular), enquanto, na imagem à direita, a fratura é intergranular. Fratura frágil transgranular – clivagem. Fratura frágil intergranular – decoesão dos contornos de grão. Fratura dúctil 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 7/56 Diferentemente da fratura frágil, a dúctil apresenta uma apreciável deformação plástica antes da falha. Essa característica é visualizada pelo empescoçamento do corpo de prova ensaiada em tração uniaxial. Alguns materiais extremamente dúcteis, como o cobre e o ouro, contêm praticamente uma fratura pontual. O mais comum é que ocorra o empescoçamento seguido da fratura. Veja a imagem a seguir. A imagem (a) é típica de um empescoçamento de materiais extremamente dúcteis cuja fratura ocorre praticamente pela ruptura em um único ponto. Na (b), o empescoçamento também ocorre (estricção), mas a ruptura se dá com uma seção reta considerável. Fratura dúctil de um CP em tração. Estágios da formação de uma trinca dúctil Vamos supor um corpo de prova (dúctil) para o ensaio de tração uniaxial. O CP é preso nas garras da máquina, as quais, exercendo tensão normal sobre ele, causam um empescoçamento que culmina com a fratura do CP. Algumas fraturas apresentam as duas partes do CP similares a uma taça e a um cone. A imagem a seguir representa um CP típico para o ensaio de tração uniaxial: 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 8/56 CP para ensaio de tração. Observe a imagem adiante de uma fratura do tipo taça cone de um CP para o ensaio de tração cujo material é o alumínio: Fratura dúctil taça cone de um CP em tração. Durante o ensaio de tração, o corpo de prova dúctil apresenta um pequeno empescoçamentoque pode visto a olho nu, conforme mostra a imagem (a). Em seguida, os microporos nucleiam-se na região central e coalescem, formando um grande vazio de forma elíptica, como indicam as imagens (b) e (c). Na sequência, há um cisalhamento e, por fim, a fratura. Observe as imagens (d) e (e): 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 9/56 Fratura dúctil e seus estágios. A partir da fratura do corpo de prova ensaiado (imagem (e)), é possível observar um desenho que se assemelha a um cone e a uma taça, dando nome à fratura. Essa imagem apresenta a visão lateral de uma das duas partes do CP após a fratura: Regiões da superfície de uma fratura dúctil. Em geral, as fraturas dúcteis apresentam três regiões, como é possível observar na imagem anterior. São as zonas fibrosa, radial e cisalhada. A zona fibrosa apresenta-se na região central da superfície de fratura e corresponde ao início dela. Na zona radial, ocorre a propagação da trinca, enquanto a região cisalhante contém um ângulo de aproximadamente 45º com o eixo mostrado na vista lateral. No ensaio de torção, as superfícies de fratura dos CPs são distintas daquelas apresentadas no ensaio de tração. Para materiais dúcteis, a superfície é perpendicular ao eixo longitudinal do CP. Já para materiais frágeis, o ângulo é de 45º. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 10/56 Fraturas de corpos de prova ensaiados por torção. Transição do comportamento dúctil- frágil Acabamos de estudar as duas formas de fratura (a dúctil e a frágil) a partir de condições bem específicas: ensaio uniaxial de tração (condição estática) e temperatura ambiente. Com isso, estabeleceu-se, de forma resumida, a ideia de que as fraturas dúcteis apresentam uma deformação plástica apreciável, enquanto a fratura frágil transcorre com pouca ou nenhuma deformação plástica. Comentário No entanto, verifica-se que, mudando as variáveis citadas, como, por exemplo, temperaturas elevadas ou baixas, assim como o carregamento dinâmico, a falha por fratura será diferente. Por isso (e sem o objetivo de esgotar o assunto), realizaremos agora algumas considerações sobre a temperatura de transição dúctil-frágil. Temperatura dúctil-frágil No início do século XX, um fenômeno deixava engenheiros e projetistas da época sem argumento científicos para explicá-lo. Os materiais dúcteis que compunham a estrutura de grandes navios apresentavam- se, em condições de temperatura baixa do mar, como materiais frágeis. Trincas enormes cresciam catastroficamente com pouca ou nenhuma deformação plástica. Veja um navio que falhou de maneira catastrófica: 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 11/56 Fratura frágil e abrupta em navio com materiais dúcteis. Ao longo de anos de estudo, os pesquisadores perceberam que a fratura frágil em materiais dúcteis depende da existência de um ou mais fatores, como: Baixas temperaturas; Estado triaxial de tensões; Velocidade alta de deformação. Para conhecer – quando ela existe – a faixa de temperaturas de transição dúctil-frágil, é feito um ensaio dinâmico, denominado ensaio de impacto, cujo esquema da máquina pode ser visualizado adiante. Máquina para ensaio de impacto: Charpy ou Izod. A curva resposta desse ensaio aparecerá na imagem a seguir. É possível notar que, para temperaturas baixas, a absorção de energia pelo corpo de prova ensaiado é baixa, uma característica da fratura frágil. Na sequência, há uma faixa de temperaturas em que a energia absorvida pelo CP aumenta, chegando a valores altos e compatíveis com as fraturas dúcteis. Dessa forma, existe uma faixa de transição de temperaturas na qual um corpo dúctil começa a se comportar como frágil. Gráfico: Curva resposta do ensaio de impacto. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 12/56 A próxima imagem contém três superfícies de corpos de prova de aço SAE 1020 ensaiados por impacto em temperaturas distintas. É possível reconhecer nelas o tipo de fratura. Na imagem (a), por exemplo, a fratura é frágil; na (c), dúctil. Aspecto da superfície de fratura em função da temperatura. Fratura por fadiga Já estudamos as duas fraturas oriundas de um carregamento estático (ensaio de tração): como fraturas frágil e dúctil. Apontamos ainda como a temperatura pode influenciar no tipo de fratura. Trata-se da denominada transição dúctil-frágil, que pode ser verificada a partir do ensaio de impacto, ou seja, com altas taxas deformação. Neste ponto do conteúdo – ainda que sem a pretensão de esgotar o assunto –, apresentaremos o aspecto geral da fratura por fadiga (comum em diversas estruturas e componentes da engenharia). Fratura por fadiga A fadiga é um fenômeno no qual um componente é submetido a ciclos mecânicos que nucleiam uma trinca na fase inicial, ocorre a propagação lenta da trinca e, catastroficamente, acontece a falha por fratura. Muitas ligas metálicas possuem o limite de resistência à fadiga, isto é, um valor abaixo do qual ela não aparece no componente independentemente do número de ciclos (vida infinita). Dica Outras ligas metálicas, porém, não apresentam tal limite. Nesse caso, estipula-se uma vida útil finita em fadiga. O estágio de nucleação de trincas ocorre em regiões nas quais a tensão é localmente aumentada (concentração de tensões). Essa situação pode ocorrer pela presença de defeitos internos, como poros ou inclusões, ou de aspectos, como, por exemplo, as descontinuidades geométricas, por vezes necessárias para a funcionalidade do componente. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 13/56 As trincas da próxima imagem são nucleadas, iniciando-se, com isso, o primeiro estágio da fadiga em um componente sujeito a tensões cíclicas: Nucleação de trincas – fadiga. Na sequência, o ciclamento com tensões trativas promoverá o crescimento lento da trinca e, por fim, uma falha catastrófica e instável. A superfície de fratura por fadiga apresenta evidências bem comuns, como as marcas de praia, a região de instabilidade da fratura e o ponto de nucleação da trinca, as quais, às vezes, são visualizadas sem o auxílio de microscópios. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 14/56 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Adaptada – Fundatec - IGP-RS - perito criminal - engenharia mecânica - 2017) Analise as seguintes afirmativas sobre falha em materiais. I. Dependendo da temperatura de serviço, os materiais dúcteis podem ter o comportamento frágil em fratura. II. As trincas nos materiais dúcteis são instáveis, ou seja, uma vez iniciada, a trinca continuará a se propagar espontaneamente sem aumento no nível de tensão. III. Na maioria dos materiais dúcteis, a trinca frequentemente se propaga por clivagem – quebra de ligações atômicas ao longo de um plano cristalino específico. É correto o que se afirma: A Apenas na afirmativa I. B Apenas na afirmativa II. C Apenas na afirmativa III. D Apenas nas afirmativas I e II. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 15/56 Parabéns! A alternativa A está correta. Algumas ligas ferrosas dúcteis podem apresentar o comportamento frágil a temperaturas baixas. Existe, portanto, uma faixa de transição de temperaturas em que o comportamento do material muda de dúctil para frágil. As fraturas frágeis são instáveis e catastróficas, podendo ocorrer por clivagem (rompimento de ligações atômicas separando os planos cristalinos), enquanto as dúcteis possuem uma apreciáveldeformação plástica. Questão 2 (Adaptada - Cesgranrio - Petrobras - engenheiro de equipamentos júnior - 2011) A classificação entre fratura frágil e dúctil baseia-se na habilidade do material em apresentar deformação plástica substancial com grande absorção de energia antes da fratura. Sobre a fratura frágil, analise as afirmativas a seguir. I - Está relacionada à propagação de trincas e apresenta superfície sem grandes deformações plásticas aparentes, ao contrário da fratura dúctil, que apresenta superfície característica em forma de taça e cone. II - Pode ser analisada por exame microscópico (MEV), denominado fractografia, para observar as microcavidades esféricas remanescentes. III - É possível avaliar a fratura nos contornos dos grãos quando ela apresenta uma forma transgranular. Está correto o que se afirma: Parabéns! A alternativa A está correta. A fratura frágil tem como característica principal o fato de o material absorver pouca energia até a falha. Da mesma forma, a E Apenas nas afirmativas II e III. A Apenas na afirmativa I. B Apenas na afirmativa II. C Apenas na afirmativa III. D Apenas nas afirmativas I e II. E Apenas nas afirmativas II e III. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 16/56 deformação plástica sofrida é quase nenhuma. O contraponto é a fratura dúctil, que possui uma grande absorção de energia e de considerável deformação plástica. Já a fratura taça-cone é típica da fratura dúctil. As microcavidades (dimples) são observadas no MEV, porém se referem a fraturas dúcteis. A fratura frágil pode ocorrer com a trinca percorrendo os contornos de grão, sendo chamada de intergranular. 2 - Fator de concentração de tensões Neste módulo, você será capaz de identi�car o fator de concentração de tensões. Vamos começar! Entendendo o fator de concentração de tensões Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre o fator de concentração de tensões Aspectos gerais do fator de 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 17/56 concentrador de tensões Uma das preocupações do engenheiro é quanto às falhas que componentes ou estruturas podem sofrer. A partir do ensaio de tração uniaxial, propriedades importantes são determinadas. Exemplo A tensão de ruptura e o limite de escoamento. Para corpos com geometria regular e um carregamento externo simples, é fácil, por exemplo, determinar a tensão atuante em dada seção pela relação matemática seguinte: Em que: – é a tensão normal média. – é a força normal atuante na área. A expressão anterior contém um valor médio de tensões em dada região. Na prática, os componentes podem apresentar localmente um valor de tensão bem superior ao valor médio e, eventualmente, iniciar a nucleação e a propagação de uma trinca, resultando em uma falha. Atenção! Esses são pontos críticos aos quais o projetista deve estar atento em seu projeto. Trata-se dos fatores de concentração de tensões, que podem ser geométricos, como furos na peça, mudança na seção reta e presença de defeitos como trinca pontiagudas, entre outros exemplos. A imagem a seguir apresenta um placa com furo central submetida à carga axial trativa. Também aparecem nela as distribuições de tensão média e de tensão real na seção reta que passa pelo centro do furo circular. É possível perceber que, em relação ao valor médio de tensão, alguns pontos apresentam valores superiores ou inferiores. Em particular, junto ao furo, a tensão possui o maior valor. σ = F Área σ F 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 18/56 Distribuição de tensões em um corpo com furo circular. De�nição do fator de concentração de tensões (K) Como afirma Hibbeler (2010), na prática da engenharia, muitas vezes não é necessário descobrir a distribuição real de tensões conforme a anterior. Em certas situações, basta o conhecimento do valor máximo de tensão atuante, e o dimensionamento é feito a partir desse valor. Para situações mais complexas, determina-se experimentalmente o fator de concentração, que é dado pela seguinte relação matemática: Em que: K – fator de concentração de tensões. – máxima tensão provocada pelo fator. – tensão média atuante no corpo, desconsiderando a descontinuidade geométrica. Atenção! Para a determinação de K, a tensão média é a que ocorre na seção resistente líquida (menor seção reta da peça), embora alguns autores considerem a tensão na região sem a descontinuidade. A partir da relação matemática que define o fator de concentração de tensões K, note que esse é um número maior que um, sem unidades (adimensional). O fator de concentração de tensão depende da K = σmáxima σmédia σmáxima σme ́dia 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 19/56 geometria do componente e do modo de carregamento. Considera-se um comportamento elástico linear do material. O efeito de um concentrador de tensão se apresenta mais pronunciado em materiais frágeis do que nos dúcteis. Normalmente o fator de concentração é apresentado em uma série de gráficos em função da geometria da descontinuidade. Observe a imagem adiante: ela contém os fatores de concentração de tensões para chapas, uma peça com furo circular e outra com redução de seção reta. Gráfico: Fatores de concentradores de tensões. Distribuição de tensões – análise numérica Peças com geometria complexa podem ter a avaliação de distribuição de tensões (e de deformações) a partir da aplicação de métodos numéricos (método dos elementos finitos – MEF), utilizando alguns softwares, como, por exemplo, SolidWorks. A imagem a seguir representa uma peça de geometria complexa simulada e a apresentação das tensões atuantes por meio de uma escala de cores. Veja que, nas regiões próximo aos furos circulares e nas de mudança de seção reta, a coloração apresenta-se mais avermelhada, indicando valores mais altos para a tensão. Adoçamento na mudança de seção reta. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 20/56 In�uência da geometria da descontinuidade na concentração de tensões No gráfico anterior, que determina o fator de concentração de tensões K para duas descontinuidades distintas (furo circular e variação da seção reta), é possível inferir que o valor de K independe do material da peça considerada. A imagem sugere que o fator de concentração de tensões é uma função da geometria da barra e do tipo de descontinuidade. Já a imagem a seguir apresenta uma série de adoçamentos na mudança de seção. É possível notar, pelo fluxo das linhas de força, que, na imagem (a), a concentração de tensões é maior e, na figura (c), menor. Adoçamento na mudança de seção reta. A partir de expressões de mecânica dos sólidos, o valor determinado é o da tensão nominal. Contudo, os pontos de concentração de tensões aumentam bastante a tensão localmente. Na imagem (a), a tensão chega a ser três vezes maior que o valor da tensão nominal. Por isso, o projetista precisa ter condições de avaliar o nível de tensões nesses pontos, já que, na maioria das situações reais da engenharia, a tensão apresenta-se dessa forma, seja pela presença de defeitos internos inerentes ao material e à sua fabricação, seja por questões geométricas relacionadas às funcionalidades de muitos componentes mecânicos. Podemos citar como exemplo: Furos circulares. Rasgos. Redução de seção. Roscas. Veja algumas dessas descontinuidades geométricas e os pontos em que ocorrem tensões críticas: 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 21/56 Descontinuidades geométricas e pontos críticos. Estudo matemático das tensõesem uma placa com furo circular Considere uma placa plana infinita com carregamento uniaxial trativo e um furo circular de raio a de acordo com a seguinte representação esquemática: Distribuição de tensões em placa com furo circular e carregamento uniaxial. Conforme afirmam Meyers e Chawla (1982), é possível demonstrar as relações matemáticas que determinam as tensões na placa em função da distância r do centro do círculo, do raio a do furo circular e do ângulo mostrado na imagem anterior. Observe as expressões para a determinação das tensões: No ponto A, mostrado na imagem anterior, a tensão é máxima. Desse modo, substituindo os valores e na segunda expressão matemática, verifica-se que: θ σr = σ 2 ⋅ (1 + a 2 r2 )+ σ 2 ⋅ (1 + 3 a 4 r4 − 4 a2 r2 ) ⋅ cos(2θ) σθ = σ 2 ⋅ (1 + a 2 r2 )− σ 2 ⋅ (1 + 3 a 4 r4 ) ⋅ cos(2θ) σrθ = − σ 2 ⋅ (1 − 3 a 4 r4 + 2 a2 r2 ) ⋅ sen(2θ) θ = π2 r = a 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 22/56 A partir da definição do fator de concentração de tensões para essa descontinuidade (furo circular) e carregamento (carregamento uniaxial trativo), concluímos que K = 3. A partir do mesmo arranjo geométrico e carregamento apresentado na imagem anterior, pode-se determinar a tensão que atua no ponto B. Nesse caso, e . Substituindo esses valores na expressão matemática inicial, vê-se que: Assim, nas condições de carregamento e geometria apresentadas inicialmente, é possível descrever que, no ponto B, atua uma tensão de mesmo módulo que a nominal, porém ela é compressiva e perpendicular ao eixo de aplicação da carga uniaxial. Estudo matemático do efeito do concentrador de tensões em furo elíptico Estudaremos agora o comportamento do concentrador de tensões de um furo elíptico em uma placa plana cujo carregamento uniaxial leva à tensão nominal . A elipse apresenta eixo maior igual a 2a e eixo menor igual a 2b, perpendicular ao eixo de carregamento, e raio de curvatura . Esta imagem ilustra a distribuição de tensões ao longo da linha X-X’ : σθ = σ 2 ⋅ (1 + a 2 a2 )− σ 2 ⋅ (1 + 3 a 4 a4 ) ⋅ cos(2 ⋅ π 2 ) σθ = σ 2 ⋅ (1 + 1) − σ 2 ⋅ (1 + 3) ⋅ (−1) σθ = 3 ⋅ σ = σmáxima (K = σmáxima σmédia ) θ = 0 r = a σθ = σ 2 ⋅ (1 + a 2 r2 )− σ 2 ⋅ (1 + 3 a 4 r4 ) ⋅ cos(2θ) σθ = σ 2 ⋅ (1 + a 2 a2 )− σ 2 ⋅ (1 + 3 a 4 a4 ) ⋅ cos(2 ⋅ 0) σθ = σ 2 ⋅ (1 + 1) − σ 2 ⋅ (1 + 3) ⋅ 1 σθ = −σ σ0 ρe = ρ 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 23/56 Distribuição de tensões em placa com furo elíptico em carregamento uniaxial. O fator de concentrador de tensões K para o furo elíptico é dado pela seguinte expressão: Tomando-se a = b, ocorre o caso de um furo circular. Assim, fazendo a substituição na expressão matemática anterior, encontra-se para o valor de K o seguinte: Esse valor de K = 3 coincide com o valor já determinado para o furo circular. É possível demonstrar, a partir dos conhecimentos de cálculo diferencial e integral, que o raio de curvatura da elipse de eixos maior (2a) e menor (2b) é dado por: Com isso, . Substituindo-se em , vê-se que: Note que, para valores de bem menores que os de a , o fator de concentração pode ser simplificado para . A imagem a seguir apresenta as linhas de força frente a um furo elíptico em uma placa retangular sob carregamento uniaxial trativo, o que revela a concentração de tensões nas extremidades da elipse (observe o “acúmulo” das linhas de força). K = (1 + 2 ⋅ a b ) K = (1 + 2 ⋅ a a ) → K = 3 p ρ = b2 a b = √a ⋅ ρ K = (1 + 2 ⋅ ab ) K = (1 + 2 ⋅√ a ρ ) → σma ́x = σ0 ⋅ (1 + 2 ⋅√ a ρ ) ρ (ρ ≪<< a) K ∼ 2 ⋅ √ aρ 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 24/56 Linhas de força em placa com furo elíptico e carregamento uniaxial. Geometrias particulares de concentradores de tensões Duas descontinuidades foram amplamente discutidas em nosso estudo em relação ao fator de concentração de tensões: o furo circular e o elíptico em uma placa uniaxialmente tracionada. Apresentaremos agora mais algumas descontinuidades comuns na engenharia, mostrando a descontinuidade propriamente dita e os gráficos que relacionam dados geométricos para a determinação do fator de concentração de tensões, sem a abordagem matemática específica. A imagem adiante apresenta uma peça com descontinuidade superficial. Atente para as dimensões apresentadas na imagem. O carregamento é uniaxial trativo. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 25/56 Placa com descontinuidade superficial. A partir da relação geométrica entre as dimensões b e r, e r e h, mostradas na imagem anterior, é possível determinar o fator de concentração de tensão, o que pode ser visualizado no gráfico apresentado nesta imagem: Gráfico: Fator de concentração de tensão para descontinuidade superficial. Na sequência do estudo de geometrias particulares e dos seus efeitos na concentração de tensões, a próxima imagem representa uma redução de seção reta de uma placa retangular com adoçamento (filete de rebaixo) dado pelo raio r. O carregamento da placa é uniaxial, como se pode ver na imagem. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 26/56 Placa retangular com mudança na seção reta. O fator de concentração de tensões associado à descontinuidade da imagem anterior pode ser determinado a partir do gráfico apresentado na imagem a seguir: Gráfico: Fator de concentração de tensão em peças com mudança na seção reta. As imagens seguintes apresentam duas descontinuidades bem frequentes na engenharia: uma barra circular com furo circular passante e uma redução de área de barra circular. Atente para os carregamentos externos (flexão e torção). 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 27/56 Barra circular com furo passante sob flexão. Eixo circular com mudança na seção reta superficial sob torção. Observando os carregamentos em cada uma das imagens, é possível concluir que, na imagem da esquerda, o carregamento é de um momento fletor e que, na direita, o eixo está sob torção. Já os gráficos apresentados nas imagens adiante nos permitem determinar o fator de concentração de tensões K para as duas descontinuidades anteriormente apresentadas. Perceba que o fator K depende das relações geométricas das descontinuidades. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 28/56 Gráfico: Fator de concentração de tensões em barra circular com furo passante sob flexão. Gráfico: Eixo circular com mudança na seção reta superficial sob torção. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 29/56 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Adaptada - IBFC - polícia científica - PR - 2017) Avalie as afirmações a seguir com base no assunto “metalurgia”, atribuindo respectivamente V (verdadeiro) ou F (falso). Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. ( ) Uma descontinuidade geométrica em um corpo, como um furo ou um entalhe, resulta em uma distribuição de tensões não uniforme nas proximidades da descontinuidade. ( ) O efeito de um concentrador de tensão se apresenta mais pronunciado em um material frágil do que em um dúctil. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 30/56 ( ) Nos materiais dúcteis, ocorre a deformação plástica quando a tensão de escoamento é excedida no ponto de tensão máxima.Parabéns! A alternativa D está correta. As descontinuidades geométricas funcionam com fatores de concentrações de tensões, isto é, a presença delas eleva a tensão média, podendo, no caso do furo circular, chegar a ser três vezes o valor da tensão nominal. Um entalhe, por exemplo, é “mais perigoso” em materiais frágeis do que em dúcteis, pois não ocorre acomodação por deformação plástica na ponta da trinca. A acomodação que acontece nos materiais dúcteis diminui a concentração de tensões na ponta da trinca. Questão 2 (Cesgranrio - 2016 - UNIRIO - engenheiro mecânico) Considere o componente estrutural da figura, na qual se percebe a presença de um entalhe. Esse entalhe gera um concentrador de tensão na seção, fazendo com que a tensão normal máxima atuante nela seja superior à tensão nominal. Se e são as tensões normais nominais nas seções 1 e 2, o fator de concentração de tensão é definido pela relação: A V; V; F. B F; V; V. C V; F; V. D V; V; V. E F; V; F. σ1 σ2 A k = σmáxima σ1 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 31/56 Parabéns! A alternativa A está correta. O fator de concentração de tensões é um número adimensional maior que um número determinado a partir da razão entre o módulo da tensão máxima e o da tensão nominal (tensão média), que é calculada a partir da menor seção reta da peça ou do componente. Dessa forma, pela análise da imagem a tensão , ela está associada à menor seção reta. 3 - Efeito de entalhes e trincas na mecânica da fratura Ao �nal deste módulo, você será capaz de Identi�car o efeito dos entalhes e trincas na mecânica da fratura. Vamos começar! Entalhes e trincas – tensões atuantes B k = σmáxima σ2 C k = σmáxima σ1+σ2 D k = σ2σ1 E k = σ1σ2 σ1 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 32/56 Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre entalhes e trincas – tensões atuantes. Aspectos gerais do dimensionamento O dimensionamento de componentes de máquinas e estruturas pode ser conduzido a partir de conceitos gerais da resistência dos materiais (mecânica dos sólidos). Segundo tais conceitos, os limites são impostos a partir de propriedades mecânicas inerentes ao material e determinadas por meio de ensaios mecânicos normatizados, como, por exemplo, o de tração uniaxial. Podemos citar as propriedades mecânicas denominadas limite de escoamento e tensão de ruptura. Nessa situação, algumas questões não podem ser quantificadas, como, por exemplo, defeitos inerentes ao processo de fabricação do material ou pequenos defeitos preexistentes. Localmente, a tensão atuante é capaz de ser bem superior à tensão teórica, podendo haver um colapso da estrutura, mesmo sob solicitações mecânicas inferiores aos valores teóricos tabelados. Uma maneira de tal “problema” ser contornado é utilizar o coeficiente ou fator de segurança. Em linhas gerais, isso torna o projeto conservador. Atenção! Um fator de segurança de 1,5 é utilizado em projetos de vasos de pressão. O limite teórico do material (tabelado) é dividido por 1,5. Para as diversas áreas da engenharia, existem coeficientes de segurança próprios e normatizados. O fator de segurança não consegue assegurar a integridade de componentes quando a fratura envolvida é frágil, mesmo nas situações em que ele é bastante elevado. A teoria da mecânica da fratura se desenvolveu ao longo do século XX a partir das ideias iniciais de Griffith. Ela se trata de uma ferramenta de projeto mais eficiente para o dimensionamento de componentes e estruturas, pois é capaz de prever se determinado defeito com dimensão conhecida irá propagar-se, levando a fraturas catastróficas. Além disso, auxilia no aumento da confiabilidade de um sistema, em relação às fraturas frágeis. A mecânica da fratura apresenta duas vertentes, fornecendo uma argumentação matemática para determinar o crescimento de defeitos como trincas. Gri�th Trata-se do engenheiro aeronáutico inglês Alan Arnold Griffith (1893-1963). 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 33/56 Não considera a nucleação de trincas, e a zona plastificada (ZP) à frente da trinca é pequena em relação às dimensões da trinca. Considera a nucleação das trincas, e a zona plastificada à frente da trinca tem dimensões da mesma ordem de grandeza da trinca. Para ilustrar a importância da mecânica da fratura na engenharia, a próxima imagem destaca uma falha catastrófica na fuselagem de um avião decorrente de carregamentos cíclicos de compressão e descompressão: Falha por fadiga em avião – compressão e descompressão. Entalhes e trincas Inicialmente, precisamos observar que muitos componentes mecânicos apresentam descontinuidades geométricas relacionadas ao seu funcionamento. Chavetas, rasgos, furos e roscas, entre outros itens, são comumente encontrados nas mais diversas peças da engenharia. Já verificamos que essas descontinuidades funcionam como fatores de concentração de tensões (K) nos quais, localmente, a tensão máxima é o produto da tensão média pelo fator K (número adimensional maior que um). A próxima imagem contém uma barra transversal em um motor cuja fixação é feita por meio de um parafuso. Nesse caso, a barra possui, por questões funcionais, um furo circular, ou seja, um fator de concentração de tensões. Mecânica da fratura linear elástica (MFLE) Mecânica da fratura elastoplástica (MFEP) 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 34/56 Componente mecânico com descontinuidade – furo circular para fixação. Outra possibilidade de ocorrência de intensificação da tensão é pela presença de defeitos internos, principal aspecto abordado pela mecânica da fratura. Dependendo do comportamento mecânico do material, a trinca apresentará comportamentos diferentes. Atenção! Em materiais frágeis, o material à frente da trinca não apresenta uma deformação plástica apreciável (a ZP é pequena), contribuindo para a intensificação da tensão e uma possível falha catastrófica. Nos materiais dúcteis, ocorre uma acomodação à frente da trinca devido à deformação plástica considerável (aumento da ZP). Nesse caso, a severidade da concentração de tensões é menor que a presente nos materiais frágeis. A descrição anterior é apresentada, de forma esquemática, na imagem a seguir. É possível notar que as frentes das trincas são distintas. No material dúctil (à direita), há uma acomodação (arredondamento) devido às deformações plásticas apreciáveis, o que não se percebe nos materiais frágeis. Efeito do concentrador de tensões em materiais frágil e dúctil. Qualitativamente, é possível observar as linhas de força, as quais, no material frágil, são mais “agrupadas” que no caso do dúctil, revelando a maior severidade da trinca. Comentário 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 35/56 O aumento da tenacidade, isto é, a resistência de um material à fratura quando uma trinca se faz presente, pode ocorrer em cerâmicos (em tese, trata-se de materiais que apresentam baixa dez acidade à fratura), segundo Callister (2016), pelo emprego da transformação de fases para bloquear trincas. É o aumento da tenacidade por transformação. A imagem adiante representa a introdução de tensões compressivas em um cerâmico de zircônia tetragonal (ZrO2) pela presença da zircônia monoclínica induzida pela tensão. O aparecimento dessas tensões, que são responsáveis por dificultar a propagação da trinca, é explicado pelo aumento do volume em torno da trinca devido à transformação da zircônia tetragonal em monoclínica. Também é possível observar na imagem o campo de tensões em torno da trinca e a presença de tensões compressivas, evitando– ou, pelo menos, dificultando – a propagação da trinca. Aumento de tenacidade em compósitos. Tensões nas proximidades de trincas No estudo mecânico de um corpo, um volume infinitesimal dV pode ser individualizado para a avaliação do estado de tensões. O estado geral de tensão é representado por um conjunto de tensões normais (perpendiculares) e de tensões cisalhantes (tangentes) . Supondo os eixos cartesianos x, y e z, esse volume dV seria um cubo cujas faces são paralelas aos planos xy, xz e yz. Além disso, as tensões teriam os subscritos associados aos eixos, conforme aponta a imagem a seguir. σi τij 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 36/56 Estado geral de tensão em elemento de volume dV. A partir da ideia geral apresentada a respeito de estado geral de tensão, descreveremos as tensões atuantes em um volume infinitesimal nas proximidades de uma trinca, como destaca o esquema desta imagem: Estado geral de tensão nas proximidades de uma trinca. Como destaca Dieter (1981), Irwin apresentou as equações para a determinação das tensões nas proximidades da trinca a partir de um modelo de placa plana fina em um sólido elástico na extremidade de uma trinca (aguda) de comprimento 2c e raio de curvatura em sua ponta igual a . Observe o modelo a seguir:ρ 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 37/56 Modelo proposto por Irwin para o estudo das tensões no entorno de uma trinca. As equações adiante mostram como são determinadas as tensões em um ponto afastado de uma distância r da ponta da trinca: Em que: A tensão nominal é determinada por As equações são válidas para pontos à frente da trinca, tal que . Ainda de acordo com Dieter (1981), a razão é o fator de intensidade de tensões K. Para o modelo de Irwin (placa elástica), esse fator é definido como . Sendo assim, as equações anteriores podem ser reescritas da seguinte maneira: As trincas apresentam três modos de propagação de suas superfícies: σx = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 − sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) σy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 + sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) τxy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 ) σ = P Wt r < r < c ( c2r ) 1 2 σ ⋅ √π ⋅ c σx = K √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 − sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) σy = K √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 + sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) τxy = τyx = K √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (sen( θ 2 ) ⋅ cos( 3θ 2 )) 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 38/56 Modo I (ou de abertura); Modo II (ou cisalhamento puro); Modo III (ou rasgamento). Dependendo do modo de propagação da trinca, as expressões matemáticas anteriores utilizarão como fator de intensidade de tensões os valores de , e . No modo I, a tensão é trativa; nos modos II e III, cisalhante. Modos de propagação de trincas. Kl Kll Klll 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 39/56 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Considere o modelo (placa elástica) proposto por Irwin para o estudo das tensões em torno de uma trinca aguda como o da imagem a seguir. As equações propostas por Irwin para a determinação das tensões dependem do posicionamento do ponto (coordenadas polares), da distância r do ponto até a ponta da trinca e do comprimento da trinca. Deseja-se encontrar a tensão em um ponto localizado sobre o eixo x a uma distância r da ponta da trinca. A opção em que esses valores estão corretamente calculados é: 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 40/56 Parabéns! A alternativa C está correta. A partir do modelo apresentado na figura, um ponto localizado sobre o eixo x está associado ao ângulo = 0°. Dessa forma, sen (0) = 0 e cos(0) = 1. As equações propostas por Irwin para a determinação das tensões nas proximidades da trinca são: Substituindo os valores de seno e cosseno para a situação descrita na questão, vemos que: Questão 2 O engenheiro pode conduzir o dimensionamento de um componente mecânico a partir de princípios e equações que regem a mecânica dos sólidos ou de premissas da mecânica da fratura desenvolvidas no século XX. A respeito do assunto abordado, são feitas as seguintes afirmações: A σx = σy = τxy = σ ⋅ ( c2r ) 1 2 B e σx = σy = σ ⋅ ( c2r ) 1 2 τxy = σ ⋅ ( cr ) 1 2 C e σx = σy = σ ⋅ ( c2r ) 1 2 τxy = 0 D e σx = σy = σ ⋅ ( cr ) 1 2 τxy = σ ⋅ ( 2cr ) 1 2 E e σx = σy = σ ⋅ ( cr ) 1 2 τxy = σ ⋅ ( c2r ) 1 2 θ σx = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 − sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) σy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 + sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) τxy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 ) σx = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos(0) ⋅ (1 − sen(0) ⋅ sen(0)) → σx = σ ⋅ ( c 2 σy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos(0) ⋅ (1 + sen(0) ⋅ sen(0)) → σy = σ ⋅ ( c 2r τxy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 ⋅ cos(0) ⋅ sen(0) ⋅ sen(0) → τxy = 0 Logo, σx = σy = σ ⋅ ( c 2r ) 1 2 e τxy = 0. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 41/56 I – Um projeto que dimensiona peças a partir das premissas da mecânica dos sólidos é menos conservador que dimensionamentos feitos a partir da mecânica da fratura, já que, no primeiro caso, a presença de defeitos é ignorada. II – A mecânica da fratura apresenta duas ramificações, sendo uma delas a MFLE (linear elástica), em que é considerada a nucleação da trinca. No entanto, a zona plastificada (ZP) à frente da trinca deve ter dimensões bem menores que o tamanho do defeito. III – A mecânica da fratura elastoplástica (MFEP) é uma ferramenta de projeto que admite a presença de defeitos na peça ou do componente a ser dimensionado. O raio da zona plastificada (ZP) à frente da trinca é de dimensões comparáveis ao seu comprimento. Analisando as afirmativas, é correto dizer que: Parabéns! A alternativa C está correta. O dimensionamento de um componente mecânico, por exemplo, a partir das premissas da mecânica dos sólidos, desconsidera a presença de defeitos internos. Dessa forma, o fator de segurança acarreta valores menores para a tensão admissível, ou seja, projetos conservadores. A mecânica da fratura é uma ferramenta de projetos desenvolvida durante o século XX, e Griffith é um de seus precursores. Essa mecânica é dividida em dois ramos: a linear elástica (MFLE) e a elastoplástica (MFEP). Em ambas, admite-se a presença de defeitos. As aplicações são feitas para situações distintas. Na MFLE, não é considerada a nucleação das trincas, o comportamento da trinca é linear elástico e, à frente da trinca, a ZP apresenta dimensões bem menores que a dimensão do defeito interno. Já na MFEP, considera-se a nucleação da trinca, e a ZP tem dimensões comparáveis às da trinca. A Apenas a afirmativa I está correta. B Apenas a afirmativa II está correta. C Apenas a afirmativa III está correta. D Apenas as afirmativas I e II estão corretas. E Apenas as afirmativas I e III estão corretas. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 42/56 4 - Aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os aspectos macroscópicos e microscópicos da fratura. Vamos começar! Fractogra�a Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre a fractografia. Entendendo a fractogra�a A fractografia é o estudo da superfície de fratura para o entendimento do mecanismo da falha e a indicação de suas possíveis causas. A falha por fratura ocorre com a separação do corpo em duas ou mais partes.Com isso, surgem as superfícies de fratura. Inicialmente, é preciso evitar certas ações, como tocar as superfícies ou tentar juntá-las, pois muitas informações podem ser retiradas dessa fase. O ideal é realizar o registro dessas superfícies para uma análise cuidadosa posteriormente. Comentário A avaliação da superfície pode ser feita graças à observação de aspectos macroscópicos, ou seja, a técnica de macrografia, em que a 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 43/56 superfície é visualizada à vista desarmada ou com lupas de baixa magnificância (até 50 vezes). Outra possibilidade é a realização da fractografia pelo uso de três tipos de microscópio: o óptico, o eletrônico de varredura (MEV) ou eletrônico de transmissão (MET). A desvantagem da utilização do microscópio óptico diz respeito ao seu poder de aumento com resolução e à profundidade de campo. O MEV apresenta-se como a principal ferramenta utilizada na fractografia. Observe o microscópio óptico (metalúrgico) e o eletrônico de varredura: Modelo de microscópio metalúrgico. Modelo de microscópio eletrônico de varredura (MEV). Fratura frágil e seus aspectos macro 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 44/56 e microscópicos Muitas vezes, apenas pelas indicações macroscópicas da superfície de fratura, é possível determinar o tipo de fratura sofrida pelo componente metálico. A fratura por fadiga, por exemplo, apresenta regiões que são características dessa fratura, como as marcas de praia. Em análises mais detalhadas para se entender o mecanismo da fratura, a utilização da microscopia é fundamental. Comentário Como já apontamos, os microscópios eletrônicos de varredura (MEVs) são instrumentos amplamente utilizados na fractografia. Os MEVs, afinal, possuem maior magnificância (com resolução adequada) e profundidade de campo. Graças a isso, o MEV é capaz de gerar imagens da topografia da fratura. As imagens a seguir (aumento aproximado de 1 a 2 vezes do tamanho real) apresentam as marcas de sargento e as nervuras radiais, aspectos típicos de superfícies de fratura frágil. Elas são traços característicos (aspectos macroscópicos) que podem ser visualizados à vista desarmada ou com lupas de pequenos aumentos. Fratura frágil com a indicação da marcas de sargento. Na imagem anterior, as marcas de sargento em forma de “V” estão evidenciadas. Já suas setas mostram a nucleação da trinca e, posteriormente, a propagação. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 45/56 Fratura frágil com a indicação de nervuras radiais. A imagem anterior representa a superfície de fratura onde são percebidas nervuras radiais (em forme de leque), sendo o início da trinca apontado pela seta. Trata-se, assim, de uma imagem que reforça alguns aspectos macroscópios da fratura frágil. Já apontamos que a fratura frágil pode ocorrer de duas formas distintas: A trinca percorre os contornos de grão enfraquecidos pelo fenômeno da sensitização e pela precipitação de fases frágeis nos contornos, entre outros exemplos. O fenômeno de separação é denominado coesão dos contornos de grão. É a separação dos planos cristalinos, o que ocorre pelo fenômeno da clivagem. Nesse caso, a trinca percorre o interior dos grãos. A superfície da fratura frágil pode se apresentar com aspecto granular ou facetado. Vamos ver algumas imagens que ratificam tais descrições. A próxima apresenta a fractografia, utilizando MEV, de uma fratura transgranular: Fratura intergranular Fratura transgranular ou transcristalina 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 46/56 Fratura frágil transgranular – MEV. A próxima apresenta uma fratura intergranular. Na imagem gerada pelo MEV, é nítido o aspecto tridimensional dos grãos cristalinos, que sofreram decoesão em virtude da fratura. Fratura frágil intergranular – MEV. Em geral, o aumento do teor de carbono em aços, a queda na temperatura de serviço do componente e os entalhes superficiais (concentradores de tensão) revelam-se como condições favoráveis à fratura frágil por clivagem. Para Dieter (1981), a propagação das trincas na frágil fratura transgranular pode ocorrer em planos paralelos que originam os "degraus", e seu acúmulo resulta em uma topografia denominada marcas do rio. Veja agora a superfície de uma fratura frágil ocorrida por clivagem: 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 47/56 Superfície de fratura frágil por clivagem. Fratura dúctil e seus aspectos macro e microscópicos Como apontamos, os MEVs são as principais ferramentas utilizadas na fractografia. Além do poder de magnificância, com resolução adequada, ela conta com uma profundidade de campo que permite a geração de imagens com aspectos tridimensionais. Observe a micrografia da superfície de uma fratura dúctil obtida por meio do microscopia. É possível notar os microvazios ou dimples típicos dessas fraturas: Superfície de uma fratura dúctil típica com a presença de dimples. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 48/56 Já a imagem a seguir apresenta o fenômeno do coalescimento de vazios (explicado anteriormente na formação da fratura dúctil) na região do “empescoçamento” ou na estricção de um corpo de prova no ensaio de tração uniaxial: Imagem de coalescimento de vazios na fratura dúctil. Verifique agora a fractografia, a partir da utilização de um microscópio eletrônico de varredura, de uma liga de alumínio 5182 na qual houve uma fratura dúctil evidenciada pela presença de dimples: Superfície de fratura dúctil – dimples. Aspectos da fratura por fadiga 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 49/56 Como observamos, a fadiga de um material está associada aos esforços cíclicos de uma peça. A falha decorrente da fratura por fadiga ocorre com valores de tensão menores que os determinados por ensaios estáticos, como, por exemplo, o ensaio de tração uniaxial. Dessa forma, o projetista precisa considerar esse fenômeno em várias situações de engenharia. O estudo da superfície de fratura por fadiga apresenta alguns aspectos – mesmo macroscopicamente – bem característicos, como as marcas de praia. Já as estrias, com suas dimensões microscópicas, são visíveis em microscopia eletrônica. A imagem a seguir apresenta a superfície de fatura de um eixo submetido à tensão cíclica. A partir da análise dela, é possível perceber a origem da trinca (nucleação), cujo rasgo superficial funciona como um fator de concentração de tensões, a ruptura final e as marcas de praia. Superfície de fratura por fadiga. Já a próxima imagem representa o aspecto macroscópico da superfície de fratura por fadiga, revelando duas regiões: a região onde a fratura ocorre lentamente (crescimento da trinca) e a fibrosa, em que a fratura é rápida, catastrófica. O aumento da superfície de fratura é de duas vezes (lupa). 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 50/56 Superfície de fratura por fadiga indicando as regiões de propagação lenta da trinca e falha catastrófica. Por fim, a imagem adiante aponta a superfície de fratura por fadiga observada por um microscópio eletrônico de transmissão (MET) com aumento de 9.000 vezes. É possível observar as estrias de fadiga em uma peça de alumínio. Uma marca de praia pode conter milhares de estrias, afirma Callister (2016). Superfície de fratura apresentando estrias de fadiga – MET. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fraturados materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 51/56 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Adaptada - IESES - IGP-SC - 2017) A figura a seguir mostra uma imagem da região fraturada de um aço obtida com o auxílio de um microscópio eletrônico de varredura (MEV) com um aumento de 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 52/56 500 vezes. Também conhecida como fractografia, essa figura apresenta uma característica típica que indica o mecanismo de fratura predominante nessa região. Avalie as afirmativas abaixo sobre o tipo de fratura e suas características, assim como sobre o mecanismo de fratura ocorrido na região apresentada na imagem. I - Cavidades formadas pela coalescência dos microvazios da fratura, indicando uma fratura dúctil. II - Faces de clivagem formadas pela ruptura das ligações entre os átomos seguindo um plano preferencial, o que indica uma fratura frágil. III - Factografia típica da fratura por fadiga, evidenciando as marcas de estrias. É correto o que se afirma: Parabéns! A alternativa E está correta. Oriunda do MEV, a imagem da superfície de fratura apresenta dimples (cavidades) típicas das fratura dúcteis. A clivagem está associada à fratura frágil. Visualizadas em microscópios eletrônicos, as marcas de estrias se apresentam como “ranhuras paralelas”. Questão 2 A fractografia é o estudo da superfície das superfícies de falhas ocorridos em um material. O MEV é a principal ferramenta para isso A Apenas nas afirmativas II e III. B Apenas nas afirmativas I e II. C Apenas na afirmativa III. D Apenas na afirmativa II. E Apenas na afirmativa I. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 53/56 pelo fato de possibilitar uma visão em profundidade. Observe a superfície da fratura de um eixo (observado com o auxílio de uma lupa, que proporciona pequenos aumentos): A respeito da fratura ocorrida e das características visualmente perceptíveis, é correto afirmar que: Parabéns! A alternativa E está correta. A superfície de fratura (macroscópica) apresentada é típica da falha por fadiga (componentes submetidos a tensões cíclicas). A presença das marcas de praia aparece tipicamente em fraturas por fadiga. As estrias também caracterizam a fadiga, embora sejam visíveis em microscópios eletrônicos. A A fratura é dúctil, típica de componentes sujeitos ao carregamento de tração uniaxial com a presença da dimples. B A fratura é frágil, típica de componentes sujeitos ao carregamento de tração uniaxial com a presença da clivagem, isto é, o deslocamento de planos cristalinos. C A fratura é típica de componentes sujeitos ao fenômeno de fadiga (ciclamento mecânico), havendo a presença das marcas de rio. D A fratura é típica de componentes sujeitos ao fenômeno de fadiga (ciclamento mecânico), havendo a presença das marcas de estria. E A fratura é típica de componentes sujeitos ao fenômeno de fadiga (ciclamento mecânico), havendo a presença das marcas de praia. 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 54/56 Considerações �nais Estudamos neste conteúdo a fratura dos materiais. Inicialmente, fizemos uma abordagem genérica da falha de um material por fratura. Na sequência, mostramos as fraturas frágil, dúctil e por fadiga. Na fratura frágil, apontamos os caminhos percorridos pela trinca, caracterizando a trinca transgranular e a intergranular. Descrevemos os fenômenos de clivagem e decoesão dos contornos de grão. Além disso, falamos sobre a fratura dúctil e seus estágios de formação. Destacamos o fenômeno de fadiga, associado ao ciclamento de tensões, e a fratura associada, revelando características dessa fratura. Pontuamos ainda a possibilidade de um material dúctil falhar por fratura frágil em decorrência das baixas temperaturas. É a chamada transição dúctil-frágil. Em seguida, definimos o fator de concentração de tensões, explorando matematicamente as tensões nas proximidades de furos circulares e elípticos em placas. Apresentamos descontinuidades diversas, bem como as curvas que determinam o fator de concentração de tensões, em função da geometria. Na sequência, conhecemos o efeito de entalhes e trincas na mecânica da fratura, apontando a determinação matemática de tensões nas proximidades de trincas. Por fim, realizamos o estudo das superfícies de fratura: a fractografia. Abordamos os aspectos macroscópicos e microscópicos das fraturas frágil e dúctil, destacando as imagens da superfície de fratura observadas por meio da microscopia eletrônica de varredura (MEV) e de transmissão (MET). Podcast Neste podcast, você conhecerá um pouco mais sobre a fratura dos materiais. Explore + 29/03/2024, 10:15 Introdução à fratura dos materiais https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04338/index.html# 55/56 Leia este trabalho apresentado no 47º Congresso Brasileiro de Cerâmica: YOSHIMURA, H. N.; REGO, A. J. C.; OCHIAI, R.; CAMARGO, A. C. DE. Análise de falhas de segmentos de ferrita rejeitada na linha de montagem do corpo de borboleta eletrônico. 47º Congresso Brasileiro de Cerâmica. João Pessoa. jun. 2003. Referências BEER, F. 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