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29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 1/62 Mecânica da fratura linear elástica e elasto- plástica Prof. Julio Cesar José Rodrigues Junior Descrição Apresentação e discussão dos principais aspectos teóricos da mecânica da fratura e de suas duas vertentes — a linear elástica (MFLE) e a elasto-plástica (MFEP) —, além da descrição do CTOD e da aplicação em projetos de engenharia. Propósito O controle do fenômeno da fratura frágil e catastrófica em componentes ou estruturas é um ponto de destaque na atuação profissional do engenheiro. A mecânica da fratura possibilita a determinação do tamanho crítico do defeito para dada tensão de trabalho. Assim, é importante que futuros engenheiros conheçam os modelos propostos e as técnicas da MFLE e da MFEP. Preparação Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha em mãos uma calculadora científica ou use a calculadora de seu smartphone/computador. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 2/62 Objetivos Módulo 1 Mecânica da fratura linear elástica Reconhecer a mecânica da fratura linear elástica (MFLE). Módulo 2 Mecânica da fratura elasto-plástica Reconhecer a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP). Módulo 3 Medidas de abertura de trinca Analisar as medidas de abertura de trinca. Módulo 4 Desenvolvimento da técnica de CTOD Analisar o desenvolvimento da técnica de CTOD. Introdução 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 3/62 Olá! Antes de começarmos, assista ao vídeo e compreenda os conceitos que serão abordados neste conteúdo. 1 - Mecânica da fratura linear elástica Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a mecânica da fratura linear elástica (MFLE). Vamos começar! O que é a mecânica da fratura linear elástica Confira agora os principais aspectos que serão abordados neste módulo. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 4/62 Aspectos gerais da mecânica da fratura A partir do início do século XX, houve o desenvolvimento de uma ferramenta matemática denominada mecânica da fratura. Mas qual seria a importância dessa ferramenta para a engenharia? Em resumo, não há como garantir que um material seja fabricado sem algum tipo de defeito. Os defeitos são inerentes aos processos de fabricação e, por isso, é fundamental seu estudo para o dimensionamento dos projetos. Alguns exemplos de trincas em materiais são: riscos profundos, vazios em soldas, inclusões em fundidos ou forjados etc. Assim, o projetista deve conhecê-los e considerá-los no dimensionamento de componentes e estruturas. Duas vertentes da mecânica da fratura foram desenvolvidas: Utilizada no dimensionamento de estruturas que podem fraturar sem apreciável deformação plástica. Tipicamente, materiais de alta resistência têm baixa ductilidade e a metodologia é adequada. Outra questão decorrente é que a região à frente da trinca tem pequena plastificação, isto é, tem dimensões bem menores que os defeitos. É a denominada zona plástica (ZP). Utilizada no dimensionamento de materiais com apreciável deformação plástica, ou seja, a zona plástica (ZP) apresenta dimensões comparáveis às do defeito. Tem aplicação em aços Mecânica da fratura linear elástica (MFLE) Mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP) 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 5/62 estruturais de resistência mecânica baixa ou média. A MFEP complementa a MFLE em suas limitações de aplicabilidade. Observe a imagem que ilustra um defeito e a zona plástica (ZP) à frente da trinca para as duas vertentes da mecânica da fratura: Zona plástica (ZP) à frente de uma trinca. Vemos que um componente com uma trinca superficial é tracionado e, à frente da trinca, ocorre a plastificação. Na imagem (a), a ZP tem dimensões bem menores que as da trinca. A indicação é a aplicação da MFLE, enquanto, na imagem (b), com ZP de dimensões comparáveis às dimensões do defeito, a MFEP é a preferível e a mais adequada. Saiba mais A MFLE consegue descrever matematicamente as tensões (linear elástico) que atuam na vizinhança de uma trinca, ou seja, na ponta da trinca. Tenacidade à fratura A teoria da MFLE tem seus pilares no conceito da propriedade de um material, a tenacidade à fratura. Em linhas gerais, é uma propriedade do material que quantifica sua resistência em relação à fratura frágil. Essa nova ferramenta de projeto, a MFLE, não previne a nucleação de trincas, mas sim evita que seu crescimento conduza a uma fratura catastrófica. Depois que é determinado o tamanho crítico de um defeito, sob condições particulares de carregamento, o comprimento deve ser monitorado por meio de ensaios não destrutivos como os ensaios de raios-X, os de ultrassom etc. Portanto, há um monitoramento para que esse tamanho crítico da trinca não seja alcançado, evitando-se a falha por fratura catastrófica (frágil). 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 6/62 Força coesiva teórica dos metais Os metais são os materiais mais utilizados nas engenharias estruturais civil, mecânica, aeronáutica etc. Um dos motivos é a combinação de resistência mecânica elevada, associada a deformações plásticas (permanentes). De acordo com Dieter (1981), a resistência é devido às forças de coesão entre os átomos e, normalmente, estão associadas a constantes elásticas e a pontos de fusão elevados. Observe, no gráfico, como a força de coesão entre dois átomos varia em função da distância que os separa: Força de coesão entre dois átomos em função da distância. Pela natureza elétrica dos átomos (cargas negativas — elétrons — e cargas positivas — prótons), existem as forças atrativas e repulsivas que competem entre si. O gráfico apresentado mostra o valor resultante dessas forças para um afastamento dos átomos durante a deformação, em tração. Note que a resistência máxima ocorre no “extremo” da curva do gráfico. É comum a aproximação da curva do gráfico anterior para uma senoide (observe a linha tracejada) e, portanto, podemos determinar a tensão em função da tensão máxima pela seguinte expressão: Do cálculo diferencial, pequenos valores do argumento da função seno, em radianos, são iguais ao seno. Assim, para pequenos deslocamentos σ = σmax ⋅ sen( 2πx λ ) 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 7/62 “x” dos átomos, a equação anterior pode ser reescrita da seguinte maneira: Considerando, ainda, que o afastamento dos átomos ocorre no regime elástico, em que a Lei de Hooke é válida, temos que: Portanto: Na fratura de um material frágil, a energia "gasta" deve ser igual à energia para criar duas superfícies, . É possível, então, reesecrever a equação anterior como: Há uma grande discrepância entre os valores teóricos e os valores reais para fraturar materiais frágeis. Griffith foi um dos primeiros, há cerca de 100 anos, a desenvolver uma teoria para explicar tal diferença nos valores. Teoria de Gri�th da fratura frágil Griffith tenta explicar a grande diferença nos valores entre a força coesiva teórica e a associada à fratura, em condições reais. Esse é o primeiro passo para a mecânica da fratura. O trabalho de Griffith utilizou material frágil com muitos defeitos internos que, qualitativamente, explicava a discrepância de valores, a partir da ideia de concentradores σ = σmax ⋅ 2πx λ (σ = E. ε) σ = E ⋅ ΔL L0 = E ⋅ x a0 σmax ⋅ 2πx λ = E ⋅ x a0 σmax = E ⋅λ 2π ⋅ a0 γS σmax = ( E ⋅ γS a0 ) 1 2 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 8/62 de tensões locais que fariam a tensão, localmente, elevar-se mantendo a tensão nominal em níveis baixos. Sua teoria utiliza um modelo de placa plana infinita de espessura desprezível com um furo elíptico passante, basendo-se na aplicação da Primeira Lei da Termodinâmica. Observe: Placa plana de material frágil com furo elíptico – Teoria de Griffith. O crescimento de uma trinca pode ocorrer sob a condição de conservação de energia. Assim, o aumento da energia superficial é igual, em módulo, à energia associada à deformação elástica. Matematicamente, a tensão necessária para a propagação da trinca é dada por: Em que: é o módulo de elasticidade; é a energia superficial; é metade do comprimento da trinca. σ = ( 2 ⋅ E ⋅ γS π ⋅ a ) 1 2 E γS a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 9/62 Exemplo 1 Uma placa plana fina de material idealmente frágil apresenta uma trinca elíptica de comprimento 0,2mm. A tensão necessária para o crescimento dessa trinca é . Uma outra placa plana fina, do mesmo material, apresenta uma trinca elíptica de 1,8mm. Qual a tensão para a propagação da trinca nessa última placa? Solução 1ª placa: comprimento da trinca 2a = 0,2mm, logo a = 0,1mm 2ª placa: comprimento da trinca 2a = 1,8mm, logo a = 0,9mm Para as placas, podemos escrever que: Dividindo-se as equações, temos que: Assim, é possível inferir que, para dado material, maiores valores para o comprimento da trinca implicam tensões menores para a ruptura. Griffith apresentou uma expressão similar para determinar a tensão para a propagação de uma trinca elíptica em uma placa plana frágil, mas com dimensões não desprezíves, dada por: Nessa expressão, Griffith considerou , o coeficiente de Poisson. σ σ = ( 2 ⋅ E ⋅ γS π ⋅ 0, 1 ) 1 2 σ′ = ( 2 ⋅ E ⋅ γS π ⋅ 0, 9 ) 1 2 σ σ′ = √ 0, 9 0, 1 → σ′ = σ 3 σ = ( 2 ⋅ E ⋅ γS π ⋅ a ⋅ (1 − v2) ) 1 2 v 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 10/62 Exemplo 2 (CALLISTER, 2016, p. 208). Uma placa relativamente grande de um vidro é submetida a uma tensão de tração de 40 MPa . Se a energia de superfície específica e o módulo de elasticidade para esse vidro são de e de , respectivamente, determine o comprimento máximo de um defeito de superfície que pode existir, sem que ocorra a fratura da placa de vidro. Solução Adequação das unidades: e defeito superficial (ver imagem anterior) Placa plana de material frágil com furo elíptico – Teoria de Gri�th. Substituindo: 0, 3J/m2 69GPa E = 69.109Pa,σ = 40.106Pa σ = ( 2 ⋅ E ⋅ γS π ⋅ a ) 1 2 40.106 = ( 2 ⋅ 69 ⋅ 10 9 ⋅ 0, 3 π ⋅ a ) 1 2 1600.1012 = 2 ⋅ 69 ⋅ 109 ⋅ 0, 3 π ⋅ a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 11/62 Mecânica da fratura linear elástica Dentro da teoria desenvolvida na mecânica da fratura, a ferramenta denominada mecânica da fratura linear elástica (MFLE) pode ser utilizada em dimensionamento de componentes ou estruturas em que a deformação plástica (permanente) não seja relevante. Tem apresentado grande sucesso na estimativa de tamanhos críticos para defeitos, ou seja, é indicado um tamanho máximo para que o defeito não promova a fratura frágil e, durante a vida do componente, ensaios não destrutivos (END) são realizados a fim de acompanhar o crescimento da trinca. Uma aplicação da MFLE é para aços de alta resistência ou que apresentam baixa ductilidade. Conforme imagem vista, a MFLE apresenta aplicabilidade com sucesso quando a zona plástica (ZP), à frente de trinca, tem dimensões bem menores que as dimensões da trinca. Zona Plástica (ZP) à frente de uma trinca. Modos de deslocamentos de trinca Considerando um material isotrópico, o deslocamento da superfície de uma fratura pode ocorrer de três modos distintos. Os três modos são: Modo I Refere-se à tensão trativa que atua na trinca, sendo aplicada na direção do eixo y, perpendicular às faces da trinca. a = 8, 24.10−6m 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 12/62 Modo II Refere-se à tensão cisalhante que atua na trinca, sendo aplicada na direção do eixo x, tangente às faces da trinca. Modo III Refere-se à tensão cisalhante que atua na trinca, aplicada na direção do eixo z, tangente às faces frontais da trinca. Observe o esquema com os diferentes deslocamentos: Modos de abertura de uma trinca. Comentário O modo de abertura pode ser uma combinação dos três modos padrão (I, II e III). O modo de abertura de trinca I é o mais frequente na engenharia. Fator de intensidade de tensão Uma trinca impõe um campo de tensões no material em sua volta que depende da geometria da trinca e do material. O parâmetro K, fator de intensidade de tensão, associa-se à magnitude do campo de tensão e seu valor crítico é uma propriedade do material conhecida como tenacidade à fratura. De acordo com SPIM (2017), existem várias funções determinadas para as mais variadas configurações de componentes e trincas, do tipo: A tensão crítica para que uma trinca de comprimento se propague é relacionada por um parâmetro , denominado tenacidade à fratura, de acordo com a seguinte expressão: K = f(σ, a) (σc) a KC 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 13/62 Como é apresentada em , é possível concluir que é um coeficiente adimensional (sem unidades) e depende da geometria do defeito, bem como dos modos básicos de propagação da trinca (modos I, II ou III). Conforme afirma Callister (2016), Y apresenta diversos valores. Para amostras planas e trincas bem inferiores à largura, seu valor é unitário. O pode ser utilizado no dimensionamento de corpos que fraturam fragilmente (alta resistência mecânica). Para o caso em que a abertura da trinca acontece de acordo com o modo I, recebe a denominação . Atenção! é tenacidade à fratura de um material na condição plana, sendo uma propriedade do material dependente de vários fatores, como a temperatura, a taxa de deformação etc. Campo de tensões na ponta de uma trinca Irwin, no século passado, propôs um modelo para o estudo das tensões nas proximidades de uma trinca. Seu modelo considerou uma placa fina elástica com uma trinca de comprimento 2c, aguda e com o raio de curvatura na extremidade , veja: KC = Y ⋅ σC ⋅ √π ⋅ a KC MPa√m Y Kc KIc KIC = Y ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a KIC ρ 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 14/62 Modelo proposto por Irwin para o estudo das tensões no entorno de uma trinca. As equações propostas por Irwin para a determinação das tensões nas proximidades da trinca ( dependem dos modos de abertura da trinca (I, II ou III), apresentados no ponto anterior. A seguir são apresentadas as expressões matemáticas para a determinação das tensões. Em que K é o fator de intensidade de tensão associado ao modo de abertura da trinca, ou seja, para os modos I, II e III, têm-se, respectivamente, e Comentário O modo de abertura pode ser uma combinação dos modos padrão apresentados (I, II e III). ρ < r < c) σx = K √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 − sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) σy = K √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (1 + sen( θ 2 ) ⋅ sen( 3θ 2 )) τxy = τyx = K √2 ⋅ π ⋅ r ⋅ cos( θ 2 ) ⋅ (sen( θ 2 ) ⋅ cos( 3θ 2 )) KI ,KII KIII 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html#15/62 Projetos - Mecânica da fratura linear elástica A partir das considerações de aplicação da MFLE, ou seja, de que materiais de altíssima dureza e com pouca deformação plástica anterior à fratura ou, ainda, a zona plástica à frente da trinca tem dimensões bem inferiores às dimensões da trinca, é possível dimensionar projetos a partir da tenacidade à fratura, da tensão e do tamanho da trinca. Considerando-se o valor de , isto é, a tenacidade à fratura no estado plano de deformação (EPD), dois são os caminhos possíveis. Dado um valor de trinca pré-existente (a), é possível determinar a tensão crítica para que não ocorra a fratura. A expressão matemática é dada por: A segunda possibilidade é determinar o tamanho crítico da trinca para que não ocorra fratura frágil sob dado carregamento . Matematicamente, tem-se a seguinte expressão: Para se assegurar que o estado plano de deformações (EPD) seja garantido, a seguinte relação matemática pode ser utilizada, comparando-se a espessura do CP e o comprimento da trinca com o valor da expressão , tal que: Em que é a tensão de escoamento do material. Exemplo Kıc σc ≤ KIC Y ⋅ √π ⋅ a (σ) ac ≤ 1 π (KIC σ.Y ) 2 t a 2, 5 ⋅ ( KICσe ) 2 t e a ≥ 2, 5 ⋅ (KIC σe ) 2 σe 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 16/62 (GARCIA; SPIM; DOS SANTOS, 2017). Um componente mecânico de grandes dimensões deve ser fabricado com ligas de alumínio, de diferentes propriedades mecânicas finais. A liga 2024 T351 apresentou limite de escoamento de e tenacidade à fratura , ao passo que a liga T651 apresentou 505 MPa e . Pergunta-se: a) Se a espessura das chapas é de 10mm, tem-se condição de deformação plana? b) Em caso afirmativo, qual será o tamanho da trinca se for admitida uma tensão de trabalho de 200 MPa e Y = 1? Solução Resposta a) Para saber a respeito do estado plano de deformação, a seguinte relação deve ser satisfeita: Liga 2024: O enunciado apresenta espessura da chapa igual a 10mm. Logo, o EPD não é satisfeito. Liga 7075: Para essa liga de alumínio, o EPD é satisfeito. Resposta b) Para a liga de alumínio 7075 – T651: 325MPa 36MPa√m 7075− 29MPa√m t ≥ 2, 5 ⋅ (KIC σe ) 2 t ≥ 2, 5 ⋅ ( 36 325 ) 2 = 0, 031m = 31mm t ≥ 2, 5 ⋅ (KIC σe ) 2 t ≥ 2, 5 ⋅ ( 29 505 ) 2 = 0, 0082m = 8, 2mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 17/62 ac = 1 π (KIC σ.Y ) 2 ac = 1 π ( 29 200.1 ) 2 = 0, 0067m = 6, 7mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 18/62 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Um corpo de prova (CP) de aço 4340 apresenta espessura e tem uma trinca de comprimento . O CP será ensaiado em tenacidade à fratura. Suponha que o material tenha a tenacidade à fratura de e tensão de escoamento de 1650 MPa. Dessa forma, é correto afirmar que Parabéns! A alternativa B está correta. 1cm 4cm 50MPa√m A o corpo de prova será ensaiado em tenacidade à fratura na condição de estado plano de tensões (EPT). B o corpo de prova será ensaiado em tenacidade à fratura na condição de estado plano de deformações (EPD). C o corpo de prova será ensaiado em tenacidade à fratura na condição de estado plano misto. D não é possível afirmar a condição do corpo de prova, uma vez que não foi apresentada a tensão de ruptura. E sob quaisquer condições, o ensaio de impacto para avaliar a tenacidade à fratura sempre se encontra no estado plano de tensões (EPT). 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 19/62 Para saber se um corpo de prova estará na condição de estado plano de deformação (EPD), a seguinte condição matemática deve ser satisfeita: Espessura 1cm = 10mm e comprimento da trinca 4cm = 40mm são maiores que 2,295mm. Dessa maneira, é possível afirmar que o estado é plano de deformação (EPD). Questão 2 Uma grande chapa é fabricada em aço, que tem tenacidade à fratura em deformação plana de . Se, durante seu uso em serviço, a chapa ficar exposta a uma tensão de tração de 200 MPa, determine o comprimento mínimo de uma trinca superficial que levará à fratura. Considere que o valor do fator adimensional Y seja igual a 1. Parabéns! A alternativa B está correta. O enunciado já apresenta a informação de estado plano de deformação. A partir da expressão a seguir, é possível determinar o tamanho crítico para a fratura. t e a ≥ 2, 5 ⋅ (KIC σe ) 2 t e a ≥ 2, 5 ⋅ ( 50 1650 ) 2 = 0, 002295m = 2, 295mm 55MPa√m A 22mm B 24mm C 25mm D 27mm E 28mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 20/62 2 - Mecânica da fratura elasto-plástica Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP). Vamos começar! Fundamentos da mecânica da fratura elasto-plástica Confira agora os principais aspectos que serão abordados neste módulo. ac = 1 π (KIC σ.Y ) 2 ac = 1 π ( 55 200.1 ) 2 = 0, 0240m = 24mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 21/62 Aspectos gerais da MFEP A teoria da mecânica da fratura iniciou seu desenvolvimento no século XX, nos idos de 1920, tendo os primeiros registros associados aos estudos desenvolvidos por Griffith que, de maneira simples, associou esforços em materiais frágeis e tamanho do defeito, a partir de um estudo de balanço energético conservativo. Inicialmente, essa abordagem não era aplicável a metais. Vários esforços foram envidados para aplicar a teoria de Griffith em metais, mas falharam. Ao longo dos anos, Irwin considerou o alívio de tensões para a teoria desenvolvida por Griffith e, pela primeira vez, a mecânica da fratura era usada para materiais metálicos. Assim, criou-se a mecânica da fratura linear elástica (MFLE) e suas restrições levaram ao desenvolvimento da mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP) junto ao desenvolvimento dos conceitos de CTOD (crack tip openning displacement, ou deslocamento da abertura da ponta da trinca) e da Integral-J. Vários outros pesquisadores contribuíram para o desenvolvimento da mecânica da fratura, com aplicações diversas na engenharia. A mecânica da fratura teve um grande impulso após o ocorrido com os navios Liberty, durante a Segunda Guerra Mundial, pois os cientistas e os engenheiros queriam entender por que trincas imensas cresciam abruptamente com pouca ou nenhuma deformação plástica, circundando os navios, levando-os a falhas catastróficas. Observe agora a imagem de um navio que falhou por fratura, de acordo com a descrição anterior: 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 22/62 Fratura catastrófica em navios Liberty. De forma bem simples, a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP) ocupa a posição em que a mecânica da fratura linear elástica (MFLE) apresenta restrições de aplicabilidade, como quando a zona plástica à frente da trinca é comparável às dimensões da trinca ou, em termos de engenharia, metais com elevadas ductilidade e tenacidade à fratura. Observe agora um gráfico da tensão para ocorrência da falha em função do comprimento a da trinca: Gráfico tensão de fratura X comprimento da trinca. O desenho 1, em que a região à frente da trinca apresenta grande volume da zona plastificada, representa o caso em que a MFEP é utilizada para dimensionamentos. Relembrando Como foi abordado, a MFLE tem grande aplicação quando a ZP fica restrita, apresentando dimensões bem inferiores àsdimensões da trinca. No entanto, a MFEP foi desenvolvida para a utilização nos casos em que os materiais têm comportamento não linear independente do tempo (deformação plástica). Os dois parâmetros associados à MFEP são CTOD e Integral-J, porém seus valores críticos fornecem medidas da tenacidade à fratura. Os dois parâmetros citados são utilizados para o dimensionamento de projetos para materiais no regime elasto-plástico. A imagem a seguir apresenta um gráfico tensão X deformação para um material elasto- plástico ideal: 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 23/62 Curva tensão X deformação – material elasto-plástico ideal. Em resumo, aços de média ou baixa resistência mecânica cobrem uma vasta gama dos materiais utilizados nas estruturas da engenharia. Essas duas classes de materiais apresentam elevadas ductilidade e tenacidade à fratura. Por isso, a zona plástica (ZP) apresenta-se bem maior que no caso dos aços de alta resistência mecânica (aplicação da MFLE). Mesmo com elevada ductilidade, esses materiais podem sofrer uma falha por fratura catastrófica. Dessa forma, a mecânica da fratura aplicada ao projeto de engenharia determina a carga crítica de uma estrutura pelo cálculo das dimensões e localizações dos defeitos iniciais, vem suprir uma grande lacuna na compreensão do mecanismo de falha de componentes estruturais CTOD (Crack tip opening displacement) Apenas uma introdução sobre CTOD será abordada aqui, priorizando os aspectos qualitativos da metodologia, uma vez que, mais à frente haverá um aprofundamento acerca do assunto. No desenvolvimento da MFEP, uma metodologia foi desenvolvida por Wells para o estudo da trinca com uma zona plástica (ZP) de dimensões consideráveis à frente da trinca. É a metodologia do CTOD que quantifica a capacidade do material de se deformar plasticamente antes da fratura. É a distância entre as duasδ 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 24/62 superfícies da trinca, a partir da ponta da trinca. Veja agora a trinca e sua abertura : CTOD – Esquema de afastamento das faces da trinca. Note que em materiais dúcteis é possível que as superfícies se separem sem um avanço efetivo da trinca. É a presença da região plastificada de tamanho significativo, na frente da trinca. Observe a zona plastificada à frente da trinca nesta imagem: Abertura da trinca (CTOD) com a ZP à frente da trinca. Uma maneira simples de estimar o valor de é observar a imagem anterior e verificar o aumento do perímetro da zona plástica. Supondo que, na situação inicial, o perímetro da ZP seja igual a e, posteriormente, , é fácil perceber que o valor da abertura da trinca é igual a Cabe ressaltar que, para que ocorra o devido crescimento da trinca, é necessário que o CTOD seja uma função do material, da temperatura e da taxa de deformação (quando os materiais forem influenciados). δ δ 2p 2p′ δ 2p′ − 2p 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 25/62 Tensão crítica de falha na MFEP Uma abordagem possível para o estudo de trincas em materiais com ductilidades média ou alta na MFEP, é utilizar o conceito de comprimento de trinca equivalente , tal que o tamanho equivalente é a soma do tamanho real da trinca com o raio da zona plástica (ZP). A seguir são evidenciadas a trinca real, de tamanho , a trinca equivalente e a com raio : Esquema da trinca equivalente para estudo na MFEP. Analisando a imagem anterior, é possível identificar o tamanho da trinca equivalente, dado pela expressão: Determinação aproximada da zona plástica da ponta de uma trinca Conforme afirma Gdoutos (2005), podemos obter alguns resultados úteis sobre a forma da zona plástica a partir de cálculos aproximados. Inicialmente, considera-se o modo I de abertura de trinca e o critério de Von Mises. Assim, é possível determinar o raio da zona plástica (ZP) de acordo com a seguinte equação: (aeq) (rp) a ZP rp aeq = a + rp rp(θ) = 1 4π ⋅ (KI σe ) 2 ⋅ ( 3 2 sen2 θ + 1 + cos θ) 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 26/62 A extensão da zona plástica, ao longo do eixo da trinca, ou seja, para , é determinada substituindo-se o ângulo na expressão anterior. Logo, temos que: Fator de intensidade de tensão corrigido – MFEP O fator de intensidade para a mecânica da fratura linear elástica (MFLE) é dado pela seguinte expressão: A partir do conceito de trinca equivalente, o fator para a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP) será dado por uma expressão similar à primeira: A partir do conceito de trinca equivalente , podemos reescrever a equação anterior como: Ao substituirmos o valor do raio da ZP, , na expressão matemática apresentada temos que: θ = 0∘ (θ = 0∘) rp(θ) = 1 4π ⋅ (KI σe ) 2 ⋅ ( 3 2 sen2 0 + 1 + cos 0) rp = 1 4π ⋅ (KI σe ) 2 ⋅ ( 3 2 ⋅ 0 + 1 + 1) rp = 1 2π ⋅ (KI σe ) 2 K K = Y ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a K = Y ⋅ σ ⋅ √π ⋅ aeq (aeq = a + rp) K = Y ⋅ σ ⋅ √π ⋅ (a + rp) rp = 12π ⋅ ( KI σe ) 2 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 27/62 Agora é preciso reescrever a equação. Vamos iniciar elevando ao quadrado os dois lados da igualdade. Portanto, teremos que: Fazendo as devidas manipulações algébricas na expressão anterior, podemos escrever que: Ou, ainda: Extraindo a raiz quadrada em ambos os lados da equação, temos que: Por fim, temos a expressão matemática para determinar o valor de K. Conforme Rosa (2002), é possível adequar a expressão anterior, tal que: K = Y ⋅ σ ⋅ π ⋅ (a + 1 2π ⋅ ( K σe ) 2 ) ⎷K 2 = Y 2 ⋅ σ2 ⋅ π ⋅ (a + 12π ⋅ ( Kσe )2)K 2 − Y 2 ⋅ σ2 ⋅ π 12π ⋅ ( Kσe )2 = Y 2 ⋅ σ2 ⋅ π ⋅ aK 2 [1 − 12 ⋅ ( Y ⋅ σσE )2] = Y 2 ⋅ σ2 ⋅ π ⋅ a K ⋅ [1 − 1 2 ⋅ ( Y ⋅ σ σE ) 2 ] 1 2 = Y ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a K = Y ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a ⋅ [1 − 1 2 ⋅ ( Y ⋅ σ σE ) 2 ] − 12 K = Y ⋅ YP ⋅ σ ⋅ √π ⋅ a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 28/62 Em que é um fator adimensional devido ao escoamento do material na ponta da trinca de comprimento . Em se tratando de materiais elásticos, estudados pela MFLE, não ocorre o escoamento e, portanto, é igual a 1. Note que, nesse caso, a expressão para volta a ser a que foi apresentada no estudo da MFLE. Adotando-se o critério da trinca equivalente, a tensão que leva à falha por fratura é dada pela seguinte expressão matemática: Saiba mais Também pode ser adotado o critério de Dugdale, bastante difundido na literatura. Integral-J como critério para a fratura A primeira proposta para o estudo da MFEP foi apresentada por Wells (1961), desenvolvendo o conceito do parâmetro denominado CTOD. Alguns anos depois, Rice (1968) apresenta o método da Integral-J como mais um critério para o estudo da MFEP. O seu valor é determinado pela seguinte integral, ao longo de um caminho arbitrário C: Em que: é o caminho da integração; é a densidade de energia de deformação; é o vetor trativo; é o vetor deslocamento; é o incremento ao longo do caminho. Yp a Yp K (σC) σC = KC Y [πa + 1 2 ⋅ (KC σe ) 2 ] − 12 J = ∫ C (Wdy − T ∂u ∂x ds) C W T u ds 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 29/62 Observe a seguir uma trinca e o caminho (iniciando na face inferior da trinca e terminado na face superior) em torno de sua ponta e os vetores e : Método da Integral-J - MFEP. A integral não depende do caminho adotado e quantifica a disponibilidade de energia para a fratura,ou seja, é a sua força-motriz Os critérios CTOD e Integral-J relacionam-se pela seguinte expressão empírica, adotada pela ASTM (American Society for Testing and Materials): Em que: é a tensão de escoamento do material; é um fator de plasticidade adimensional e que depende do estado de tensão e do material. C T u J = m ⋅ σe ⋅ (CTOD) σe m 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 30/62 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Aços de altíssima resistência mecânica são estudados pelas teorias desenvolvidas pela MFLE, enquanto os aços de baixa resistência mecânica são abordados na MFEP. Uma possibilidade 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 31/62 adotada para o estudo com uma ZP à frente da trinca de dimensões comparáveis à trinca, é a utilização da trinca equivalente. Considere um aço com e trinca real superficial com comprimento de 40mm. Dessa forma, o comprimento da trinca equivalente é igual a Parabéns! A alternativa D está correta. A trinca equivalente tem seu comprimento dado pela soma dos valores do comprimento da trinca real com o raio da zona plástica, ou seja: Mas o raio da zona plástica é determinado pela seguinte expressão: Inicialmente, vamos determinar o raio da zona plástica, substituindo os dados apresentados Assim, o comprimento da trinca equivalente é igual a: KI = 250MPa ⋅ √m,σE = 450MPa A 40mm. B 49,1mm. C 80mm. D 89,1mm. E 138,3mm. (aeq = a + rp) rp = 1 2π ⋅ ( KI σe ) 2 rp = 1 2π ⋅ ( 250 450 ) 2 = 0, 0491m = 49, 1mm aeq = 40mm + 49, 1mm = 89, 1mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 32/62 Questão 2 Considere um aço em que são apresentados . Uma chapa desse aço será ensaiada sob tração. Os ensaios não destrutivos (END) disponíveis detectaram a maior trinca superficial com 4mm de comprimento. Tomando-se como base a trinca equivalente e a MFEP, determine a tensão para a falha. Parabéns! A alternativa E está correta. Pelo critério da trinca equivalente, a tensão que leva à fratura é dada pela seguinte expressão matemática: Considerando-se o fator igual a 1 e substituindo-se os valores, temos que: KC = 250MPa√m,σE = 450MPa A 250 MPa B 450 MPa C 484 MPa D 576 MPa E 612 MPa σC = KC Y [πa + 12 ⋅ ( KC σe ) 2 ] − 12 Y σC = 250 1 [π ⋅ (0, 004) + 1 2 ⋅ ( 250 450 ) 2] − 12 σC = 250 1 [0, 012566 + 0, 15432]− 1 2 σC = 612MPa 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 33/62 3 - Medidas de abertura de trinca Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar as medidas de abertura de trinca. Vamos começar! Como é estimada a abertura de uma trinca? Confira os principais aspectos que serão abordados neste módulo. Critérios da MFEP: CTOD e Integral-J 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 34/62 Como vimos, a mecânica da fratura elasto-plástica utiliza dois parâmetros para avaliar a evolução da trinca, em que a zona plástica apresenta dimensões comparáveis às dimensões da trinca. Os dois principais parâmetros considerados na MFEP são: É a abertura da trinca, representada por . Nessa técnica, podem ser incluídas, por exemplo, as tensões internas residuais (provenientes de tratamentos térmicos) e os efeitos decorrentes de concentradores de tensão. É uma integral de linha independente do caminho adotado, sendo Rice (1968), o precursor do estudo. Conforme vasta literatura sobre o assunto, há duas interpretações, sendo uma ligada à taxa de liberação de energia e uma forma de caracterização da intensidade dos campos de tensão e deformação à frente da trinca. Os parâmetros citados são descritos por normas ASTM e têm uma relação empírica, dada por: Em que: é a tensão de escoamento do material; é um fator de plasticidade adimensional dependente do estado de tensão e do material. Os parâmetros CTOD e Integral-J apresentam limites de aplicabilidade, de acordo com Anderson (1995), porém bem menos que as restrições impostas pela MFLE. CTOD δ Integral-J u J = m ⋅ σe ⋅ (CTOD) σe m 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 35/62 Aspectos gerais do CTOD Wells e Cottrell desenvolveram, de maneira independente, os princípios básicos da abertura de trinca – CTOD para atender uma das restrições da MFLE, ou seja, as situações em que uma deformação plástica significativa precede a fratura. De acordo com Gdoutos (2005), sob tais condições, as tensões ao redor da ponta da trinca atingem o valor crítico e, portanto, a fratura é controlada pela quantidade de deformação plástica. A extensão da trinca ocorre pelo crescimento de vazios e a coalescência com a ponta da trinca original, mecanismo pelo qual a deformação da ponta da trinca é responsável, especialmente em áreas muito próximas a ela. Dessa forma, o CTOD foi apresentado como um critério para a fratura em situações em que a zona plastificada, à frente da trinca, tenha dimensões maiores. Dentro do contexto do estudo de Wells e Cottrell, o material deveria apresentar uma trinca preexistente e, ao se atingir um tamanho de abertura crítico , ocorreria a fratura, sendo essa abertura crítica dependente do material e de condições de teste (temperatura, espessura da placa, taxa de deformação etc.). O critério é definido por: O valor da abertura crítica pode ser determinado a partir dos modelos de Irwin e Dugdale. Para o primeiro caso, tem-se que: Já para o modelo apresentado por Dugdale, a expressão é ligeiramente diferente, sendo dada por: Exemplo (δc) δ = δC (δc) δC = 4 ⋅ K 2c π ⋅ E ⋅ σe δC = K 2c E ⋅ σe 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 36/62 Considere uma placa em que um material hipotético seja tal que a MFEP seja a adequada para o estudo da fratura. Considerando a abertura de tamanho crítico da trinca como parâmetro para a fratura, qual a diferença percentual desses comprimentos nos modelos apresentados pelos pesquisadores Irwin e Dugdale? Solução Os modelos propostos por Irwin e Dugdale apresentam as seguintes expressões matemáticas para determinar o tamanho crítico de abertura de trinca, ou seja, : Modelo proposto por Irwin. Modelo proposto por Dugdale. Assim, dividindo-se as duas relações apresentadas anteriormente, temos que: δc δC = 4 ⋅ K 2C π ⋅ E ⋅ σe δ′C = K 2c E ⋅ σe δC δ′C = 4⋅K 2C π⋅E⋅σe K 2C E⋅σe δC δ′C = 4 π δC δ′C = 1, 27 δC δ′ C = 1 + 0, 27 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 37/62 Logo, em termos percentuais, tem-se uma diferença de 27%. Aspectos matemáticos do CTOD A imagem a seguir apresenta o deslocamento da abertura da ponta da trinca ( ), inicialmente aguda que, devido à deformação plástica, passa a ser embotada. Observe o deslocamento na ponta da trinca: Deslocamento da abertura da ponta da trinca . A próxima imagem apresenta uma trinca em que o conceito de trinca equivalente é considerado e o deslocamento efetivo é apresentado. Observe a zona plástica à frente da trinca: Deslocamento efetivo da abertura da trinca - trinca equivalente. Na sequência, vemos a expressão matemática proposta por Wells, no início da década de 1960, a partir do conceito de trinca equivalente. É apresentado o deslocamento efetivo atrás da trinca em função de δ (δ) − CTOD (uy) (uy) (uy) 29/03/2024, 14:02Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 38/62 parâmetros como o fator de intensidade de tensão , o módulo de cisalhamento , o raio da zona plástica , dentre outros: Em que: A partir das teorias desenvolvidas na resistência dos materiais, para um dado material, o módulo de cisalhamento (G) relaciona-se com o módulo de elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson pela expressão a seguir. Saiba mais O valor de apresentado na equação que determina é função do estado à frente da trinca, ou seja, estado plano de tensão (EPT) ou estado plano de deformação (EPD). Supondo uma simetria horizontal na imagem anterior, é possível concluir que a abertura da trinca pode ser determinada por . CTOD – Abertura de trincas Como vimos, a MFEP apresenta plastificação apreciável na frente da zona da trinca, diferentemente da MFLE. Aços de altíssima resistência podem ser estudados, em relação à fratura, pela MFLE. Já aços com maior ductilidade, isto é, com resistência mecânica média ou baixa, irão apresentar a zona plastificada comparada às dimensões da trinca e, por isso, a MFEP é a adequada. Ademais, o regime da MFEP é o que acompanha a maioria das estruturas em engenharia. Comentário (K) (G) (rp) uy = k + 1 2G ⋅ KI ⋅√ rp 2π rp = 1 2π ⋅ (KI σe ) 2 (v) G = E 2(1 + v) k uy δ = 2uy 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 39/62 Como critérios de fratura (tenacidade dos materiais), no campo da MFEP, são utilizados os parâmetros CTOD e Integral-J. Nesse núcleo, serão apresentadas mais informações a respeito do CTOD, visto que é uma continuidade da mecânica da fratura. Além das aplicações estruturais citadas, é indicada no estudo do comportamento de um metal, devido a temperaturas baixas, na transição dúctil para frágil (ensaio de impacto). Em resumo, CTOD representa a abertura da trinca anterior à sua propagação de maneira instável e catastrófica. Para aços de elevada tenacidade, ocorre um afastamento das faces da trinca, como já vimos. Estimativa do valor de CTOD – modelo articulado A determinação do valor de CTOD terá como base as normas britânicas, a British Standards 5762. Em linhas gerais, a norma indica um corpo de prova (CP) de três pontos (dois apoios do tipo rolete e um ponto de aplicação da força) e com um entalhe onde é feita uma trinca aguda por fadiga de baixo ciclo. Algumas máquinas de ensaio de tração são capazes de gerar essa trinca. Observe: Corpo de prova para ensaio CTOD. O CP indicado pela norma e o ensaio efetuado são conhecidos como modelo articulado para estimativa do valor do CTOD sob flexão em três pontos. Veja alguns parâmetros geométricos do ensaio: (δ) 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 40/62 Modelo articulado para estimativa do CTOD. Como uma boa aproximação, podemos tentar determinar a relação entre alguns parâmetros geométricos a partir de semelhança de triângulos, ou seja, segmentos homólogos são proporcionais. No exemplo, escreveremos que a razão entre as bases dos triângulos é igual à razão entre as alturas dos triângulos. São bases e lados . e . Dessa forma, a proporção fica assim escrita: Em que r é o fator rotacional e, de acordo com Gdoutos (2005), os experimentos indicam valores na faixa de 0,33 a 0,48. É usual considerar igual a 0,4. Substituindo-se na expressão anterior o valor para r igual a 0,4, a equação apresentará a seguinte relação matemática: Multiplicando e desenvolvendo o algebrismo, temos que: Cabe ressaltar que a abertura da trinca determinada pela expressão anterior refere-se ao regime plástico, visto que o modelo articulado é impreciso no regime elástico. δ e V r (W − a) [r. (W − a) + a] δ r ⋅ (W − a) = V r ⋅ (W − a) + a r δ (0, 4) ⋅ (W − a) = V (0, 4) ⋅ (W − a) + a δ = (0, 4) ⋅ (W − a) ⋅ V 0, 4W − 0, 4a + a δp = (0, 4) ⋅ (W − a) ⋅ V 0, 4W + 0, 6a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 41/62 Exemplo O laboratório de uma universidade está sendo utilizado por alunos do curso de Engenharia Mecânica. O professor apresentará aos alunos um ensaio de abertura de trinca que será conduzido de acordo com o que é preconizado na norma BS 5762, ou seja, um corpo de prova e flexão sob três pontos (dois roletes e um ponto de aplicação da força), conforme apresenta o seguinte esboço: Esboço. Inicialmente, os alunos tomaram as medidas geométricas do corpo de prova. A largura do CP é e o valor (do entalhe). Ademais, a maior distância entre as faces do entalhe é . Assim, os alunos devem determinar o valor da abertura plástica da trinca a partir das expressões matemáticas apresentadas no modelo articulado. Solução Da literatura, os alunos sabem que o fator de rotação varia entre 0,33 e 0,48. Mas é comum considerar o fator de rotação igual a 0,4. Dessa forma, os alunos têm a seguinte expressão para determinar : Substituindo os valores apresentados, temos que: W = 6cm a = 3cm V = 1mm (δp) r δp δp = (0, 4) ⋅ (W − a) ⋅ V 0, 4W + 0, 6a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 42/62 Estimativa do valor de CTOD – modelo modi�cado No item anterior, foi apresentado um modelo articulado em que há um CP sob flexão em três pontos, com um entalhe e uma trinca por fadiga era ensaiado, de acordo com a norma BS 5762. Contudo, esse ensaio apresenta grau de precisão na região plástica. Dessa forma, a abertura da ponta da trinca, na condição plástica, é apresentada pela expressão: Para deformações elásticas, o modelo articulado não tem a precisão desejada, tendo sido apresentado outro modelo em que são computados para as regiões elástica e plástica. Assim, o modelo modificado adota as duas parcelas de abertura da trinca: a elástica e a plástica , tal que: A parte elástica da abertura da trinca é dada pela relação: A parte plástica é ligeiramente distinta da já apresentada para o modelo articulado: Assim: δp = (0, 4) ⋅ (0, 06 − 0, 03) ⋅ 0, 001 0, 4 ⋅ (0, 06) + 0, 6(0, 03) δp = 0, 000012 0, 042 = 0, 00028571m = 0, 286mm δp = (0, 4) ⋅ (W − a) ⋅ V 0, 4W + 0, 6a δ (δe) (δp) δ = δe + δp δe = K 2I m ⋅ σe ⋅ E ′ δp = rp(W − a) ⋅ VP rp(W − a) + a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 43/62 Atenção! é a parte plástica da abertura , mostrada na imagem anterior. O parâmetro E' que aparece na parcela elástica depende se a condição é de estado plano de tensão (EPT) ou estado plano de deformação (EPD). Assim: Para EPT. Para EPD. Em que: é o módulo de elasticidade do material; é o coeficiente de Poisson. Existe a possibilidade de determinar por meio de um gráfico. Suponha o corpo de prova (CP) submetido a uma carga dando origem ao gráfico mostrado na seguinte imagem: δ = K 2I m ⋅ σe ⋅ E ′ + rp(W − a) ⋅ VP rp(W − a) + a Vp V m = 1 e rp = 0, 44 E ′ = E E ′ = E (1 − v2) E v Vp P 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 44/62 Modelo modificado - determinação gráfica de para estimativa do CTOD. Em resumo, considerando um material com determinado tamanho de trinca e valor de CTOD, é possível avaliar o comportamento da fratura. A análise é baseada na seção remanescente da peça. Caso esse tamanho seja pequeno e acomode toda a deformação plástica, o valor de abertura crítico de trinca ) não será atingido. Em consequência, a fratura terá o comportamento dúctil. A falha catastrófica, isto é, a fratura frágil, prevalece em situações em que existaseção reta remanescente suficiente para que ocorra o valor de abertura crítico de trinca . Vp (δc (δc) 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 45/62 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Dois pesquisadores do meado do século XX, Wells e Cottrell, desenvolveram, de maneira independente, os princípios básicos da abertura de trinca , atendendo à premissa de que a zona plástica (ZP) à frente da trinca apresenta-se com dimensões comparáveis às da trinca. A respeito do assunto, são feitas as seguintes afirmações: I - Nas condições de ZP considerável, Wells e Cottrell argumentaram que as tensões locais (ao redor da ponta da trinca) atingem o valor máximo e, portanto, a fratura nessas condições é controlada pela deformação plástica. II - O crescimento ou a expansão da trinca, nas condições descritas no enunciado e de acordo com os pesquisadores, ocorre pelo (δ) − CTOD 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 46/62 crescimento de vazios e pelo posterior coalescimento junto à ponta da trinca, fazendo-a aumentar de tamanho. III – Existem ensaios que permitem a determinação da medida da abertura da trinca por meio dos parâmetros definidos na norma britânica BS 5762. Um dos ensaios é o denominado articulado e apresenta alta precisão tanto para os campos elástico e plástico. Portanto, . São corretas as afirmações: Parabéns! A alternativa A está correta. A mecânica da fratura elasto-plástica tem como característica a zona plástica à frente da trinca com grandes dimensões, comparáveis às da trinca. Materiais com aços de alta resistência mecânica não apresentam tal característica. Em suas pesquisas, Wells e Cottrell apresentaram uma razão para a fratura nas condições da MFEP: controle pela deformação plástica. Ademais, os mesmos pesquisadores concluíram que o crescimento de vazios ou poros na ponta da trinca acabam coalescendo com a ponta da trinca propriamente dita, fazendo com que ela se propague. Segundo o ensaio preconizado na BS 5762, o articulado não apresenta precisão na região elástica. Assim, a abertura da trinca é determinada apenas no campo plástico. Questão 2 δ δ = δelástica + δplástica. A Apenas I e II. B Apenas I. C Apenas I e III. D Apenas II e III. E Apenas III. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 47/62 Um dos critérios adotados na mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP) é o CTOD, em que se utiliza o tamanho crítico de abertura da trinca para avaliar a ocorrência da fratura. Suponha um material em que , a tensão de escoamento igual a 800 MPa e o módulo de elasticidade de 200 GPa. Assim, o tamanho crítico de abertura da trinca, segundo o modelo de Irwin, é igual a Parabéns! A alternativa B está correta. Para o modelo proposto por Irwin, a abertura crítica de uma trinca é dada por: Adequando o valor de , temos que MPa. Substituindo os valores, temos que: (δc) KC = 60MPa√m A 0,012mm. B 0,028mm. C 0,034mm. D 0,045mm. E 0,072mm. δC = 4⋅K 2c π⋅E⋅σe E E = 200.103 δC = 4⋅(60)2 π⋅(200⋅000)⋅800 = 0, 028mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 48/62 4 - Desenvolvimento da técnica de CTOD Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o desenvolvimento da técnica de CTOD. Vamos começar! A técnica de CTOD e seu desenvolvimento Confira os principais aspectos que serão abordados neste módulo. Importância da mecânica da fratura 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 49/62 A mecânica da fratura apresentou grande desenvolvimento no século XX, passando a integrar os projetos de estruturas e de componentes em engenharia. Há uma vasta aplicação no campo da fadiga, da fluência, da fratura frágil etc. Os projetos convencionais têm o objetivo de que a estrutura não ultrapasse o limite de escoamento do material. Fatores de segurança são considerados, dependendo do tipo de estrutura ou componente. Contudo, mesmo com fatores (ou coeficientes) de segurança elevados, esse modelo de projeto não evita as falhas catastróficas por fratura frágil. Veja agora a imagem de uma estrutura colapsada de maneira frágil: Exemplo de falha catastrófica em estrutura mecânica por fratura frágil. As teorias da mecânica da fratura se desenvolvem no sentido de evitar ou mitigar falhas catastróficas. Em linhas gerais, mesmo com defeitos preexistentes, é possível controlar a tensão em serviço para que o defeito não se propague ou acompanhar o defeito até um tamanho seguro. A mecânica da fratura apresenta a seguinte subdivisão: MFLE Tem grande aplicação para materiais com alta resistência mecânica, ou seja, ocorre pequena deformação plástica à frente da trinca. MFEP 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 50/62 Tem grande aplicação para materiais em que a plasticidade à frente da trinca apresenta-se com dimensões comparáveis às do defeito. Veja agora a região plástica à frente de uma trinca, em função da espessura do corpo de prova (CP): Desenho esquemático da zona plástica (ZP) à frente de uma trinca. Em resumo, a mecânica da fratura é uma ferramenta matemática que possibilita ao projetista obter informações quantitativas relativas a trincas em estruturas ou componentes de engenharia. Histórico da mecânica da fratura A ciência está sempre em desenvolvimento e decorre da contribuição de muitos estudiosos abnegados. Um exemplo bem próximo de nosso dia a dia é a Física. É possível tomar como exemplo a física desenvolvida por Isaac Newton nos séculos XVII e XVIII. Seu constante desenvolvimento nos levou à mecânica quântica. Em síntese, os cientistas evoluem a partir de ideias já estudadas, de modelos com novos arranjos e de novas ferramentas matemáticas. Não foi diferente com a mecânica da fratura, que tem sido estudada ao longo de mais de um século. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 51/62 Linha de tempo da mecânica da fratura Nesse tópico, faremos um breve resumo da evolução da mecânica da fratura e de alguns cientistas, sem a pretensão de esgotar o assunto. Desde já, fica o esclarecimento de que a não citação de alguns nomes não diminui a importância desses pesquisadores. Um dos primeiros registros relacionados à mecânica da fratura é atribuído ao matemático Cauchy, que desenvolveu expressões matemáticas para os concentradores de tensão. O pesquisador Inglis estudou um caso particular do efeito da concentração, no início do século XX. A sua proposta foi a determinação matemática de tensões próximas a uma trinca elíptica, submetida a uma tensão trativa, veja: Distribuição de tensões em placa com furo elíptico em carregamento uniaxial – Inglis. Nos idos dos anos 1920, o engenheiro aeronáutico Alan Griffith estudou a discrepância entre os valores teórico e prático encontrados para a resistência de materiais frágeis (vidro). Em seu estudo, Griffith utilizou a Primeira Lei da Termodinâmica. Era o primeiro passo da MFLE, mas sua teoria não era aplicada a metais. Algumas décadas depois, tendo como referência os trabalhos desenvolvidos por Inglis e Griffith, o cientista George Irwin desenvolveu o conceito de taxa de alívio de energia e modificou algumas relações matemáticas já existentes, conseguindo, assim, aplicação na previsão de fraturas frágeis em metais de altíssima resistência. A MFLE não era satisfatória para o estudo de falhascatastróficas por fratura frágil em aços de alta tenacidade. Wells e Rice propuseram 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 52/62 parâmetros que avaliam a fratura frágil em aços de maior ductilidade. O primeiro propôs deslocamento da abertura de trincas (CTOD), enquanto Rice desenvolveu a Integral-J. Dessa forma, a Mecânica expandiu-se e passou a ser utilizada em projetos para uma vasta gama de materiais metálicos. Surge então a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP). Como todos os ramos do conhecimento humano, a mecânica da fratura encontra-se em constante desenvolvimento. Novas ferramentas computacionais permitem estudos mais precisos e aplicados a novos materiais. Histórico do CTOD A MFEP apresenta o CTOD como parâmetro que relaciona tensões ou deformações a um tamanho de defeito permissível para a não ocorrência de fratura catastrófica em materiais com ductilidade elevada. O crédito do desenvolvimento dos conceitos iniciais do CTOD é dado ao pesquisador Wells, nos anos 1960. De acordo com Anderson (1995), Wells, em seus estudos sobre a tenacidade à fratura dos materiais, percebeu que materiais tenazes não tinham seu comportamento adequadamente descrito pelas equações da MFLE. Analisando corpos de prova fraturados desses materiais, percebeu que havia um embotamento da trinca, inicialmente aguda. Observe: Embotamento da trinca aguda. Ademais, Wells percebeu que o grau de embotamento das trincas aumentava proporcionalmente à tenacidade do material, sugerindo que a abertura na ponta da trinca era uma medida de tenacidade à fratura. Esse parâmetro foi nomeado CTOD. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 53/62 Relembrando Dois modelos são utilizados nos ensaios para a determinação de CTOD: o articulado e o modificado. Veja a seguir o modelo articulado: Modelo articulado para estimativa do CTOD. O modelo articulado não é adequado quando a abertura V do entalhe no CP é predominantemente elástica. A relação matemática determina o deslocamento da trinca (na região plástica), conforme a relação matemática a seguir. Realizando alterações no modelo, é possível a determinação da parte elástica. Uma maneira experimental de realizar essas estimativas é por meio de um carregamento de uma força P em um corpo de prova padronizado. A resposta é uma curva carga (P) versus abertura V da trinca. Observe: δp = rp(W − a) ⋅ VP rp(W − a) + a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 54/62 Determinação gráfica de para a estimativa do CTOD. A imagem apresenta um gráfico de carregamento versus abertura do entalhe (V). É fácil associar o aspecto da curva ao da curva tensão versus deformação, no ensaio de tração uniaxial. A um dado ponto da curva, o V é separado em componentes elástico e plástico, por meio de uma curva paralela à região linear. Wells e Cottrell, em seus estudos independentes, introduziram o conceito de CTOD na MFEP como um critério de fratura em situações em que a zona plastificada à frente da trinca tem volume considerável. Uma maneira de estimar a deformação plástica é pelo deslocamento de abertura de trinca (COD), descrita a seguir. Curva deslocamento de abertura de trinca – COD Estabelece uma relação entre o deslocamento de abertura de trinca (COD), a carga aplicada no corpo e o comprimento da trinca, conforme descrito por Gdoutos (2005). Essa curva permite, por exemplo, que a partir do conhecimento máximo de COD, os valores-limites para a tensão e para o comprimento do defeito sejam estipulados. Ainda de acordo com Gdoutos (2005), Burdekin e Stone desenvolveram uma expressão analítica a partir do modelo teórico de Dugdale para obter uma expressão matemática que determina a deformação dos pontos P, de acordo com a seguinte imagem: Vp 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 55/62 Pontos “P” equidistantes da trinca de comprimento 2a. A equação proposta é descrita a seguir. Em que: O parâmetro COD adimensional é definido a partir da seguinte expressão: Dessa forma, é possível chegar ao gráfico com as curvas, de acordo com o critério de COD. Observe a imagem. ε εe = 2 π ⋅ 2n ⋅ coth−1 1 n ⋅ √ k 2 + n2 1 − k2 + (1 − v) ⋅ cot−1 √ k 2 + n2 1 − k2 + v ⋅ cos−1 k ⎡⎢⎣ ⎡⎢⎣ ⎤⎥⎦ ⎤⎥⎦n = ay ,K = cos( πσ2σe ) e ε0 = σ0E(∅)∅ = δ2πε0a 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 56/62 Curvas – critério COD. Os valores apresentados pelas curvas mostram afastamentos dos valores experimentais. No sentido de aproximar as expressões teóricas e os valores experimentais, surgem as seguintes relações matemáticas: Exemplo (GDOUTOS, 2005, p. 182) Um componente estrutural de aço apresenta um fator de concentração igual a 3 está submetido a uma tensão nominal igual a metade da tensão de escoamento. A partir do método COD, determine o máximo comprimento da trinca para que o componente não falhe por fratura frágil: Dados: e Solução Como ∅ = {( ε ε0 ) 2 , ε ε0 < 0, 5 ou ∅ = { ε ε0 − 0, 25 , ε ε0 > 0, 5 amáx = { δcEσ0 2πσ2 , σ σ0 < 0, 5 δcE 2π⋅(σ−0,25σ0) , 0, 5 < σ σ0 < 1 E = 210GPa,σ0 = 1GPa δC = 0, 5mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 57/62 ε εo = σ σo = 3 ⋅ (0, 5σ0) σ0 = 1, 5 ∅ = 1, 5 − 0, 25 = 1, 25 ε0 = 1 210 = 0, 0048 ∅ = δ 2πε0a 1, 25 = 0, 0005 2π(0, 0048) ⋅ a a = 0, 01327m = 13, 27mm → 2a = 26, 54mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 58/62 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A mecânica da fratura vem se desenvolvendo ao longo dos últimos 100 anos. Muitos aspectos foram introduzidos nas teorias ampliando a aplicação dessa ferramenta na engenharia, evitando-se a fratura frágil que é catastrófica. Considerando a linha de tempo de evolução da mecânica da fratura desde 1920, foi o pesquisador _____________ que introduziu o conceito de ____________, aplicável à ______________. A Wells – Integral-J – MFEP. B Rice – Integral-J – MFEP. C Wells – CTOD – MFEP. D Rice – CTOD – MFLE. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 59/62 Parabéns! A alternativa C está correta. Vários foram os pesquisadores que contribuíram para o desenvolvimento da mecânica da fratura. Dois pesquisadores podem ser considerados expoentes em relação ao desenvolvimento da MFEP que se desenvolveu, uma vez que a MFLE apresentava limitações de aplicação, não sendo, por exemplo, utilizável no estudo de fraturas frágeis para toda a gama de aços estruturais. Wells desenvolveu o conceito de CTOD, enquanto Rice, o de Integral- J. Questão 2 (Adaptado de GDOUTOS, 2005) Uma peça de aço será utilizada como parte de uma estrutura em engenharia. Suponha que, na peça, exista uma descontinuidade cujo fator de concentração seja igual a 2,5. A peça está submetida a uma tensão nominal igual à metade da tensão de escoamento. A partir do método COD, determine o máximo comprimento da trinca para que a peça não falhe: Dados: e Parabéns! A alternativa E está correta. E Wells – CTOD – MFLE. E = 200GPa,σ0 = 1GPa δC = 0, 6mm A 22,4mm B 25,8mm C 29,7mm D 34,2mm E 38,2mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 60/62 Vejamos a solução: Como Considerações�nais Estudamos a mecânica da fratura e suas duas vertentes: a mecânica da fratura linear elástica (MFLE) e a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP). Inicialmente discutimos o campo de aplicação da MFLE e abordamos a teoria de Griffith, os modos de abertura de uma trinca (por tração, cisalhamento e rasgamento), o fator de intensidade de tensão e o campo de tensões na ponta de uma trinca. Também apresentamos aspectos teóricos e matemáticos. Ainda na primeira parte, demonstramos algumas aplicações em projetos de engenharia. Na segunda etapa, descrevemos a MFEP. Inicialmente abordamos o campo de aplicação e dois parâmetros utilizados para o estudo do comportamento em fratura frágil foram discutidos: CTOD e Integral-J. Além desses aspectos, apresentamos relações matemáticas para estimar a zona plástica na ponta da trinca e a tensão crítica de falha na MFEP. No mais, vimos os aspectos matemáticos do CTOD e as estimativas de seu valor utilizando-se dois modelos teóricos, o articulado e o modificado. Como complemento, descrevemos o desenvolvimento histórico da mecânica da fratura e da técnica de abertura de trinca, o CTOD. ε εo = σ σo = 2,5⋅(0,5σ0) σ0 = 1, 25 ∅ = 1, 25 − 0, 25 = 1, 00 ε0 = 1 200 = 0, 005 ∅ = δ 2πε0a 1, 00 = 0, 0006 2π(0, 005) ⋅ a a = 0, 0191m = 19, 10mm → 2a = 38, 2mm 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 61/62 Podcast Para encerrar, ouça um resumo dos aspectos mais relevantes deste conteúdo. Explore + Confira a indicação que separamos especialmente para você! Leia o trabalho apresentado no 70o Congresso Anual da ABM, intitulado: Análise de propriedades e Mecânica da Fratura de rodas ferroviárias microligadas fundidas e forjadas. Referências ANDERSON, T. L. Fracture Mechanics – fundamentals and aplications. 2. ed. [s.l.] CRC press LLC., 1995. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e Engenharia de Materiais: uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. DIETER, G.E. Metalurgia mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1981. GARCIA, A.; SPIM, J. A.; DOS SANTOS, C. A. Ensaios dos materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. GDOUTOS. E. E. Fracture mechanics – an introduction. 2. ed. Netherlands: Springer, 2005. ROSA, E. Análise de resistência mecânica (mecânica da fratura e fadiga). Florianópolis: UFSC, 2002. 29/03/2024, 14:02 Mecânica da fratura linear elástica e elasto-plástica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212en/04339/index.html# 62/62 Material para download Clique no botão abaixo para fazer o download do conteúdo completo em formato PDF. Download material O que você achou do conteúdo? Relatar problema javascript:CriaPDF()
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