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O GÓTICO A arquitetura estabelece uma relação de reciprocidade com o universo, como por exemplo, o edifício se assemelha ao cosmos e se comunicam através da arquitetura. O templo representa o mundo, e o mundo é construído como um templo. Período do sec. I a.C, denominado pela ideia de uma mímests arquitetural em que o edifício adquire sua essência ao nos enviar a origem do mundo. O Pantheon, em Roma é um exemplo disso ao impressionar o espectador pelo caráter cósmico que sua cúpula representa. Contudo, junto com a decadência do império romano, se dilui essa divinização do homem, e como consequência, os edifícios medievais deixam de criar o pseudocosmos antropocêntrico do Pantheon. O Pnatheon era estático e centralizado. Santa Sabina, ao contrário, é dinâmica, tensionada entre o altar e a nave, banhada por uma luz uniforme que ilumina a parte de cima do edifício e reserva uma maior escuridão para as naves laterais inferiores. Tanto o movimento horizontal como a espiritualização são mais evidentes em San Apolinar Nuevo, onde o ritmo se faz mais acelerado pelo excesso de referencias horizontais e a anulação das verticais e onde se utiliza uma cromaticidade bem maior no revestimento interior. Já a Santa Sofia possui duas arcadas internas a tensionar e longitudinizar a planta centrada. Acreditava que a cidade repetia a mesma ordenação cósmica concebida pela imaginação medieval, cujo universo era estruturado em quatro pontos cardeais e concebia Roma e Jerusalém, símbolo e berço da cristandade, como seu duplo centro. A função primordial da catedral é estruturar e organizar o espaço, tornando visível o papel central da igreja como instituição que deve governar a sociedade. A despeito da pedra que é feita, a catedral gótica dá a sensação de ser o espírito representado pela luz e pelo vazio, o que verdadeiramente sustem o edifício. Ao observar a catedral de Rems ou a de Charters, é possível perceber que a planta é disposta com a fachada principal a Oeste e a capela-mor a Leste, seguindo um partido longitudinal de três naves como era comum na época, com o significado de caminho da salvação. A catedral gótica se faz espelho de um mundo construído em bases religiosas e inspirado nas sagradas escrituras. Sua iconografia, sua iluminação, seu essencialismo estrutural, sua atmosfera mística e transcendente, tudo isso despertava no homem o sentimento de uma comunhão do mundo terrestre com o celeste que levava o êxtase e ao aprendizado dos valores religiosos, admirados nos dogmas da fé. Para compreender como o habito mental da escolástica influencia o gótigo, não devemos procurar estabelecer a relação no conteúdo conceitual da doutrina, mas concentrar a atenção sobre seu modus operandi. De acordo com a filosofia da época, na catedral gótica tudo é busca da verdade, tudo é ginastica intelectual e oratória. Por isso, as ogivas e os arcobotantes adquirem um forte caráter expressivo além da função estrutural. A obra “A Divina Comédia”, obra-prima da literatura do período, já pertencia aspectos do humanismo renascentista, mas apresenta ainda algumas importantes passagens para nos guiar para uma melhor compreensão da arché gótica. Concluída no início do século XIV, a obra apresenta em alguns trechos, algumas concepções vislumbradas na arquitetura que merecem ser vistas para reconhecer com mais nitidez a arché da época. A heteronomia do homem medieval parece ser o custo antropológico necessário para que fosse construído e mantido seu universo cultural homogêneo e estável, no qual ele habitava com segurança e compreensão. A Sacristia de São Lourenço possui três características fundamentais: a utilização do repertório antropomórfico clássico, como capiteis coríntios e arquivoltas concêntricas, uma ênfase acentuada na centralização espacial e a intensa utilização de relações geométricas construindo o ambiente e articulando os seus elementos.
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