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- É a resposta do hospedeiro a uma infecção, resultante da liberação de várias citocinas e outros mediadores inflamatórios em resposta a um processo infeccioso. - Quando pegamos uma infecção e ficamos curados depois, isso significa que nosso organismo conseguiu remediar muito bem o processo infecioso e teve uma boa resposta, mesmo se com a ajuda dos antibióticos. Quando esse processo falha (quando o nosso sistema imunológico quebra), ocorre um desequilíbrio homem x parasita (o parasita ganha), levando à sepse. - Existem alguns pacientes que possuem risco aumentado para fazer sepse, como idosos, imunossuprimidos... - Todo paciente traz sua carga genética, sua predisposição a doenças, sua diversidade, por isso alguns pacientes tem mais chance de fazer sepse do que outros. - Em 2014, no Brasil, o índice de mortalidade da sepse já ultrapassava os 56%, principalmente em pacientes internados na UTI. - O reconhecimento precoce é essencial para evitar a sepse, pois ela mata rápido. Toda sepse já é grave. SRIS = Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica. Giovanna Lopes Toda hipotensão é inicialmente corrigida com fluídos e volemia, mas o choque séptico possui uma hipotensão que é refratária a esse tratamento com fluídos, o paciente não responde aos líquidos. Sepse e Choque Séptico são emergências médicas! - A presença de uma dessas disfunções, sem outra explicação plausível e com foco infeccioso presumível, o diagnóstico de sepse deve ser feito: o Hipotensão (PAS < 90mmHg ou PAM < 65mmHg ou queda de PA > 40mmHg). o Oligúria (< ou = 0,5ml/kg/h) ou elevação da creatinina (> 2mg/dl). o Relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%. o Contagem de plaquetas < 100.000/mm3 ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias. o Lactato acima do valor de referência. o Rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium (qualquer Gasglow abaixo de 15). o Aumento significativo de bilirrubinas (> 2x o valor de referência). - A disfunção orgânica é qualquer tipo de alteração. Por exemplo, uma alteração de ureia e creatinina, temos uma disfunção no rim; uma alteração de transaminases, temos uma disfunção no fígado; agitação e delirium, traduz uma disfunção neurológica; uma hipotensão traduz uma disfunção cardíaca... - Na sepse, é necessário agir rapidamente, pois tempo é vida. Na prática, sempre pensar que uma infecção pode ser sepse. SOFA = Sepsis-related Organ Failure Assessment > ou = 2 - Como identificar a disfunção orgânica? o Hipotensão arterial. o Taquicardia. o Hipoxemia. o Diminuição da diurese. o Confusão mental, rebaixamento do nível de consciência, agitação. o Dano hepático. o Dano renal. o Plaquetopenia, distúrbios da coagulação. o Hiperlactatemia. o Acidose metabólica sem outras causas aparentes. - Escore qSOFA -> quick Sequential Organ Failure Assessment: o É um bom escore para identificar pacientes graves com chance de morrer. o Esse escore é feito em todo doente que entra na UTI, esse escore diz para o intensivista qual é a chance de mortalidade do paciente. o Nesse escore é usado o Glasgow < 13, frequência respiratória > ou = 22irpm, PAS < 100mmHg. o O qSOFA foi abolido e somente o SIRS é utilizado no momento. - Sozinha, a SIRS não define mais a sepse, mas ela ainda é importante para fazer a triagem do paciente, pois a sepse depende do grau de disfunção orgânica do paciente. - Sinais da SIRS: o Frequência cardíaca > 90bpm. o Frequência respiratória > 20irpm. o Temperatura corporal > 38,3ºC ou < 36ºC (febre ou hipotermia). o PAS < 90mmHg ou PAM < 70 (hipotensão). o Leucócitos > 12.000/mm2 ou < 4.000/mm2 ou presença de > 10% de formas jovens (desvio à esquerda). - Se somarmos os sinais da SIRS com a disfunção de algum órgão, estamos diante de uma sepse. Se somarmos isso, com a disfunção de algum órgão, mais uma hipotensão que não consegue ser corrigida com uma hidratação vigorosa, estamos diante de um choque séptico. - Após ter usado os critérios da SIRS e identifiquei uma disfunção orgânica, se for sepse ou choque séptico, devo tomar todas as providências em 1 hora: o Coleta do lactato sérico para avaliação do estado perfusional. o Coleta de hemocultura antes do início da terapia antimicrobiana. o Início de antimicrobiano de largo espectro por via endovenosa, na primeira hora do tratamento. o Iniciar reposição volêmica com uma adequação de acordo com o perfil do paciente para o uso correto de cristaloides, em pacientes com hipotensão ou lactato acima de 2 vezes o valor de referência. o Uso de vasopressores durante ou após reposição volêmica para manter a pressão arterial média (PAM) acima de 65mmHg. o Coleta do 2º lactato entre 2 a 4 horas para paciente com hiperlactatemia. o Check Point da 6ª hora (para paciente com hiperlactatemia ou hipotensão persistente). o Reavaliação do status volêmico e da perfusão tecidual. o Hiperlactatemia é definida por valores 2 vezes acima do valor de referência (o lactato arterial normal é 2). Ressuscitação Inicial da Sepse e Choque Séptico (Bundle 1 hora) É uma emergência médica -> Iniciar a ressuscitação após o diagnóstico de sepse ou choque séptico Só fazemos o vasopressor se a infusão de cristaloide não resolver a hipotensão. Se for necessário fazer vasopressor, o ideal é já transferir o paciente para a UTI - Sepse Definida ou Provável (com presença ou ausência de choque séptico): Administre antimicrobianos imediatamente, idealmente em até 1 hora após reconhecimento. - Sepse Possível (com presença de choque séptico): Administre antimicrobianos em até 1 hora de reconhecimento. - Sepse Possível (com ausência de choque séptico): Avaliação rápida de diagnósticos diferenciais de doença grave (inclui história, exame físico, testes para doenças infecciosas ou não e tratamento imediato de condições que podem mimetizar sepse, com avaliação idealmente completada em até 3 horas). Administre antimicrobiano em até 3 horas se infecção persistente. - Colher: o Lactato (a meta é o clareamento do lactato). o Hemograma o Hemocultura o Ureia e creatinina o TGO, TGP, bilirrubinas o Gasometria arterial o Culturas o Outros - Lembrar das “Horas de Ouro”. - Por que colher o lactato? Quando o lactato aumenta na corrente sanguínea demonstra hipóxia tecidual (sofrimento dos tecidos), e o paciente começa a fazer um metabolismo anaeróbico (é uma diminuição na oferta de oxigênio na corrente sanguínea se contrapondo a um aumento no consumo exagerado de oxigênio). Hiperlactatemia é o lactato acima de 2. O lactato é um marcador de hipoperfusão tecidual e um marcador de prognóstico (se movimenta rapidamente, se está melhorando e caindo significa um bom prognóstico). O alvo terapêutico é < 2 mmol/L ou queda de 20% em 2 a 6 horas. - Principais erros do Kit Sepse: Fazer o kit incompleto (não colher todos os exames necessários), atrasos na coleta, hospitais que não colhem culturas... - Principais erros na prescrição do antibiótico: Atraso na prescrição, atraso na administração, erros na adequação depois do antibiograma chegar, dose incorreta, escolha errada... Sempre preferir fazer antibióticos bactericidas na sepse (nunca fazer bacteriostático) e, para obter o amplo espectro, pode-se fazer associações. - Principais erros relacionados ao manejo: reconhecimento tardio da sepse, ressuscitação volêmica inadequada (sempre deve ser de acordo com o perfil do paciente), o não clareamento do lactato, não admitir o paciente na UTI (pois a maioria já usa drogas vasoativas). - Início empírico após coleta das culturas. - Optar por associações de drogas ou amplo espectro. - Optar por drogas de ação bactericida. - Utilizar doses máximas. - Administrar sempre por via parenteral. - Observar função renal. - Dose no paciente obeso. - Reavaliar e ajustar conforme resultado das culturas em 48 e 72 horas. - Usode antimicrobianos iniciada de maneira empírica – Considerar: o Fonte da infecção ou porta de entrada para a sepse. o Local onde o paciente adquiriu a infecção: comunidade ou hospital? o Uso prévio de antimicrobianos. o Procedimentos nos últimos 30 dias.
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