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Aluna: Scarlett Sampaio Professora: Carla J. - aula 5, dia 04/03 e aula 7, dia 11/03. Matéria: Inspeção e tecnologia de produtos de origem animal – med. vet. Tecnologia e microbiologia da carne Microbiologia da carne: · Alta atividade da água; · Alta quantidade de compostos nitrogenados; · Disponibilidade de nutrientes; · pH favorável (neutro entre 5,6 / 5,7 / e 5,8); · A CARNE É UM EXCELENTE MEIO DE CULTURA. Como ocorre a contaminação da carne: · Sangria, pele, couro, conteúdo gastrintestinal (abdome -vísceras brancas); · Equipamentos; · Mãos e roupas de manipuladores; · Operações de abate; · Locais de armazenamento; · Água (Cl e pH diariamente) - (Portaria MS 888- 0,2 a 5-ppm de cloro). Análise de risco- gravidade 1) Carnes/ produtos cárneos: ingeridos crus. 2) Produtos levemente preservados: (NaCl <6% e pH >5,0) ingeridos crus. 3) Processados pelo calor: pasteurizados, cozidos, defumados, conserva. 4) Semi- preservados: (NaCl <6% e pH >5,0), com adição de conservantes. 5) Secos, sagados secos, defumados secos: curados, dessecados. 6) Produtos congelados: consumidos depois de cozidos. Tipos de microrganismos envolvidos: · Patogênicos; · Indicadores; · Deteriorantes; · IN 60/2019 - estabelece as listas de padrões microbiológicos para alimento. Perigos alimentares: perigos biológicos: organismos vivos acima dos limites mínimos aceitáveis. · Bactérias; · Vírus; · Fungos; · Protozoários; · Parasitas. DTA’S- perigos biológicos: Patogênicos: não causam deterioração nos alimentos (pode causar doenças, geralmente não alteram o produto, não tem cor, cheiro, você come achando que está tudo bem). Depende: · Tipo de microrganismos ou toxina ingerida; · Dose infectante; · Estado físico (grupos de riscos). Geralmente é associada a surtos alimentares (2 ou + casos e 1 fonte em comum = lugar e período). Microrganismos (MO) patogênicos: Enteropatogênicos · Patologia se expressa no trato gastrintestinal · Alguns são poucos invasores (Limitam a camada epitelial); · Outros são bastantes invasivos (Alcançam as correntes circulatórias); Sintomas mais comuns: vômitos, diarreias, dor abdominal, náusea e febre. OBS: Doenças de origem alimentar podem não se limitar ao trato gastrointestinal, mas, afetar outros órgãos causando distúrbios no sistema nervoso, corrente circulatória, aparelho genital e fígado. Mecanismos de defesa do organismo: · Ingestão de alimentos com um ou mais MO patogênico ou suas toxinas não necessariamente causará doença; · Irá causar doença se os mecanismos naturais de defesa do indivíduo estiverem defasados. Os mecanismos são: acidez estomacal, mucosa intestinal, ácidos biliares, motilidade intestinal, microbiota intestinal --> bifidobactérias (competem pelos nutrientes disponíveis). Os perigos biológicos são: 1) INFECÇÃO ALIMENTAR: · Causada por bactérias que se desenvolvem no trato intestinal e a partir daí invadem os tecidos. · Sem presença de toxinas. · Não formam esporos – cozimento. · Desenvolvimento tardio dos sintomas: 2-10 dias após infecção. · Febre. Ex: Salmonella, Listeria, Campylobacter, Brucella etc. 2) INTOXICAÇÃO ALIMENTAR: · Ingestão da toxina pré-formada no alimento (exotoxina). · Desenvolvimento + rápido dos sintomas (em questão de horas). · Geralmente são formadores de esporos (altamente resistentes ao calor). Ex: Staphylococcus aureus, bacillus cereus (Cepa emética), clostridium botullinum. 3) TOXINFECÇÃO ALIMENTAR: · Ingestão de alimentos contendo M.O toxigênicos: produzem toxinas no TGI --> ENDOTOXINA. · Também pode formar esporos. Ex: E. coli. Enterotoxigênica, Shigella, Vibrio Cholerae, Clostridium perfrigens (tipo C), bacillus cereus. Microrganismos indicadores: Indicadores higiênico-sanitários Testes na indústria: · Condições higiênicas ineficientes; · Tratamento térmico inadequado. Principais: Coliformes e enterobactérias. Ex: E.coli, Klebsiella, Salmonella, Shigella dysenteriae enterobacter, Citrobacter, Campylobacter jejuni. Grupo Coliformes- resultados expressos em NMP/g Coliformes totais: · Bastonetes Gram · Não esporo gênicos; · Aeróbicos/ facultativos; · Fermentam a lactose com produção de gás, em 24-48 h a 30-35ºC Coliformes fecais: · Fermentam a lactose com produção de gás, em 24-48 h a 45ºC = termotolerantes. Microrganismos DETERIORANTES: · Não causam agravos a saúde. · Afetam características desejadas pelo consumidor (DETERIORAÇÃO). · Perda de qualidade e segurança alimentar. Ex: Leite azedo - não serve como in natura, mas serve para a fabricação de derivados. Deterioração microbiana da carne: Alimento deteriorado: aquele que sofreu danos por agentes microbianos, químicos ou físicos, tornando-o inaceitável para o consumo humano. Principais agentes microbianos: bactérias, fungos e leveduras. Verifica-se as condições higiênicas de: abate; manipulação e armazenamento. · O tecido interno do músculo é “estéril” até o momento do corte. · Falhas na higiene --> contaminação --> bactérias na superfície --> deterioração. Deterioração microbiana: · Condições higiênicas: Abate; manipulação, armazenamento. · Tecido interno do músculo é “estéril” até o momento do corte. · Falhas na higiene à contaminação--> bactérias na superfície--> deterioração. Os principais microrganismos envolvidos na deterioração das características sensoriais dos derivados cárneos são: · Bactérias pseudomonas; · Acinetobacter/ moraxella; · Shewanella putrefaciens; · Brochotrix thermosphacta; · Lactobacillus; · Espécies da família enterobacteriaceae; · Leveduras e os bolores. Fatores intrínsecos: Atividade de água (Aw ou Aa) ≠ Teor de umidade Teor de Umidade: · Quantidade total de água contida no alimento; · “água total” - expressa em %; · RTIQ. Atividade de água: · Água que vai reagir com os microrganismos; · “água livre”; · Conservação do alimento. OBS: O que é carne PSE E DFD? A carne PSE é mais pálida, mole e exsudativa do que a carne obtida em processo normal e a carne DFD é mais escura, dura e seca. Esses dois tipos de carne podem se desenvolver em bovinos, suíno e aves. A carne PSE ocorre nos animais que foram submetidos a um estresse intenso antes do abate, o que causa uma rápida depleção de glicogênio muscular, com rápida redução do pH da carne devido ao acúmulo de ácido lático. Esses animais sofreram acentuada hipertermia no período ante-mortem, por problemas relacionados à dissipação do calor, promovendo o desenvolvimento da carne PSE sendo está muito comum em suínos, porém com incidência razoável em bovinos. No manejo dos animais, alguns fatores podem influenciar a formação desse tipo de carne como o tempo de transporte dos animais da propriedade para o matadouro, a temperatura ambiental durante o transporte, jejum pré-abate e tempo de descanso dos animais antes do abate. A incidência de carnes PSE também está relacionada com a genética, visto que os suínos que possuem o gene halotano são mais predispostos ao estresse, levando à produção de carne PSE. A carne DFD são carnes escuras, duras e secas. Esse tipo de carne pode ocorrer em suínos, mas acomete principalmente bovinos. Neste caso a diminuição do pH da carne é pequena, pois o músculo contém baixa concentração de glicogênio fazendo com que a carne fique mais seca e escura, devido a sua maior capacidade de retenção de água. Como essas carnes terão um pH mais elevado do que as carnes produzidas em condições normais, elas são carnes mais susceptíveis a alterações microbianas. Os exercícios físicos, estresse durante o transporte, o jejum prolongado e o contato com animais estranhos ao seu ambiente acarretam o consumo das reservas de glicogênio, o que leva a menor produção de ácido lático no músculo após o abate. A diferença entre PSE e DFD é que o primeiro está associado ao estresse em um curto espaço de tempo, imediatamente antes do abate, enquanto o “DFD” está relacionado ao estresse de longo período antes do abate sem que tenha ocorrido reposição de carboidratos no organismo. Fatores extrínsecos: Fatores que favorecem a deterioração da carne: · Condições higiênicas e estresse durante o abate(pH, CRA..); · Temperatura e tempo de armazenamento; · Composição química = excelente meio de cultura - alta AW - pH favorável - grande quantidade de compostos nitrogenados e minerais; · Atmosfera que envolve os produtos (02). Alterações em aerobiose: · ODORES E SABORES ESTRANHOS: Percebíveis antes de qualquer sinal de deterioração; · Produção de ácidos voláteis: Fórmico, acético, butíririco, propiônico (odor ácido e pútrido) · Não é possível mascarar o cheiro com uso de aditivos! Odores e sabores estranhos: Quando a carne é armazenada em temperaturas próximas à do congelamento, pode ocorrer a formação de micélio cotonoso, sem esporulação, de coloração branca, denominada whiskers. Os principais agentes dessa deterioração são espécies de Thamnidium, Mucor, Rhizopus. LIMOSIDADE SUPERFICIAL: · Temperatura de armazenamento; · Quantidade de água disponível (refrigerados); · Secreção viscosa = “limo” na superfície. Temperaturas refrigeradas e alta Aw: · Pseudomonas alcaligenes. Temperaturas ambiente e baixa Aw (salsichas, linguiças) · Micrococcus, bolores e leveduras. · RANCIFICAÇÃO: Maioria não é de origem microbiana. · M.O LIPOLÍTICOS: Lipólise + oxidação das gorduras da carne (Sabor, odor e perda de cor). · Produtos da hidrólise --> inibitórios para os M.O. · Produto cárneo rancificado < população microbiana. Principais microrganismos lipolíticos causadores da deterioração de gordura na carne: Pseudomonas, outros Gram-negativos, Bacillus, leveduras e bolores. Alteração na cor dos pigmentos da carne · Desenvolvimento bacteriano: hemo e mioglobina como nutriente --> produção de sulfeto - H2S (oxidante) --> esverdeamento. Carne bovina, suína, ovina: · Escurecida ou acinzentada; · Manchas esverdeadas. Carne de frango e peixe: · Descoloração; · Opaca. Alterações em anaerobiose: Conservação de carnes in natura: · Manutenção da estabilidade microbiológica e sensorial; · Aumento da vida de prateleira; · Conservação sem uso de aditivos. Tratamentos pelo frio: · Refrigeração* (0°C a 7°C); · Congelamento. Refrigeração - modificação e dano · Perda de peso; · Rancidez oxidativa; · Alterações microbianas; · Maturação; · Coloração; · Absorção de odores estranhos; · Encurtamento pelo frio. Congelamento: · Atividade microbiana paralisada; · Velocidade de reações químicas e enzimáticas são paralisadas; · Ocorrem alterações menores do que qualquer outro método de conservação. Congelamento lento: · Líquido extracelular congela mais rápido que intracelular; · Forma cristais de gelo. Congelamento rápido: · Menos nocivo a célula da carne. Embalagens: · A vácuo (1-3% de O2) Atmosfera modificada: 1. retira-se O2 e subs7tui-se por CO2 e nitrogênio. 2. monóxido de carbono (CO) --> melhor aspecto sensorial, mas maior custo. Características sensoriais da carne: · Suculência, cor, maciez, aroma e sabor. Suculência: A suculência da carne cozida é a sensação de umidade observada nos primeiros movimentos de mastigação, devido à rápida liberação de líquido pela carne e, também, da sensação de suculência mantida, devido principalmente à gordura que estimula a salivação. · A gordura intermuscular funciona como uma barreira contra a perda do suco muscular durante o cozimento, aumentando, portanto, a retenção de água pela carne e aumento da suculência. · A gordura intramuscular aumenta a sensação de suculência na carne. · A maturação da carne a 0ºC- 4°C por 14 a 21 dias também aumenta a suculência da carne devido ao aumento da capacidade de retenção de água. · Depende também da perda de água durante o cozimento. Temperaturas de 80ºC produzem maiores perdas no cozimento que temperaturas ao redor de 60ºC. · (Kobe Beef) A carne bovina mais macia, suculenta e cara do mundo. O boi da raça japonesa wagyu é o responsável pela produção de uma das carnes mais caras do mundo, que chega a ser vendida por até US$ 1.000 o quilo no Japão. Cor: Os pigmentos da carne estão formados em sua maior parte por proteínas: a hemoglobina que é o pigmento sanguíneo e a mioglobina, pigmento muscular que constitui 80 a 90% do total. · Fatores como estresse, queda do pH e pH final da carne também exercem efeitos na cor da carne. · A quantidade de mioglobina varia com a espécie, sexo, idade, localização anatômica do músculo e a atividade física, o que explica a grande variação de cor na carne. · Bovinos e ovinos possuem uma quantidade maior de hemoglobina do que suínos, pescados e aves. As cores típicas da carne de algumas espécies são: · bovino adulto: vermelho cereja brilhante; · equino: vermelho escuro; · ovino: vermelho pálido a vermelho ladrilho; · suíno: rosa acinzentado; · aves: branco cinza a vermelho pálido. Maciez: A maciez é talvez o fator mais importante para o consumidor, para julgar a qualidade da carne. Os fatores que podem afetar a maciez da carne têm duas origens: · Fatores ante-mortem : idade, sexo, nutrição, exercício, estresse antes do abate, presença de tecido conjuntivo, espessura e comprimento do sarcômero; · Fatores post-mortem: estimulação elétrica, rigor-mortis, esfriamento da carcaça, maturação, método e temperatura de cozimento, e pH final. · A força de cisalhamento é utilizada para avaliar a maciez da carne. Aroma e sabor: · Já foram identificados mais de 1000 componentes responsáveis pelo aroma e sabor da carne. · O aroma e sabor da carne pode ser determinado por fatores antes do abate como espécie, idade, sexo, raça, alimentação e manejo. · Outros fatores como pH final do músculo, condições de esfriamento e armazenamento, e procedimento culinário também afetam este parâmetro sensorial.
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