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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG Autos nº XXX Marcos..., já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de sua advogada que está subscreve, conforme procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396, caput e 396-A do Código de Processo Penal, nos autos do processo em epígrafe, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos: I - DOS FATOS O acusado foi denunciado pelo Ministério Público pela prática, em tese, dos crimes lesão corporal tentada e porte ilegal de arma de fogo. A denúncia foi recebida e o acusado citado de forma irregular. II - TEMPESTIVIDADE Nos termos do artigo 396 do Código de Processo Penal, a partir da citação, o acusado possui o prazo de 10 dias para apresentar a sua resposta à acusação. No caso, a citação irregular ocorreu no dia 13 de março de 2024, tendo o acusado até o dia 25 de março de 2024 para o oferecimento de sua defesa, razão pela qual trata-se de peça apresentada tempestivamente. III - DO DIREITO A) DA PRELIMINAR DE NULIDADE DA CITAÇÃO Observa-se preliminarmente a nulidade do processo, com base no artigo 564, III, alínea “e”, do Código de Processo Penal, por falta de citação válida, uma vez que o acusado foi citado por carta com aviso de recebimento em 13 de março de 2024, em desacordo com o que estabelece o artigo 351 do Código de Processo Penal. A citação neste caso, deveria ocorrer, conforme regra prevista no art. 351 do CPP, de forma pessoal, por Oficial de Justiça, em cumprimento de mandado judicial de citação. Logo, os atos subsequentes devem ser igualmente reputados nulos. B) DO MÉRITO Do crime impossível Em relação à lesão corporal, trata-se de hipótese crime impossível, por absoluta ineficácia do meio utilizado pelo agente, nos termos do art. 17 do CP. No caso, o agente tentou atirar nas pernas do agressor com uma arma de fogo, que, segundo a prova pericial acostada aos autos, é absolutamente incapaz de produzir disparos. Em relação ao porte de arma, pode-se aplicar o mesmo raciocínio. O crime de porte de arma é um crime de perigo e não há risco à incolumidade pública no porte de um artefato que não realiza disparos, trata-se de um meio absolutamente incapaz de atingir o bem jurídico protegido, sendo, portanto, crime impossível, nos termos do artigo 17 do código penal. Conclui-se que, em relação a ambos os crimes imputados, estamos diante de hipótese de absolvição sumária, prevista no artigo 397, III, do CPP que versa sobre atipicidade. Da legitima defesa de terceiro Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda pela tipicidade do fato, é de se reconhecer a ausência da ilicitude, consoante artigo 23, II, do CP, em face da legítima defesa de terceiro, conforme art. 25 do CP, tanto em relação à imputação de lesão corporal, quanto à acusação de porte ilegal de arma de fogo. No presente caso, conforme prova testemunhal juntada nos autos, Marcos apenas se valeu do uso de arma, regulamentada, ainda que inepta, para fazer cessar as injustas agressões contra um terceiro, menor de idade e indefeso. Desta forma, cabe absolvição sumária do acusado, com fundamento no art. 397, inciso I, do CPP. Demais testes de mérito Demais testes de mérito serão apreciadas em momento oportuno. IV - DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência: a) Preliminarmente, a nulidade do processo, desde a citação, por ter esta se realizado de forma ilegal, conforme artigo 564, inciso III, alínea e, do CPP; b) No mérito, a absolvição sumária do acusado em relação a ambas as acusações, por se tratarem de hipótese de crime impossível, nos termos do artigo 397, inciso III, do CPP; c) Caso Vossa Excelência entenda tratar-se de fato típico, requer a absolvição sumária com base na legitima defesa de terceiro, conforme artigo 397, inciso I, do CPP; d) Não havendo absolvição neste momento, protesta desde já pela produção de provas, com designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas abaixo. ROL DE TESTEMUNHAS: 1.JOANNA..., CPF..., Endereço... 2.PEDRO, CPF..., Endereço... 3.LOURENÇO, CPF..., Endereço... V. DO ENCERRAMENTO Nestes termos, pugna pela total procedência deste requerimento e, por conseguinte, pela absolvição de Marcos, com base na nulidade preliminar do processo, na atipicidade da conduta e na legitima defesa de terceiro. Local, 25 de março de 2024. Advogada, OAB...