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Aula 01 - Período Democrático no Pós-Guerra 1945 a 1964

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15/01/2022 17:06 Período Democrático no Pós-Guerra: 1945 A 1964
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/02699/index.html#imprimir 1/35
Período Democrático no Pós-Guerra: 1945 a 1964
Prof. Osmani Pontes
Descrição
Análise da história econômica brasileira na República de 1946 com destaque ao ensaio de
desenvolvimentismo típico do período do pós-guerra e antecedente ao golpe militar de 1964.
Propósito
O entendimento da história econômica brasileira entre 1945-1964 é fundamental para a compreensão dos
elementos presentes no modelo desenvolvimentista de crescimento econômico predominante a partir de
então e vigente até meados dos anos 1980, com ênfase principal na análise da participação do Estado na
condução desse processo de crescimento.
Objetivos
Módulo 1
15/01/2022 17:06 Período Democrático no Pós-Guerra: 1945 A 1964
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Primeiro esforço de desenvolvimento 1946-1955
Descrever o período do pós-guerra à posse de Juscelino Kubitschek com foco no primeiro grande esforço
de desenvolvimento orientado pelo Estado.
Módulo 2
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Analisar o Plano de Metas no contexto do modelo de desenvolvimento econômico na segunda metade dos
anos 1950.
Módulo 3
Política econômica sob a égide da instabilidade política
Identificar a política econômica sob o signo da instabilidade política nos governos Jânio Quadros e João
Goulart, com destaque para o debate sobre o Plano Trienal.
Neste conteúdo, será analisado o eixo de política econômica que começa a ser desenhado após a queda
do Estado Novo e que tem lugar durante a chamada “República de 1946”, em referência à nova
Constituição, que entrou em vigor nesse ano e que acabou sendo conhecida como a mais democrática
do Brasil até então.
O período foi marcado também por uma relativa estabilidade política e por um ensaio de crescimento
econômico com maior importância do papel do Estado — num primeiro momento, por meio da criação
de empresas estatais, e num segundo momento, por meio de programas voltados para a expansão do
crescimento.
Introdução
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1 - Primeiro esforço de desenvolvimetismo: 1946-1955
Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever o período do pós-guerra à posse de
Juscelino Kubitschek com foco no primeiro grande esforço de desenvolvimento orientado pelo
Estado.
GOVERNO DUTRA (1946-1951)
Para compreender esse período seminal do modelo de crescimento econômico que predominou até a
década de 1980, este conteúdo se estrutura em três partes, além desta introdução e de uma conclusão.
Na primeira, será estudado o esforço de formação de um Estado orientador do desenvolvimento
econômico esboçado pelo governo de Eurico Gaspar Dutra e pelo segundo governo de Getúlio Vargas.
Na segunda, o tratamento será voltado para o governo de Juscelino Kubitschek em seus três pilares:
Plano de Metas, Política Monetária e Plano de Estabilização Monetária. E, finalmente, a terceira parte se
dedica ao eixo de política econômica nos governos Jânio Quadros e João Goulart, em que o signo da
instabilidade política foi predominante.
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Eurico Gaspar Dutra (1883-1974).
Ao final da Segunda Guerra Mundial, a economia brasileira era bastante dependente em relação aos Estados
Unidos, contrários à instalação de uma indústria nacional que viesse a impor concorrência às exportações
norte-americanas.
Além disso, a partir de 1945, o governo norte-americano tornou-se menos tolerante às ditaduras latino-
americanas, e isso teve papel decisivo na queda do Estado Novo, em 1945.
Estava iniciada a Quarta República (1946-1964), com o governo de Eurico Gaspar Dutra.
Segundo Viana e Villela (2011), o governo Dutra pode ser dividido em duas fases no plano econômico: a fase
liberal e a fase intervencionista.
A fase liberal foi influenciada pela ascensão do liberalismo pós-guerra, mas na esteira de Bretton-Woods
adotou um regime de câmbio fixo, com ligeira folga, mas com paridade sobreapreciada em termos reais. O
governo acreditava que havia boas condições externas, com elevadas reservas internacionais e ausência de
restrições no balanço de pagamentos, situação que seria mantida pela esperada entrada de capitais norte-
americanos. Além disso, esperava-se apreciação dos preços do café no mercado internacional.
Paridade sobreapreciada
A moeda nacional valia muito, o que facilita importações e dificulta exportações. Isso foi causado pela inflação
dos anos anteriores, superior à observada nos Estados Unidos.
Saiba mais
Bretton-Woods foi um acordo feito no final da Segunda Guerra Mundial pelos países vencedores para
organizar a economia e o sistema financeiro internacionais.
A ideia era facilitar a compra de bens de capital e matérias-primas no exterior para a indústria, e aumentar a
concorrência sobre a indústria local, reduzindo a inflação. Por este último ponto, a política monetária foi
mantida restritiva, e a política fiscal foi marcada por ajustes fiscais.
A fase intervencionista inicia em meados de 1947, quando passa a haver um entendimento de que o cenário
externo não é tão benigno:
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Não havia �uxos de capitais su�cientes para o Brasil. Metade das reservas era em ouro,
não em dólares, e a maior parte da outra metade estava bloqueada.
Para agravar, os superávits correntes eram em moeda inconversível, ou seja, de difícil utilização no mercado
internacional. Os capitais norte-americanos tinham como destino preferencial a Europa e não o Brasil,
frustrando as expectativas do governo.
Aqui, de acordo com Viana (1989a), havia uma questão a ser destacada sobre Bretton-Woods, que era o fato
de que somente os Estados Unidos forneciam matéria-prima para o resto do mundo e não havia realmente
concorrência para essas exportações. Assim, a segunda metade dos anos 1940 foi marcada por fortes
desequilíbrios nas transações em ouro e dólar no mundo, caracterizados por uma escassez de dólares no
mercado global.
Após o Plano Marshall e a Doutrina Truman, fica claro que haveria uma maior atenção dos Estados Unidos
com a reconstrução da Europa como tentativa de deter o avanço comunista. Essa mudança de orientação
provocou, segundo o autor, uma mudança na política econômica.
Como resposta, o governo brasileiro manteve a moeda apreciada para evitar um aumento na base monetária,
já que o câmbio era fixo à paridade de 1939 e o mercado livre com abolição das restrições a pagamentos.
Naquele momento, havia inflação crescente e cada vez mais ficava claro que a moeda brasileira estava
sobreapreciada.
Plano Marshall
Plano de apoio para reconstrução da economia europeia após a Segunda Guerra Mundial.
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Doutrina Truman
Política externa americana que buscava evitar a expansão da influência soviética no mundo.
Relembrando
Uma moeda sobreapreciada tem como causa comum uma inflação no país maior que no exterior; e como
consequência, dificuldade para exportar e facilidade para importar.
Havia uma demanda contida por matérias-primas e pela liberalização de importações de bens de consumo. A
ideia era que os saldos menores na conta comercial reduziriam as reservas em dólares e combateriam
indiretamente a inflação. Era esperado também que a política livre de câmbio permitiria saídas de capital
mais estímulos de ingressos no futuro.
Houve, nesse caso, a opção intencional do governo de não depreciar a moeda por conta de quatro motivos
básicos, segundo Viana(1989a):
A demanda externa por café era inelástica de tal maneira que uma taxa de câmbio mais
desvalorizada não seria um estímulo a uma maior exportação.
Havia a prioridade do governo em combater a inflação, de modo que uma depreciação da taxa de
câmbio provocaria forte repasse cambial (os preços aumentariam porque os produtos
importados, assim como os produtos que competem com importados, ficariam mais caros).
Das exportações do país, 40% eram para áreas de moedas inconversíveis ou bloqueadas e, assim,
a entrada dessas moedas só expandiria a base monetária sob um regime de câmbio fixo.
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Em julho de 1947, o governo instaurou um regime de controles cambiais pelo qual os bancos que operassem
câmbio deveriam vender ao Banco do Brasil (BB) 30% das compras de câmbio livre, o equivalente à taxa de
compra. O governo forneceria câmbio de acordo com as prioridades que favoreceriam as importações tidas
como essenciais. Após essas medidas, houve melhora do déficit corrente de 313 milhões de dólares, em
1947, para 108 milhões em 1948 e superávit de 18 milhões em 1949. Houve ainda queda das importações
da área de moedas conversíveis, queda dos preços dos importados por conta da recessão norte-americana
de 1949 e alta dos preços do café.
Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro.
Viana (1989) observa que, embora essa política de controle de importações tenha sido adotada como forma
de evitar desequilíbrios no balanço de pagamentos, isso acabou beneficiando a indústria interna. Em março
de 1949, foi adotado o regime de câmbio com licenças e houve aumento das divisas de café no país, ou seja,
maiores entradas de recursos externos para comprar café brasileiro. Na prática, isso significou uma maior
coordenação entre disponibilidade de câmbio e emissão de licença de importação. O regime era de câmbio
apreciado e restrições à importação de bens com similares nacionais, o que acabou contribuindo para a
instalação da indústria de bens de consumo duráveis pela dupla via cambial: reserva de mercado e custo de
operação.
Essa política intervencionista teve três efeitos sobre a indústria:
Câmbio com licenças
Era necessário obter autorização prévia do governo para realizar importações.
Havia ainda inelasticidade relativa a preços por parte da demanda por importações, e a
desvalorização não ajudaria a conter o déficit corrente, ou seja, a desvalorização deixaria os
produtos brasileiros mais baratos no exterior, mas isso não seria suficiente para aumentar as
exportações.
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Efeito subsídio
Preços relativos mais baratos para insumos.
Efeito protecionista
Impedimento da entrada de produtos estrangeiros na economia.
Efeito combinado ou lucratividade
Mais estímulo para a produção voltada para o mercado interno que para o externo.
Foram, porém, efeitos indiretos, sendo o plano SALTE o único efeito direto com metas voltadas para quatro
áreas:

Saúde

Alimentação

Transporte

Energia
A partir de 1949, a ortodoxia na orientação do governo, que o levava a ter mais preocupações com a inflação,
deu lugar a uma fase de expansão da política monetária via crédito, especialmente a partir da oferta de
crédito do Banco do Brasil.
A mudança de direção se deu pela proximidade das eleições presidenciais, pelo fortalecimento da indústria
local que demandava mais crédito e pela esperança de lenta conversibilidade de moedas. O resultado foi um
aumento do crescimento do PIB e da inflação.
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GOVERNO VARGAS II (1951-1954)
Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954).
O cenário interno no começo do segundo governo Vargas era de aceleração da inflação e desequilíbrio fiscal.
Externamente, houve aumento dos preços do café e boa expectativa de investimento norte-americano.
Foi criada a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU), que visava garantir o financiamento de projetos
que resolveriam gargalos de infraestrutura e atrair novos investimentos.
O financiamento seria de responsabilidade do Banco Mundial e do Eximbank.
O plano do governo era uma política econômica em duas fases:
Fase Campos Salles
Com ajuste fiscal e política monetária restritiva para combater a inflação.
Fase Rodrigues Alves
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Com realização de obras.
Como citam Viana e Villela (2011), a referência foi dada pelo ministro da Fazenda Horácio Lafer e adotada
por Vargas como alusão aos governos Campos Salles (1898-1902), marcado por austeridade, e Rodrigues
Alves (1902-1906), marcado por amplo programa de obras públicas.
Houve a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e da Petrobras e, num primeiro
momento, ocorreu redução de gastos, aumento da arrecadação e contração do crédito. Manteve-se o
controle de câmbio e de importações, mas, em seguida, houve uma flexibilização para evitar uma crise de
abastecimento (devido à Guerra da Coreia) e combater a inflação.
Essa liberalização de importações, segundo Viana (1989b), é atribuída em ordem de importância aos
seguintes fatores:
Em relação à inflação ser causada pela repressão às importações, é preciso lembrar da oferta interna
inelástica e da expansão dos meios de pagamento associadas às causas da inflação no diagnóstico
ortodoxo.
Em 1951, houve um ligeiro aperto nas licenças de importação, e o superávit comercial fechou positivo.
Elevada inflação interna e crescente propensão a importar.
Abastecimento precário por conta de anos de restrições anteriores.
Perspectiva de escassez de matérias-primas.
Expectativas favoráveis para a evolução das exportações que configurariam melhora da balança
comercial.
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Já em 1952, houve manutenção no valor das importações: uma defasagem temporal do aperto de licenças
gerou redução de compras.
Por fim, as exportações caíram por conta da sobrevalorização da moeda brasileira, da crise mundial na
indústria têxtil e da expectativa de desvalorização da moeda nacional, o que levou os exportadores a reterem
estoques.
Em relação às fases Campos Salles/Rodrigues Alves, sua continuidade é interrompida em razão da queda do
saldo da balança comercial, levando ao retorno do controle de importações por parte do governo e à
consequente queda das reservas internacionais. O ano de 1953 começa com inflação, crise cambial e
interrupção do ciclo de financiamento norte-americano para a CMBEU, com a vitória de Dwight Eisenhower
nos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo que, após a interrupção das fases, o governo procurava enxugar o gasto público, a política
monetária permitiu uma expansão do crédito do Banco do Brasil por duas razões:
I
A recomposição de parte dos recursos para empréstimos pelo setor público, em 1951.
II
O recebimento de atrasados comerciais de importadores para com o governo, em 1952, o que garantiu uma
fonte adicional de recursos.
Em 1953, o governo estabeleceu taxas múltiplas de câmbio para aumentar exportações, mas não obteve
êxito. Havia nesse mecanismo cinco taxas de câmbio diferenciadas: uma fixa, três flutuantes e uma de livre
mercado. A inefetividade da medida se deu porque, por um lado, exportadores retiveram estoques e, por
outro, importadores estrangeiros atrasaram as compras — ambos apostaram que ocorreria uma depreciação
cambial em relação às taxas de câmbio que precisariam usar de acordo com o sistema diferenciado.
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Osvaldo Aranha (1884-1960).
Em 1953, Osvaldo Aranha assumiu o Ministério da Fazenda com a mesma orientação ortodoxa, mas
privilegiando o ajuste cambial. Tal ajuste se fez necessário, pois havia queda das exportações e interrupção
do financiamento externo. Como parte da liberação do empréstimo junto ao Eximbank, a contrapartida
assumida pelo governo brasileiro foi a promessa de conduta de austeridade.
Em seguida, é imposta a Instrução nº 70 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), que
determina:
No entanto, os resultados são inflação, via repasse cambial, queda do produto, por conta do choque agrícola
adverso, e aumento dos déficits públicos, por causa dos gastos em infraestrutura. O quadro externo só
Monopólio cambial pelo Banco do Brasil.
Fim do controle quantitativo de importações.
Bonificações cambiais para exportadores.
Controle qualitativo de importações.
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melhorou em 1954, quando a queda do valor das importações gerou superávit comercial, mas a inflação
acelerou e houve queda das exportações, o que contraiu o produto.
A despeito da tentativa de ajustamento interno, a posição do Tesouro Nacional (TN) junto ao BB passou de
credora para devedora em razão de obras públicas, ajuste do funcionalismo e gastos para eleições
municipais. O déficit público aumentou ainda por conta do pagamento pelo Banco do Brasil de um
empréstimo internacional para salvar o governo de São Paulo da crise.
Ao final de 1953, a inflação pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação
Getulio Vargas (FGV), saiu de 12% para 20,8% em virtude das sucessivas desvalorizações cambiais e da
expansão da dívida pública. Com a queda da agricultura e do investimento na economia, o produto interno
bruto (PIB) cresceu apenas 2,5%, abaixo dos anos anteriores.
GOVERNO CAFÉ FILHO (1954-1955)
Eugênio Gudin Filho (1886-1986).
Em meio à crise cambial, o governo obteve empréstimos com bancos oficiais e bancos privados, tendo como
contrapartida a garantia das reservas em ouro do país.
Eugenio Gudin, ministro da Fazenda, estabeleceu a Instrução nº 113 da SUMOC: o Banco do Brasil emitiria
licenças de importação de bens de capital sem cobertura cambial para atrair capitais estrangeiros. Se a taxa
de câmbio livre estivesse mais apreciada que a de bens de capital, seria mais vantajoso aos estrangeiros
comprar bens do que emprestar recursos financeiros ao Brasil, como comentam Viana e Vilella (2011).
A fase Gudin, com clara orientação ortodoxa, começa com a queda dos preços do café e a contração das
exportações, como nota Pinho Neto (1989). Gudin vai aos Estados Unidos a fim de buscar empréstimos de
300 milhões de dólares, mas consegue apenas a renovação dos 80 milhões da gestão anterior e mais 80
milhões.
Na gestão da política econômica interna, Gudin pretendia promover um ajuste fiscal e a contração da base
monetária e do crédito. Tais medidas se deram por aperto monetário por meio de diversas instruções da
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SUMOC, com destaque para a de nº 108, que aumentava os compulsórios sobre depósitos à vista de 4% para
14%, e sobre os depósitos a prazo de 3% para 7%.
Essa gestão acabou sendo das mais ortodoxas da história econômica brasileira e provocou uma severa crise
de liquidez que levou à liquidação de diversos bancos. Para acalmar os ânimos junto aos cafeicultores
paulistas, Café Filho nomeou José Maria Whitaker para a Fazenda.
Pela Instrução nº 116 da SUMOC, o novo ministro recompôs as taxas anteriores de compulsório que
vigoravam antes de Gudin. Para Whitaker, as emissões de moeda com destino ao setor produtivo não eram
inflacionárias — somente aquelas destinadas ao financiamento do déficit público.
João Fernandes Campos Café Filho (1899-1970).
A política cambial de Whitaker procurou unificar as taxas de câmbio a fim de alcançar um patamar mais
depreciado, com as bênçãos do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Revisão
Neste vídeo, você verá um resumo do conteúdo que você acabou de estudar.
Vem que eu te explico!
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A segunda parte da política econômica do governo Dutra foi caracterizada por uma fase intervencionista que
se deu com a constatação de que haveria divisas internacionais direcionadas ao Brasil (“ilusão das divisas”).
Sobre esse fenômeno, é correto afirmar que
A Ocorria pela volatilidade dos ativos em que as reservas estavam denominadas.
B Havia superávits inconversíveis e parcela relevante sob a forma de contas bloqueadas.
C Ruiu com o fim do regime de câmbio fixo, o que levou à desvalorização e perda de reservas.
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D
Ficou marcado pelo fim do financiamento externo, que deflagrou uma crise no balanço de
pagamentos.
E Houve reversão de capitais por conta da mudança de postura do governo Dutra.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Com parte significativa das reservas em ouro e parte sob a forma de contas bloqueadas, o balanço
de pagamentos brasileiro dependia somente dos fluxos externos que se davam sob a forma de
recursos superavitários em moeda inconversível. Na prática, o governo não podia contar com a
liquidez externa que esperava no começo do governo Dutra.
Questão 2
O segundo governo de Getúlio Vargas teria uma inflexão de política econômica após a chamada fase
Campos Salles. No entanto, essa inflexão não ocorreu, nem houve continuidade do plano original. A que se
atribui essa mudança nos rumos da política econômica?
A Choque externo que impôs restrições ao balanço de pagamentos.
B
Viés autoritário assumido pelo presidente, que passou a rejeitar os pontos centrais do
programa de governo.
C
Pressões do governo norte-americano para que ainda houvesse uma política fiscal
restritiva.
D Queda do PIB, que fez com que a arrecadação impossibilitasse a continuidade de projetos.
E Fechamento da CMBEU e interrupção do financiamento externo.
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2 - Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o Plano de Metas no contexto do modelo de
desenvolvimento econômico na segunda metade dos anos 1950.
O governo Juscelino Kubitschek (JK) foi marcado pelo Plano de Metas e pelo envolvimento do setor público
no estímulo ao desenvolvimento econômico, com metas tanto para o setor público quanto para o setor
privado.
Juscelino Kubitschek (1902-1976).
Parabéns! A alternativa A está correta.
Após a fase de ajuste fiscal, teria início um programa de obras públicas inspirado nos anos do
presidente Rodrigues Alves, o que fez com que a fase tivesse esse nome. No entanto, a deterioração
dos saldos comerciais impediu a continuidade do plano, e o governo foi obrigado a adotar um
regime de controle de importações para evitar a acelerada queda das reservas internacionais.
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PLANO DE METAS
O Plano de Metas foi desenhado com base nos diagnósticos da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos
(CMBEU) eda Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e definiu setores prioritários
para receber aportes do governo sob a forma de investimentos em infraestrutura que induziriam o
investimento do setor privado.
Os setores contemplados foram energia, transporte, alimentação, indústria de base e
educação.
O setor público seria responsável por 50% dos gastos (via fundos de orçamento vinculado), o privado por
35%, e os 15% restantes viriam de agências públicas. O déficit externo estava previsto para ser zerado em
1961.
Segundo Lessa (1982), havia quatro peças básicas no plano:
Tratamento preferencial ao capital externo.
Política monetária expansionista para financiar parte do plano.
Ampliação da participação do setor público na formação bruta de capital fixo (FBCF).
Estímulo à iniciativa privada.
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Saiba mais
A formação bruta de capital fixo (FBCF) é um indicador calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), que mostra como o investimento em ativos fixos pode aumentar a capacidade produtiva
da economia.
O setor privado seria estimulado por três maneiras:
Entre 1957 e 1961, a economia brasileira experimentou um crescimento anual de 8,2%, aumento de 5,1% ao
ano da renda per capita e inflação média de 22,6%. Como houve resistência do empresariado a uma reforma
tributária ampla que financiasse o plano, o financiamento acabou sendo inflacionário e houve aumento dos
desequilíbrios regionais e sociais, a despeito da aceleração do crescimento e do sucesso das metas
alcançadas.
Uma das fontes de expansão do déficit público foi o custo das empresas públicas de transporte, que visavam
manter as tarifas baixas para a população. A alta da arrecadação puxada pelo crescimento econômico evitou
que a alta dos gastos levasse a aumentos ainda maiores do déficit público.
Comentário
Vale lembrar que o governo controlava diretamente a produção de setores como petróleo, minério de ferro e
aço.
Política cambial para facilitar a demanda por bens essenciais e lei de similares que vedava
importação de bens disponíveis no mercado interno, capazes de atender à demanda interna.
Crédito do Banco do Brasil (BB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) a
prazos e juros favoráveis (juros reais negativos, já que a inflação era alta).
Emissão de avais do BNDE para captação de crédito no exterior.
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POLÍTICA MONETÁRIA
A política monetária era exercida pela Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) e pelo Banco do
Brasil (BB). A SUMOC era responsável por política cambial, juro do redesconto, compulsórios e fiscalização
de registro de capitais externos. Já o BB desempenhava o papel de banco central e controlava:
Juro do redesconto
Taxa de juros que o governo cobra para fazer empréstimos a bancos comerciais, caso os bancos necessitem de
recursos para cumprir suas obrigações. Se essa taxa é muito alta, os bancos são mais conservadores em sua
política de crédito.
I
A carteira de redescontos (CARED), responsável pelo controle de liquidez.
II
A caixa de mobilização bancária, responsável pelo empréstimo de última instância.
III
A carteira de comércio exterior (CACEX), responsável pela política de exportação e importação.
IV
A carteira de câmbio, responsável pela compra e venda de moedas à taxa estabelecida pela SUMOC.
O BB também era agente do Tesouro Nacional (TN), recebendo a arrecadação tributária e realizando
operações de crédito. O TN emitia papel-moeda e amortizava a emissão por meio da caixa de amortização. O
conselho da SUMOC controlava todo o sistema.
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A emissão era controlada pelo TN, mas quem colocava em circulação o papel moeda era a CARED, que
possuía contabilidade independente do BB, que por sua vez era responsável pela distribuição do papel moeda
aos bancos comerciais.
Logotipo da Secretaria do Tesouro Nacional.
A dinâmica se dava da seguinte forma:
Para Orenstein e Sochaczewski (1989), havia, portanto, uma incompatibilidade do BB na função de banco
central, por conta da falta de limites à emissão de moeda. O banco era ao mesmo tempo depositário das
reservas de bancos comerciais e banco comercial — ou seja, havia expansão ilimitada de sua atuação.
Além disso, a cobertura do déficit do tesouro era feita por meio de empréstimos do BB ao TN. Como o BB era
banco central, essa operação implicava aumento de base monetária.
PLANO DE ESTABILIZAÇÃO MONETÁRIA (PEM)
O período de maior aceleração inflacionária foi entre 1957 e 1958, o que levou o governo a criar o Plano de
Estabilização Monetária (PEM), que tinha duas fases. A primeira, que iria até 1959, era de transição e
ajustamento e buscava corrigir distorções inflacionárias como reajustes constantes nos salários nominais. A
segunda seria a de estabilização propriamente dita e respeitaria o crescimento econômico na expansão dos
meios de pagamento.
I
O BB precisava de papel moeda
para repassar aos bancos
comerciais.
II
O BB levava títulos comerciais
para a CARED em troca de papel
moeda.
III
A CARED por sua vez pedia
empréstimo no TN que enviava
papel moeda e recebia os títulos
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Porém, o PEM levou ao rompimento do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI),
que desejava um plano mais austero.
Esse plano acabou ficando pelo caminho e o governo tentou sucessivos planos de contenção da despesa
orçamentária. Em outras palavras, o governo tentou uma série de pequenos ajustes fiscais para conter a
inflação logo após o fracasso do plano.
A política cambial teve como principal característica a volta da Instrução nº 113 da SUMOC, que incluía quase
que a totalidade dos bens industriais na taxa de câmbio preferencial. Em 1957, outra iniciativa de intervenção:
a criação do conselho de política aduaneira para definir alíquotas para determinados produtos com o objetivo
de fortalecer a substituição de importações de bens de capital. Na segunda metade dos anos 1950, essa
indústria cresceu 26,4%.
Em 1959, teve destaque a Instrução nº 167 da SUMOC, que libera exportações de manufaturados, e a nº 192,
que faz o mesmo para as demais exportações, exceto café, óleo, cacau e mamona. A Instrução nº 181 liberou
fretes.
Em geral, esse conjunto de reformas acabou por congelar o câmbio, enquanto os preços
domésticos subiram 80% no período, evitando, portanto, a correção da taxa de câmbio
real.
Revisão
Veja, no vídeo a seguir, um resumo do conteúdo estudado neste módulo.
Vem que eu te explico!


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Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
MÓDULO 2
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O Plano de Metas se caracterizou por um esforço ousado do governo em promover a expansão da oferta de
bens públicos na economia. Tal esforço pode ser medido pela opção de o governo continuar com o plano, a
despeito dos problemas de expectativas sobre a arrecadação. Uma das consequências foi o aumento do
déficit público causado:
A
pelos custos represados ao longo da cadeia de produção, que levaram ao subsídio do
governo.
B pela depreciação cambial, que aumentou a dívida externa pública.
C
pela manutenção de preços baixos nas tarifas públicas, que aumentou o custo das
estatais.
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D pela obtenção de empréstimos pelo governo para continuar a manter o plano.
E
pelo aumento dos juros externos, que impôs um aumento do serviço da dívida na conta
corrente.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Um dos objetivos do Plano de Metas era fortalecer a oferta de bens públicos a preços acessíveis
para a população, e o governo lançou mão do recurso de controle de preços públicos, que se
mantiveram baixos por longos períodos de tempo, impondo um elevado custo a empresas estatais
que viam aumento de custos sem ter aumento de receita.
Questão 2
O plano de estabilização monetária do governo JK não foi concluído por uma série de questões. O que se viu
na sequência foi uma política cambial intervencionista e voltada para a proteção de exportadores e
facilitação de algumas importações. Qual, no entanto, foi a primeira medida após o abandono do plano?
A Aceitação de uma taxa de inflação mais alta que a esperada.
B Liberalização da política fiscal que se tornou flagrantemente expansionista.
C Política monetária restritiva para compensar a frustração com o plano.
D Uma série de pequenos ajustes fiscais para conter a inflação.
E Um grande e profundo ajuste salarial para compensar o câmbio preferencial.
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3 - Política Econômica sob a égide da instabilidade
política
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a política econômica sob o signo da
instabilidade política nos governos Jânio Quadros e João Goulart, com destaque para o debate
sobre o Plano Trienal.
GOVERNO JÂNIO
Parabéns! A alternativa D está correta.
Após o fracasso do PEM, não houve nova tentativa de ajuste salarial, tampouco a opção foi pela
política monetária. A saída encontrada pelo governo foi uma sucessão de ajustes fiscais
relativamente pequenos para deter os choques inflacionários.
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Jânio Quadros (1917-1992).
Jânio Quadros tomou posse em meio a um cenário de aceleração inflacionária, aumento dos gastos públicos
e deterioração do balanço de pagamentos.
A Instrução nº 204 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) unificou as taxas de câmbio e
depreciou a taxa, buscando um ajuste real.
Para suavizar o Balanço de Pagamentos (BP), foi adotado um sistema de letras de importação pelo qual os
importadores deveriam depositar por cinco meses no BB o valor das importações.
A alternativa para o governo, caso não adotasse essa medida, como ressalta Abreu (1989), seria o
financiamento inflacionário por meio da emissão de dívida. Nesse ponto, a política cambial seria na verdade
também uma política anti-inflacionária.
Para Furtado (1975), essa política levou a uma aceleração inflacionária. Como contraponto, o governo
conseguiu o que pretendia ao gerar recursos internos no mercado de câmbio, aumentando sua liquidez, e
poderia financiar os gastos em moeda nacional.
Atenção!
Importante notar que, sob esse ponto de vista, Furtado tinha uma visão ortodoxa que inclusive o levava a
atribuir a correção dessa distorção de gastos às reformas fiscais realizadas posteriormente.
No plano da dívida externa, houve reescalonamento do passivo, com redução do serviço da dívida e
aumento do estoque de dívida. O coeficiente dívida/exportações, no entanto, aumentou.
GOVERNO JANGO E O PLANO TRIENAL
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João Goulart (1919-1976).
O governo João Goulart teve início com um regime parlamentarista em que o país seria comandado pelo
gabinete do então primeiro-ministro Tancredo Neves. O banqueiro Moreira Salles foi indicado para o
Ministério da Fazenda a fim de acalmar o temor de uma guinada à esquerda.
Foram elaborados três planos para conter os gastos, aumentar a poupança e estabilizar o BP:

Plano Perspectiva

Plano Quinquenal

Plano de Emergência
Curiosidade
O Plano Perspectiva teria horizonte de vinte anos.
A política monetária era contraditória, pois ao mesmo tempo contraiu crédito e depósitos compulsórios sobre
depósitos à vista e manteve uma política cambial sem taxas múltiplas. Havia a preocupação em domar a
inflação via repasse cambial, que corroía salários reais.
O plano de investimentos buscava ser não inflacionário com investimentos plurianuais e uma reforma
administrativa. A ideia era expandir a formação bruta de capital fixo (FBCF). Na esteira do plano, havia a
tentativa de combater o baixo crescimento do produto interno bruto (PIB) por conta da dificuldade de
financiamento encontrada na economia. Mas, ao mesmo tempo, houve arrocho monetário e ajuste fiscal —
este último em parte deteriorado pelo reajuste salarial de 40% no salário mínimo.
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A política externa foi prejudicada pelas mudanças na lei de remessas de lucros e pelo cancelamento de
concessões de empresas norte-americanas e, nesse sentido, foi mantida a política externa independente de
Jânio, além da saída de capitais dos Estados Unidos.
Saiba mais
O ano de 1961 encerrou com crescimento de 8,6% do PIB e inflação de 30%. Houve queda da FBCF e melhora
do BP com a renegociação da dívida externa e o aumento das exportações. Nesse ano, o investimento foi
mantido pelo setor público, já que foi verificada a retração do investimento privado.
Em março de 1962, um fracasso de ajuste �scal enfraqueceu o governo junto a setores
�scalistas.
Dois fatores adversos ocorreram em maio de 1962:
o fracasso em nova renegociação da dívida; e
o aumento do déficit fiscal por conta da alta de despesas de empresas públicas, o que levou à renúncia
do gabinete Neves, substituído por Brochado da Rocha.
O novo gabinete se inclinou mais à reforma agrária e ao combate à inflação, pretendendo reduzir a taxa de
inflação para 60% em 1962 e 30% em 1963.
O novo governo tentou passar no Congresso uma proposta de aumento de poderes para promover reformas,
mas fracassou nas negociações, o que levou à nova renúncia do gabinete. Em junho de 1962, Moreira Salles
afrouxou a austeridade, conferindo aumento ao funcionalismo público. Após o plebiscito que deu a vitória ao
presidencialismo, houve o abandono definitivo do plano de estabilização.
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No �nal do ano, as contas estavam descontroladas, a in�ação em alta e houve contração
do crescimento do PIB para 6,6%.
Para Melo, Bastos e Araújo (2006) foi preciso situar a política econômica de João Goulart no aspecto do
modelo de substituição de importações, inspirado nos autores de tradição estruturalista latino-americana.
Para eles, seria impossível para os países periféricos que as taxas de crescimento convergissem para as
taxas dos países ricos, já que o custo dessa tentativa seria a obtenção de déficits correntes crescentes.
A causa desse obstáculo seria a existência de uma sociedade heterogênea e com péssima distribuição de
renda, o que dificultou a criação de um mercado consumidor para bens de consumo duráveis. Seria
necessário, portanto, um conjunto de reformas estruturais que removesse essas desigualdades. Era essa a
justificativa das reformas de base que ganharam corpo na fase presidencialista: permitir o avanço do modelo
de substituição de importações.
Exemplo
Um exemplo desse tipo de reforma seria a reforma agrária, que teria o efeito direto de aumentar a
produtividade e a renda no campo, e um efeito indireto de evitar o êxodo rural e contribuir para nãoaumentar
o desemprego urbano nem pressionar para baixo o salário médio nas cidades.
Essa tese chamada de estagnacionista foi criticada por Tavares (1972), que argumentava que as reformas
até poderiam reorientar o desenvolvimento no caminho de uma sociedade menos desigual, mas não eram
peça fundamental na engrenagem do crescimento, que deveria vir por meio da expansão e generalização do
crédito para sustentar o mercado de bens duráveis.
Nessa concepção, diferenciam-se aspectos estruturais ligados a questões de longo prazo, como tendência à
estagnação e deterioração dos termos de troca, e aspectos conjunturais, como a reversão de um ciclo de
investimento, piora da balança comercial e choques de câmbio e de matérias-primas.
Celso Furtado (1920-2004).
O Plano Trienal foi elaborado por Celso Furtado e implantado em 1963, sendo facilitado pela vitória do
presidencialismo como sistema de governo. O diagnóstico do plano para a inflação era ortodoxo: excesso de
demanda por conta do gasto público. As soluções seriam:
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Havia metas para o crescimento econômico (7%) e para a in�ação (25%).
Na prática, a expectativa de controle de preços antecipou reajustes e levou a uma alta de 20% nos preços da
indústria. O governo encerrou os subsídios e promoveu um amplo reajuste das tarifas públicas. No plano
monetário, houve forte aumento dos compulsórios. No segundo trimestre, porém, o governo voltou com os
subsídios mesmo em meio à desvalorização cambial de 30%. As negociações salariais levaram a ajustes
nominais acima do prometido ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
No segundo semestre de 1963, houve um relaxamento das restrições de crédito. O déficit do governo
aumentou, embora os preços tenham permanecido estáveis. O crescimento do produto interno bruto (PIB)
despencou para 0,6% em 1963, com forte redução dos investimentos públicos e privados. Há debate sobre as
causas da queda do PIB.
Optou por analisar os dados desagregados de investimento público e privado para concluir que o
Plano Trienal foi a causa da recessão ao contrair o crédito e a liquidez que suportavam o crescimento
de diversos setores. Nesse sentido, diverge dos dados de FBCF da Fundação Getulio Vargas (FGV),
que mostram expansão de 13,1% em 1961 para 17% em 1963 (ABREU, 1989).
Correções de preços defasados
Redução do déficit público
Restrições de crédito ao setor privado
Wells (1977) 
Furtado (1968) e Tavares (1972) 
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Enfatizam a perda de dinamismo do modelo de substituição de importações, o aumento da relação
capital/produto e a variação do investimento em plantas maiores que o mercado desde o plano de
metas.
Revisão
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Vem que eu te explico!
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MÓDULO 3
Vem que eu te explico!
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A política cambial de Jânio foi anti-inflacionária visto que foi uma alternativa à emissão de dívida. Por que tal
política cambial foi criticada por Celso Furtado?
A Provocou uma aceleração de preços por conta do repasse da depreciação cambial.
B A política cambial fracassou ao não conseguir ajustar o câmbio real como o desejado.
C Era uma visão heterodoxa de Celso Furtado.
D Não seriam necessárias reformas fiscais para lidar com o problema posterior.
E Ele afirma ter havido redução de liquidez nos mercados cambiais.
Parabéns! A alternativa A está correta.
De acordo com a crítica de Furtado, embora fosse uma política que visava combater a inflação, o
resultado não foi de redução de inflação e sim de aceleração, uma vez que a depreciação cambial
subjacente na unificação das taxas aumentou a cotação do dólar em moeda nacional.
Questão 2
Na política monetária do governo Jango, havia uma contradição dada pelos polos
A taxas de juros baixas e recolhimentos compulsórios exagerados.
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Considerações �nais
Como tratado ao longo deste texto, entre 1946 e 1964, a orientação de política econômica brasileira foi
direcionada para um ensaio de desenvolvimento econômico que deu centralidade ao papel do Estado como
indutor do desenvolvimento.
Em alguns momentos, como nos anos Dutra e Vargas, as políticas foram compostas por uma fase mais
ortodoxa, com vistas ao ajuste de contas, e uma fase mais intervencionista, com atuação mais presente do
governo. Nem sempre essa divisão foi bem demarcada, muitas vezes interrompida por choques externos.
Durante os anos JK, o país experimentou um modelo de desenvolvimento mais intenso com metas traçadas
para os setores público e privado, e, como era de se esperar, uma forte proteção à indústria nacional, com
vistas à formação bruta de capital fixo.
Finalmente, vimos os anos de instabilidade dos governos Jânio e Jango, nos quais há discussão sobre se o
Plano Trienal foi ou não responsável pela recessão. Para os defensores do plano, apenas houve um desgaste
B política monetária expansionista e taxa de câmbio apreciada.
C contração de crédito e taxas múltiplas de câmbio.
D expansão do crédito e taxas de juros restritivas.
E política de emprego e redução do salário real.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Ao mesmo tempo que havia uma política de crédito restrita para deter um choque de demanda, a
política cambial procurou estabelecer taxas múltiplas para favorecer determinados setores.
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do modelo de substituição de importações, enquanto para os críticos o plano partiu de um diagnóstico
ortodoxo e provocou recessão pela contração do crédito e da liquidez.
Em geral, os anos da República de 1946 podem ser vistos como um primeiro esforço estatal de crescimento
e desenvolvimento econômico cujos elementos estariam presentes de alguma forma em governos
posteriores, mesmo naqueles de caráter autoritário.
Revisão
Neste podcast, você poderá ouvir um resumo de todo o conteúdo estudado.

Referências
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de política econômica republicana: 1889-1989. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
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ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana: 1889-1989. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus,
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PINHO NETO, D. M. O interregno Café Filho: 1954-1955. In: ABREU, M. P. A ordem do Progresso: cem anos de
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TAVARES, M. C. Além da estagnação: uma discussão sobre o estilo de desenvolvimento recente doBrasil. [S.
l.]: CEPAL, 1972.
VIANA, S. B. Política econômica externa e industrialização: 1946-1951. In: ABREU, M. P. A ordem do
Progresso: cem anos de política econômica republicana: 1889-1989. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989a.
VIANA, S. B. Duas tentativas de estabilização: 1951-1954. In: ABREU, M. P. A ordem do Progresso: cem anos
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VIANA, S. B.; VILLELA, A. O pós-Guerra. In: GIAMBIAGI, F. et al. Economia brasileira contemporânea. 2. ed. Rio
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WELLS, J. Growth and fluctuations in the Brazilian manufacturing sector during the 1960's and early 1970’s.
Cambridge: Cambridge University, 1977.
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Para uma visão estendida do período que abrange desde os anos JK até as vésperas do golpe de 1964,
recomenda-se a leitura do capítulo Dos “anos dourados” de JK à crise não resolvida (1956-1963), de André
Villela, que compõe o livro de Fabio Giambiagi e colaboradores, Economia brasileira contemporânea, 2. ed.,
publicado pela Campus Elsevier, no Rio de Janeiro, em 2011.
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