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Resumo: EVOLUÇÃO DA QUALIDADE E OS PRINCIPAIS AUTORES CLÁSSICOS DA QUALIDADE (BALLESTERO-ALVARES, 2019; CARPINETTI, 2016) Prof: Marcio Luiz Marietto, Dr Evolução até a década de 50 Até o período que antecedeu a Revolução Industrial, a qualidade era uma atividade de autocontrole, realizada pelos artesãos. Nessa fase, o artesão desenvolvia todas as atividades: concepção, escolha de materiais, produção e comercialização, mantendo um contato direto com os clientes. Produziam-se pequenas quantidades de cada produto, e as peças eram ajustadas manualmente. No início do século XX, com o advento da produção em massa e das teorias de Administração Científica da Produção, lançadas por F. W. Taylor, a prática do controle da qualidade mudou substancialmente. O controle de qualidade passou a ser atividade externa à produção, realizada pelo inspetor da qualidade. Ou seja, a inspeção tinha por objetivo separar os produtos bons dos defeituosos, antes de serem despachados para o consumidor. As atividades de inspeção foram relacionadas mais formalmente com o controle de qualidade a partir de 1922. Tbn na década de 20, por meio da introdução de simples, mas fundamentais, ferramentas estatísticas foi possível estabelecer um modelo estatístico de variabilidade máxima da resposta de um processo produtivo (baseado nas causas crônicas de variabilidade) e a partir desse modelo (linha central e limites da carta de controle) monitorar a qualidade do processo de fabricação. A partir do final da década de 1930 desenvolveram técnicas para a inspeção de lotes de produtos por amostragem, baseadas na abordagem probabilística para a previsão da qualidade do lote a partir da qualidade da amostra. Assim, na primeira metade do século passado, tanto o desenvolvimento conceitual como as práticas de controle da qualidade eram voltados para a inspeção e controle dos resultados dos processos de fabricação, para garantir a conformidade dos resultados com as especificações, portanto limitada ao processo de fabricação. A partir da década de 1950, a prática de gestão da qualidade ganhou uma nova dimensão, expandindo-se para as etapas mais a montante e a jusante do ciclo de produção, envolvendo toda a organização. Contribuíram para isso as teorias dos gurus da qualidade, como Juran, Feigenbaum, Deming e Ishikawa, apresentadas a seguir. Evolução após a década de 50 e a influencia dos principais autores (Carpinetti, 2016) Com a publicação do Manual de controle da qualidade, em 1950 de Joseph Moses Juran, o controle da qualidade ganha nova dimensão, incluindo todas as atividades do ciclo produtivo do desenvolvimento ao pós-venda. Juran argumentava que, para adequação do produto ao uso, todos os processos, direta ou indiretamente relacionados ao ciclo produtivo, devem ser direcionados para o atendimento das expectativas do cliente. Ou seja, o conceito de qualidade devia ser incorporado a todos os processos da organização, desde o planejamento do produto, passando pelo projeto e desenvolvimento, aquisição, produção, comercialização e pós-venda. Ao conjunto de atividades que tem por objetivo incorporar qualidade ao produto, não importando em que parte da organização essas atividades sejam realizadas, Juran denominou de Função Qualidade. Uma contribuição similar foi dada por Feigenbaum, que, em 1951, em seu livro célebre Controle da qualidade total, definiu as atividades de controle da qualidade como sendo: - controle de projeto; - controle de material recebido; - controle de produto; - estudo de processos especiais. Assim como Juran e Feigenbaum, William Edwards Deming tornou-se um dos mais reconhecidos e influentes pioneiros da qualidade, especialmente no Japão e, mais tarde, nos EUA. Se especializou nas técnicas estatísticas de controle da qualidade, entretanto, o seu conhecimento não foi devidamente absorvido pela indústria americana do pós-guerra, pela simples razão de não se perceber, naquela época, necessidade em se investir em qualidade, já que a indústria americana não sofria concorrência e vivia um período de explosão de consumo. Entretanto, do outro lado do mundo, o Japão, destruído pela guerra, precisava reerguer sua indústria de bens de consumo. Deming defendia a tese de que o controle de qualidade deveria ser adotado na empresa inteira, não apenas em suas funções de produção. Nos 14 pontos para a melhoria da qualidade, Deming enfatiza a necessidade de métodos estatísticos de controle, participação, educação e melhoria objetiva. Os 14 pontos são os seguintes: 1.crie constância de propósito; 2.adote uma filosofia; 3.interrompa a dependência de inspeção; 4.evite ganhar apenas com base no preço; 5.melhore constantemente a produção e o serviço; 6.implante treinamento no trabalho; 7.implante liderança no trabalho; 8. elimine o medo; 9.quebre barreiras entre os departamentos e áreas; 10.elimine slogans, gritos de guerra, exortações; 11.elimine cotas numéricas e padrões; 12.promova o orgulho entre as pessoas; 13.promova treinamento e educação continuada; 14.coloque todos para trabalhar nos 13 pontos anteriores. Deming também foi o responsável, juntamente com Walter Shewhart, pela elaboração do “Ciclo PDCA”, ou como ficou conhecido, Ciclo de Deming. A sigla PDCA vem do inglês e quer dizer plan, do, check e action, o que significa que tudo deve ser planejado (plan), executado (do), verificado (check) e, quando for necessário, corrigido ou melhorado (action). Coube a Kaoru Ishikawa efetuar a primeira compilação teórica e prática de diversos aspectos da execução do trabalho desenvolvidos por outros autores, tais como Deming, Juran e Shewart; com base nessa compilação, Ishikawa acrescentará a preocupação com as pessoas, enriquecendo a abordagem do controle de qualidade com a visão humanística. Ishikawa se centra na obtenção da qualidade total (qualidade, custo, entrega, moral e segurança) com a participação de todas as pessoas da organização, desde a alta gerência até os operários do chão da fábrica. O cerne para essa ênfase pode ser encontrado no TQC japonês, que, por meio de uma metodologia muito bem definida, envolve todos os participantes em todos os níveis empresariais; nessa realidade, todos têm como objetivo colocar suas atividades sob controle diariamente, com o intuito de garantir a qualidade da empresa inteira. Ishikawa enfatiza a participação dos funcionários com os famosos círculos de controle de qualidade (CCQ), para a melhoria contínua dos níveis de qualidade e resolução de problemas. Apenas para iniciar o tema CCQ, vale mencionar aqui as ideias básicas que norteiam os trabalhos dessas estruturas: 1.contribuir para o melhoramento e para o desenvolvimento do empreendimento; 2.respeitar as pessoas e criar um local de trabalho feliz, animado e bom para se viver; 3.exercitar as capacidades humanas e extrair suas infinitas possibilidades. DIAGNÓSTICO DE PROBLEMAS DE QUALIDADE E CONFORMIDADE À ESPECIFICAÇÃO (Paladini, 2019) Em concordância com o que foi explicado acima sobre a evolução da qualidade, uma das definições aceitas para qualidade é: “a ausência de defeitos”. Conceito este que costumava ser dominante no ambiente fabril e vê qualidade como atendimento das especificações do produto. A qualidade seria avaliada pelo grau de conformidade do produto fabricado com suas especificações de projeto (Carpinetti, 2016). O conceito mais simples de defeito é aquele que o caracteriza como “a falta de conformidade de um produto quando determinado característico da qualidade é comparado com as suas especificações. Ou seja: um produto é classificado como defeituoso sempre em relação a um ou mais característicos da qualidade. Nesse caso, pode-se observar que foram identificados um ou mais defeitos associados a cada característico (Paladini, 2019). A conclusão natural é que os problemas relativos a qualidadedesencadeiam produtos e/ou serviços com defeitos ou sem conformidade com as especificações dos mesmos. Os autores concordam que uma das formas para o desenvolvimento de ações de melhoria para a minimização ou eliminação de falhas consideradas mais críticas e atingir a conformidade à especificação requer as seguintes etapas: Etapa 1. Defina as características da qualidade do produto ou serviço. Etapa 2. Decida como medir cada característica da qualidade. Etapa 3. Estabeleça padrões de qualidade para cada característica de qualidade. Etapa 4. Controle a qualidade em relação a esses padrões. Etapa 5. Encontre e corrija as causas da má qualidade. Etapa 6. Continue a fazer melhorias. REFERENCIAS CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas.3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: Teoria e Prática.4.ed. São Paulo: Atlas, 2019.
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