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Comportamento Organizacional 02 1. Comportamento Organizacional (CO) 4 Conceitos e Definições 4 Características 6 Níveis e Modelo 9 O Modelo de CO 10 Produtividade 11 Absenteísmo 12 Rotatividade 12 Satisfação no Trabalho 13 Cidadania Organizacional 14 Utilidade do CO 14 A Aprendizagem do Comportamento Organizacional como Diferencial Competitivo 15 2. Fatores que Influenciam no Comportamento Organizacional 19 A Cultura Organizacional 23 As Competências 24 A Aprendizagem Organizacional 25 3. Referências Bibliográficas 32 03 4 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 1. Comportamento Organizacional (CO) Fonte: Retha Ferguson1 Conceitos e Definições Comportamento Organizacional (CO) refere-se ao estudo de indi- víduos e grupos atuando em organi- zações. Preocupa-se com a influência das pessoas e grupos sobre as orga- nizações e com a influência das orga- nizações sobre as pessoas e os gru- pos. Na realidade, o CO retrata a contínua interação entre pessoas e organizações que se influenciam re- 1 Retirado em https://www.pexels.com/ ciprocamente. Constitui uma impor- tante área de conhecimento para to- da pessoa que necessite lidar com organizações, seja para criar novas organizações, mudar as já existen- tes, trabalhar nelas, investir nelas ou, mais importante ainda, dirigi- las. No fundo, o CO A denomina- ção permaneceu, porém não são as organizações que apresentam um comportamento, mas sim as pessoas e os grupos que delas participam e O 5 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL que nelas atuam (CHIAVENATO, 2004). O CO está relacionado com as ações das pessoas no trabalho em organizações. Baseado predominan- temente na contribuição de psicólo- gos, o CO é uma área que trata do comportamento individual, isto é, de tópicos como personalidade, ati- tudes, percepção, aprendizado, mo- tivação. Além disso, o CO também está relacionado com o comporta- mento grupal, incluindo tópicos co- mo normas, papéis, construção de equipes e conflito e, nesse sentido, baseia-se na contribuição de soció- logos e de psicólogos sociais. Toda- via, o comportamento de um grupo de pessoas não pode ser compreen- dido apenas pela soma das ações dos indivíduos agindo sozinhos. O com- portamento grupal é diferente do comportamento individual. Essa ca- racterística torna-se mais visível em casos extremos, como quando uma gangue de rua ataca cidadãos ino- centes, por exemplo. Quando agem sozinhos, os membros da gangue raramente se engajam em tal com- portamento. Nas organizações, as pessoas agem não só como indiví- duos, mas também como membros de grupos. Assim, necessitamos estudar o comportamento sob esses dois ân- gulos. Por outro lado, um dos de- safios para a compreensão do CO é que ele pode ser visível apenas par- cialmente. Existem aspectos visíveis e su- perficiais do CO, como as estratégias adotadas pela organização, a fixação de objetivos globais a serem alcança- dos, as políticas e procedimentos adotados, a estrutura organizacio- nal, a autoridade formal, a cadeia de comando e a tecnologia utilizada. Todos esses aspectos do CO são fa- cilmente percebidos nas organiza- ções. Contudo, existem também as- pectos invisíveis e profundos do CO, como percepções e atitudes indivi- duais, normas grupais, interações informais e conflitos interpessoais e intergrupais que dificilmente são percebidos nas organizações, mas que dinamizam e influenciam o comportamento de pessoas e grupos. São várias as definições para CO, abaixo temos algumas sintetiza- das por Chiavenato: CO pode ser definido como a compreensão, predição e ges- tão do comportamento huma- no nas organizações (LU- THANS, 2002). O CO é um campo de estudo voltado para prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das empresas. O CO letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar 6 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL enfoca comportamentos ob- serváveis (conversar, traba- lhar), lida com ações internas (pensar, perceber e decidir), estuda o comportamento das pessoas (como indivíduos ou membros de unidades sociais maiores) e analisa o compor- tamento dessas unidades maiores (grupos e organiza- ções) (WAGNER III; HOL- LENBECK, 1998). CO é o estudo dos indivíduos e grupos nas organizações. CO é o campo de estudos que investiga o impacto que indiví- duos, grupos e estrutura orga- nizacional têm sobre o com- portamento dentro das orga- nizações, com o propósito de aplicar tais conhecimentos pa- ra melhorar a eficácia orga- nizacional (ROBBINS, 2001). O CO é o estudo e a aplicação do conhecimento sobre como as pessoas atuam dentro das organizações. Trata-se de uma ferramenta humana para be- nefício humano (DAVIS, 1981). Características O CO apresenta características próprias e marcantes. Trata-se de uma área do conhecimento humano vital para a compreensão do funcio- namento das organizações. As prin- cipais características do CO são: O CO é uma disciplina científi- ca aplicada. O CO está ligado a questões práticas no sentido de aju- dar pessoas e organizações a atingir níveis elevados de dessempenho nunca antes alcançados. Sua aplica- bilidade está em simultâneamente buscar aumentar a satisfação das pessoas no trabalho e elevar os pa- drões de competitividade e de suces- so da organização. O CO adota uma abordagem contingencial. O CO procura iden- tificar as diferentes situações orga- nizacionais para que se possa lidar com elas, extraindo o máximo pro- veito. O CO utiliza a abordagem situacional, já que não existe uma maneira única e exclusiva de lidar com as organizações e com as pes- soas. Tudo depende das circunstân- cias, e nada é fixo ou imutável. O CO utiliza métodos científi- cos. O CO desenvolve e testa empiri- camente hipóteses e generalizações sobre a dinâmica do comportamento nas organizações. Os fundamentos científicos do CO se baseiam em uma metodologia de pesquisa siste- mática. O CO ajuda a lidar com as pes- soas nas organizações. O objeti- vo básico do CO é ajudar as pessoas e organizações a se entenderem cada vez mais. O CO é fundamental aos administradores que dirigem orga- nizações ou unidades delas, assim como é indispensável a toda pessoa que pretenda ser bem-sucedida na letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar 7 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL sua atividade com as organizações, dentro ou fora delas. O CO recebe contribuições de várias ciências comportamen- tais. Como ciências políticas, antro- pologia, psicologia, psicologia social, psicologia organizacional, sociolo- gia, sociologia organizacional etc. Na realidade, o CO é uma área inter- disciplinar que utiliza conceitos ofe- recidos por várias ciências sociais. Fonte: https://br.pinterest.com/ O CO está intimamente relacio- nado com vários campos de estudo. Como a teoria das organi- zações (TO), o desenvolvimento or- ganizacional (DO) e a gestão de pes- soas ou administração de recursos humanos (ARH). Em comparação com essas disciplinas, o CO tende a ser teoricamente orientado para o nível micro de análise, na medida em que utiliza as abordagens teóri- cas das ciências comportamentais para focalizar principalmente o comportamento individual e grupal nas organizações. Nesse sentido, o CO pode ser definido como a com- preensão, predição e gestão do com- portamento humano nas organi- zações. Chiavenato deixa bem claro que o comportamento organizacio- nal não se confunde com a adminis- tração? Ele correspondeao lado hu- mano da administração, mas não à totalidade da administração. A ad- ministração envolve abordagens de processos, sistemas, gestão do co- nhecimento, contingência etc. O profissional de administração preci- sa conhecer o CO em profundidade para ser bem-sucedido em suas atividades. O CO tampouco se con- funde com a psicologia organizacio- nal. As ciências sociais (antropolo- gia, sociologia e, especialmente, a psicologia) fizeram uma contribui- ção significativa aos fundamentos teóricos e de pesquisa do CO. A estrutura organizacional e os proce- ssos administrativos (como decisão e comunicação) assumem um papel importante no CO, mas secundário na psicologia organizacional (PO). Nas duas ilustrações abaixo temos as contribuições das ciências sociais ao CO e as relações entre este e outras disciplinas correlatas. As contribuições das ciências sociais ao CO: letsr Destacar letsr Destacar 8 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Fonte: Adaptado de Robbins (2001) As relações entre CO e outras disciplinas correlatas: Fonte: Adaptado de Robbins (2001) 9 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Níveis e Modelo O Comportamento Organiza- cional aborda três diferentes níveis de comportamento nas organiza- ções: 1. Macroperspectiva do CO Trata do comportamento do sistema organizacional como uma to- talidade. É o que chamamos de comportamento macro-orga- nizacional. Refere-se ao estu- do dos comportamentos de or- ganizações inteiras. A aborda- gem macro do CO se baseia em como comunicar, liderar, pro- porcionar decisões, lidar com estresse e conflito, proporcio- nar negociação, tipos de poder e política e coordenar ativida- des de trabalho (WAG-NER III, HOLLENBECK, 1998). 2. Perspectiva intermediária do CO - Trata do comportamento de grupos e de equipes na or- ganização. Recebe o nome de comportamento meso organi- zacional, pois funciona como ligação entre as outras duas perspectivas do CO. Focaliza o comportamento das pessoas que trabalham em grupos ou em equipes. A perspectiva in- termediária do CO se baseia em pesquisas sobre equipes e empower ment, dinâmica gru- pal e intergrupal. Busca en- contrar formas de socialização que incentivam a cooperação entre as pessoas, a melhoria da produtividade em grupo e as combinações de aptidões entre membros de uma equipe que aumentam o desempenho do grupo. 3. Microperspectiva do CO -Tra- ta do comportamento do indi- víduo ao trabalhar sozinho na organização (WAGNER III, HOLLENBECK, 1998). Rece- be o nome de comportamento micro-organizacional. Em fu- nção de suas origens, a micro- perspectiva do CO apresenta uma orientação fortemente psicológica. Focaliza as dife- renças individuais e persona- lidade, percepção e atribuição, motivação e satisfação no tra- balho. As pesquisas nessa área enfocam os efeitos das apti- dões sobre a produtividade das pessoas, as motivações pessoais para o desempenho das tarefas, a satisfação no tra- balho e o modo como os indiví- duos sentem e percebem o seu local de trabalho. Ver a figura abaixo: Os três níveis de abordagem do comportamento organizacional 10 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Fonte: Chiavenato (2004, p. 10) O Modelo de CO Toda ciência necessita de algu- ma forma para representar concei- tos que ela tenta explicar. Para isso, a ciência utiliza modelos. A adoção de modelos facilita a explicação de determinados fenômenos comple- xos. Um modelo é uma abstração da realidade ou uma representação si- mulada de um fenômeno real. Uma maquete de prédio é um modelo, tanto quanto um organograma de empresa. Um manequim em uma vitrine de loja de roupas é um mode- lo, tanto quanto a fórmula financeira “ativos = passivo + patrimônio líquido”. O modelo permite representar a realidade de uma maneira mais simples e inteligível. Para compre- ender sistemicamente o CO, Chiave- nato utiliza um modelo constituído de três níveis de análise: individual, grupal e organizacional. À medida que se caminha do nível individual para o nível organi- zacional, vão-se somando os níveis até o entendimento integral do com- portamento dentro das organiza- ções. Esses três níveis são análogos a blocos de construção: cada nível é construído sobre o anterior. O con- ceito de grupo deriva do nível básico do indivíduo, e o modelo vai se so- brepondo às limitações estruturais sobre os níveis do indivíduo e do grupo para chegar ao nível do com- portamento organizacional. Os três níveis caracterizam três variáveis independentes que são as principais determinantes das va- riáveis dependentes. Assim, as va- riáveis independentes estão situadas nos níveis do sistema organizacio- nal, do grupo e do indivíduo. Antes de explicar cada um deles, observe a ilustração abaixo: Variáveis no nível do sistema organizacional: O CO alcança seu nível mais elevado de sofisticação quando somamos a estrutura formal ao conhecimento do comportamen- to dos indivíduos e dos grupos. Assim como os grupos são mais do que a soma dos seus mem- bros individuais, a organização tam- 11 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL bém é mais do que a soma dos gru- pos ou unidades que a compõem. O desenho organizacional, a cultura organizacional, os processos de tra- balho, as funções, políticas e práti- cas de gestão de pessoas da organi- zação como o processo de recruta- mento e seleção, programas de trei- namento, métodos de avaliação do desempenho etc. têm um forte im- pacto sobre as variáveis dependen- tes. Variáveis no nível do grupo: O comportamento das pessoas é dife- rente quando elas trabalham sozi- nhas ou em grupos. O comporta- mento do grupo é mais do que a soma das ações dos indivíduos que fazem parte dele. O passo seguinte para a compreensão do CO é o estu- do do comportamento grupal. Variáveis no nível do indiví- duo: As organizações dependem de pessoas para poder funcionar. As pessoas ingressam na organização com determinadas características pessoais e individuais que vão in- fluenciar o seu comportamento no trabalho: características biográficas, formação e capacitação, valores, ati- tudes, personalidade e emoções. Es- sas características pouco podem ser alteradas pelo esforço de gerencia- mento. Além disso, existem outras características individuais que afe- tam o comportamento das pessoas, como a percepção, a tomada de de- cisão individual, a aprendizagem e a motivação. Além disso, o modelo envolve variáveis dependentes que consti- tuem os fatores fundamentais que se pretendem explicar ou medir e que são afetados pelas variáveis inde- pendentes. As variáveis dependen- tes são cinco: produtividade, absen- teísmo, rotatividade, satisfação com o trabalho e cidadania organizacio- nal. Vejamos cada uma delas: Produtividade Uma das maiores preocupa- ções no estudo do CO é a produti- vidade que a organização alcança por meio de pessoas, de grupos e de toda a instituição. As organizações estão sempre procurando descobrir os fatores que influenciam e melho- ram a eficiência e a eficácia dos indivíduos, dos grupos e da organi- zação como um todo. Uma organiza- ção é produtiva quando consegue atingir seus objetivos, transforman- do seus insumos ou entradas em resultados cada vez maiores e com o mais baixo custo possível. A produti- vidade é uma medida de desempe- nho que inclui a eficiência e a eficá- cia. A eficiência significa o uso ade- quado dos recursos disponíveis - ou seja, a ênfase nos meios e processos. A eficácia significa o alcance de me- tas e objetivos previamente defini- letsr Destacar 12 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONALdos ou seja, a ênfase nos fins e re- sultados. Assim, uma empresa é eficaz quando consegue satisfazer com su- cesso as necessidades de seus clien- tes e é eficiente quando o faz com baixo custo. Se uma empresa conse- gue atender melhor seus clientes aumentando os contatos diários ou reduzindo seus preços, ela aumenta a sua eficiência. Se a empresa amplia suas metas de vendas ou de partici- pação no mercado, ela eleva a sua eficácia. Absenteísmo Outra preocupação das orga- nizações está na redução do absen- teísmo. O absenteísmo representa o não comparecimento das pessoas ao trabalho, seja por faltas voluntárias (por decisão pessoal) ou involuntá- rias (por motivos de força maior). O absenteísmo tem um custo elevadí- ssimo: seu valor anual foi estimado em mais de 40 bilhões de dólares nas empresas norte-americanas e 12 bilhões de dólares nas empresas ca- nadenses, enquanto na indústria alemã representa mais de 60 bilhões de marcos a cada ano. A ausência de um dia de um funcionário adminis- trativo pode custar 100 dólares à organização em termos de redução da eficiência e aumento da carga de trabalho do supervisor. Isso signifi- ca perda de produção e prejuízos. Se uma organização tem 100 pessoas e seu absenteísmo é de 5%, ela pode contar com apenas 95 pes- soas em seu cotidiano. Nas organiza- ções industriais baseadas em linhas de montagem na produção, o absen- teísmo provoca interrupção do tra- balho, uma enorme perda de quali- dade e até mesmo a completa parali- sação da fábrica ou da empresa. A organização não pode operar nor- malmente e alcançar seus objetivos se as pessoas não comparecem para trabalhar. Rotatividade As organizações também se preocupam com a redução da rotati- vidade ou turnover. A rotatividade representa a constante entrada e saída de pessoas da organização, se- ja voluntária (quando a demissão é fruto de decisão pessoal do funcio- nário) ou involuntariamente (quan- do o desligamento resulta de decisão da organização). Um índice elevado de rotatividade - ingressos e desliga- mentos de pessoas provoca um au- mento de custos em recrutamento, seleção e treinamento. Esses custos em geral são elevadíssimos: uma média de 15.000 dólares por fun- cionario nas empresas americanas. Além disso, a rotatividade provoca ruptura na eficiência da organiza- ção, quando pessoas experientes e letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar 13 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL treinadas deixam a empresa e fica difícil ou demorado encontrar subs- titutos e treiná-Ios para assumir a posição vaga. A cada pessoa que sai, torna-se necessária a sua substi- tuição. A rotatividade quase sempre representa a perda de pessoas que a organização não gostaria de perder. Quando ela se torna muito alta, isso pode significar que a organização está perdendo seu capital humano para outras organizações, concor- rentes ou não. Todavia, uma certa rotatividade pode ser positiva e até criar condições para a organização substituir funcionários de fraco de- sempenho por outros mais compe- tentes e motivados, aumentar as oportunidades de promoções e trazer ideias novas à organização. Além disso, em um mundo mutável e dinâmico, um pouco de rotativi- dade voluntária permite aumentar a flexibilidade organizacional, redu- zindo a necessidade de demissões por parte da organização quando os negócios sofrem desaceleração. Em certas ocasiões em que a empresa precisa cortar custos ou reduzir seu tamanho para adequar- se ao mercado quando as vendas estão baixas e consequentemente cortar pessoas, são oferecidos pro- gramas de incentivo à demissão voluntária (CHIAVENATO, 2004). Satisfação no Trabalho Muitas organizações preten- dem construir um excelente lugar para trabalhar. A satisfação no trabalho é mais uma atitude do que um comporta- mento, mas nem por isso deixa de ser uma importante variável depen- dente por duas razões: ela reflete uma relação com fatores de dessem- penho e com preferências de valores defendidos por pesquisadores do CO. A satisfação no trabalho é a di- ferença entre as recompensas rece- bidas pela pessoa e aquilo que ela acredita merecer ou deseja receber. A convicção de que as pessoas satis- feitas são mais produtivas do que insatisfeitas com o trabalho sempre foi uma espécie de doutrina durante muitos anos, devido a certas evidên- cias nessa relação causal. As organi- zações devem preocupar-se não ape- nas com a quantidade Produtividade elevada e bens materiais, mas também com a quali- dade de vida no trabalho. A satisfa- ção é um objetivo legítimo de uma organização, pois está relacionada com o absenteísmo e a rotatividade. Além disso, pesquisadores com for- tes valores humanistas defendem que a organização tem a responsa- bilidade de oferecer empregos que letsr Destacar letsr Destacar 14 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL sejam estimulantes e intrínseca- mente gratificantes às pessoas. Cidadania Organizacional É um comportamento discri- cionário que não faz parte das exi- gências funcionais de uma pessoa, mas que ajuda a promover o funcio- namento eficaz da organização. As organizações estão procurando pes- soas que façam coisas adicionais que não constem de suas tarefas formais. A evidência mostra que as or- ganizações que contam com indiví- duos assim apresentam melhor de- sempenho em comparação com as outras. Por essa razão, o estudo do CO preocupa-se com o comporta- mento de cidadania organizacional como uma variável dependente. As organizações bem-sucedidas preci- sam de pessoas que façam mais do que os seus deveres normais e apre- sentem desempenho além das ex- pectativas. Como nas organizações bem-sucedidas as tarefas são cada vez mais realizadas em equipe e a flexibilidade é um fator importante, elas necessitam de pessoas que ado- tem um comportamento de boa ci- dadania, oferecendo-se voluntaria- mente para tarefas extraordinárias, ajudando os colegas em suas equi- pes, fazendo declarações positivas sobre o trabalho de seu grupo e de sua organização, evitando conflitos desnecessários, cuidando do patri- mônio da empresa, respeitando as leis e regulamentos, e sendo toleran- tes com ocasionais aborrecimentos e imposições decorrentes do trabalho. Utilidade do CO Toda organização envolve uma infinidade de interações internas e externas para realizar suas opera- ções, agregar valor e alcançar seus objetivos. Para ser bem- sucedida, a organização precisa lidar com vários parceiros do negócio. O campo de estudo do Com- portamento Organizacional ajuda gerentes, dirigentes, consultores, fa- cilitadores e pessoas que trabalham em organizações a lidar com assun- tos organizacionais e a melhorar a eficácia das organizações. Um ge- rente que compreenda CO está mais preparado para conhecer situações de trabalho, lidar com problemas or- ganizacionais e ajudar pessoas e gru- pos a alcançar seus objetivos de ma- neira mais eficaz. Segundo Lorsch (1987 apud Chiavenato, 2004, p. 18) a utilidade do CO consiste em: 1. Permitir uma maneira de pen- sar sistemicamente sobre o comportamento de pessoas e de grupos em trabalho organi- zado e integrado. 2. Oferecer um vocabulário de termos e conceitos que com- 15 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL partilhem, discutam e anali- sem claramente experiências do trabalho. 3. Propor um conjunto de técni- cas para lidar com problemas e oportunidades que ocorrem em situações de trabalho. 4. Desenvolver estratégias ade- quadas para melhorar a quali- dade de vida no trabalho e nas organizações. 5. Criar condições para tornar as organizações mais eficazes e competitivas de maneira sus-tentável. Sem dúvida, o conhecimento do CO é de importância capital para quem deseja trabalhar em organiza- ções, administrá-Ias, invéstir nelas ou contatá-las. A Aprendizagem do Compor- tamento Organizacional como Diferencial Competitivo Segundo Mariani e Silva (200 4) as organizações de aprendizagem são aquelas organizações preocupa- das em construir um futuro de aprendizado para si mesmo e as pes- soas que as compõe. As organiza- ções que conseguem resolver os pro- blemas e conseguem acompanhar as mudanças, aproveitando as oportu- nidades futuras através da geração de novos conhecimentos a todos os indivíduos independentes do nível hierárquicos no intuito de aplicação de novas teorias, ferramentas e ade- quação aos novos desafios tecnoló- gicos, estas podem ser denominadas de organizações de aprendizagem. Segundo Wagner III e Hollen- beck (2003 p. 432) as organizações que aprendem recorrem ao pensa- mento crítico e à análise rigorosa dos dados da realidade para garantir uma margem competitiva sustenta- vel em longo prazo em relação às de- mais organização do seu ramo. Ma- riani e Silva (2004) ressaltam, en- tretanto, que as organizações gera- doras de conhecimento ainda são raras. De acordo com Gomes (1994, p. 15), a empresa moderna tem pro- curado formas de possibilitar a força humana através de projetos, que visam ao desenvolvimento de habili- dades duradouras, respeitando os motivos individuais para alcança- rem os motivos legítimos. E todo o segredo da gerência das pessoas es- tará na compreensão dos mecanis- mos que determinam seus compor- tamentos. Não é fácil, porém diag- nosticar a causa ou as causas res- ponsáveis por determinado compor- tamento, havendo, portanto, o peri- go da psicologização amadora. Isso leva a entender que para obter vantagem competitiva as em- presas devem antecipar o futuro, 16 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL estando à frente do seu tempo. Por isso é preciso que todas as pessoas estejam abertas ao novo saber, bus- cando novas habilidades nessessá- rias aos novos tempos. Sumatra e Bartlett (1998, p. 216) observaram que os processos de transformação corporativa bem sucedida dos processos fracassados eram diferenciados por duas distin- ções básicas. Sendo a primeira volta- da a um bom planejamento e a se- gunda que os gerentes das organiza- ções bem sucedidas reconheceram que a transformação está mais para uma função de comportamento in- dividual do para as estratégias, es- truturas e sistemas introduzidos pela alta administração. Segundo Vergara (2000 p. 32) em um ambiente no qual a adminis- tração da mudança inclui a necessi- dade de administrar surpresas, as empresas, frequentemente, se veem diante da necessidade de aprender com seus próprios erros. Essa capa- cidade de aprender continuamente tem identificado muitas empresas como o que se convencionou chamar de learning organization, organiza- ções de aprendizagem. Fazendo uma breve análise é possível resumir que é necessário um comportamento de contínuo aprendizado porque a velocidade com que a tecnologia e o volume de informações evolui e modifica hábi- tos e comportamentos, é maior do que a nossa capacidade de interpre- tar e avaliar os acontecimentos. Pode-se perceber que se faz necessário cada vez mais a percep- ção por parte dos indivíduos que compõe a organização de um com- portamento inovador e empreen- dedor na busca de um aprofunda- mento e uma utilização mais eficaz das descobertas e dos conhecimen- tos científicos desenvolvidos nas or- ganizações de aprendizagem, neces- sárias à obtenção de vantagem com- petitiva. Percebe-se também que atra- vés da evolução do conhecimento, muda-se o comportamento tanto dos responsáveis pela organização como dos colaboradores que fazem parte dela. O enfoque sistêmico na admi- nistração quando trata dos seus re- cursos humanos poderá ser analisa- da ao nível do comportamento so- cial, sendo a sociedade vista como um macrossistema permitindo as- sim uma visualização de maior com- plexidade entre a sociedade e a or- ganização a qual está inserida e suas interações, visualizando-se assim uma categoria ambiental no estudo do comportamento organizacional e individual. No nível do comportamento organizacional poderá ser entendido como um sistema onde a organiza- letsr Destacar letsr Destacar 17 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL ção é vista na sua totalidade intera- gindo com o ambiente ao qual está inserida, sendo visualizada como uma categoria ambiental do com- portamento individual. E no nível comportamental individual, o indi- víduo é visto como um subsistema, onde se permite fazer uma análise de vários conceitos sobre comporta- mento, motivação, aprendizagem com a finalidade de compreender melhor a natureza do ser humano. A Evolução do conhecimento da administração procura eviden- ciar que o campo do comportamento organizacional e individual evoluiu de um conceito voltado nas estrutu- ras e processos de pequenos grupos, para uma perspectiva de grandes sistemas, organizações e seus am- bientes cada vez mais complexos, buscando contribuir para a compre- ensão e adaptação aos novos proble- mas relacionados com o trabalho criando possibilidades diversas de intervir na busca de solução dos mesmos. A utilização eficiente e eficaz do conhecimento proporcionado e disponibilizado através das diversas teorias desenvolvidas passa a consti- tuir um recurso válido para as orga- nizações e seus indivíduos, criando assim vantagem competitiva para aquelas que primeiro utilizarem este conhecimento. O que se faz necessário é uma maior integração entre os pesquisa- dores e estudiosos do comporta- mento organizacional como direto- res, gerentes e colaboradores das or- ganizações para a melhor utilização desses conhecimentos, com maior profundidade científica, isto é, transformar a pesquisa teórica na prática, buscando a aproximação das instituições voltadas ao ensino, pesquisa e extensão com as organi- zações denominadas produz-toras. As mudanças constantes exi- gem de todos os indivíduos um com- promisso com a melhoria contínua em busca de novas e melhores ma- neiras de realizar o trabalho e as or- ganizações devem estas em constan- te criação de novos produtos e ser- viços. Faz-se necessário no momen- to atual investir em formação e re- ciclagem de competências, criando assim um comportamento e uma re- lação de interdependência onde as organizações que dependem de profissionais altamente motivados e competentes, e estes precisam delas para se realizarem (MARIANI; SIL- VA, 2004). letsr Destacar 1 8 19 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 2. Fatores que Influenciam no Comportamento Or- ganizacional Fonte: Pinterest2 m outro momento do curso vi- mos que o trabalho em equipe é de fundamental importância em al- gumas organizações, já que essa po- de ser uma forma de trabalho mais participativa saudável e produtiva. Pode-se citar como caracteres- ticas do trabalho em equipe: A quebra da rigidez da hierar- quia em empresas comparti- mentadas, o que facilita a co- municação interna; A reunião da diversidade dos conhecimentos em diferentes 2 Retirado em https://br.pinterest.com/ áreas, aproximando as pessoas e contribuindo para o cresci- mento; O conhecimento flui melhor quando se trata de uma equi- pe, facilitando assim a inova- ção; Criar oportunidade para que o exercício de liderança seja des- pertado nos membros. Além de contribuir para um com- prometimento, um espírito de cooperação, aprendizagem e transformação. E 20 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Para que se configurecomo um trabalho em equipe, este deve manter liderança compartilhada e os membros devem se integrar com o objetivo de agregar conhecimento. O trabalho é contínuo e a própria equi- pe impõe suas metas propostas pela organização. Nas reuniões, valoriza- se o diálogo e a realização de dinâmi- cas para solucionar problemas. Faz- se uma avaliação direta dos produ- tos, e as ações são decididas e imple- mentadas em conjunto. Pode-se dizer que uma equipe é formada considerando e comparti- lhando princípios ideias e ideais, não apenas pela execução das tare- fas que envolvem o trabalho. Cons- troem-se valores éticos que contri- buem para comportamentos de respeito e solidariedade para com as pessoas da equipe, dando qualidade aos relacionamentos. O diálogo é a principal ferramenta que a equipe utiliza para uma interação entre as pessoas com pensamentos diferen- tes. Isso contribui para a aprendiza- gem coletiva, que possibilita o cres- cimento individual e permite ainda que o conhecimento produzido cir- cule dentro da organização (CHIA- VENATO, 2005). Ainda de acordo com Chiave- nato (2005), a comunicação é tida como prioridade em empresas que buscam o sucesso no mercado, sem- do um fator de grande importância para a execução eficaz do trabalho realizado em equipe. Comunicação é a transmissão de uma informação de uma pessoa para a outra e compar- tilhada por ambas. Para a comuni- cação efetiva, o receptor deve com- preender e interpretar a informação dada. Comunicar é, então, tornar co- mum a mais de uma pessoa a infor- mação, pois toda comunicação en- volve, no mínimo, duas pessoas: a que transmite e a que recebe a informação. Bowditch (2004) diz que os significados da mensagem surgem a partir da interação social, por isso o significado da informação se altera de acordo com a própria informação e com seu contexto. Para melhor en- tender esse processo deve-se consi- derar: quem está comunicando a quem, ou seja, quais são os papéis dessas pessoas; a linguagem e os símbolos utilizados na comunicação, os quais permitem que a informação passada seja compreendida; o canal de comunicação utilizado, e como a informação é recebida através desse canal (escrita ou falada); o conteúdo da comunicação, ou seja, boas ou más notícias, estranhas ou família- res; características interpessoais do transmissor e se em sua relação com o receptor existe confiança, influên- cia entre outros e em qual contexto a comunicação acontece, se é entre setores ou no mesmo setor. letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar 21 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Existe ainda o que podemos definir como as quatro funções bási- cas da comunicação interpessoal: a primeira é o controle, que esclarece informações, implanta normas e estabelece relações de autoridade e responsabilidade. A segunda é a in- formação que serve como base para tomadas de decisão. A terceira fun- ção é de motivação, que ajuda obter cooperação e compromisso para com as metas e objetivos. Por últi- mo, a emoção para expressar senti- mentos e emoções (BOWDIT-CH, 2004). De acordo com o mesmo au- tor, o objetivo de uma comunicação eficaz é o entendimento. Mas nem sempre esse objetivo é alcançado. Um exemplo é quando uma pessoa está falando, passando informações ou fazendo uma pergunta, a outra pessoa que deveria estar escutando- a não o faz e sim se prepara para responder às perguntas. Com isso não se escuta a mensagem como um todo e falta uma comunicação efeti- va entre elas. Existem barreiras físi- cas, interpessoais e intrapessoais que atrapalham a comunicação efe- tiva, tais como a sobrecarga de infor- mações, que ocorre quando temos mais informações do que somos ca- pazes de utilizar; o tipo de informa- ção passada, que pode colocar em conflito os valores e crenças da pes- soa; a fonte de informações, já que se tem credibilidade em algumas pessoas do que em outras, tende-se a acreditar mais em informações vindas de quem conhecemos; a loca- lização física, que diz da proximi- dade entre o transmissor e o recep- tor e o layout entre departamentos, promovendo a distância entre as pessoas também são fatores que difi- cultam a comunicação. Para melhorar a eficácia da comunicação deve-se apoiar em du- as habilidades básicas: a habilidade de transmissão, que diz da capacida- de de se fazer compreender por ou- tras pessoas, fazendo uso da língua- gem e de símbolos que sejam impor- tantes para a comunicação e a habili- dade de escutar, que é a capacidade de entender os outros, prestando atenção sendo empático e fazer uma leitura da linguagem corporal e dos sinais não verbais (BOWDITCH, 2004). O feedback é um outro fator que contribui de forma significativa para uma comunicação eficaz na or- ganização. Feedback é o processo pelo qual o receptor da mensagem se comunica de volta com o transmi- ssor, e geralmente envolve uma ava- liação (positiva ou negativa) do que foi dito ou feito. Dificuldades como fazer crítica no trabalho realizado por um subordinado, dizer que não alcançou o objetivo esperado impe- dem o processo do feedback. Porém, letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar 22 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL julga-se fundamental a comunica- ção através desse processo, pois ele auxilia o transmissor a avaliar se a forma com que está se comunicando e passando informações está ade- quada, se precisa melhorar ou ainda quando o feedback for positivo ajuda ao transmissor perceber que a forma como as informações são transmiti- das estão adequadas (SCHERME- RHORN, 1999). Fazendo-se uso da linguagem adequada, fornecendo informações claras, utilizando diferentes canais que estimulem a percepção de re- ceptor e sempre que possível fazer comunicação face a face e dar feed- back positivo ou negativo são fatores fundamentais que contribuem para a comunicação efetiva e eficaz do trabalho em equipe (BOW-DITCH, 2004). Outro fator importante no bom desempenho do trabalho em equipe é a relação interpessoal e interação dos componentes desta. O processo de interação está presente em toda organização e interfere na realização das atividades e com isso nos resultados esperados. Segundo Moscovici (1994) nesse processo aparecem surpresas, frustrações, acontecimentos inespe- rados que causam desconforto e insegurança, mesmo quando as ati- vidades são planejadas. Esses im- previstos contribuem para a dificul- dade de interação e de convivência com pessoas com comportamentos diferentes dos seus. No ambiente organizacional tende-se a pensar que as pessoas façam sempre o que é esperado, mas nem sempre isso ocorre, deixando-as confusas e sur- presas diante do acontecido. Isso ocorre porque as pessoas não são como máquinas que funcionam iso- ladas, pois a interação afeta o fun- cionamento de cada um e de todos, alterando desta forma o desempe- nho esperado pela equipe ou por cada membro dela. De acordo com a mesma au- tora, nas organizações onde se tra- balha em equipe, a interação entre seus membros ocorrem em dois níveis: o primeiro é o nível da tarefa, das atividades que são visíveis e observáveis que são acordadas com o grupo e abrange os esforços feitos para se atingir os objetivos definidos para a atividade. O segundo é o nível sócio-emocional que envolve as sen- sações e sentimentos diversos que surgem no grupo ou já existiram, contribuindo para os processos in- terpessoais e manutenção do grupo. Na relação construída pelo grupo surgem divergências por membros do grupo terem percep- ções diferentes, pois, cada pessoa traz suas características, personali- dade, crenças e valores e se compor- tam de acordo com eles, o que con- 23 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONALtribui para que surjam conflitos na equipe, uma questão inerente ao grupo já que não é possível satisfazer todas as necessidades e desejos de cada integrante da equipe. Porém, o conflito pode ser funcional ou dis- funcional de acordo com a intensi- dade, evolução, contexto e como é tratado. Sendo assim, um conflito pode não causar danos ou prejuízos e ter funções como estimular o interesse e a curiosidade do grupo para oposi- ções, tirando-o da posição estagnada que o equilíbrio que a concordância traz para o grupo e leva-o a mudan- ças pessoais, sociais e grupais. Não existe uma forma padronizada para se resolver os conflitos. Deve-se compreender a dinamicidade do conflito e suas variáveis, pois é ne- cessário antes de tudo tentar fazer um diagnóstico da situação confli- tuosa para se fazer algum plano de ação. Divergências interpessoais, natureza das diferenças e estágio de evolução são variáveis que devem ser avaliadas para um diagnóstico mais preciso e uma melhor forma de lidar com o conflito (MOSCOVICI, 1998). Enfim, os conflitos estão sem- pre presentes dentro de um grupo. Porém, pode-se evitar alguns destes formando grupos com pessoas que tenham pontos de vistas, valores, metas e métodos parecidos. Em algumas empresas além de evitar conflitos, esse método reforça senti- mentos de segurança entre os mem- bros da equipe. Apesar da sua eficá- cia aparente, existe o risco de uma diminuição da criatividade e de novas ideias, já que nesse tipo de grupo a concordância entre os mem- bros é alta e julga-se inapropriado discordar do mesmo (MOSCOVICI, 1998, p.148). A Cultura Organizacional Cada empresa ou organização estrutura-se socialmente, com seus sistemas de valores. Essa cultura or- ganizacional distribui-se em carac- terísticas básicas (ROBBINS, 2002, p. 498), e que se definem por: inova- ção e assunção de riscos, atenção aos detalhes, orientação para os resulta- dos, orientação para as pessoas, orientação para a equipe, agressivi- dade e estabilidade. Cada empresa valorizará mais uma dessas carac- terísticas em detrimento a outra. Definirá com tais opções a cultura dominante na empresa. Para este mesmo autor, a cultura organizacio- nal também é a argamassa social que une a empresa por intermédio de va- lores compartilhados, alinha as pes- soas em um sistema de valores, essa cultura pode ser forte ou fraca, in- fluindo diretamente na união entre seus membros e a empresa. 24 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Por outro lado, os valores compartilhados são mais marcantes quando os integrantes da organiza- ção possuem maior autonomia, re- sultado do empowerment. Significa que os valores são presentes na vida das pessoas da empresa por uma questão de opção. A cultura organi- zacional dominante, quando contri- bui para o crescimento da empresa é sem dúvida um ativo intangível, difícil de mensurá-lo. Contudo esse ativo pode passar a passivo quando surgem as mudanças, sejam elas ocasionadas pelas fusões ou inova- ções tecnológicas. Podem se tornar barreiras, uma vez em que a máxima de trabalhar como antes já não ve- nha a ser o suficiente para a empre- sa. Logo, quanto mais forte uma cultura organizacional, poderá tor- nar-se se uma grande barreira con- tra as mudanças. As Competências Dentro da organização, Zafi- rian (2001) diferencia cinco tipos de competências: competências sobre processos, competências sobre téc- nicas, competências sobre a organi- zação, competências de serviço e competências sociais. Estas últimas são discutidas também por Noer (1997) a qual se define como o saber ser, incluindo atitudes que susten- tam os comportamentos das pes- soas, identificando três domínios: autonomia, responsabilização e co- municação. Nesta mesma linha de raciocínio, Fleury e Fleury (2004) apontam ainda a competência soci- al, a comunicação, a negociação e o trabalho em equipe. Entretanto, Noer (1997) e Covey (2005) apresentam a ideia do que mantém a empresa unida, em termos de uma metáfora: a definem como uma cola, essa cola, Fleury chama de sinergia, dentro do traba- lho em equipe, então estaria associa- da a essa competência social. Ambos também coincidem que a responsa- bilização em relação à organização deve-se mais pela lealdade para com a equipe de trabalho do que a uma vã expectativa de promoção ou desvios de politicagem ou tentativas de en- ganar o chefe que obstruem a força de trabalho da equipe. Covey (2005) salienta ainda que o caráter dentro da organização é que trará a confiança necessária e sine qua non para o crescimento da organização. Partindo- se do princí- pio de Covey (2005) e Noer (1997), pode-se concluir que a competência social precede às demais competên- cia, uma vez que está intimamente ligada a autonomia do indivíduo, ao seu caráter e vontade em desempe- nhar sua tarefa. De acordo com Covey (2005), seriam as qualidades primárias hu- letsr Destacar letsr Destacar letsr Destacar 25 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL manas: autoconsciência ou autoco- nhecimento, imaginação e consciên- cia e volição ou força de vontade. Portanto, em um nível existen- cial, há que se compreender que as organizações são abstrações com- partilhadas uma vez que só há pes- soas, compostas pela soma de seus comportamentos individuais, den- tro de limites resolvidos em comum acordo. Pode-se, então visualizar as organizações atribuindo-lhes as qualidades humanas pertinentes em suas respectivas maneiras de agir. A Aprendizagem Organiza- cional Embora a aprendizagem orga- nizacional já tenha sido apresentada no tópico sobre vantagem competiti- va, vale discutir um pouco mais so- bre esse fator a partir da compre- ensão de outros autores. Segundo Franco e Santos (20 10), a concepção de aprendizagem organizacional emerge em decor- rência das constantes transforma- ções do mundo contemporâneo, provocando uma necessidade de mudança permanente nas organiza- ções. Dessa forma, a aprendizagem organizacional é concebida como uma alternativa para enfrentar os desafios da mudança constante. A aprendizagem organizacio- nal consiste na mudança organiza- cional, e nesse processo em que as organizações propõem instaurar as modificações necessárias para ga- rantir a vantagem competitiva, as pessoas se tornam predispostas a ex- pandir continuamente sua capacida- de de criar o resultado, com pensa- mentos novos, e aspirações coletivas para aprenderem a aprender juntas. Assim, Fiol e Lyles (1985 apud Franco e Santos, 2010) definem a aprendizagem como um processo de melhoria que permite o desenvolvi- mento de ações organizacionais por meio de novos conhecimentos e compreensões, no nível individual e organizacional, ressaltando que o aprender não consiste apenas na aquisição do conhecimento, mas em como utilizá-lo. Baldwin e Foro (1987 apud Franco e Santos, 2010) apresentam a aprendizagem organizacional co- mo o processo que deve ser utiliza- do, mantido e preservado ao longo do tempo para incrementar a trans- ferência e generalização do aprendi- zado em todos os níveis da organiza- ção. Já Senge (1990) afirma que a aprendizagem organizacional é su- perior ao somatório de todo apren- dizado individual. Ainda nessa concepção, Na- dler, Gestein, Shaw et al (1993) defi- nem a aprendizagem organizacional como a capacidade que uma organi- zação possui para agregar conheci- 26 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL mentos a partir de sua experiência e da experiência dos outros, e modifi- car seu funcionamento conforme seus conhecimentos Argyris e Schön (1996 apud Franco e Santos, 2010) definem que a aprendizagem orga- nizacional é um conjunto de práti- cas e comportamentos que ajuda a organização a superar o processo básico e simplesde manutenção do conhecimento, focando para o ques- tionamento do aprendizado, revi- sando os seus princípios. Fonte: https://medium.com/ Para Klein (1998 apud Franco e Santos, 2010), a aprendizagem organizacional é a capacidade que uma organização possui para criar, difundir e incorporar um novo co- nhecimento nos seus produtos, ser- viços e sistemas. A aprendizagem or- ganizacional deve ser capaz de solu- cionar o dilema de conferir inteli- gências e capacitações de aprendiza- gem a uma entidade não humana. O processo de aprendizagem organizacional dá-se a partir de in- terações sociais, em que o ambiente, as tarefas e a cultura se transformam pela ação das pessoas. Conforme de- fine Cardoso (2002), é a utilização pelas organizações dos mecanismos que geram conhecimento para adap- tar suas rotinas a novas culturas, processos de memorização do co- nhecimento e experiências. Para Ca- sey (2005), aprendizagem organiza- cional pode ser compreendida como um processo em que ocorre aqui- sição, interpretação e distribuição de informações que formam a me- mória organizacional. Percebe-se, então, que a dinâ- mica da aprendizagem organizacio- nal ainda constitui-se num dessafio para as organizações, visto serem necessárias modificações comporta- mentais e atitudinais para interna- lizar seus conceitos e proposições (FRANCO; SANTOS, 2010). De acordo com estudos de Caldas e Vilas Boas (2004), a organi- zação possui uma cultura própria, que a difere das demais. Muitas ve- zes sendo a sua identidade um fator de coesão entre seus membros. Essa identidade coletiva estabelece-se por um sistema de valores, atitudes e expectativas compartilhadas. A aprendizagem organizacional deco- rre da socialização de novos integra- ntes a essa equipe. Um indivíduo que passe a integrar essa coletividade, então pa- 27 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL ssa a compartilhar desse sistema de valores. Será aceito ou não, confor- me sua adaptação no meio. Robbins (2002) define essa socialização em três estágios, pré-chegada, encontro e metamorfose. Depois de decorrida a metamorfose, o indivíduo passa a obter resultados como a produtivi- dade e o comprometimento. Após tal situação, o indivíduo introjetou as normas da organização. Entretanto, a aprendizagem organizacional é definida como um processo contínuo, sem um fim esta- belecido. Portanto, a organização não é estática em sua concepção co- mo uma empresa, mas dinâmica e essa dinâmica vem a tornar o proce- sso da aprendizagem uma contínua adaptação aos modelos que surgem. Fleury e Fleury (2004) apresentam os níveis onde pode ocorrer a apren- dizagem organizacional, nível do in- divíduo, nível do grupo e nível da organização. Entretanto, o processo de aprendizagem organizacional envol- ve a compreensão do que ocorre no ambiente externo e interno da orga- nização bem como a adoção de no- vos comportamentos que compro- vam a efetividade do aprendizado. Desta compreensão, em nível do in- divíduo, para a efetivação do com- portamento ocorre a aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de competências por processos rea- tivos ou pró-ativos. No nível da organização após a efetivação do comportamento oco- rre a disseminação e memorização pelos demais integrantes da empre- sa. De acordo com Senge (1999), a organização caracterizada como a- prendiz, ou seja, que se envolve no aprendizado organizacional como um processo contínuo, deve refletir sobre seus sistemas, deve ter habili- dade pessoal, deve possuir modelos mentais, visão compartilhada e a- prendizado em equipe. Dixon (1994 apud Caldas e Vilas Boas, 2004), por sua vez destaca quatro postulados para as organizações: estímulo de inovações, aplicação das lições aprendidas, implementação da um- dança e desafio de pressuposições. O aprendizado ocorre a todos os instantes na empresa, partindo do individual para o coletivo. Não há aprendizado coletivo sem que ocorra o aprendizado interior de seus inte- grantes. Senge (1999) estabelece uma diferença entre o aprendizado e o treinamento, sendo que aprendi- zado é resultado da predisposição em aprender a todo momento ao passo que o treinamento é um traba- lho executado fora do contexto, e episódico. Starkey (1997) apresenta que uma empresa que busca desenvol- vimento contínuo de seus integram- letsr Destacar 28 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL tes, como estratégia, atinge por con- sequência o desenvolvimento da or- ganização. Tal desenvolvimento resulta em uma autotransformação contínua. Ou seja, para a empresa está passa a estar apta a enfrentar as mudanças, e carrega em seu bojo a estratégia do auto aprimoramento. A partir desse conceito com- preende-se que a organização está construindo seu futuro. A cultura organizacional estrutura-se em ca- racterísticas básicas, diferentemente de Robbins (2002, p. 499), Terra (19 99, p. 57) aponta outras caracterís- ticas básicas que tornam a empresa mais voltada par a aprendizagem or- ganizacional, sejam elas: O reconhecimento explícito do valor econômico do conheci- mento; A capacidade de questionar valores, cultura e mudar o comportamento; Capacidade de desenvolver o knowwhy, além do know-how; Estímulo à experimentação e aprendizado através da dete- cção de erros; Habilidade criadora; Habilidade em compartilhar insights, experiências e infor- mações individuais; Capacidade em articular co- nhecimentos conceituais so- bre uma experiência; Utilização da capacidade cria- tiva de seus funcionários; Busca ativa das informações do ambiente onde se inserem; Sistema de informações preci- sos e com formato que facilita o uso. Portanto a aprendizagem é uma dinâmica. Vem a preencher as deficiências que a empresa enfrenta ao longo de seu trabalho. E como acontece o ciclo da aprendizagem organizacional? Co- mo um processo contínuo a aprendi- zagem organizacional e mudança são descritas da seguinte maneira por Fleury e Fleury (2004): estraté- gia influi e é influenciada pela a- prendizagem, a aprendizagem influi e é influenciada pela competência, a competência influi e é influenciada pelos recursos, o qual influi na estra- tégia. Quanto a recursos, Fleury e Fleury (2004) definem também os recursos humanos em questão, a qual passa para uma gestão de pes- soas. Entretanto, também apresen- tam uma gestão do conhecimento, a qual é a responsável pela aprendiza- gem organizacional de acordo com a figura: letsr Destacar letsr Destacar 29 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Portanto, o conhecimento pas- sa pelas fases de aquisição e desen- volvimento, disseminação e memo- rização para prosseguir em um novo desenvolvimento ou aquisição. Di- xon e Ross (1999, p. 504 apud Cal- das e Vilas Boas, 2004) definem o ciclo da aprendizagem organiza- cional da seguinte maneira: O ciclo de aprendizagem orga- nizacional: 1. Ampla geração de informa- ções, é a criação do conheci- mento, não pode haver barrei- ras neste levantamento, um banco de dados que permeie a organização para constatar a realidade da organização. Pos- sivelmente onde se realiza a detecção dos erros. 2. Integração e disseminação, por intermédio do diálogo, en- tre os setores da organização, onde se busca a interpretação coletiva das informações. 3. Interpretação coletiva é o em- tendimento da equipe sobre a organização. 4. Autoridade para assumir e responsabilidade para agir, é a decisão propriamente dita, ou sua execução. Noer (1997), em uma linha de pensamento semelhante à Fleury e Fleury (2004) e Dixon e Ross (1999), apresenta o modelo LTM (Learning Tactics Model), Modelo de táticas de aprendizado. Desenvolvido em 1992, é disposto em quatro táticas, cada qual com seu processo: agir, pensamento, sentimentoe acesso aos outros. Na tática do “agir”, defi- nem-se interpretar a vida pela ação, confiar na atividade e aprender fazendo. Quanto a tática do “pensa- mento”, significa interpretar a vida pela análise racional, confiar nos fatos e aprender pelas estratégias. A Tática do “sentimento” abrange in- terpretar a vida pelos sentimentos, confiar nos sentimentos, aprender pelas próprias emoções e dos outros. A tática de acesso aos outros, significa interpretar a vida pelo que os outros introduzem, confiar na interação e aprender com os outros. Chegando aos últimos fatores uma organização está sempre na condição de aprendiz, ou seja, uma empresa para se manter competi- tiva, deve buscar sua constante atua- lização e revisão de seus métodos de trabalho. Noer (1997) enfatiza a partici- pação dos líderes face às transfor- mações e o cenário de mudanças. A- presenta a ideia que uma autotran- sição é o caminho para a agilidade necessária na empresa. Parte do letsr Destacar letsr Destacar 30 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL pressuposto que nenhuma mudança pode ocorrer na organização se não ocorrer individualmente em cada um de seus integrantes. Para essa mudança ou capa- cidade de reação à mudança ocorrer como uma organização aprendiz, faz-se necessária a atuação do líder como um facilitador da transição. Tal facilitação vem a ser operacio- nalizada, semelhantemente descrito por Fleury e Fleury (2004) e Dixon e Ross (1999), como em um processo. Noer vem chamar o conceito de lide- rança a um processo no qual há a participação de toda a equipe para a consecução dos objetivos. Esse autor defende, portanto que o processo de facilitação ocorra em primeira ins- tância na própria pessoa, por um in- sight de si mesmo, pelo autoconhe- cimento. Em um segundo momento no grupo de trabalho, por intermé- dio de uma competência interpes- soal, e fechando o ciclo, para um no- vo reinício tem-se a aplicação na or- ganização, pela habilidade em esti- mular o diálogo coletivo. Evidentemente que a respon- sabilidade individual e coletiva são características essenciais em todo processo! Dentro da cultura organizacio- nal de cada empresa há uma prepon- derância entre um ou outro modo de encarar a responsabilidade na orga- nização. Uma cultura organizacional aprendiz evita a responsabilização em cima da individualidade de seus integrantes, mas focaliza o sistema, perante problemas surgidos procura solucioná-los e não procura respon- sáveis. Como no behaviorismo, bus- ca aumentar o reservatório de op- ções, aprendendo a aprender (NO- ER, 1997, p. 141). O aprendizado de- corre muitas vezes de fracassos dos quais podem se extrair ações posi- tivas, a inovação por sua vez valoriza o ensaio e erro, tolerando mais o en- saio do que o erro, mas ambos tor- nam possível o aprendizado na orga- nização (CALDAS; VILAS BOAS, 2004). 31 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 32 3. Referências Bibliográficas ARAUJO, L.S.G. Organização, Sistemas e Métodos e as modernas ferramentas de gestão organizacional: arquitetura, bench- marking, empowerment, gestão pela qua- lidade total, reengenharia. São Paulo: Atlas, 2001. BECKHARD, R. Desenvolvimento Organi- zacional: estratégias e métodos. São Paulo: Edgard Blücher, 1972. BERNARDES, C. Teoria Geral das Organi- zações. São Paulo: Atlas, 1988. BOWDITCH, James L; BUONO, Anthony F. Comunicação. In: Elementos de Com- portamento Organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. Cap.5, p.80-92. CALDAS, Marco Aurélio; VILAS BOAS, Ana Alice. 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