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DESCRIÇÃO Compreensão dos parâmetros de escala temporal, ponderações e principais sequências de pulso e da formação de artefatos, Utilização de contraste, Procedimentos de segurança em ressonância. PROPÓSITO Estudar os princípios físicos envolvidos na formação da imagem em ressonância, associados às sequências utilizadas nas práticas de exames, e procedimentos relacionados à segurança dos exames. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as principais ponderações em ressonância magnética, assim como suas características e sequências de pulso MÓDULO 2 Reconhecer os contrastes, artefatos e procedimentos de segurança em ressonância magnética INTRODUÇÃO Neste tema, vamos aprender o que são os parâmetros de escala temporal (tempo de repetição e tempo de eco) e suas respectivas importâncias na determinação de uma ponderação em ressonância magnética (RM). Por intermédio desses parâmetros, vamos decidir pela realização de uma sequência em ponderação T1, T2 ou DP (densidade de prótons). Vamos aprender também a identificar as principais ponderações em RM por meio de suas características quanto a hipossinal (sinal mais escuro), isossinal (mesmo sinal) e hipersinal (sinal mais claro) e saber quando aplicá-las de acordo com as indicações médicas apresentadas e as patologias suspeitas. Além de saber o que são os parâmetros de escala temporal e conhecer as ponderações, é de grande importância identificar as sequências de pulso de cada imagem, pois elas terão influência direta nas características de cada imagem obtida, assim como na sua resolução espacial e temporal. Reconhecer a importância dos campos gradientes é fundamental na aquisição de um exame de RM. Aparelhos com campos gradientes mais fortes tendem a adquirir imagens mais diagnósticas em tempos de exames mais curtos. MÓDULO 1 Identificar as principais ponderações em ressonância magnética, assim como suas características e sequências de pulso PARÂMETROS DE ESCALA TEMPORAL Na geração de imagens pelo método de ressonância magnética, temos dois princípios físicos importantes: Um campo magnético com a função de alinhar os átomos de hidrogênio. A emissão de radiofrequência (RF). Tais princípios fazem com que esses átomos ganhem energia e se desloquem de um plano para o outro, possibilitando a geração de sinal em RM. Ainda falando da emissão de RF, a forma como é aplicada vai repercutir diretamente nos sinais de RM, gerando, assim, sequências diferentes. Para compreender essas sequências, são necessários alguns conceitos prévios, os quais veremos a seguir. - Tempo de eco (TE) É o tempo medido entre a aplicação do pulso de radiofrequência de 90 graus e a indução máxima de sinal de RM na bobina receptora. O TE determina o grau de declínio da magnetização longitudinal e controla o grau de relaxamento T2. - Tempo de repetição (TR) É o tempo medido entre dois pulsos de 90 graus. O TR determina o grau de relaxamento que ocorre entre os dois pulsos de radiofrequência de 90 graus, ou seja, determina o grau de relaxamento T1. COMENTÁRIO Em qualquer sequência, o TR sempre será maior do que o TE. Tanto o TE quanto o TR são tempos que têm como unidade o milissegundo (ms), pois se trata de tempos extremamente curtos. A partir desses dois parâmetros – TE e TR –, vamos conseguir, nas sequências de pulsos mais básicas (Spin Eco e Turbo Spin Eco), determinar se é um T1, T2, ou DP (densidade de prótons). RECOMENDAÇÃO A partir de agora, ter o conhecimento técnico do que realmente é um TE e um TR é importantíssimo, pois esses são, em grande parte das sequências, os parâmetros determinantes de contrastes das imagens. CONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (PONDERAÇÕES) Em comparação com outros métodos de imagens, a ressonância magnética apresenta a grande vantagem de ter uma excelente discriminação dos tecidos moles, devido ao contraste de imagens que conseguimos obter. Uma imagem tem contraste quando apresenta sinais fracos (imagens escuras) e sinais fortes (imagens claras). Algumas áreas podem ter um sinal intermediário (imagens em cinza). ATENÇÃO Quanto maior for a diferença entre esses tons, melhor será a resolução espacial, fornecendo imagens cada vez mais diferentes, com maior distinção entre si, o que possibilita um diagnóstico mais fidedigno. RECUPERAÇÃO T1 É o tempo suficiente para recuperação de 63% da magnetização longitudinal do tecido. PONDERAÇÃO T1 Nas sequências Spin Eco, essa ponderação, que também pode ser chamada de recuperação T1, é caracterizada por apresentar um TR curto (menor que 800ms) e um TE curto (menor que 30ms). Isso faz com que ela registre o sinal da água hipointenso (escuro) e o sinal da gordura hiperintenso (claro). Fonte: Shutterstock.com Devido à sua alta mobilidade molecular, a água tem uma recuperação T1 lenta, ou seja, ela demora a recuperar a sua magnetização longitudinal (ML), acarretando um sinal fraco nessa ponderação. Enfim, a água se apresenta escura devido ao seu T1 longo. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: Shutterstock.com Já a gordura, em função de seu lento balanço molecular, tem uma recuperação T1 muito mais rápida, ou seja, recupera mais rapidamente a magnetização longitudinal (ML), acarretando um sinal alto na ponderação T1. Enfim, a gordura se apresenta clara (brilha mais), devido ao seu T1 curto. DECLÍNIO T2 É o tempo necessário para a perda de 63% da magnetização transversa inicial. A ponderação T1 nos fornece uma imagem muito anatômica, com relevante importância na observação de fraturas. Após administrarmos o meio de contraste, iremos normalmente realizar sequências T1. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Autor: Flávio Leandro Gomes. Sagital T1 da coluna cervical. PONDERAÇÃO T2 Nas sequências Spin Eco, essa ponderação, também conhecida como declínio T2, é caracterizada por apresentar um TR longo (maior do que 1.500ms) e um TE longo (maior do que 70ms), fazendo com que ela apresente o sinal da água hiperintenso (claro) e o sinal da gordura hipointenso (não brilhe). Devido à troca de energia menos eficiente, a água demora mais a perder a magnetização transversa, acarretando um sinal alto nessa ponderação. A água se apresenta clara devido ao seu T2 longo. Já a gordura, pela troca de energia mais eficiente, começa a perder a magnetização transversa mais rapidamente, acarretando um sinal fraco nessa ponderação. Enfim, a gordura se apresenta escura devido ao T2 curto. A ponderação T2 nos fornece uma imagem com alto contraste tecidual, muito boa na detecção de edemas. Essa ponderação está presente em praticamente todas as rotinas de exames, independentemente da região do corpo do paciente. javascript:void(0) Autor: Flávio Leandro Gomes. Sagital T2 da coluna cervical. PONDERAÇÃO DP (DENSIDADE DE PRÓTONS) Essa ponderação se caracteriza por apresentar um TR longo (maior do que 1.500ms) e um TE curto (menor do que 30ms). Como o próprio nome da sequência sugere, vai apresentar hipersinal (imagens claras) em regiões com alta concentração de hidrogênio. VOCÊ SABIA Ao contrário do que muita gente imagina, a ponderação DP não é a mescla entre as ponderações T1 e T2. Na verdade, ela é a ausência dessas características, pois precisa ter um TR alto para inibir as características T1 e um baixo TE para inibir as características T2. A ponderação DP, atualmente, é muito utilizada nas rotinas dos exames articulares (joelho, ombro, tornozelo, pé etc.), com o auxílio da técnica de supressão de gordura, já que é uma excelente sequência para visualização de ligamentos, meniscos e tendões. Autor: Flávio Leandro Gomes. Sagital DP com supressão de gordura. A seguir, você pode comparar, visualmente, as três sequências. Autor: Flávio Leandro Gomes. Imagens sagitais do cérebro nas três ponderações. ESPAÇO K As informações liberadas a partir de cada tempo de eco gerado nas sequências de pulso são captadas pelas bobinas e,posteriormente, precisam ser armazenadas nos processadores computacionais. A esse local de armazenamento deu-se o nome de espaço K. O espaço K tem uma forma retangular e linhas perpendiculares uma à outra. Durante a realização de uma sequência, os dados vão sendo armazenados no espaço K e posteriormente são transformados em imagem a partir de uma equação matemática chamada de transformada de Fourier. Observações: Linhas centrais do espaço K apresentam alto sinal e baixa resolução. Linhas periféricas do espaço K apresentam baixo sinal e alta resolução. SEQUÊNCIAS DE PULSO A forma com que os pulsos de radiofrequência são aplicados e a maneira como são colhidos os sinais de RM pelas bobinas (antenas) influenciam diretamente no contraste final das imagens. Assim, a mesma ponderação pode ter pequenas variações no seu contraste, dependendo da sua sequência de pulso. Vamos, agora, apresentar as principais sequências de pulso utilizadas nas rotinas de exames. SEQUÊNCIA SPIN-ECO (SE) Representa a sequência mais simples e comum em ressonância magnética. É iniciada com um pulso de radiofrequência de 90 graus, seguido de um pulso de 180 graus (refaseamento). Posteriormente à retirada do pulso de RF, acontece uma recuperação espontânea da magnetização longitudinal e perda da magnetização transversa, liberando sinal na bobina. Esse sinal será convertido na imagem de RM no computador. A sequência spin-eco seria o padrão-ouro em RM, devido ao seu excelente sinal; por outro lado, ela preenche apenas uma linha do espaço K com um TR, fazendo com que tenha um longo tempo de aquisição, o que torna o exame mais longo e aumenta a possibilidade de o paciente se mover durante o procedimento. Autor: Flávio Leandro Gomes. Sequência SE. Sendo assim, para se construir uma imagem com uma matriz de 512 x 512, vamos precisar que esse processo (90/180/sinal/90) se repita 512 vezes. SEQUÊNCIA FAST SPIN-ECO (FSE) A sequência fast spin-eco, também conhecida como turbo spin-eco (TSE), seria uma evolução da sequência spin-eco. Ela também se inicia com um pulso de 90 graus; porém, após esse pulso existe uma sequência (mais do que um) de pulso de 180 graus, fazendo com que ela preencha mais do que uma linha do espaço K com apenas um TR. Essa sequência de pulsos de 180 graus pode ser chamada de fator turbo ou eco trem. Uma sequência com fator turbo 5, por exemplo, possui cinco pulsos de 180 graus, fazendo com que ela se torne aproximadamente cinco vezes mais rápida do que uma sequência spin- eco. Isso é maravilhoso, pois encurtamos bastante o tempo do exame. Em contrapartida, essa sequência de pulsos de 180 graus faz com que o sinal fornecido tenha um decaimento progressivo, gerando, então, imagens com um pouco menos de sinal. As sequências TSE são as mais utilizadas no nosso dia a dia, nas rotinas de clínicas e hospitais. Autor: Flávio Leandro Gomes. Sequência TSE. SEQUÊNCIA SINGLE-SHOT FAST SPIN-ECO (SSFSE) As sequências de pulsos continuam evoluindo e, sendo assim, a single-shot fast spin-eco também aparece como uma evolução da fast spin-eco. Agora, na SSFSE, em vez de preenchermos algumas linhas do espaço K com apenas um TR, todo o espaço K é preenchido. Temos, assim, o surgimento de uma sequência que reduziu drasticamente o tempo de exame e é muito utilizada na ponderação T2, pois faz-se necessário um TR um pouco mais longo. Como problema dessa técnica de obtenção de imagem, temos um reduzido sinal induzido na bobina, devido ao grande número de pulsos de 180 graus. EXEMPLO Se estivermos realizando uma sequência com uma matriz de 512, serão necessários 512 pulsos de 180 graus para o preenchimento de uma única imagem. As sequências SSFSE nos fornecem imagens com uma alta resolução temporal (baixo tempo de aquisição), porém com baixa resolução espacial, devido ao pouco sinal de RM gerado nelas. Enfim, é uma sequência extremamente rápida, mas, por outro lado, da qual não se pode cobrar muita qualidade. RECOMENDAÇÃO DE MEDICAMENTOS Essa é uma técnica muito utilizada nos exames de abdômen, colangiorressonância, urorressonância e sempre com o auxílio de solicitação de apneia para o paciente, por se tratar de uma sequência que terá um tempo de aquisição de aproximadamente 20 segundos. Autor: Flávio Leandro Gomes. Colângio RM. SEQUÊNCIA GRADIENTE-ECO Esta é uma sequência que não tem a obrigação de começar com um pulso de 90 graus, como nas que vimos anteriormente. Então, o seu ângulo de inclinação (flip angle) é variável. Ângulos de inclinação de 5 a 30 graus geram sequências na ponderação T2, ângulos de 30 a 60 graus geram sequências na ponderação DP e ângulos de 60 a 90 graus geram imagens ponderadas em T1. Nessa sequência, não temos a presença dos pulsos de 180 graus (refaseamento). O refaseamento do próton de hidrogênio será obtido por meio de um campo gradiente gerado pelo aparelho. COMENTÁRIO Vale a pena ressaltar que esse tipo de refaseamento é obtido de forma muito mais rápida do que nas sequências anteriores. Como consequência de não ter a necessidade de ser iniciada com um ângulo de 90 graus e o refaseamento acontecer de forma mais rápida, temos a possibilidade de trabalhar com um TR e um TE mais curtos, fazendo com que a sequência se torne muito mais rápida. A Gradiente Eco é muito utilizada nas aquisições dinâmicas, angiorressonâncias com contraste e sequências T1 com apneia, como os exames de abdômen. TEMPO DE INVERSÃO É o tempo necessário para um determinado tecido migrar do plano longitudinal para o plano transverso. A sequência gradiente-eco, quando realizada na ponderação T2, é muito conhecida pelo nome de T2 Estrela e se caracteriza por ser muito boa para diagnosticar sangramentos e calcificações. Autor: Flávio Leandro Gomes. Axial T2 Gradiente/Estrela. A sequência gradiente-eco também se caracteriza por ser bastante sensível às imperfeições dos campos magnéticos e artefatos metálicos. Dessa forma, pode evidenciar o aparecimento de alguns desses elementos. SEQUÊNCIA INVERSION RECOVERY (IR – RECUPERAÇÃO DA INVERSÃO) Esta é uma sequência que se inicia com um pulso de 180 graus, com objetivo de suprimir o sinal de algum tecido, desde que se conheça o seu tempo de inversão (TI). Assim, quando for aplicado o pulso de 90 graus, esse tecido não participará da sequência e seu sinal será suprimido, ou seja, não aparecerá (hipossinal). Autor: Flávio Leandro Gomes. Sequência IR. Principais sequências IR: FLAIR Tem um tempo de inversão para suprimir o sinal do líquor. Esta é uma sequência muito utilizada nos exames do sistema nervoso central, com o objetivo de visualizar as doenças desmielinizantes, como a esclerose múltipla. Atualmente, podemos dizer que a sequência FLAIR seria uma das mais importantes em qualquer rotina de um exame de cérebro, fazendo parte de praticamente todos os protocolos e podendo ser realizada com ou sem a técnica de supressão de gordura. Nos aparelhos de 1,5 javascript:void(0) Tesla (T), o tempo de inversão utilizado para realização de uma sequência FLAIR é de aproximadamente 2.300ms. Autor: Flávio Leandro Gomes. Axial FLAIR do crânio. STIR Tem um tempo de inversão para suprimir o sinal da gordura. Esta sequência é muito utilizada nos exames de músculo esquelético, pois nos permite visualizar muito bem edemas e fraturas. Nos aparelhos de 1,5T, o tempo de inversão utilizado para realização de uma sequência STIR é de aproximadamente 160ms. A sequência STIR também é muito utilizada na substituição da sequência T2 com supressão de gordura. Adquirir uma sequência com uma excelente supressão de gordura ainda é um processo difícil para alguns aparelhos, dependendo das circunstâncias, e aí, sim, teremos o STIR como uma boa opção para solucionar esse problema. Muito provavelmente, o STIR se apresenta como uma sequência com um pouco menos de resolução espacial e contraste, mas em contrapartida não teremos nenhuma falha de supressão da gordura, já que ela é arremessadado plano longitudinal antes do pulso de 90 graus e, assim, não participará do processo. Autor: Flávio Leandro Gomes. Sagital STIR da coluna lombar. T1-IR Tem um tempo de inversão para suprimir o líquido. Numa sequência ponderada em T1, o líquido já se encontraria com baixo sinal e, sendo assim, essa é uma sequência muito ponderada nas características T1, apresentando excelente contraste entre a substância branca e a cinzenta do sistema nervoso central. Esta é uma sequência muito utilizada nos exames do sistema nervoso central e, por se tratar de um T1, pode ser realizada antes e após administração do meio de contraste. Autor: Flávio Leandro Gomes. Axial T1 IR do cérebro. SEQUÊNCIA ECO-PLANAR IMAGEM (EPI) Sequência super-rápida que acopla a técnica spin-eco com a gradiente-eco nas aquisições das imagens. A EPI permite a aquisição de muitas imagens em alguns segundos e é vastamente utilizada nos exames com difusão, estudos perfusionais e nos exames funcionais, por exemplo, o BOLD (blood-oxygen-level-dependent). ATENÇÃO Devemos ressaltar, também, que essa é uma técnica muito sensível a artefatos de suscetibilidade magnética, interferência externa e falta de homogeneidade do campo. DIFUSÃO Sequência sensível à restrição da movimentação do próton de hidrogênio ligado à água. Na realização da difusão, vamos obter também, como pós-processamento, o mapa de ADC (Coeficiente de Difusão Aparente). O mapa de ADC nos possibilita confirmar se o sinal hiper que aparece na difusão é realmente restrição da movimentação da água ou simplesmente efeito T2 da sequência, por se tratar de uma sequência EPI. ATENÇÃO Caso haja restrição da movimentação da água em alguma região estudada, a imagem deve se apresentar com hipersinal (clara), na difusão, e com hipossinal (escura), no mapa de ADC. OXIEMOGLOBINA Hemácia transportadora de oxigênio no sangue. Atualmente, utilizamos essa técnica em praticamente todas as partes do corpo humano, com mais destaque nos exames de crânio, abdômen, pelve e próstata. Autor: Flávio Leandro Gomes. Difusão X Mapa de ADC. PERFUSÃO Técnica relacionada com o aporte sanguíneo nos tecidos, é realizada com administração de contraste intravenoso. Numa perfusão, daremos ênfase à primeira passagem do meio de contraste em algum tecido. Daí o motivo de se começar a sequência antes de se injetar o contraste. Como pós- processamento, podemos obter curvas de perfusão e mapas coloridos. Os principais mapas adquiridos são: CBV (Cerebral Blood Volume). CBF (Cerebral Blood Flow). MTT (Mean Transit Time). TTP (Time to Peak). Autor: Flávio Leandro Gomes. Mapa CBV e curva de perfusão. BOLD O blood-oxygen-level-dependent (BOLD) é um exame funcional que nos permite visualizar um aumento de sinal quando existe maior concentração de oxiemoglobina numa determinada área. Durante a realização dessa sequência, vamos promover algum estímulo ao paciente, provocando, assim, maior consumo de oxigênio na região. Esse exame exige concentração e colaboração do paciente para que seu resultado seja eficaz. Autor: Flávio Leandro Gomes. javascript:void(0) BOLD. CAMPOS GRADIENTES Campos gradientes são variações do campo magnético ao longo de uma direção, aumentando ou diminuindo a sua força a partir do isocentro do aparelho de ressonância magnética. No isocentro, o campo magnético equivale à potência exata do magneto e, a partir daí, vai aumentando para um lado e diminuindo para o outro. Os gradientes de um aparelho são importantes na formação da imagem, pois têm a função de selecionar o plano de corte (sagital, axial ou coronal) e sua espessura. Hoje em dia, buscamos sempre trabalhar com os cortes mais finos possíveis, a fim de obter uma imagem com alta resolução espacial e um diagnóstico preciso. Os campos gradientes são responsáveis pelo refaseamento do próton de hidrogênio na sequência gradiente-eco. QUALIDADE DE IMAGEM Quando pensamos em qualidade de imagem em ressonância, pensamos logo em Relação Sinal Ruído (Signal to Noise Ratio – SNR). Quanto maior o componente no eixo longitudinal, maior será o sinal. ATENÇÃO Também é muito importante que a imagem obtida tenha uma excelente resolução espacial, e esta, por sua vez, é inversa ao sinal ruído, ou seja: quanto maior a resolução espacial, menor será o sinal na imagem. No equilíbrio entre essas duas partes, está o segredo para se obter uma boa imagem de RM, já que não adianta ter uma imagem com muito sinal, mas com baixa resolução, ou uma imagem com muita resolução, mas com sinal ruim. A seguir, algumas informações fundamentais sobre qualidade de imagem: - Quanto maior o campo magnético (B0) do aparelho, melhor será o sinal. - Quanto melhor for a bobina utilizada, melhor o sinal. Devemos sempre utilizar a menor bobina possível, desde que caiba a região anatômica em estudo. - Quanto maior o FOV (Fiel of View), melhor o sinal; porém, nesse caso, menor será a resolução. - Quanto maior a espessura do corte, melhor o sinal; porém, nesse caso, menor será a resolução; - Quanto maior a matriz, menor será o sinal; porém, agora vamos obter uma imagem com maior resolução espacial. - Quanto maior o número excitações (NEX – AVERAGE – NSA), melhor será o sinal da imagem. - Quanto maior a banda de recepção de radiofrequência, menor será o sinal. - Quanto mais rápido for o tempo de aquisição da sequência, menor a chance de uma imagem degradada devido à movimentação do paciente. ACRÔNIMOS Palavra formada pela inicial ou por mais de uma letra dos seguimentos sucessivos. Popularmente, podemos dizer que são siglas. ATENÇÃO Quando estudamos ressonância magnética, um dificultador são os acrônimos. Além de serem muitos, cada fabricante de aparelho (GE, Siemens, Philips etc.) apresenta acrônimos diferentes para representar a mesma sequência ou parâmetro. A seguir, alguns exemplos de acrônimos: javascript:void(0) Sequência Ponderada em T2, 3D com aquisições de cortes submilimétricos CISS (Siemens) – FIESTA (GE) – BALANCED (Philips) Sequência 3D pesada em suscetibilidade magnética SWI (Siemens) – SWAN (GE) – Venous BOLD (Philips) Sequência T1 3D gradiente com supressão do sinal da gordura VIBE (Siemens) – LAVA (GE) – THRIVE (Philips) Número de excitações do preenchimento do espaço K AVERAGE (Siemens) – NEX (GE) – NSA (Philips) Parâmetro para evitar o artefato de aliasing (dobra de imagem) Phase Oversampling (Siemens) – No Phase Wrap (GE) – Fold-over Suppression (Philips) Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Considerando todas as questões abordadas neste módulo, fica fácil chegar à conclusão da grande importância de conhecer as principais ponderações e sequências de pulso em RM, já que cada uma delas apresenta características próprias e indicações muitas vezes específicas. SEQUÊNCIAS Um especialista abordará as principais sequências de pulso, relacionando suas características com a região e o objetivo dos exames. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NUMA SEQUÊNCIA SPIN-ECO, QUAIS PARÂMETROS DEFINEM A PONDERAÇÃO QUE ESTAMOS REALIZANDO (T1, T2 OU DP)? A) Espessura do corte e Flip angle B) FOV e Matriz C) TR e TE D) D) TR e Flip angle E) TE e FOV 2. DENTRE AS ALTERNATIVAS A SEGUIR, ASSINALE AQUELA QUE CORRESPONDE A UMA SEQUÊNCIA DE PULSO MUITO UTILIZADA NOS EXAMES DE PERFUSÃO: A) Eco Planar Imagem B) T1 C) DP D) STIR E) FLAIR GABARITO 1. Numa sequência spin-eco, quais parâmetros definem a ponderação que estamos realizando (T1, T2 ou DP)? A alternativa "C " está correta. Nas sequências SE e TSE, os parâmetros de escala temporal são os determinantes da ponderação obtida. 2. Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que corresponde a uma sequência de pulso muito utilizada nos exames de perfusão: A alternativa "A " está correta. Por ser tratar de sequências ultrarrápidas, elas são as mais utilizadas nos exames perfusionais. MÓDULO 2 Reconhecer os contrastes, artefatos e procedimentosde segurança em ressonância magnética MEIOS DE CONTRASTE – CONTRASTE QUÍMICO-FÍSICO Muitas vezes, durante a realização de um exame, se faz necessária a administração de uma substância intravenosa (contraste) com a finalidade de auxiliar o médico num diagnóstico mais preciso e conclusivo. No módulo anterior, foi mencionado o “contraste de imagem”, em geral determinado por alguns parâmetros das sequências, tais como TR, TE, ângulo de inclinação e TI. Mas o contraste do qual trataremos agora é aquele que vai ser administrado de maneira intravenosa no paciente. GADOLÍNIO O gadolínio é o meio de contraste mais utilizado e sua administração só é possível devido à sua agregação a outras substâncias, o que o torna tolerável para a maioria das pessoas, além de facilitar a sua excreção pelas vias renais – basicamente pelo sistema urinário. ATENÇÃO Não estamos afirmando que não se possa ter reações adversas ou alergias ao gadolínio, mas realmente essas situações são bem raras. O gadolínio é uma substância paramagnética, com um efeito positivo sobre o campo magnético local. Ele provoca o encurtamento da recuperação T1, promovendo maior intensidade de sinal nessas áreas. Por essa razão, o gadolínio é tido como um meio de contraste em T1. Temos como principais indicações ao uso do gadolínio: Doenças inflamatórias. Infecções. Tumores e metástases. Investigação de esclerose múltipla. Análises vasculares. Áreas de infarto. Pós-operatórios. Pós-radioterapia. Exames angiográficos. Estudos perfusionais de modo geral. A dosagem recomendada é de 0,2ml/kg do peso do paciente. Todavia, as máquinas estão cada vez mais modernas, com imagens cada vez melhores, com mais resolução e mais sinal. Isso vem possibilitando a redução dos volumes de administração do meio de contraste. Vantagens do gadolínio quando comparado a outros meios de contraste: Baixa viscosidade, facilitando a sua injeção. A quantidade injetada é pequena, quando comparada à do contraste iodado. Pouco sensível à contaminação. Não forma cristais, mesmo estocado em baixas temperaturas. Como efeitos colaterais ao gadolínio, podem aparecer: Náuseas e vômitos. Calor. Cefaleia branda. Erupções cutâneas e rubor. Hipotensão. Devemos ponderar a necessidade da utilização do gadolínio nos seguintes casos: Pacientes com antecedentes alérgicos. Mulheres grávidas. Mulheres em fase de amamentação. Pacientes portadores de anemia falciforme. Pacientes com distúrbios respiratórios. Pacientes renais crônicos. COMENTÁRIO Relatos recentes mostraram que pacientes com disfunções renais podem desenvolver fibrose sistêmica nefrogênica (FSN). Essa síndrome envolve lesões cutâneas e fibrose de músculo esquelético, articulações, fígado, pulmão e coração, podendo ser fatal. Autor: Flávio Leandro Gomes. Comparação entre imagem sem contraste e com contraste. ARTEFATOS Artefatos são imagens indesejáveis que aparecem no exame de ressonância magnética. Sempre existe uma causa ou motivo para o seu aparecimento. Com conhecimento físico, é possível minimizar alguns deles ou até mesmo eliminá-los. Os principais artefatos em RM são: ARTEFATO DE ALIASING (IMAGEM DOBRADA) Este artefato aparece devido à existência de imagem para fora do FOV na direção da fase da imagem. Sendo assim, a que está para fora será rebatida no lado oposto para dentro da nossa imagem. Vale lembrar que a nossa imagem possui dois eixos: fase e frequência. E esse artefato não aparece na direção da frequência, somente na direção da fase. DICA Como corrigir: aumentar o FOV, com o objetivo de não deixar nenhuma imagem para fora dele na direção da fase. Obs.: Alguns aparelhos oferecem recursos para reduzir esse artefato sem alterar o FOV; porém, para se obter a mesma qualidade inicial da imagem, o tempo de aquisição será um pouco maior. Autor: Flávio Leandro Gomes. Aliasing. Autor: Flávio Leandro Gomes. Aliasing corrigido. ARTEFATO METÁLICO (SUSCETIBILIDADE MAGNÉTICA) Aparece quando há algum metal presente na área do corpo em estudo, condição que distorce o campo magnético naquela região, provocando um artefato (um borrão) escuro na imagem. DICA Como corrigir: Evitar a utilização das sequências gradiente-eco e EPI, que são muito sensíveis a esse artefato. Evitar a utilização de sequências com supressão de gordura. Aumentar a largura de banda (banda de recepção) da sequência. Nos aparelhos mais modernos existem algumas sequências já preparadas para a diminuição desse artefato. Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de suscetibilidade magnética. ARTEFATO DE MOVIMENTO Aparece devido à movimentação do paciente durante a aquisição das imagens. Esses movimentos podem ser voluntários. Por exemplo, a movimentação da cabeça e dos membros, ou movimentos involuntários, como os peristálticos ou batimento cardíaco. DICA Como corrigir: conversar com o paciente e explicar a grande importância de ele permanecer imóvel durante o exame. Existem alguns acoplamentos, também conhecidos como trigger, cuja função é sincronizar a respiração ou o batimento cardíaco do paciente com a aquisição das imagens. Isso pode diminuir esse artefato em alguns exames específicos. A utilização de sequências mais rápidas também pode ajudar, diminuindo, assim, o tempo total do exame. Também existem sequências preparadas pelos fabricantes para minimizar esse tipo de artefato. Estas já são bem conhecidas no mercado, como a sequência BLADE (Siemens) e PROPOLLER (GE). Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de movimento. Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de movimento corrigido. ARTEFATO DE FLUXO Seu aparecimento decorre de deslocamento de fluido em alguma cavidade. Pode ser o sangue circulando nos vasos ou o líquor circulando na medula e no cérebro. Esse artefato só se propaga na direção da fase. DICA Como corrigir: utilizar bandas de saturação perpendiculares ao deslocamento do fluxo. Nos aparelhos existe um artifício chamado compensação de fluxo, e sua utilização também minimiza esse artefato. ATENÇÃO Vale a pena ressaltar que mudar a direção de fase da imagem não minimiza o aparecimento do artefato, apenas o muda de local. Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de fluxo. ARTEFATO DE INTERFERÊNCIA EXTERNA São ruídos que aparecem nas imagens devido a problemas externos, por exemplo, a porta da sala aberta, alguma lâmpada queimada no interior da sala de exame ou a entrada de rádio frequência externa pela própria gaiola de Faraday durante a realização do exame. DICA Como corrigir: checar todos os quesitos mencionados acima. Autor: Flávio Leandro Gomes. Interferência externa. ARTEFATO DE FALTA DE HOMOGENEIDADE DE CAMPO MAGNÉTICO Sabemos que, quanto mais próximo do isocentro estiver posicionado o paciente, melhor, pois ali o campo é mais homogêneo. Esse artefato aparece quando o posicionamento da região em estudo está muito longe do isocentro do aparelho, acarretando imperfeições nas imagens obtidas. DICA Como corrigir: Melhorar o posicionamento do paciente, se possível. Evitar as sequências com técnica de supressão de gordura. ARTEFATO DE EXCITAÇÃO CRUZADA Aparece quando planejamos, numa mesma sequência, cortes que se sobrepõem, excitando duas vezes o mesmo hidrogênio e fazendo com que haja uma ausência de sinal nessa região. Esse artefato é muito percebido quando vamos planificar os cortes axiais num exame de coluna lombar. DICA Como corrigir: evitar a sobreposição dos cortes. Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de excitação cruzada. ARTEFATO DE ÂNGULO MÁGICO Hipersinal que aparece em estruturas como tendões, ligamentos e nervos, quando esses se encontram em aproximadamente 55 graus em relação ao campo magnético principal (B0). DICA Como corrigir: Reposicionar o paciente. Utilizar um tempo de Eco (TE) um pouco maior. ARTEFATO DE MAPEAMENTO INCORRETO Estruturas que pulsam, como as artérias e o coração, tendem a produzir imagens (sombras) na direçãoda fase da imagem. DICA Como corrigir: Utilizar bandas de saturação. Aumentar a matriz. No caso do coração, utilizar acoplamento cardíaco (trigger ou gating). Autor: Flávio Leandro Gomes. Mapeamento incorreto. ARTEFATO DE DESVIO QUÍMICO (CHEMICAL SHIFT) Aparece devido à diferença de frequência dos átomos de hidrogênio ligados à água e à gordura dentro do mesmo pixel. Assim, podemos notar linhas hipointensas ou hiperintensas nos contornos entre alguns órgãos de tecido adiposo circundante, como o sistema perirrenal. DICA Como corrigir: Aumentar a largura da banda de recepção de frequência. Diminuir o tamanho do pixel. Autor: Flávio Leandro Gomes. Desvio químico. ARTEFATO DE ZEBRA Aparece quando conjugamos um FOV grande com uma sequência gradiente-eco, já que essas sequências são bem sensíveis às imperfeições do campo magnético. DICA Como corrigir: Diminuir o FOV. Mudar a sequência de pulso. Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de zebra. ARTEFATO DE TRUNCAMENTO (TRUNCATION) Trata-se de erros de codificação na transformada de Fourier e são percebidos em estruturas com alto contraste entre si. Aparecem como linhas paralelas, alternando alto e baixo sinal. Esse tipo de artefato tem um aspecto muito semelhante ao artefato de movimento. DICA Como corrigir: aumentar a matriz, para obter melhor resolução espacial. Autor: Flávio Leandro Gomes. Artefato de truncamento. SEGURANÇA E PREVENÇÃO DE ACIDENTES Não resta nenhuma dúvida de que, quando o assunto é ressonância magnética, o quesito mais importante é segurança. Qualquer erro pode ser fatal para o paciente, acompanhante do paciente ou para os funcionários do serviço. Lembramos que os princípios físicos do método de aquisição de imagem em RM têm base num forte campo magnético e na emissão de radiofrequência. As principais contraindicações ao método estão relacionadas a esses princípios, pois alguns materiais podem ser atraídos pelo campo magnético, e outros podem sofrer um aquecimento e causar, como consequência, queimaduras no paciente. Antes da realização do exame, o paciente (ou seu acompanhante) é submetido a um questionário de anamnese, para garantir que ele pode realizar o exame com segurança ou identificar alguma contraindicação ao método ou à administração do meio de contraste (gadolínio). É muito importante que todo o setor esteja envolvido na prevenção de acidentes. Normalmente, antes de ingressar na sala de exames, o paciente passa por uma recepção. Depois, é acompanhado pelos profissionais e, às vezes, até por um médico. Dessa forma, é possível coletar informações durante todo esse processo, com a finalidade de evitar acidentes. Quanto ao posicionamento do paciente, devemos estar atentos para que nenhum cabo da bobina fique em contato direto com a pele dele, pois isso pode ocasionar um aquecimento local e até mesmo uma queimadura. Devemos também orientar os pacientes para não permanecerem com as mãos juntas e as pernas cruzadas, pois isso também pode ocasionar um aquecimento nesses membros. COMENTÁRIO É preciso ressaltar que, com a evolução tecnológica, as contraindicações ao método de RM vêm sofrendo alterações, mas ainda é muito importante que se tenha total atenção em algumas situações. CONTRAINDICAÇÕES PARA SE REALIZAR O EXAME DE RM Pacientes com marca-passo cardíaco. Pacientes portadores de clips (grampos) de aneurisma. Portadores de implante coclear antigo. Portadores de implantes eletrônicos. Portadores de fragmentos metálicos perto de estruturas vitais. CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS Gestantes. Portadores de próteses metálicas de modo geral, pois estas podem esquentar. Pacientes feridos por arma de fogo. Pacientes claustrofóbicos ou com resistência a ambientes fechados. Pacientes obesos (podem ter dificuldades para realizar o exame). Também são necessários cuidados especiais com pacientes que portam: Válvulas cardíacas. Próteses dentárias. Implantes oculares. Grampos e pinos cirúrgicos. Tatuagens recentes (eles podem sofrer queimaduras). COMENTÁRIO Até hoje, não existem relatos de efeitos biológicos adversos à longa exposição ao método de RM. Todavia, não é por esse motivo que devemos banalizar o método e dispensar as normas de segurança. Explicar previamente ao paciente como é realizado o exame é muito importante. Assim, vamos mantê-lo mais tranquilo, facilitando a realização. Nesse bate-papo prévio com o paciente, devemos deixar claro: Tempo médio do exame. A necessidade de ele permanecer imóvel durante a RM. A possibilidade de comunicação a qualquer momento do exame. Que durante o exame o aparelho vai emitir altos ruídos (barulho). RECOMENDAÇÃO É recomendado também que todos os pacientes/acompanhantes troquem de roupa (por uma roupa adequada fornecida pelo serviço) antes da realização do exame. Assim, teremos plena certeza de que eles não estão ingressando na sala de exame com algum material que possa provocar acidente. Ressaltamos também que todo o material utilizado dentro da sala de RM deve ser compatível com o método. Devemos nos certificar quanto ao uso de extintores, cadeiras de roda, macas, carros de procedimentos anestésicos etc. TAXA DE ABSORÇÃO ESPECÍFICA (SPECIFIC ABSORPTION RATE – SAR) Nos aparelhos de RM, a SAR controla e monitora a absorção da RF liberada pelo equipamento no corpo do paciente. A absorção da RF é medida em watts por quilograma (w/kg). Quando vamos iniciar um exame e ingressamos com os dados dos pacientes, faz-se necessário preencher o peso dele – em algumas máquinas mais novas, temos que indicar tanto o peso quanto a altura. Com essas informações, o equipamento consegue monitorar o quanto de RF pode ser emitido naquele exame. Daí a importância de se colocar as informações verídicas. Em alguns serviços, percebemos que o operador de RM que não domina esse conhecimento técnico, sendo negligente com essas informações, pode ocasionar situações de risco para o paciente. O operador de RM deve estar atento quando a mensagem de SAR aparecer, pois ela visa proteger o paciente, evitando um maior aquecimento corporal. Essa mensagem de SAR irá aparecer mais frequentemente nos aparelhos de alto campo, pois nesses aparelhos trabalhamos com maior emissão de RF. Quando essa mensagem aparece, é comum o aparelho sugerir algumas modificações na sequência, com o objetivo de reduzir a SAR. Entre elas, diminuir o número de cortes, aumentar o TR ou diminuir o ângulo de inclinação (flip angle). QUENCHING É o processo pelo qual as bobinas do magneto deixam de ser supercondutoras e passam a ser resistentes. Então, a temperatura do magneto sobe e o hélio líquido escapa em forma de vapor, por um orifício chamado tubo de quenching. Durante um quenching, é normal o escape de um pouco desse gás hélio para dentro da sala de exame e, caso haja alguma pessoa ali, ela deve ser retirada imediatamente. O escape do gás hélio acarreta aumento da pressão no ambiente, podendo dificultar a abertura da porta para tirar o paciente da sala com agilidade. Por isso, recomenda-se que a porta da sala de exame abra para fora. Caso a porta tenha sua abertura orientada para dentro e esse problema apareça, será necessário quebrar o vidro da sala (vidro de visualização do paciente), ocasionando uma diminuição da pressão no interior da sala e facilitando a abertura da porta. O quenching pode ocorrer de maneira espontânea no aparelho e, apesar de esta situação não ser corriqueira, pode acontecer devido a alguma falha no equipamento. Outra hipótese seria um quenching induzido pelo engenheiro clínico, com a finalidade de reparar algum problema previamente detectado. Por último, há o quenching manual, quando apertamos o botão de quenching devido a algum acidente em que alguém esteja correndo sérios riscos dentro da sala de exame. ATENÇÃO Este último pode causar sérios danos ao aparelho, deixando-o vários dias sem funcionar, o que provoca grande prejuízo financeiro. Então, só deve serfeito em casos extremos. Normalmente, num setor de RM vão existir muitas placas e cartazes informativos quanto à segurança. Veja os exemplos nas figuras a seguir. Imagem: Shutterstock.com Forte campo magnético. Autor: Flávio Leandro Gomes. Forte radiofrequência. ACIDENTES EM RM Um especialista abordará alguns acidentes em RM que acontecem na sala de exames, em função do campo magnético, através de imagens das ocorrências. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PODEMOS CITAR COMO CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS AO MÉTODO DE RM: A) Pacientes com fragmentos metálicos no pé. B) Mulheres grávidas. C) Portadores de próteses metálicas. D) Pacientes alérgicos. E) Portadores de fragmentos metálicos perto de áreas vitais do organismo. 2. PARA SOLUCIONAR UM PROBLEMA DE ARTEFATO DE DOBRA DE IMAGEM (ALIASING), PODEMOS: A) Reduzir o FOV. B) Aumentar a espessura do corte. C) Aumentar a matriz de fase. D) Aumentar o FOV. E) Diminuir a matriz de fase. GABARITO 1. Podemos citar como contraindicações absolutas ao método de RM: A alternativa "E " está correta. Como estamos sujeitos ao campo magnético e à emissão de RF, esses fragmentos metálicos podem se mover ou até mesmo esquentar no corpo do paciente. 2. Para solucionar um problema de artefato de dobra de imagem (aliasing), podemos: A alternativa "D " está correta. A maneira mais simples para se resolver um problema de aliasing é aumentar o FOV da imagem. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS As técnicas relativas aos princípios físicos que envolvem a emissão de radiofrequência são fundamentais, pois, em função de suas características, podemos utilizar o aparelho da maneira mais adequada, aplicando as ponderações corretas para cada área específica de estudo e objetivo do exame. Conhecer as imperfeições (artefatos) das imagens é muito importante quando se fala em ressonância, já que esse problema aparece de modo recorrente. Com o conhecimento físico e técnico do método de RM, sabemos que muitos desses artefatos podem ser minimizados ou até extintos das imagens adquiridas, possibilitando um laudo mais preciso. Conhecer também os procedimentos de segurança em RM, apesar da ausência da radiação ionizante, é de extrema importância, pois alguns problemas poderiam até mesmo levar o paciente (e/ou seu acompanhante) à morte. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BONTRAGER, K. L.; LAMPIGANO, J. P. Tratado de posicionamento radiográfico e anatomia associada. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. NÓBREGA, A. I. Técnicas em ressonância magnética nuclear. São Paulo: Atheneu, 2006. WESTBROOK, C.; ROTH, C. K.; TALBOT, J. Ressonância magnética: aplicações práticas. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia: O artigo Ressonância magnética: princípios de formação da imagem e aplicações em imagem funcional, de Alessandro Mazolla, publicado em 2009 na Revista de Física Médica. CONTEUDISTA Flávio Leandro Gomes CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
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