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DIREITO PROCESSUAL PENAL AÇÃO PENAL 2 1. CONCEITO É o direito subjetivo de exigir do Estado-Juiz a aplicação da lei ao caso concreto, buscando, por meio de um processo, a solução da demanda penal. • O processo é a ferramenta implementada para que a demanda seja resolvida; • Jus puniendi é o poder/dever que surge para o Estado quando uma norma penal é violada, podendo ser in abstrato (ocorre no momento em que o Estado elabora as leis penais e comina as penas) ou in concreto (ocorre no momento em que a norma penal é violada); 2. FUNDAMENTOS DO DIREITO DE AÇÃO • Proibição da vingança privada (autodefesa), salvo legítima defesa; • Proibição da autocomposição, salvo transação penal; • Inafastabilidade da jurisdição; CF, Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL 1 AUTÔNOMO O direito de ação é processual, sendo independente das regras de direito material. 2 ABSTRATO O direito de ação independe do resultado final do processo, não estando vinculado à jurisdição. 3 SUBJETIVO O titular do direito é definido na própria legislação (em regra o MP e, excepcionalmente, a vítima ou seu representante). 4 PÚBLICO A relação jurídica é pública, na qual o processo é o instrumento para o exercício da jurisdição. 5 INSTRUMENTAL O direito de ação é o meio para alcançar a efetividade do direito material. 4. MODALIDADES DE AÇÃO PENAL Leva-se em consideração a titularidade para o exercício da ação, Ação Penal Pública Incondicionada Condicionada Representação do Ofendido Requisição do MJ Privada Exclusiva Personalíssima Subsidiária 3 5. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL Em regra, o momento para análise das condições da ação penal será o início do processo, e a sua inexistência implicará a rejeição da inicial acusatória. Excepcionalmente, poderá ocorrer durante o processo, resultando na extinção do processo sem julgamento de mérito. Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 5.1. GENÉRICAS CONDIÇÕES GENÉRICAS 1 Possibilidade Jurídica do Pedido É a verificação se a conduta se amolda a algum tipo penal. 2 Interesse de Agir É a verificação da necessidade, utilidade e adequação do processo. 3 Legitimidade das Partes É a verificação das peculiaridades legais inerentes às partes. 4 Justa Causa (doutrina) É o lastro probatório mínimo sobre a existência do crime (materialidade) e de sua autoria. 5.2. ESPECÍFICAS CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 1 Representação Quando a ação depender de representação, não poderá sem ela ser iniciada. 2 Requisição do MJ Quando a ação depender de requisição, não poderá sem ela ser iniciada. 3 Autorização da Câmara Ocorre nos casos de apuração de crimes por parte do Presidente da República. 6. PROCESSO PENAL INQUÉRITO POLICIAL AÇÃO PENAL - Sem contraditório judicial - Sem ampla defesa - Sigiloso - Na presença do Delegado - Em regra, elementos de informação - Com contraditório judicial - Com ampla defesa - Público - Na presença do Juiz - Provas 4 7. AÇÃO PENAL PÚBLICA É a regra no ordenamento processual brasileiro, sendo titularizada privativamente pelo Ministério Público. CF, art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Art. 257. Ao Ministério Público cabe: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; Titular Ministério Público Inicial Acusatória Denúncia Prazo (regra) 5 dias (preso) e 15 dias (solto) Prazo (drogas) 10 dias (preso ou solto) • O prazo será contato a partir do recebimento definitivo das peças de informação: Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do MP receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do MP receber novamente os autos. • Os prazos para o MP são impróprios, pois não geram nenhum reflexo judicial; • Em caso de descumprimento do prazo por parte do MP, o acusado poderá impetrar HC e a vítima poderá impetrar ação penal privada subsidiária da pública; • A petição inicial da Ação Pública é a denúncia, que deverá observar requisitos formais: Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. • Quando um crime for praticado em detrimento de patrimônio ou interesse Público, a ação será pública: Art. 24, § 2º - Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. • Por se tratar de interesse público, qualquer pessoa poderá provocar atuação do Ministério Público: Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. • O processo judicialiforme era a possibilidade de juízes e delegados exercerem a ação penal sem intervenção do MP, não sendo recepcionado pela CF; 5 7.1. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA a) OBRIGATORIEDADE O exercício da ação pública é visto como um dever funcional do MP e, havendo indícios suficientes de autoria e prova da materialidade (justa causa), deverá ser oferecida a denúncia. • A obrigatoriedade atinge inclusive o IP, quando ocorrer antes do início da ação penal: Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; MITIGAÇÃO DA OBRIGATORIEDADE 1 Transação Penal 2 Suspensão Condicional do Processo 3 Colaboração Premiada b) INDISPONIBILIDADE O Ministério Público não poderá desistir da ação penal deflagrada nem dos recursos que interpuser, salvo em caso de transação penal e suspensão condicional do processo (art. 76 e 89 – Lei 9.099/95, respectivamente). Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. • O MP pode requerer em favor do réu ou até mesmo sua absolvição, não significando desistência; • O pedido de absolvição formulado pelo MP não vincula o Juiz, que poderá condenar o réu; • O MP não poderá desistir de recurso já interposto, pois trata-se de um desdobramento do direito de ação: Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. • Diante da colaboração premiada, admite-se o perdão judicial ao colaborador, funcionando como causa de extinção da punibilidade; c) OFICIALIDADE A ação penal pública será ajuizada por um órgão oficial, na figura do Ministério Público, que não poderá ficar inerte durante o prazo legal. 6 d) DIVISIBILIDADE A ação pública pode ser iniciada em face de parte dos infratores, admitindo seu aditamento ao longo do processo - STF/STJ; • Para a doutrina, a ação pública é indivisível, pois o MP deve processar todos aqueles que contribuíram para o crime, o que pode ocorrer desde o início ou incidentalmente; 7.2. MODALIDADES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA a) AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA É aquela que será exercida de ofício pelo MP, independentemente da manifestação de vontade da vítima ou de terceiros. • Quandoo artigo de lei que disciplina o crime for omisso, presume-se que a ação é pública incondicionada: CP, art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. • Nos crimes de ação pública incondicionada, o delegado deve instaurar o inquérito de ofício: Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício; b) AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO É titularizada pelo Ministério Público, mas depende de manifestação de vontade do legítimo interessado (condição de procedibilidade). • Para que o crime seja de ação pública condicionada, é necessário que haja expressa previsão legal: CP, art. 100, § 1º - A ação pública é promovida pelo MP, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. REPRESENTAÇÃO É o pedido/autorização que condiciona o início da persecução penal e, sem ela, não haverá ação penal, inquérito ou lavratura de prisão em flagrante. DESTINATÁRIOS - Ministério Público - Delegado - Juiz LEGITIMADOS - Vítima - Representante Legal 7 • A representação possui natureza objetiva, pois a vítima representa contra o fato e não contra o autor (representação subjetiva); • Se a vítima morrer ou for judicialmente declarada ausente, o direito de representação passará ao CCADI (cônjuge/companheiro, ascendente, descendente e irmão), sequencialmente: Art. 24, § 1o - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. • Se a vítima for menor de idade, deficiente mental, não possuir representante legal ou seus interesses colidirem com o do representante, o Juiz deve, de ofício ou a requerimento do MP, nomear um curador: Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. • O prazo para representação é de 6 meses, contados do conhecimento da autoria do crime, salvo para o menor de idade, iniciando o prazo somente quando completar 18 anos: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. • O prazo é de natureza decadencial, o que significa dizer que é um prazo fatal (não admite suspensão, interrupção ou prorrogação), sendo contado de acordo com o art. 10, CP, de forma material: CP, art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. • A representação possui forma livre, podendo ser apresentada oralmente ou por escrito, a qualquer dos destinatários: Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. • A retratação da representação somente será cabível até o oferecimento da denúncia, podendo a vítima se arrepender e reapresentar a representação, desde que dentro do prazo (cabe retratação da retratação da representação): Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 8 • Em se tratando de violência contra a mulher, a retratação da representação poderá ocorrer até antes do recebimento da denúncia, em audiência específica, na presença do Juiz, ouvindo-se o MP: Lei 11.340/06, art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. • O crime de lesão corporal na violência doméstica é sempre de ação pública incondicionada, independentemente do grau da lesão e do elemento subjetivo: Súmula 542/STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. • Segundo a Doutrina, a representação é uma autorização para que sejam tomadas providências quanto ao fato (eficácia objetiva). No que se refere às pessoas que serão processadas, tal atribuição é do titular da ação penal (eficácia subjetiva); c) AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MJ REQUISIÇÃO É o pedido/autorização de natureza política, que condiciona o início da persecução penal nas hipóteses legais e, sem ela, não haverá ação penal, inquérito ou lavratura de prisão em flagrante. DESTINATÁRIO - Ministério Público LEGITIMADO - Ministro da Justiça • A requisição possui natureza jurídica de condição de procedibilidade, ou seja, uma condição para a adoção de providências criminais; • A requisição possui como único destinatário o Ministério Público, na figura do Procurador-geral da República; • Não há forma definida em lei para a requisição e o MP não é obrigado a investigar ou oferecer a denúncia; • A requisição possui como único legitimado o Ministro da Justiça; • Não há prazo decadencial, podendo o Ministro requisitar a qualquer momento, desde que o crime não esteja prescrito; • A retratação da requisição não está regulamentada no CPP e os Tribunais de Convergência nunca apreciaram a questão; 9 8. AÇÃO PENAL PRIVADA É aquela exercida pela vítima ou por seu representante legal na condição de substituição processual, atuando em nome próprio, pleiteando a punição, que será exercida pelo Estado. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá- lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Titular Ofendido ou Representante Inicial Acusatória Queixa-crime Prazo 6 meses • A vítima é chamada de querelante e o réu é chamado de querelado; • A queixa-crime pode ser oferecida por procurador com poderes especiais; • Quando o legislador desejar que o crime seja de ação privada, apontará de forma expressa, afirmando no dispositivo que “o crime somente se procede mediante queixa”; • Se a queixa for ajuizada dentro do prazo legal, mas em tribunal incompetente, ainda assim o prazo terá sido obedecido, pois a vítima não se manteve inerte - STF/STJ; 8.1. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PRIVADA a) OPORTUNIDADE / CONVENIÊNCIA A vítima ou seu representante só exercerá a ação privada se entender conveniente. • A decadência é a perda da faculdade de exercer a ação privada, em razão do decurso do prazo (em regra 6 meses), contados do conhecimento da autoria do crime; • A renúncia acontece quando a vítima declara expressamente que não pretende ajuizar a ação (expressa) ou quando ela pratica um ato incompatível com essa vontade (tácita); • Ambas possuem como consequência a extinção da punibilidade: CP, art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 10 • A pendência de conclusão do IP não tem interferência no prazo para propositura da ação privada, pois ele não se suspende, não se interrompe e não se prorroga (decadencial); b) DISPONIBILIDADE O ofendido/querelante poderá desistir da demanda deflagrada, seja por meio do perdãoao querelado, seja por meio da perempção. • O perdão ocorre quando a vítima declara expressamente que não pretende continuar com a ação que já está em curso (expresso), ou quando ela pratica um ato incompatível com essa vontade (tácito); • O perdão é um ato bilateral, pois só ocasiona o efeito pretendido (extinção da punibilidade) se o réu o aceitar, podendo ocorrer de forma expressa ou tácita; • Se a vítima declarar nos autos o perdão, o réu será intimado e disporá de 3 dias para dizer se o aceita, sendo que a omissão faz presumir a aceitação; • A perempção é uma sanção judicialmente imposta pelo descompromisso da vítima na condução da ação privada, ocasionando a extinção da punibilidade: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se- á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. CAUSAS QUE GERAM PEREMPÇÃO 1 Omissão no processo por 30 dias seguidos 2 Falecimento ou incapacidade e CCADI não assumir em 60 dias 3 Ausência injustificada no processo quando sua presença for obrigatória 4 Pessoa jurídica extinta sem sucessor CP, art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 11 c) INDIVISIBILIDADE Se a vítima optar por ajuizar a ação privada, deverá fazer contra todos os infratores conhecidos, sob pena de caracterizar renúncia, causando a extinção da punibilidade do fato em relação a todos os agentes. Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o MP velará pela sua indivisibilidade. • Cabe ao Ministério Público, como fiscal da lei, tutelar a indivisibilidade da ação privada, podendo aditar a queixa no prazo máximo de 3 dias, mas não pode incluir novos acusados: Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo MP, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. Art. 46, § 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do MP receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 8.2. MODALIDADES DE AÇÃO PRIVADA a) AÇÃO PRIVADA EXCLUSIVA / PROPRIAMENTE DITA É aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal. • É a regra na ação privada, sendo necessário acusação técnica por meio de advogado; • O Estado irá investigar, julgar e aplicar a pena, mas o titular da ação penal é o particular; • O MP poderá aditar a queixa (em 3 dias, no máximo), mas não poderá inserir corréu; • Esta ação admite sucessão por morte ou ausência, transferindo-se o direito ao CCADI: Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. • Da mesma forma que ocorre na ação penal pública condicionada à representação, se a vítima for menor de idade, deficiente mental, não possuir representante legal ou seus interesses colidirem com o do representante, o Juiz deve, de ofício ou a requerimento do MP, nomear um curador: 12 Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. b) AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA É aquela que autoriza que a vítima ingresse com ação privada em um delito da esfera pública, pois o Ministério Público não cumpriu o seu papel nos prazos legalmente estabelecidos. CF, art. 5, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; • Não deixa de ser de ação pública em virtude do ingresso na ação privada, porém a vítima passa a ser o titular da ação; • Se o Ministério Público não for omisso, não caberá ação privada subsidiária; • Não se aplicam renúncia, perdão, perempção ou decadência (considerada imprópria, pois não extingue a punibilidade); • Caso o MP ofereça denúncia, requisite novas diligências ou requeira o arquivamento do IP, não caberá ação privada subsidiária: Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao MP aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. • O Ministério Público atuará como interveniente obrigatório, sob pena de nulidade do processo: Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo. • O MP detém amplos poderes no âmbito da ação privada subsidiária, destacando-se os seguintes: propor prova, interpor recursos, complementar a ação (até mesmo para incluir mais réus) e retomar a demanda como parte principal (em caso de negligência do querelante); • Não há perdão ou perempção no curso da ação privada subsidiária, visto que se trata de uma ação originariamente pública, sendo, portanto, indisponível; • O prazo da ação privada subsidiária é de 6 meses, contados do esgotamento do prazo que o Ministério Público dispunha para agir - em regra 5 dias (pessoa presa) ou 15 dias (pessoa solta): 13 Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do MP receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do MP receber novamente os autos. • Uma vez ajuizada a ação subsidiária, por meio da queixa-crime substitutiva, deve o Juiz abrir vistas ao MP; c) AÇÃO PRIVADA PERSONALÍSSIMA É aquela que possui como único titular a vítima/querelante. • Se a vítima for menor de idade ou deficiente mental, a ação só poderá ser iniciada, assim como o respectivo prazo, após a maioridade ou a recuperação; • Não haverá representante legal ou sucessão por morte ou ausência; • Se a vítima morrer ou for declarada ausente por decisão judicial antes de iniciar a ação penal, haverá decadência do direito de queixa. Porém, se a morte ou ausência ocorrer durante a ação penal, haverá perempção; • O único crime de ação personalíssima é o induzimento a erro ou ocultação de impedimento ao casamento: CP, art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamentoanterior: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. • O prazo é de 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença cível que invalidar o casamento; 9. RENÚNCIA Possui natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade, ocorrendo antes do início do processo. • É unilateral, pois exerce seu efeito independentemente da vontade do querelado; 14 • Estende-se a todos, não há forma definida e é irretratável, podendo ocorrer de forma judicial ou extrajudicial; • Receber a indenização civil pelos danos não implica a renúncia, exceto nos casos da Lei 9.099/95, sendo a indenização homologada em juízo: Lei 9.099/95, Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. ESPÉCIES DE RENÚNCIA EXPRESSA TÁCITA Por meio de declaração escrita da vítima/representante legal/procurador com poderes especiais. Ocorre pela prática de qualquer conduta incompatível com o exercício do direito de queixa. Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. CP, art. 104, § único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo (...). Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. CP, art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. CP, art. 104, Parágrafo único - Importa renúncia tácita (...) não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 10. PERDÃO Possui natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade, ocorrendo durante o processo. • É ato bilateral, pois só produz efeito para aqueles que o aceitarem; • Havendo algum querelado que o recuse, o processo seguirá somente em relação a este; • É irretratável, podendo se estender a todos e não há forma definida em lei; • Pode ser judicial (concedido nos autos da ação penal) ou extrajudicial (concedido fora dos autos da ação penal); ESPÉCIES DE PERDÃO EXPRESSO TÁCITO Concedido por meio de declaração expressa em documento. Ocorre pela prática de ato incompatível com a vontade de buscar a punição do querelado. 15 • O perdão pode ser concedido pelo ofendido/querelante, pelo representante legal ou por procurador com poderes especiais: Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de 3 dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. • O perdão é comunicável a todos os querelados, mas somente produzirá efeito para aqueles que o aceitarem: Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
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