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3 Ação Penal

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DIREITO 
PROCESSUAL 
PENAL 
AÇÃO PENAL 
2 
 
1. CONCEITO 
 
É o direito subjetivo de exigir do Estado-Juiz a aplicação da lei ao caso concreto, 
buscando, por meio de um processo, a solução da demanda penal. 
 
• O processo é a ferramenta implementada para que a demanda seja resolvida; 
 
• Jus puniendi é o poder/dever que surge para o Estado quando uma norma penal 
é violada, podendo ser in abstrato (ocorre no momento em que o Estado elabora 
as leis penais e comina as penas) ou in concreto (ocorre no momento em que a 
norma penal é violada); 
 
 
2. FUNDAMENTOS DO DIREITO DE AÇÃO 
 
• Proibição da vingança privada (autodefesa), salvo legítima defesa; 
• Proibição da autocomposição, salvo transação penal; 
• Inafastabilidade da jurisdição; 
 
CF, Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
 
 
3. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE AÇÃO 
 
 CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL 
1 AUTÔNOMO 
O direito de ação é processual, sendo independente das regras de 
direito material. 
2 ABSTRATO 
O direito de ação independe do resultado final do processo, não estando 
vinculado à jurisdição. 
3 SUBJETIVO 
O titular do direito é definido na própria legislação (em regra o MP e, 
excepcionalmente, a vítima ou seu representante). 
4 PÚBLICO 
A relação jurídica é pública, na qual o processo é o instrumento para o 
exercício da jurisdição. 
5 INSTRUMENTAL O direito de ação é o meio para alcançar a efetividade do direito material. 
 
 
4. MODALIDADES DE AÇÃO PENAL 
 
Leva-se em consideração a titularidade para o exercício da ação, 
 
Ação Penal 
Pública 
Incondicionada 
Condicionada 
Representação do Ofendido 
Requisição do MJ 
Privada 
Exclusiva 
Personalíssima 
Subsidiária 
 
3 
 
5. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL 
 
Em regra, o momento para análise das condições da ação penal será o início do 
processo, e a sua inexistência implicará a rejeição da inicial acusatória. 
Excepcionalmente, poderá ocorrer durante o processo, resultando na extinção do 
processo sem julgamento de mérito. 
 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
5.1. GENÉRICAS 
 
CONDIÇÕES GENÉRICAS 
1 Possibilidade Jurídica do Pedido 
É a verificação se a conduta se amolda a algum 
tipo penal. 
2 Interesse de Agir 
É a verificação da necessidade, utilidade e 
adequação do processo. 
3 Legitimidade das Partes 
É a verificação das peculiaridades legais 
inerentes às partes. 
4 Justa Causa (doutrina) 
É o lastro probatório mínimo sobre a existência 
do crime (materialidade) e de sua autoria. 
 
 
5.2. ESPECÍFICAS 
 
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS 
1 Representação 
Quando a ação depender de representação, não 
poderá sem ela ser iniciada. 
2 Requisição do MJ 
Quando a ação depender de requisição, não 
poderá sem ela ser iniciada. 
3 Autorização da Câmara 
Ocorre nos casos de apuração de crimes por 
parte do Presidente da República. 
 
 
6. PROCESSO PENAL 
 
INQUÉRITO POLICIAL AÇÃO PENAL 
- Sem contraditório judicial 
- Sem ampla defesa 
- Sigiloso 
- Na presença do Delegado 
- Em regra, elementos de informação 
- Com contraditório judicial 
- Com ampla defesa 
- Público 
- Na presença do Juiz 
- Provas 
 
 
4 
 
7. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
 
É a regra no ordenamento processual brasileiro, sendo titularizada privativamente 
pelo Ministério Público. 
 
CF, art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; 
 
Titular Ministério Público 
Inicial Acusatória Denúncia 
Prazo (regra) 5 dias (preso) e 15 dias (solto) 
Prazo (drogas) 10 dias (preso ou solto) 
 
• O prazo será contato a partir do recebimento definitivo das peças de informação: 
 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, 
contado da data em que o órgão do MP receber os autos do inquérito policial, e de 15 
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito 
à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do MP receber 
novamente os autos. 
 
• Os prazos para o MP são impróprios, pois não geram nenhum reflexo judicial; 
 
• Em caso de descumprimento do prazo por parte do MP, o acusado poderá 
impetrar HC e a vítima poderá impetrar ação penal privada subsidiária da pública; 
 
• A petição inicial da Ação Pública é a denúncia, que deverá observar requisitos 
formais: 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa 
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
• Quando um crime for praticado em detrimento de patrimônio ou interesse 
Público, a ação será pública: 
 
Art. 24, § 2º - Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou 
interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. 
 
• Por se tratar de interesse público, qualquer pessoa poderá provocar atuação do 
Ministério Público: 
 
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos 
casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato 
e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
 
• O processo judicialiforme era a possibilidade de juízes e delegados exercerem a 
ação penal sem intervenção do MP, não sendo recepcionado pela CF; 
 
5 
 
7.1. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
 
a) OBRIGATORIEDADE 
 
O exercício da ação pública é visto como um dever funcional do MP e, 
havendo indícios suficientes de autoria e prova da materialidade (justa causa), 
deverá ser oferecida a denúncia. 
 
• A obrigatoriedade atinge inclusive o IP, quando ocorrer antes do início da 
ação penal: 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
 
MITIGAÇÃO DA OBRIGATORIEDADE 
1 Transação Penal 
2 Suspensão Condicional do Processo 
3 Colaboração Premiada 
 
 
b) INDISPONIBILIDADE 
 
O Ministério Público não poderá desistir da ação penal deflagrada nem dos 
recursos que interpuser, salvo em caso de transação penal e suspensão 
condicional do processo (art. 76 e 89 – Lei 9.099/95, respectivamente). 
 
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
 
• O MP pode requerer em favor do réu ou até mesmo sua absolvição, não 
significando desistência; 
 
• O pedido de absolvição formulado pelo MP não vincula o Juiz, que poderá 
condenar o réu; 
 
• O MP não poderá desistir de recurso já interposto, pois trata-se de um 
desdobramento do direito de ação: 
 
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. 
 
• Diante da colaboração premiada, admite-se o perdão judicial ao 
colaborador, funcionando como causa de extinção da punibilidade; 
 
 
c) OFICIALIDADE 
 
A ação penal pública será ajuizada por um órgão oficial, na figura do 
Ministério Público, que não poderá ficar inerte durante o prazo legal. 
 
 
 
6 
 
d) DIVISIBILIDADE 
 
A ação pública pode ser iniciada em face de parte dos infratores, admitindo 
seu aditamento ao longo do processo - STF/STJ; 
 
• Para a doutrina, a ação pública é indivisível, pois o MP deve processar 
todos aqueles que contribuíram para o crime, o que pode ocorrer desde o 
início ou incidentalmente; 
 
 
7.2. MODALIDADES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA 
 
a) AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA 
 
É aquela que será exercida de ofício pelo MP, independentemente da 
manifestação de vontade da vítima ou de terceiros. 
 
• Quandoo artigo de lei que disciplina o crime for omisso, presume-se que 
a ação é pública incondicionada: 
 
CP, art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. 
 
• Nos crimes de ação pública incondicionada, o delegado deve instaurar o 
inquérito de ofício: 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: 
I - de ofício; 
 
 
b) AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO 
 
É titularizada pelo Ministério Público, mas depende de manifestação de 
vontade do legítimo interessado (condição de procedibilidade). 
 
• Para que o crime seja de ação pública condicionada, é necessário que haja 
expressa previsão legal: 
 
CP, art. 100, § 1º - A ação pública é promovida pelo MP, dependendo, quando a 
lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
 
REPRESENTAÇÃO 
É o pedido/autorização que condiciona o início da persecução penal e, sem ela, 
não haverá ação penal, inquérito ou lavratura de prisão em flagrante. 
DESTINATÁRIOS 
- Ministério Público 
- Delegado 
- Juiz 
LEGITIMADOS 
- Vítima 
- Representante Legal 
7 
 
• A representação possui natureza objetiva, pois a vítima representa contra 
o fato e não contra o autor (representação subjetiva); 
 
• Se a vítima morrer ou for judicialmente declarada ausente, o direito de 
representação passará ao CCADI (cônjuge/companheiro, ascendente, 
descendente e irmão), sequencialmente: 
 
Art. 24, § 1o - No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por 
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
 
• Se a vítima for menor de idade, deficiente mental, não possuir 
representante legal ou seus interesses colidirem com o do representante, 
o Juiz deve, de ofício ou a requerimento do MP, nomear um curador: 
 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou 
retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses 
deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, 
nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz 
competente para o processo penal. 
 
• O prazo para representação é de 6 meses, contados do conhecimento da 
autoria do crime, salvo para o menor de idade, iniciando o prazo somente 
quando completar 18 anos: 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, 
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do 
prazo de 6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, 
ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia. 
 
• O prazo é de natureza decadencial, o que significa dizer que é um prazo 
fatal (não admite suspensão, interrupção ou prorrogação), sendo contado 
de acordo com o art. 10, CP, de forma material: 
 
CP, art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, 
os meses e os anos pelo calendário comum. 
 
• A representação possui forma livre, podendo ser apresentada oralmente 
ou por escrito, a qualquer dos destinatários: 
 
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por 
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao 
juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. 
 
• A retratação da representação somente será cabível até o oferecimento 
da denúncia, podendo a vítima se arrepender e reapresentar a 
representação, desde que dentro do prazo (cabe retratação da retratação 
da representação): 
 
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 
8 
 
• Em se tratando de violência contra a mulher, a retratação da 
representação poderá ocorrer até antes do recebimento da denúncia, em 
audiência específica, na presença do Juiz, ouvindo-se o MP: 
 
Lei 11.340/06, art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação 
da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação 
perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do 
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
 
• O crime de lesão corporal na violência doméstica é sempre de ação 
pública incondicionada, independentemente do grau da lesão e do 
elemento subjetivo: 
 
Súmula 542/STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de 
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
 
• Segundo a Doutrina, a representação é uma autorização para que sejam 
tomadas providências quanto ao fato (eficácia objetiva). No que se refere 
às pessoas que serão processadas, tal atribuição é do titular da ação penal 
(eficácia subjetiva); 
 
 
c) AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MJ 
 
REQUISIÇÃO 
É o pedido/autorização de natureza política, que condiciona o início da persecução 
penal nas hipóteses legais e, sem ela, não haverá ação penal, inquérito ou lavratura 
de prisão em flagrante. 
DESTINATÁRIO - Ministério Público 
LEGITIMADO - Ministro da Justiça 
 
• A requisição possui natureza jurídica de condição de procedibilidade, ou 
seja, uma condição para a adoção de providências criminais; 
 
• A requisição possui como único destinatário o Ministério Público, na figura 
do Procurador-geral da República; 
 
• Não há forma definida em lei para a requisição e o MP não é obrigado a 
investigar ou oferecer a denúncia; 
 
• A requisição possui como único legitimado o Ministro da Justiça; 
 
• Não há prazo decadencial, podendo o Ministro requisitar a qualquer 
momento, desde que o crime não esteja prescrito; 
 
• A retratação da requisição não está regulamentada no CPP e os Tribunais 
de Convergência nunca apreciaram a questão; 
 
 
 
 
9 
 
8. AÇÃO PENAL PRIVADA 
 
É aquela exercida pela vítima ou por seu representante legal na condição de 
substituição processual, atuando em nome próprio, pleiteando a punição, que será 
exercida pelo Estado. 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-
lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
Titular Ofendido ou Representante 
Inicial Acusatória Queixa-crime 
Prazo 6 meses 
 
• A vítima é chamada de querelante e o réu é chamado de querelado; 
 
• A queixa-crime pode ser oferecida por procurador com poderes especiais; 
 
• Quando o legislador desejar que o crime seja de ação privada, apontará de forma 
expressa, afirmando no dispositivo que “o crime somente se procede mediante 
queixa”; 
 
• Se a queixa for ajuizada dentro do prazo legal, mas em tribunal incompetente, 
ainda assim o prazo terá sido obedecido, pois a vítima não se manteve inerte - 
STF/STJ; 
 
 
8.1. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PRIVADA 
 
a) OPORTUNIDADE / CONVENIÊNCIA 
 
A vítima ou seu representante só exercerá a ação privada se entender 
conveniente. 
 
• A decadência é a perda da faculdade de exercer a ação privada, em razão 
do decurso do prazo (em regra 6 meses), contados do conhecimento da 
autoria do crime; 
 
• A renúncia acontece quando a vítima declara expressamente que não 
pretende ajuizar a ação (expressa) ou quando ela pratica um ato 
incompatível com essa vontade (tácita); 
 
• Ambas possuem como consequência a extinção da punibilidade: 
 
CP, art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação 
privada; 
 
10 
 
• A pendência de conclusão do IP não tem interferência no prazo para 
propositura da ação privada, pois ele não se suspende, não se interrompe 
e não se prorroga (decadencial); 
 
 
b) DISPONIBILIDADE 
 
O ofendido/querelante poderá desistir da demanda deflagrada, seja por 
meio do perdãoao querelado, seja por meio da perempção. 
 
• O perdão ocorre quando a vítima declara expressamente que não 
pretende continuar com a ação que já está em curso (expresso), ou quando 
ela pratica um ato incompatível com essa vontade (tácito); 
 
• O perdão é um ato bilateral, pois só ocasiona o efeito pretendido (extinção 
da punibilidade) se o réu o aceitar, podendo ocorrer de forma expressa ou 
tácita; 
 
• Se a vítima declarar nos autos o perdão, o réu será intimado e disporá de 3 
dias para dizer se o aceita, sendo que a omissão faz presumir a aceitação; 
 
• A perempção é uma sanção judicialmente imposta pelo descompromisso 
da vítima na condução da ação privada, ocasionando a extinção da 
punibilidade: 
 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 dias, 
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
CAUSAS QUE GERAM PEREMPÇÃO 
1 Omissão no processo por 30 dias seguidos 
2 Falecimento ou incapacidade e CCADI não assumir em 60 dias 
3 Ausência injustificada no processo quando sua presença for obrigatória 
4 Pessoa jurídica extinta sem sucessor 
 
CP, art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
 
 
 
 
11 
 
c) INDIVISIBILIDADE 
 
Se a vítima optar por ajuizar a ação privada, deverá fazer contra todos os 
infratores conhecidos, sob pena de caracterizar renúncia, causando a extinção 
da punibilidade do fato em relação a todos os agentes. 
 
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de 
todos, e o MP velará pela sua indivisibilidade. 
 
• Cabe ao Ministério Público, como fiscal da lei, tutelar a indivisibilidade da 
ação privada, podendo aditar a queixa no prazo máximo de 3 dias, mas 
não pode incluir novos acusados: 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser 
aditada pelo MP, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do 
processo. 
 
Art. 46, § 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data 
em que o órgão do MP receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do 
tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais 
termos do processo. 
 
 
8.2. MODALIDADES DE AÇÃO PRIVADA 
 
a) AÇÃO PRIVADA EXCLUSIVA / PROPRIAMENTE DITA 
 
É aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal. 
 
• É a regra na ação privada, sendo necessário acusação técnica por meio de 
advogado; 
 
• O Estado irá investigar, julgar e aplicar a pena, mas o titular da ação penal 
é o particular; 
 
• O MP poderá aditar a queixa (em 3 dias, no máximo), mas não poderá 
inserir corréu; 
 
• Esta ação admite sucessão por morte ou ausência, transferindo-se o direito 
ao CCADI: 
 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão 
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão. 
 
• Da mesma forma que ocorre na ação penal pública condicionada à 
representação, se a vítima for menor de idade, deficiente mental, não 
possuir representante legal ou seus interesses colidirem com o do 
representante, o Juiz deve, de ofício ou a requerimento do MP, nomear um 
curador: 
 
12 
 
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou 
retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses 
deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, 
nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz 
competente para o processo penal. 
 
 
b) AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 
 
É aquela que autoriza que a vítima ingresse com ação privada em um delito 
da esfera pública, pois o Ministério Público não cumpriu o seu papel nos 
prazos legalmente estabelecidos. 
 
CF, art. 5, LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal; 
 
• Não deixa de ser de ação pública em virtude do ingresso na ação privada, 
porém a vítima passa a ser o titular da ação; 
 
• Se o Ministério Público não for omisso, não caberá ação privada 
subsidiária; 
 
• Não se aplicam renúncia, perdão, perempção ou decadência (considerada 
imprópria, pois não extingue a punibilidade); 
 
• Caso o MP ofereça denúncia, requisite novas diligências ou requeira o 
arquivamento do IP, não caberá ação privada subsidiária: 
 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal, cabendo ao MP aditar a queixa, repudiá-la e oferecer 
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos 
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, 
retomar a ação como parte principal. 
 
• O Ministério Público atuará como interveniente obrigatório, sob pena de 
nulidade do processo: 
 
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser 
aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos 
subsequentes do processo. 
 
• O MP detém amplos poderes no âmbito da ação privada subsidiária, 
destacando-se os seguintes: propor prova, interpor recursos, 
complementar a ação (até mesmo para incluir mais réus) e retomar a 
demanda como parte principal (em caso de negligência do querelante); 
 
• Não há perdão ou perempção no curso da ação privada subsidiária, visto 
que se trata de uma ação originariamente pública, sendo, portanto, 
indisponível; 
 
• O prazo da ação privada subsidiária é de 6 meses, contados do 
esgotamento do prazo que o Ministério Público dispunha para agir - em 
regra 5 dias (pessoa presa) ou 15 dias (pessoa solta): 
13 
 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, 
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do 
prazo de 6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, 
ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento 
da denúncia. 
 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 
dias, contado da data em que o órgão do MP receber os autos do inquérito policial, 
e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver 
devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data 
em que o órgão do MP receber novamente os autos. 
 
• Uma vez ajuizada a ação subsidiária, por meio da queixa-crime 
substitutiva, deve o Juiz abrir vistas ao MP; 
 
 
c) AÇÃO PRIVADA PERSONALÍSSIMA 
 
É aquela que possui como único titular a vítima/querelante. 
 
• Se a vítima for menor de idade ou deficiente mental, a ação só poderá 
ser iniciada, assim como o respectivo prazo, após a maioridade ou a 
recuperação; 
 
• Não haverá representante legal ou sucessão por morte ou ausência; 
 
• Se a vítima morrer ou for declarada ausente por decisão judicial antes de 
iniciar a ação penal, haverá decadência do direito de queixa. Porém, se a 
morte ou ausência ocorrer durante a ação penal, haverá perempção; 
 
 
• O único crime de ação personalíssima é o induzimento a erro ou 
ocultação de impedimento ao casamento: 
 
CP, art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, 
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamentoanterior: 
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. 
 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e 
não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por 
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
 
• O prazo é de 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença cível 
que invalidar o casamento; 
 
 
9. RENÚNCIA 
 
Possui natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade, ocorrendo antes do início 
do processo. 
 
• É unilateral, pois exerce seu efeito independentemente da vontade do querelado; 
 
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• Estende-se a todos, não há forma definida e é irretratável, podendo ocorrer de 
forma judicial ou extrajudicial; 
 
• Receber a indenização civil pelos danos não implica a renúncia, exceto nos casos 
da Lei 9.099/95, sendo a indenização homologada em juízo: 
 
Lei 9.099/95, Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação 
penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia 
ao direito de queixa ou representação. 
 
ESPÉCIES DE RENÚNCIA 
EXPRESSA TÁCITA 
Por meio de declaração escrita da 
vítima/representante legal/procurador 
com poderes especiais. 
Ocorre pela prática de qualquer 
conduta incompatível com o 
exercício do direito de queixa. 
 
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu 
representante legal ou procurador com poderes especiais. 
 
CP, art. 104, § único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato 
incompatível com a vontade de exercê-lo (...). 
 
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. 
 
CP, art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou 
tacitamente. 
 
CP, art. 104, Parágrafo único - Importa renúncia tácita (...) não a implica, todavia, o fato de 
receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. 
 
 
10. PERDÃO 
 
Possui natureza jurídica de causa extintiva de punibilidade, ocorrendo durante o 
processo. 
 
• É ato bilateral, pois só produz efeito para aqueles que o aceitarem; 
 
• Havendo algum querelado que o recuse, o processo seguirá somente em relação 
a este; 
 
• É irretratável, podendo se estender a todos e não há forma definida em lei; 
 
• Pode ser judicial (concedido nos autos da ação penal) ou extrajudicial (concedido 
fora dos autos da ação penal); 
 
ESPÉCIES DE PERDÃO 
EXPRESSO TÁCITO 
Concedido por meio de declaração 
expressa em documento. 
Ocorre pela prática de ato 
incompatível com a vontade de 
buscar a punição do querelado. 
 
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• O perdão pode ser concedido pelo ofendido/querelante, pelo representante 
legal ou por procurador com poderes especiais: 
 
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. 
 
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será 
intimado a dizer, dentro de 3 dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado 
de que o seu silêncio importará aceitação. 
 
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. 
 
• O perdão é comunicável a todos os querelados, mas somente produzirá efeito 
para aqueles que o aceitarem: 
 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, 
todavia, efeito em relação ao que o recusar.

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