Buscar

Texto 1 2

Prévia do material em texto

FACULDADE DE MINAS
Credenciamento: Portaria MEC nº 3414 – DOU 18/11/2003
Reconhecimento: Portaria 431 de 21 de outubro de 2011, publicada no DOU de 01/11/2011
Disciplina: TGE e Ciência Política. Texto 1.2
Professor: Ronaldo Braga
INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL
Para viver em sociedade o homem utiliza vários instrumentos de controle social buscam o bem comum e a paz social.
O Direito é um deles, mas não o único.
A Moral, a Religião e a Etiqueta também são processos normativos que visam controlar a sociedade.
Mas o Direito é o que melhor cumpre esse papel em razão de sua força coercitiva.O Direito deve ter um campo de incidência bem delimitado, pois caso contrario, se o Direito for irrestrito, correremos o risco do Direito ser uma força escravizadora e não libertadora. São instrumentos de controle social:
· Direito
· Moral
· Religião
· Etiqueta
DIREITO E RELIGIÃO
No início a religião exercia domínio absoluto sobre o homem. O Direito nada mais era do que expressão da vontade divina. A classe sacerdotal possui o monopólio do conhecimento jurídico.
A partir do século XVII o Direito começou seu processo de laicização, ou seja, desvincular-se da Igreja.
Considerando que Direito e Religião fazem parte da Ética, possuem campos de incidência diversos.
A Ética é ramo da filosofia que estuda os comportamentos morais, buscando fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento humano.
A Religião tem por objetivo integrar o homem como divino, cuidando do mundo espiritual, buscando orientar o homem para a felicidade eterna. Já o Direito tem como objetivo o bem comum da sociedade, orienta os homens na busca da harmonia e felicidade terrenas. Para alcançar isso o Direito tenta promover a paz, a segurança e ordem sociais.
Como ambos de preocupam com o bem, em algum momento normas religiosas e jurídicas irão coincidir. Ex: proibição do aborto, proibição de matar alguém.
DIREITO E MORAL
Além de ser um animal político, que busca a convivência em sociedade, o homem é PESSOA, possuindo inteligência e vontade, que fazem-no construir um núcleo privado. Embora membro de uma sociedade, possui um espectro íntimo, que não sofre diretamente influencias da sociedade, mesmo que isso ocorra, poderá ter controle e avaliar tais pressões sociais.
Dessa maneira o homem, entendido como pessoa, dentro do seu mundo interior, emprega condutas que se revestem pelo julgamento do Bem e do Mal, pois o bem deve ser feito e o mal deve ser evitado.
Não é raro que o Direito traga para sua esfera preceitos morais, que a experiência social consagrou como merecedores de sanção.
Diferenças entre a Moral e o Direito:
a) A Determinação do Direito e a Forma não Concreta da Moral – Enquanto o Direito se manifesta mediante um conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida, que especificam a formula do agir, a Moral estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações.
b) A Bilateralidade do Direito e a Unilateralidade da Moral – As normas jurídicas possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um dever jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. Daí se dizer que a cada direito corresponde um dever. Se o trabalhador possui direitos, o empregador possui deveres. A Moral possui uma estrutura mais simples, pois impõe deveres apenas. Perante ela, ninguém tem o poder de exigir uma conduta de outrem. Fica-se apenas na expectativa de o próximo aderir às normas. Assim, enquanto o Direito é bilateral, a Moral é unilateral. Chamamos a atenção para o fato d’e que este critério diferenciador não se baseia na existência ou não de vínculo social. Se assim o fosse, seria um critério ineficaz, pois tanto a Moral quanto o Direito dispõem sobre a convivência. A esta qualidade vinculativa, que ambos possuem, utilizamos a denominação alteridade, de alter, outro.
c) Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral – Afirma-se que o Direito se caracteriza pela exterioridade, enquanto que a Moral, pela interioridade. Com isto se quer dizer, modernamente, que os dois campos seguem linhas diferentes. Enquanto a Moral se preocupa pela vida interior das pessoas, como a consciência, julgando os atos exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário, investiga o animus do agente.
d) Autonomia e Heteronomia – De uma forma generalizada, os compêndios registram a autonomia, querer espontâneo; como um dos caracteres da Moral. Em relação ao Direito, este possui heteronomia, que quer dizer sujeição ao querer alheio. As regras jurídicas são impostas independentemente da vontade de seus destinatários. O indivíduo não cria o dever-ser, como acontece com a Moral autônoma. A regra jurídica não nasce na consciência individual, mas no seio da sociedade. A adesão espontânea às leis não descaracteriza a heteronomia do Direito.
e) Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da Moral – Uma das notas fundamentais do Direito é a coercibilidade. Entre os processos que regem a conduta social, apenas o Direito é coercível, ou seja, capaz de adicionar a força organizada do Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos. A via normal de cumprimento da norma jurídica é a voluntariedade do destinatário, a adesão espontânea. Quando o sujeito passivo de uma relação jurídica, portador do dever jurídico, opõe resistência ao mandamento legal, a coação se faz necessária, essencial à efetividade. A coação, portanto, somente se manifesta na hipótese da não-observância dos preceitos legais. Na Moral, por seu lado, carece do elemento coativo incoercível. Nem por isso as normas da Moral social deixam de exercer uma certa intimidação.
Introdução ao Estudo do Direito
Teorias sobre a posição do Direito e da Moral:
lº) A teoria dos círculos concêntricos – Jeremy Bentham (1748- 1832), jurisconsulto e filósofo inglês, concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura geométrica dos círculos. A ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da Moral. Os dois círculos seriam concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta teoria, infere-se:
a) o campo da Moral é mais amplo do que o do Direito;
b) o Direito se subordina à Moral. As correntes tomistas e neotomistas, que condicionam a validade das leis à sua adaptação aos valores morais, seguem esta linha de pensamento.
2º) A teoria dos círculos secantes – Para Du Pasquier, a representação geométrica da relação entre os dois sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos secantes. Assim, Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma área particular independente. De fato, há um grande número de questões sociais que se incluem, ao mesmo tempo, nos dois setores. A assistência material que os filhos devem prestar aos pais necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na Mural. Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um benfeitor. De igual modo, há problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como, por exemplo, a divisão da competência entre um Tribunal de Alçada e um Tribunal de Justiça.
3º) A visão kelseniana – Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois sistemas como esferas independentes. Para o famoso cientista do Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não dependesse de conteúdos morais.
4º) A teoria do “mínimo ético” – Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo ético consiste na idéia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao bem-estar da coletividade. Para o jurista alemão toda sociedade converte em Direito os axiomas morais estritamente essenciais à garantia e preservação de suas instituições. A prevalecer essa concepção o Direito estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos círculos concêntricos
	DIREITO
	MORAL
	ETIQUETA
	RELIGIÃO
	bilateral
	unilateral
	unilateral
	unilateral
	Heterônomo
	Autonoma
	Heterônoma
	autônoma
	exterior
	interiorexterior
	interior
	Coercível
	Incoercível
	Incoercível
	Incoercível
	Sanção superior à moral
	Sanção difusa
	Sanção difusa
	Geralmente a sanção é pré-fixada
DIREITO E ETIQUETA (Regras de trato social)
A etiqueta são regras de trato social, são padrões de conduta em sociedade, tem por fim tornar o convívio social mais agradável e ameno. Elas tem por objetivo o aprimoramento das relações sociais, dando-lhes o polimento adequado para transformar o convívio o mais agradável possível.
As regras de etiqueta cuidam do aspecto externo, já a Moral visa aprimorar o homem no seu interior, do ponto de vista de sua consciência interna. Já a religião tem por fim aprimorar a relação do homem com a divindade.
Tanto o Direito, quanto a Religião e a Etiqueta possuem pontos em comum, sendo que a Moral a todos coordena, uma vez que é dela que brota a força das demais.
DIREITO E JUSTIÇA
Uma definição formal de Justiça foi feita por Ulpiano: é a vontade constante e perpétua da dar a cada um o seu direito.
O conteúdo que será atribuído a cada um é que varia de acordo com o tempo e o espaço.
Ela está presente na Moral, no Direito, na Religião e com menos freqüência na Etiqueta.
Alguns dizem que a justiça deve ser entendida como algo ABSOLUTO, mesmo que varie no tempo e espaço, vez que o contrario nos levaria a concluir que não existem leis injustas, mas sim leis justas que são relativas. Isso porque o que varia é a idéia de justiça e não a JUSTIÇA.
Na verdade, não temos um conceito absoluto do que seja justiça. Sabemos que a justiça possui vários elementos que integram seu conceito. Esses elementos ou componentes do conceito de justiça são frutos de uma escolha da sociedade em dado tempo e lugar.
Hoje, esses elementos caracterizadores da justiça só serão válidos se surgirem de um debate livre e democrático entre os atores sociais.
Justo é aquilo que um povo, em determinado tempo e lugar, decida ser equânime, segundo critérios democráticos.
Bibliografia:
· DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito: introdução à teoria geral do direito, à filosofia do direito, à sociologia jurídica e à lógica jurídica. Norma jurídica e aplicação do direito. 22.ed. rev. e atual.. São Paulo: Saraiva, 2011. 613 p
· FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas.
· REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva.
· PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil: introdução ao direito civil; teoria geral de direito civil. 20.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v.1
· GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 15.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992.
image1.jpeg

Continue navegando