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57 COMPILADO DE INDIVIDUAL DO TRABALHO

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Direito Individual do Trabalho – Aula 03–06/08/2018
Fontes e princípios do direito do trabalho
3.Princípios:Os aplicados ao direito do trabalho são subdivido em três: os princípios gerais do direito, os princípios do direito civil e os princípios específicos do direito do trabalho, explora-se cada um deles no que se segue:
3.1. Princípios gerais do direito: Os aplicáveis ao direito do trabalho são os que seguem:
a) A ninguém é lícito alegar ignorância do direito: De forma que não pode ocorrer, por exemplo, alegação do empregador de que desconhecia a necessidade da assinatura da carteira do empregado como desculpa para assim não fazer. Entende-se que em nenhum ramo do direito pode-se alegar desconhecimento da norma para que nãose cumpra a mesma;
b) Respeito a dignidade humana: Valorização do trabalhador no direito do trabalho, de forma que se busca um tratamento do trabalhador tal qual um ser humano;
c) Boa-fé dos contratos: Todo contrato de trabalho e toda relação e emprego parte da ideia de boa-fé, da livre manifestação do pensamento e da vontade de ambas as partes – tanto do empregador de empregar quanto do trabalhador de ser empregado;
d) Proibição do exercício abusivo do próprio direito: É um exemplo no direito do trabalho o empregador não extrapolar o seu poder de controle e de penalização, busca-se que o exercício do próprio direito seja de maneira não abusiva, mesmo a punição entre partes, sendo o único ramo do direito com tal possibilidade, não pode ser realizada de forma arbitrária;
e) Proibição de enriquecimento ilícito: Será estudado quando visto a questão da nulidade do contrato, é exemplificado no trabalho do menor/irregular do adolescente, onde o empregador se recusa a pagar em razão de não poder estar trabalhando, nesse caso se volta até o momento da contratação e do inicio do trabalho do menor devendo o contratante pagar todos os direitos e contraprestações devidas. Isso ocorre em razão de evitar o enriquecimento ilícito, onde, se não houvesse o pagamento, seria o trabalhador explorado de graça, havendo o contratante a ter uma exploração sem gratuita do trabalhador e enriquecer ilicitamente;
f) Função social do direito: Se tem uma gama de questões relacionadas ao direito do trabalho nesse caso.
3.2. Princípios do direito civil: São destacáveis três:
a) Autonomia da vontade: Vai sofrer algumas restrições no direito do trabalho, mas, mesmo assim, será uma das bases ao mesmo. Dessa forma que o direito do trabalho regula justamente o contrato de trabalho necessita-se a autonomia da vontade para a assinatura do mesmo, sendo basilar a tal ramo. De tal forma não há contrato de trabalho se não houver vontade (embora possa existir contrato com vício de consentimento);
b) Pacta sunt servanda: “A força obrigatória dos contratos” de forma que se tem que, o que foi acordado deve ser cumprido sendo uma pessoa contratada como, por exemplo, professor deve ela exercer as funções de tal cargo, devendo o empregador seguir e dar os direitos adequados a tal trabalho;
c) Equilíbrio das prestações: Somente se pode exigir os direito se estiver cumprindo suas partes, de forma que o trabalhador somente irá receber sua contraprestação de maneira integral se também trabalhar de maneira integral, havendo sua falta (essa sendo, não trabalhar sem justificação legal) pode ter o seu dia de falta descontado;
3.3. Princípios do direito do trabalho: São sete específicos de tal ramo do direito que seguem:
3.3.1. Liberdade de trabalho: A CF/88 proíbe o trabalho como penas forçadas, de maneira que mesmo o preso condenado não será obrigado a trabalhar, ele tem o trabalho como um estimulo por meio da figura da remissão (onde a cada três dias de trabalho se abate um da pena), de forma que para ninguém o trabalho será obrigatório.
Dessa forma esse princípio vai dizer que o trabalho é uma iniciativa livre, somente trabalhando que quiser, para quem quiser e enquanto quiser (trabalho como uma opção).
a) Contrato impossível: Não vai existir no direito do trabalho a figura do contrato impossível, de tal forma qualquer trabalho pode ser criado. De forma que, por outro lado, existirá o trabalho proibido, esse sendo o exercício de trabalho cujo os quais o indivíduo não atende a todos os requisitos (caso do advogado onde, para realizar o mesmo, deve o individuo ser bacharel de direito e ter carteira da OAB).
b) Pedido de demissão: O termo está errado no sentido de que um pedido está submetido para indeferimento, o que não é o caso, o trabalhador se demite no tempo e momento que desejar, somente comunicando a sua demissão. 
O termo é utilizado em razão de, no serviço público, a demissão equivale a dispensa com justa causa do direito do trabalho, de forma que a palavra demissão tem sentido de punição no direito do trabalho, nesse sentido o pedido de demissão do direito do trabalho seria equivalente a exoneração do direito administrativo. De modo que, como tem os diferentes ramos do direito sentidos opostos, preferiu-se adjetivar aquele do direito do trabalho, para ficar bem claro que não é uma penalização do trabalhador.
c) Contrato de trabalho: Havendo previsão de não rompimento do contrato de trabalho e sendo o mesmo descumprido gera-se um problema para o empregador, de forma que a legislação permite um contrapeso, não uma restrição, é o caso de que se um indivíduo vai pedir demissão ele deve dar aviso prévio (trabalhando ainda 30 dias antes de se desligar do contratante) ao seu contratante para que o mesmo tenha tempo de contratar outra pessoa para lhe substituir.
O trabalho desses 30 dias é, também, facultativo ao trabalhador, de forma que se o mesmo não quiser também não precisa trabalhar, tal fato, porém, dá direito ao trabalhador de descontar do salário do mesmo os dias não trabalhados.
d) Atleta e artista: Há no Brasil duas legislações especificas que criam restrições a liberdade de trabalho, sendo no caso as legislações de artista e atleta, sendo até mesmo possível a instituição de punições, impedimento de desligamento (em caso de atleta) e multa para o descumprimento desse contrato. Mesmo com todas essas restrições não se pode forçar a pessoa a trabalhar.
3.3.2. Princípio protetor ou “In dubio pro operarium/laborium”: A depender do doutrinador esse princípio pode ser colocado como um princípio gênero que se divide em três outros espécies (Princípio protetor como gênero e in dubio pro operarium, princípio da norma mais favorável e princípio da irrenunciabilidade com suas espécies) do contrário outra parte da doutrina os considera de maneira separada, sendo assim a forma como será estudado no que se segue.
a) Conceito: Segundo tal princípio, havendo dúvida de interpretação em tomada de decisão de matéria trabalhista se escolhe a interpretação que for melhor para o trabalhador. É um princípio interpretativo. Não se está apontando a criação de uma dúvida, somente a solução de uma havendo diferentes interpretações para uma mesma norma.
b) Aplicação: É o caso de vencimento de direito trabalhista em dia (como no caso da doméstica que o prazo para pagamento é até o dia sete do mês), caindo tal dia num dia não útil há o adiantamento do pagamento, no sentido em que há a dúvida sobre o dia do pagamento a interpretação mais favorável ao trabalhador será de que o termo “até” significa um prazo máximo de modo que, sendo impossível o pagamento no dia previsto, se adianta o mesmo.
3.3.3 Princípio da norma mais favorável: Segundo tal princípio, havendo duas ou mais normas a serem aplicadas, aplica-se a que for melhor para o trabalhador. 
a) Principio Protetor × Princípio da norma mais favorável: Para que se aplique a norma mais favorável deve-se primeira a interpretar, de forma que, se for o caso de aplicação tanto do princípio da norma mais favorável quanto do protetor, aplica-se primeiro o protetor, de forma que primeiro se interpreta as normas e, após a interpretação, se saberá qual a mais favorável. 
b) Aplicação: Quando se aplica o princípio da norma mais favorável não se necessita aplicar todo o dito em uma mesma norma, do contrário,vai se procurando em todos os direitos que se tem qual será o mais favorável para cada questão, isso, porém não permite criar uma nova norma.
Havendo dúvida sobre qual norma é a mais favorável deve-se respeitar dois fatores em ordem:
I. Respeito às normas de saúde e segurança;
II. O que trouxer melhor benefício econômico ao trabalhador.
c) Norma mais favorável no Brasil: Desde a reforma trabalhista o princípio da norma mais favorável não se aplica mais no Brasil, por regra, prevalecendo agora o combinado sobre o legislado, de maneira que se aplica a norma mais especifica a situação.
c.1) Exceção: Aplica-se o princípio da norma mais favorável toda vez que houver a figura do regulamento de empresa, de maneira que se pode aplicar o principio da norma mais favorável. Como prevê a súmula 51 do TST (aula anterior), o regulamento de empresa se incorpora ao contrato de trabalho e só pode ser revogado na contratação de novos empregados, de tal forma se houver um regulamento de empresa em contraste com lei, acordo ou convenção menos favorável, aplica-se o regulamento de empresa (sendo ele a norma mais favorável).
Pode um acordo coletivo, porém, prever a revogação do regulamento de empresa, nesse caso deixa-se automaticamente de aplicar o regulamento.
3.3.4. Princípio da Irrenunciabilidade: É a mesma ideia da imperatividade das normas de proteção do trabalho, porém por outro ângulo. De modo que, quando se fala de imperatividade se afirma o caráter protecionista do Estado (a posição positiva de proteção das relações de trabalho), por outro lado, quando se fala de irrenunciabilidade de está pela visão do trabalhador.
Dessa forma, o princípio da irrenunciabilidade será aquele que diz que o trabalhador não pode abrir mão dos direitos trabalhistas. Esse princípio vai restringir a autonomia da vontade, de forma que não permite ao trabalhador a “liberdade” de abrir mão de seus direitos (até porque, quem abriria mão por livre e espontânea vontade se seus direitos?).
a) Temor reverencial: Ideia de que o trabalhador, embora que juridicamente não dependa do seu emprego, de fato ele sim dependerá, por tal razão, quanto mais havendo temor perante filas de emprego e a possibilidade de desemprego mais vulnerável o trabalhador fica perante o empregador. Dessa forma não tem o trabalhador condições de negociar com seu contratante de maneira que seja benéfica para si, havendo por tal motivo a proibição de renúncia de tais direitos.
b) Ignorância do direito: Sendo o direito trabalhista irrenunciável não pode o empregador alegar ignorância de tal direito para dizer que não sabia de tal irrenunciabilidade e, portanto, limitar direitos do trabalhador.
c) Reforma trabalhistas: Tal reforma trouxe flexibilizações desse direito no que se segue:
I. Jornada 12/36 de forma individual;
II. Banco de horas (até seis meses, trabalhador trabalha mais por um tempo e menos por outro por meio de acordo individual);
III. Trabalhador hipersuficiente (aquele que ganha duas ou mais vezes a mais que o teto da previdência) pode negociar com o empregador como se fosse o próprio sindicato.
Tais questões têm sido consideradas pela doutrina como renuncia do direito de uma jornada de trabalho adequada. No último caso se tem renuncia do direito por meio de tal negociação sem a figura sindical.
3.3.5. Princípio da Continuidade: É a preferencia pelos contratos contínuos, tal princípio estabelece que o direito do trabalho prioriza os contratos por tempo indeterminado, de tal modo os contratos por tempo certo seriam exceção (visto não seguir o principio).
a) Razão de existência: Tal princípio advém da ideia de “busca do pleno emprego”previsto na CF/88, segundo o qual se tem a ideia que todos tem um trabalho conforme escolha.
b) Consequências: Em virtude de tal princípio o ônus de provar o fim do contrato de trabalho (quando e por que acabou) será sempre do empregador. Por tal razão se recomenda que o pedido de demissão seja redigido de próprio punho, visto que quanto mais evidente que tenha sido a demissão um ato voluntário, melhor, pois tal ônus de prova é do empregador.
c) Abandono de Emprego: Caso onde o trabalhador não aparece no trabalho por tempo de um mês, nesse caso o indivíduo ainda continua empregado, havendo ainda o dever do empregador de provar o fim do contrato de trabalho. 
Para tanto deve o empregador buscar provar o animus abandonandi, ou seja, que o trabalhador quis realmente abandonar (podendo mandar carta registrada para a casa do trabalhador ou convocar o mesmo para comparecer ao trabalho pelos meios de mídia).
Ou seja, para o contrato estar encerrado deve o trabalhador prova que está terminado, isso sendo realizado pelo termo de rescisão assinado, havendo o trabalhador sumido necessita-se de um documento a parte que pelo menos o trabalhador assine sua demissão, em razão de se presumir o contrato ainda existir.
3.3.6. Princípio da Primazia da Realidade: É a chamada predominância do fato sobre a norma, segundo tal principio o que vale para o direito do trabalho é a realidade. É o caso da afilhada que veio do interior e na realidade, de fato, trabalha como empregada doméstica, nesse caso se vale da realidade fática de trabalhadora doméstica ao invés da presunção de que não realiza qualquer trabalho, o mesmo ocorre com trabalhador que assina receber certo valor mas na realidade recebe mais por fora, ou mesmo o trabalhador que assina chegar e sair no mesmo horário todos os dias.
a) Prova testemunhal: Grande poder no direito do trabalho ao passo que serve como melhor meio de provar o que fáticamente acontece. 
b) Síntese: Dessa forma esse principio pode ser entendido pelas máximas: “quando houver trabalho presume-se contrato de trabalho” e “quando houver trabalho presume-se vinculo empregatício”. Ou seja, se um individuo for para a justiça alegando que trabalhou a outro,porém o empregador somente apontar ser somente uma pessoa que realizava serviços ou qualquer vinculo de trabalho deve esse empregador provar que não havia trabalho. 
Quando é confirmado o trabalho não será ônus do trabalhador provar o trabalho, mas sim será ônus do empregador provar que não havia tal vinculo, ou seja, se tem uma presunção visando proteger o trabalhador, de forma que se presume que os requisitos do contrato de trabalho vão existir até que se prove o contrário.

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