Buscar

74 Compilado P1 Consumidor

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

2
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
Falando sobre a realidade brasileira, sobre o ordenamento jurídico brasileiro, do modo como a nossa Constituição Federal tratou a defesa do consumidor. Antes da CF/88, havia, especialmente no Estado de São Paulo, alguma organização no sentido de proteger os consumidores. Mas nós estamos falando aqui do Código Civil de 1916, bastante anacrônico para fazer frente aos novos desafios de um mercado de consumo e de uma pratica tão exigente como a de defesa do consumidor. 
Foi efetivamente com a CF/88 que o legislador constituinte determinou ao Congresso Nacional a elaboração de um Código de Defesa do Consumidor, o Constituinte efetivamente fez isso no art. 48 do ADCT, quando determinou ao Congresso Nacional, que dentro de 120 dias da promulgação da Constituição, a elaboração do Código de Defesa do Consumidor. 
Se vocês fizerem as contas, vão perceber que o Congresso Nacional levou um “pouco mais” que 120 dias, considerando a promulgação da Constituição, que foi em outubro de 1988 e que o Código de Defesa do Consumidor é de 1990, foi “um pouquinho mais” que 120 dias, mas saiu.
Mas vejam bem, a preocupação com a defesa do consumidor não estava apenas no ADCT, a preocupação com o consumidor permeia vários dispositivos da Constituição Federal de 1998 e a gente não poderia deixar de mencionar o art. 5º, cujo o inciso XXXII prevê a Defesa do Consumidor como um Direito Fundamental. Então, o art. 5º, XXXII diz que o Estado promoverá na forma da lei a defesa do consumidor, portanto, é um hipótese de intervenção estatal compulsória. O Estado não tem a faculdade de defender o consumidor, ele tem o dever de proteger o consumidor, e o Estado fará isso adotando politicas de fiscalização, editando normas jurídicas de defesa do consumidor, incentivando e executando politicas publicas e iniciativas de educação para o consumo, orientando/informando/instruindo os fornecedores.
O Estado educa e instrui não apenas os consumidores, mas os fornecedores também. A CF/88 foi profícua (acho que no sentido de benéfica) na defesa do consumidor e deitou por terra qualquer discurso rasteiro de que defesa do consumidor impacta/dificulta a livre iniciativa e aquele “mimimi” que vocês sabem que não procede. A defesa do consumidor não impede o exercicio da atividade econômica, ela não limita de maneira externa a liberdade de iniciativa. 
Ao contrário, a defesa do consumidor legitima a livre iniciativa. A livre iniciativa só é exercida de forma legitima na medida em que ela própria se executa a defesa do consumidor, não é por outra razão que entre os princípios da ordem econômica está a defesa no consumidor. Então toda ordem econômica só existe como tal no conceito constitucional brasileiro na exata medida em que protege e defende o direito do consumidor. 
CARACTERIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA DA PROTEÇÃO JURÍDICA DO CONSUMIDOR 
Com relação caracterização e justificativa da proteção jurídica do consumidor, primeiro é preciso reconhecer, em referencia à Claudia Lima Marques, o papel social e econômico do consumidor. Considerando aquilo que a gente falou no inicio, sobre a sociedade contemporânea ser uma sociedade de consumo, sobre a reprodução cultural da modernidade estar pautada em consumo de produtos e serviços, é importante a presença do consumidor no mercado, tendo ele um papel social e econômico na defesa desse equilíbrio no mercado de consumo. 
Fora isso, é importante reconhecer que quando falamos de relação de consumo, estamos falando de uma relação jurídica desigual, temos de um lado o consumidor que é um sujeito leigo e de outro o fornecedor que é um sujeito perito, quer dizer, quando um fabricante de um liquidificador, de um celular, quando ele coloca um produto no mercado, quem conhece o design do produto, a mecânica do produto, o modo como esse produto foi industrializado, como ele foi montado, como ele foi concebido, as condições de comercialização, de transporte, de limpagem...O fornecedor sabe quais são os eventuais riscos de você, por exemplo, consumir um remédio, o fornecedor sabe quais são as características das substancias químicas que constam no produto que você vai passa, por exemplo, no seu couro cabeludo, para não cair os cabelos. 
O fornecedor, ele é expert, ele é perito, ele sabe quais são os riscos em torno das prestações de um determinado serviço, por exemplo, um serviço de dedetização. É nesse sentido que o fornecedor é um sujeito perito, porque ele tem informações técnicas que a principio não estão ao alcance do consumidor. Por isso que esse consumidor é um sujeito leigo, leigo no sentido de que seus conhecimentos e informações não tem o mesmo alcance, não tem a mesma especialidade técnica que o fornecedor tem, portanto, trata-se de uma relação jurídica eminentemente desigual. 
Outro ponto que merece ser mencionado é o direito do consumidor se filia naquela grande dicotomia de direito publico e direito privado, como ramo do direito privado, mas o direito do consumidor foi quem conduziu o movimento de constitucionalização do direito privado. É claro que a CF/88 abriu alas para essa constitucionalização do direito privado e foi entre o Código de Defesa do Consumidor de 1990 e o Código Civil de 2002, quem promoveu uma dinamicidade dessas relações privadas foi o Código de Defesa do Consumidor. O movimento de constitucionalização do direito privado, de que foi expoente por muito anos, o hoje Ministro do Supremo Luiz Edson Fachin, esse movimento de constitucionalização do direito privado promoveu uma serie de funcionalização de instrumentos e de dogmas que são estruturantes do direito civil clássico, nesse sentido o direito do consumidor teve um papel fundamental, afinal de contas inúmeros princípios e clausulas gerais, que estão previstos no CDC/90, foram apropriados pelo Código Civil de 2002. 
 Conforme Claudia Lima Marques (2014, p. 34) “o direito do consumidor é direito típico das sociedades capitalistas industrializadas, onde os riscos do progresso devem ser compensados por uma legislação tutelar (protetiva) e subjetivamente especial (para aquele sujeito ou grupo de sujeitos)”, então a vulnerabilidade do consumidor em relação ao fornecedor legitimou a existência de normas jurídicas especialmente vocacionadas a defesa desse novo sujeito de direitos. 
A LEI Nº 8.078/1990 
Art. 1o O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5o , inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
No caso do direito brasileiro, a CF/88 determinou ao legislador a elaboração de uma norma de defesa do consumidor, foi a partir daí que surgiu, que entrou no cenário a Lei 8.978/1990, o famosíssimo Código de Defesa do Consumidor. A gente vai começar seguindo a topografia do CDC/90. 
O dispositivo que inaugura o CDC/90 começa retomando o que a CF/88 previu, o próprio CDC/90 toma como ponto de partida a previsão constitucional. Tanto assim é que o art. 1º do CDC cita o Art. 5º da CF, o art. 170, da CF. Nesse art. 1º , quando o CDC prevê que esse código estabelece normas de defesa do consumidor, ele já traz de volta a CF/88, que foi o ponto de partida, que disse “olha, o art. 48 do ADCT estabelece que deve ser feito um CDC, aqui está o CDC”. Essas normas, a defesa do consumidor é principio da ordem econômica, prevista no art. 170 da CF, a defesa do consumidor é uma tarefa estatal, conforme o art. 5º, XXXII, da CF. Esse mesmo art. 1º de CDC estabelece que as normas do CDC compila normas de ordem publica e de interesse social. 
O que quer dizer normas de ordem publica? Quer dizer normas jurídicas que são oponíveis a quaisquer pessoas, quando a gente fala de normas de ordem publica, significa que nenhum contrato, que nenhum ajuste verbal, que nenhuma placa de estacionamento, por exemplo: “não nos responsabilizamos por objetos deixados no interior do veiculo estacionado”, ainda que repetidas milhares de vezes, não afasta a aplicação do CDC. A responsabilidade do estacionamento jorrada lei, a existência de uma placa dessas tem um único proposito, repetir uma mentira milhares de vezes, até te convencer de que ela seja verdade, mas não é. Quando o próprio CDC diz que ele compila normas de ordem publica, significa que nenhuma publicidade, que nenhuma clausula contratual, que nenhum ajuste verbal vai flexibiliza ou excluir quaisquer direitos básicos do garantidos ao consumidor pelo CDC. 
Além disso, essas normas são de interesse social, o que significa dizer que essas normas são de interesse social? Significa dizer que são normas que dizem respeito, não a um sujeito isoladamente considerado, mas a coletividade como um todo. Quando se fala em direito do consumidor como norma de interesse social, a gente quer dizer com isso que são normas que protegem uma coletividade indistinta de pessoas, mesmo que essas pessoas não possam ser identificadas. Ainda sim elas estão submetidas, elas estão protegidas pelas normas do CDC.
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
Assentada essa parte geral, caracterizado o fundamento constitucional da defesa do consumidor, o próximo passo é a caracterização da relação jurídica de consumo. A relação da consumo tem elemento subjetivos e objetivos. O consumidor e o fornecedor são sujeitos dessa relação. Produtos e serviços são objetos dessa relação.
Em torno da definição de consumidor, existem duas classificações, em torno da classificação de fornecedor existem varias características que um sujeito precisa cumprir para ser considerado fornecedor. Consumidor pode ser o consumidor comum, pode ser o consumidor ordinário, pode ser o consumidor equiparado. O fornecedor precisa atender um serie de requisitos para ser considerado fornecedor. 
Em torno da definição de consumidor como destinatário final, existem pelo menos três correntes de interpretação. 
 SPOILER: SEMPRE TEM UMA QUESTÃO SOBRE QUANDO VAI SE APLICAR O CDC, SOBRE QUANDO SE CARACTERIZA UMA RELAÇÃO DE CONSUMO!!!!!!!!!!
Art. 2o Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
 Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Como leigos, nós tendemos a pensar que consumidor é em toda e qualquer circunstância, pessoa física. Não é bem assim, consumidor pode ser tanto pessoa física, como também pessoa jurídica, como vocês podem ver explicitamente no caput do art. 2º do CDC/90. Então, o consumidor pode ser pessoa física e pode ser pessoa jurídica também, inclusive pessoa jurídica de direito publico, em caso por exemplo de um município em face de uma concessionária distribuidora de energia elétrica.
Outra coisa que é importante mencionar é que o vinculo de consumo, ou seja, a construção de uma relação jurídica de consumo independe de vinculo contratual. Isso fica muito claro quando a gente reconhece dois tipos diferentes de consumidor nesse art. 2º, no caput a gente vê uma definição de consumidor comum, de consumidor ordinário e no parágrafo único a gente vê a concepção de consumidor equiparado ou por equiparação ou consumidor bystander.
Então, existem dois tipos de consumidor: (1) O consumidor comum, o consumidor ordinário, o consumidor stander. É aquele sujeito, por exemplo, que vai ao supermercado e adquire mantimentos para as suas refeições e para sua família. (2) O consumidor equiparado, por sua vez, é aquele sujeito que não foi ao supermercado, não adquiriu o produto, mas ouviu na radio uma publicidade do supermercado anunciando de maneira enganosa uma promoção, por exemplo. Então, ele não comprou no supermercado, ele não foi no supermercado, mas a ele foi dirigida uma mensagem publicitaria enganosa daquele supermercado. 
Então veja, a relação jurídica de consumo, para que ela se concretize, não é necessário haver um contrato. Essa relação jurídica de consumo pode decorrer de mera circunstancia fática. Isso é importante que se diga porque inúmeros vínculos de consumo são estabelecidos à margem do contrato

Outros materiais