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76 Compilado P1 Consumidor

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DEFINIÇÃO JURÍDICA DE CONSUMIDOR EQUIPARADO OU BYSTANDER
Art. 2º Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
O parágrafo único do art. 2º do CDC prevê a definição do que seja consumidor equiparado, ou consumidor bystander, mas a previsão de consumidor por equiparação está prevista em outros dois dispositivos do CDC/90, no art. 17 e no art. 29, todos eles dão a mesma definição, é o consumidor equiparado. O paragrafo único do art. 2º chama de consumidor equiparado a coletividade de pessoas, que haja intervindo nas relações de consumo, essas pessoas podem ser inclusive indetermináveis. Thaís, como assim indetermináveis? Mesmo exemplo dado na transcrição passada, imaginem uma publicidade abusiva veiculada em redes sociais, é impossível saber quais pessoas receberam aquela mensagem publicitária. Então, nós temos ai uma definição de consumidor bystander, consumidor equiparado. 
O art. 17 diz que para efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vitima daquele evento. O art. 17 encerra a seção que trata sobre acidentes de consumo, ou seja, de responsabilidade do fornecedor por fato do produto, por fato do serviço. O que significa a definição do art. 17? Mesmo quem não contratou o serviço ou não adquiriu o produto, mas foi vitima de um acidente de consumo, é considerado também um consumidor. Exemplo: imaginem que determinada pessoa adquiriu um automóvel novo, mas o automóvel veio com um problema de frenagem e um problema no cinto de segurança. As pessoas resolvem aproveitar a pandemia de 2020...DIGO, que resolveu ir aos lençóis maranhenses e decidem fazer isso no carro novo. Só que em determinada altura na estrada o sistema de drenagem não funciona, os sistemas de segurança não funcionam, mesmo com o acionamento dos airbags, as pessoas são vitimas de um grave acidente, com lesões corporais graves, com uma serie de danos estéticos etc...A pessoa que estava dirigindo o automóvel foi em foi a concessionaria, se endividou por 60 meses, portanto essa pessoa é a consumidora comum, é a consumidora direta daquele produto, daquele automóvel que veio com problema no sistema de freios e que veio com problemas no mecanismo de segurança. A pessoa que estava no banco do passageiro, aproveitar a pandemia...DIGO, que resolveu aproveitar para espairecer nos lençóis maranhenses, essa pessoa não adquiriu o automóvel, não tem nenhum vinculo com a montadora , estava ali de boa com a vida, mas se machucou gravemente. Essa pessoa foi vitima do evento, vitima do acidente de consumo e como tal, é considerada consumidora.
Agora vamos para o art. 29 do CDC/90 que diz o seguinte: para fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às praticas nele previstas. Esse art. 29 abre alas para o tratamento das praticas abusivas no mercado de consumo, dentre essas praticas abusivas estão por exemplo a publicidade ilícita ou a venda casada. Para que o consumidor seja considerado como tal e isso enquadra esse sujeito na definição de consumidor equiparado, é suficiente que ele seja objeto daquela pratica abusiva, que aquela conduta seja direcionada a ele ainda que ele não seja vítima direta daquela pratica ilícita, por exemplo, se um sujeito é o objeto da publicidade enganosa, mesmo que ele não tenha ido na loja e tenha sido concretamente enganado pelo anuncio publicitário mentiroso, esse individuo é considerado consumidor. Nesse caso, consumidor equiparado. Lembrem-se que a relação de consumo independe de uma relação contratual, isso fortalece a concepção de consumidor por equiparação. 
DEFINIÇÃO JURÍDICA DE FORNECEDOR
Art. 3o Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
A definição de fornecedor esta no art 3º do CDC, fornecedor pode ser pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Mas o que significa essa lista extensa de ações previstas no art. 3º do CDC, que podem ser protagonizada pelo fornecedor? Significa que a definição de fornecedor contempla todas os meios da cadeia de fornecimento, conforme diz o professor Bruno Miragem. 
Fornecedor pode ser inclusive entes despersonalizados, mas como assim entes despersonalizados? O tio João do camelô mesmo não tendo CNPJ, mesmo não tendo MEI, ele é fornecedor, na medida em que ele comercializa os produtos xing ling que vocês compram lá na barraquinha dele. Não é necessário a constituição jurídica formal, para que um sujeito pessoa física ou jurídica seja considerada fornecedora. 
Existem alguns requisitos para que tal coisa aconteça, o fornecedor, ele desenvolve qualquer daquelas atividades de maneira habitual. O que significa essa habitualidade? Significa intuito de permanência, vocês que estão com aquelas blusinhas que estão em bom estado mas vocês não querem mais e estão afim de um graninha e resolvem vender o enjoei, você fez isso excepcionalmente uma única vez, você não vive disso, não se sustenta por aquilo, você não é uma pessoa que comercializa produtos de maneira habitual como uma atividade econômica efetivamente desenvolvida. Você simplesmente estava numa situação financeira calamitosa e decidiu vender sua blusinha. Nessa circunstancia, você não é considerada fornecedora porque aquela atividade de comercializar a blusinha que estava sem uso pois aquela venda foi circunstancial, não tem habitualidade. 
É o mesmo exemplo de você passar na defensoria no Acre, ai você vai assumir o cargo, mas antes de viajar, você vende sua bicicleta. Pouco tempo depois o cara pra quem você vendeu manda um áudio te esculhambando por cauda de um defeito na bicicleta e diz que vai reclamar de você no Procon. É uma situação circunstancial, você não tem habitualidade, você não é fornecedora. 
Habitualidade significa intuito de permanência, não significa uma quantidade mínima de vezes. Você pode ter decidido abrir um quiosque no shopping para vender pipoca, você só vendeu um dia, mas a pipoca tava contaminada, você é fornecedor porque teve intuito de funcionar a vida toda, mesmo vendendo só um dia, você já é considerado fornecedor. 
Outro requisito é a profissionalidade ou profissionalismo, não significa que você tem um mestrado, doutorado em pipoca doce, significa que você tem o conhecimento especial sobre como fazer pipoca doce, como deixar crocante. Então, é a intenção de utilizar determinados conhecimentos técnicos específicos para prestar um serviço ou para vender e comercializar determinado produto. Profissionalidade é isso, inclusive, profissionais que não tenham nível superior, que não tenham cursos técnicos específicos não deixam de ser fornecedores por conta disso. 
A terceira característica é a remuneração, significa que o fornecedor desenvolve uma atividade econômica mediante contraprestação pecuniária, a remuneração implica para o consumidor um ônus, o produto pode até aparentar ser grátis, mas não é. Por exemplo, você vai em um estabelecimento que tenha estacionamento grátis, você deixa o carro lá, mas quando você volta o carro não tá mais lá. Ai o dono do estacionamento diz “o estacionamento é de graça...você deixou ele ai de boa...”. 
Esse serviço foi remunerado indiretamente, um estabelecimento que disponibiliza estacionamento gratuito, tem seu custo de manutençãodesse beneficio, desse diferencial de mercado, estão inserido no valor dos produtos e serviços comercializados naquele shopping ou centro comercial, ou o que quer que seja. A remuneração pode ser direta ou indireta, o fato de um produto ser entregue a você “de graça” não afasta a responsabilidade do fornecedor pois ele continua sendo remunerado mesmo que de maneira indireta. 
Alguns estabelecimentos comerciais de São Luis oferecem uns pasteizinhos de cortesia, aquele pastel não vem na sua conta, mas não significa que ele não foi remunerado, o custo dele foi diluído do valor do outros pratos, das outras bebidas. Então a remuneração pode ser de forma direta quando você paga com dinheiro; cheque; cartão de credito, ou indireta, quando o produto ou serviço é apenas aparentemente gratuito. Essas são as características reunidas em torno da figura do fornecedor, seja pessoa física seja pessoa jurídica. 
OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
Art. 3o. § 1o Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
No art. 3º, §1º do CDC/90 está a definição do que é produto. Produto é qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial. É importante que se diga sobre bem imaterial, porque o credito é produto, porque serviços contratados via internet são produtos, são objetos de relação jurídica de consumo. Bens moveis e imóveis também, vale mencionar sempre a importância de nós enquanto consumidores atentarmos para os contratos imobiliários, para os contratos de empréstimo, de financiamento, que também estão submetidos as normas do CDC/90. 
Os contratos de locação de bens imóveis não estão submetidos ao CDC/90, uma vez que tem lei especifica que os regulamenta. Então o produto que pode ser objeto de relação jurídica de consumo pode ser o bem móvel, pode ser o bem imóvel, pode ser o material, pode ser imaterial também.
Art. 3o. § 2o Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração (essa remuneração pode ser direta ou indireta), inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária (É bem importante pontuar que estes contratos estão submetidos as normas do CDC/90), salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (Se você um funcionário na sua casa, na sua loja, na sua empresa, essa relação estabelecida entre vocês por meio de um contrato de trabalho está submetida a CLT, não esta submetida a relação de consumo). Se você sendo empregado, sofre um acidente de trabalho, é um acidente de trabalho, não se consumo. 
Os serviços bancários , por menos que os bancos queiram, por mais que eles temem, estão submetidos as normas CDC. Por que estou falando sobre as teimosias dos bancos? Porque sempre tem um projeto de lei tentando estabelecer normas de defesa do consumidor bancário, esse tipo de iniciativa legislativa tende a fragilizar imensamente a defesa do consumidor dos serviços bancários, que são aliás consumidores que estão submetidos a inúmeras circunstancias de legalidade bastante duvidosa. 
Energia e água, assim como internet são produtos? O fornecimento de energia é um serviço. A distribuição de água é um serviço. Alguns servicos públicos estão submetidos às normas do CDC/90. Os servicos públicos que estão submetidos às normas DO CDC/90, são os serviços públicos individualizáveis, que a literatura e a jurisprudência chamam de uti singuli, ou seja, são aqueles serviços públicos que são prestados normalmente pela iniciativa privada por meio de contrato de concessão. Esses serviços públicos individualizados, eles são assim chamados porque é possível mensurar o quantum daquele serviço foi utilizado. Então, quando se fala de energia elétrica, água, internet, telefone, a gente tá falando de um serviço que é possível mensurar e portanto é individualizável, fora isso são servicos remunerados por modalidades tarifarias. 
É diferente da iluminação pública que é custeada por tributo, não por tarifa, por exemplo, as vezes você esta circulando, cai num buraco e acha um absurdo porque você paga IPVA etc...Os servicos públicos universais: segurança publica, asfaltamento, são serviços custeados pela globalidade de tributos que você paga para custear a estrutura estatal, esse servicos universais não estão submetidos as normas do CDC/90, mas os serviços de distribuição de energia elétrica, de água, de provimento de internet, esses são serviços públicos que são concedidos a iniciativa privada e sendo individualizáveis e remuneráveis pela modalidade tarifaria, estão submetidos as normas do CDC/90.

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