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104 PROCESSO PENAL 2 BIMESTRE-5

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Tanto que o CPP diz que o perdão feito a um se estende a todos. Salvo o que se manifestar 
de forma expressa pelo não aceito. Então não aproveitará aquele que disser que não quer ser perdoado. Esse 
perdão senhores, como regra é feito no curso do processo, contudo é possível que seja feito fora, que é o 
chamado perdão extrajudicial. É igualmente possível. 
Na ação penal privada subsidiária da pública (aquela em que por desídia do MP ele não 
faz a denúncia) NÃO cabe perdão. Vejam que na ação penal privada subsidiária da pública somente a 
iniciativa para a propositura / curso da ação é que é dada essa titularidade de forma subsidiária / ou 
legitimidade sucessiva para a vítima. Mas a ação continua sendo pública. E a subsidiária só existe no caso 
de ação penal pública, que por desídia do MP, que o legislador diz que cabe a vítima ou seu representante 
legal dar início a ação penal. O que acaba sendo um caso de substituição processual. E daqui a pouco vamos 
ver que ele pode reaver, pode aditar, pode fazer tudo. A ação continua sendo pública. 
E se não pode o perdão, pq o perdão é uma disponibilidade, o que é exclusivo da privada. 
Não tem sentido haver essa disponibilidade pois no fundo a ação continua sendo pública. Somente a 
iniciativa que é relegada ao particular de forma subsidiária. 
Prazo 
Pode ser concedido até o final do processo, até o trânsito em julgado da sentença. É o 
que dispõe o art. 106, CP. 
CP 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: 
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; 
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos 
outros; 
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. 
§ 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com 
a vontade de prosseguir na ação. 
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a 
sentença condenatória. 
Ou seja, a contrario sensu até o trânsito em julgado é possível o perdão. O que significa dizer 
que o perdão tem natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade / da pretensão punitiva e não da 
pretensão executória. Da própria pretensão punitiva. Se tivesse natureza de extinção da pretensão executória 
também seria possível o perdão após o trânsito em julgado. 
 Ai se o cidadão perdoa depois da sentença não tem mais o Estado a pretensão de 
executar a pena aplicada. Se extingue a pretensão punitiva, que é anterior, também extingue a executória. 
Mas existe prescrição da pretensão punitiva e prescrição da executória. Mesmo depois do trânsito em 
julgado. Aqui o perdão é somente a extinção da pretensão punitiva. 
Punibilidade é gênero = onde temos a pretensão punitiva e a pretensão executória. 
⇨ Perempção 
CP 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
 
Sua natureza é de mais uma causa extintiva da punibilidade. E suas hipóteses estão no artigo 
60. 
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CPP 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, 
considerar-se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento 
do processo durante 30 dias seguidos; 
Vejam, a primeira hipótese quando deixa de fazer a denúncia por trinta dias seguidos. Essa 
desídia do querelante que leva a perempção deve ser aquela imotivada. Obviamente ele pode deixar de dar 
seguimento a ação e motivar essa sua omissão. É quando de fato isso representa um desleixo um 
relaxamento por parte do querelante. 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo 
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, 
ressalvado o disposto no art. 36; 
Esse prazo de sessenta dias flui automaticamente. Morreu o querelante passa 
automaticamente a legitimidade àqueles do CADI. E se não o fizerem vai ser outra causa de perempção. É 
engraçado pq ao contrário da primeira hipótese não são trinta dias, eles dão um prazo um pouco maior aqui 
pra que esses legitimados sucessivos dêem andamento. Então aqui são sessenta dias. 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, 
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de 
formular o pedido de condenação nas alegações finais; 
Aqui na terceira, são duas situações. Deixar de comparecer a atos cuja presença seja 
imprescindível de forma imotivada, novamente. E deixar de formalizar o pedido de condenação nas 
alegações finais. Então é engraçado, essa ultima poderia parecer uma formalidade a ser suprida, mas não, 
é em verdade uma causa de perempção. É necessário que esteja expresso o pedido de condenação. 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 
deixar sucessor. 
Quando se tratar de querelante pessoa jurídica que se extingue sem deixar sucessor. No caso 
seus representantes legais, diretores, gerentes ou coisa parecida. 
OSB.: não esqueçam que DRPP (decadência, renúncia, perdão e perempção) são causas 
extintivas da punibilidade exclusivamente da ação penal PRIVADA (ou ação penal sintina, como 
diriam os Irmãos Embira ). Não existem na ação penal pública. Apenas há renúncia e na 
representação, mas ai apenas vai decair na representação e não no próprio exercício do direito de 
ação. 
Vamos então a última espécie de ação penal privada. 
Ação Penal Privada 
# Subsidiária da Pública 
CF 
Art. 5º 
 
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta 
não for intentada no prazo legal; 
 
 
CPP 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta 
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar 
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a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos 
os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, 
a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação 
como parte principal. 
Então vejam, estas são as hipóteses constitucional e legal do fundamento normativo da ação 
penal privada subsidiária da pública. Ou seja, da admissão de uma ação penal provada quando a ação 
penal pública não foi intentada no prazo legal. 
Portanto o pressuposto básico para que haja a ação penal privada subsidiária da pública, é 
que a ação pública não seja intentada no prazo lega. Obs.: não existe decadência na ação penal pública. 
Aquela decadência de seis meses que vimos é para a representação. Para a propositura da ação penal 
pública nós temos dois prazos, que leva em consideração o investigado estar preso ou solto. Se estiver 
preso 5 dias. Solto 15 dias. 
CPP 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, 
será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público 
receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto 
ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à 
autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão 
do Ministério Público receber novamente os autos. 
Ou seja, o prazo sempre será contado do dia em que o MP recebe e diz que já tem elementos 
suficientes pra propositura. Obviamente se entender que deve devolver para a realização de mais diligencias 
não se conta esse prazo. Então 5 dias preso, o que é muito pouco; e 15 dias se estiver solto. Resultado se 
em 5 dias não for proposta a ação - e eu garanto a vcs, é o que mais acontece – ele pode propor depois pq 
não há nulidade. Como regra há atraso e não existe subsidiária da pública. Mas já estariam de qq modo, 
legitimados os ofendidos a propô-la nestes casos. Passou o prazo de propositura sem que hajam feito, já 
estariam legitimados a propor a privada.. 
CUIDADO 
Não há que se falar em possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública na 
hipótese de pedido de arquivamento do inquérito policial. Por obvio o pedido de arquivamento é atitude 
e nãodesídia só cabe a subsidiária no caso de desídia / omissão, e injustificada. Sendo o pedido de 
arquivamento uma manifestação / ação. Só é cabível, portanto, se o promotor não fizer absolutamente nada, 
quando ele pede o arquivamento, ele está fazendo alguma coisa. Então na verdade não é de forma mais 
técnica, então não podemos dizer que cabe subsidiária quando promotor não denuncia, pois depende da 
motivação. Quando ele não denuncia por desídia, de forma injustificada. Mas quando ele não denuncia 
devido o pedido de arquivamento, não há que se falar em subsidiária da pública. 
Vejam, mesmo que o ofendido proponha subsidiária da pública o MP poderá aditar a queixa-
crime subsidiária da denúncia. Para incluir co-autor e fato novo. 
Prazo 
CPP 
Art. 46 
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da 
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este 
não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que 
aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. 
 
Apesar dessa possibilidade de ação penal privada subsidiária da pública a lei, a doutrina e 
jurisprudência deixam / permitem ao MP fazer absolutamente tudo que é inerente ao exercício da ação 
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penal pública. Ele pode retomar a qq tempo a iniciativa da ação penal, pode aditar, enfim, fazer 
absolutamente tudo que estiver ao seu alcance. 
Bem senhores sobre ação penal eram o nós tínhamos pra falar. 
 
28.05.13 
# JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA (ta faltando algumas coisas, ver ARQUIVO 
"SEGUNDA CHAMADA") 
Jurisdição nada mais é que o poder atribuído ao judiciário de decidir um determinado caso 
penal. Este é o conceito dado pela doutrina. 
Já competência, é uma limitação / porção / parcela da jurisdição. Ou seja, é a parte da 
jurisdição que cada órgão do poder judiciário exerce. 
O que mais vai demandar interesse e comentários é exatamente competência. Sendo que de 
jurisdição nós falaremos apenas dos princípios. 
Princípio da Unidade 
Entende-se que a jurisdição é una. Significa que todos os órgãos do poder judiciário ou todas 
as justiças possuem uma mesma jurisdição. Pq a jurisdição do poder estatal é única. O que vai diferenciar 
são exatamente as competências de cada um. 
Princípio da Investidura 
Somente quem estiver legalmente investido, segundo as regras constitucionais – portanto de 
concurso, e todas aquelas exigências – poderá exercer jurisdição. A oficialidade pressupõe uma investidura. 
Princípio da Inércia ou do Impulso Oficial > os doutrinadores acabam juntando esses dois 
princípios. 
O da inércia diz que o juiz não poderá de ofício dar início a um processo. Porém depois de 
provocado, depois de iniciado o processo ele pode dar continuidade com a prática de determinados atos de 
ofício, por isso chamado de princípio do impulso oficial. A inércia é para o início do processo, e impulso 
oficial é após o início do processo. 
Esse impulso oficial é bastante criticado por parte da doutrina exatamente por considerar que 
não cabe ao juiz praticar nenhum ato de ofício, depende sempre de provocação da parte. 
Princípio da Indeclinabilidade 
Por exigência constitucional, decorrente do princípio da inafastabilidade da apreciação 
jurisdicional o juiz não poderá declinar da sua jurisdição. O juiz não poderá, salvo em casos extremamente 
excepcionais, como suspeição e impedimento, não pode declinar / abrir mão da sua jurisdição. Ou seja, ele 
é obrigado a exercer a jurisdição. 
Princípio da Improrrogabilidade 
A jurisdição é improrrogável, significa que um juiz não pode invadir a jurisdição / ou a esfera 
de competência de outro. Salvo os casos excepcionais previstos em lei. Existem casos de prorrogação da 
competência (incompetência relativa =p) Mas todos em hipótese absolutamente taxativas. 
Princípio da Indelegabilidade 
Na verdade é uma conseqüência / decorre do princípio do juiz natural. Se o jurisdicionado 
tem o direito subjetivo fundamental de ser julgado por seu juiz natural, o juiz natural não pode delegar sua 
jurisdição ou competência para outro juiz. Não pode simplesmente dizer que este caso aqui não vou julgar, 
julga ai por mim. Isso no é possível. 
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Exceções a indelegabilidade. 
Via de regra nos crimes de competência originaria dos tribunais como não é possível o 
deslocamento dos desembargadores ou ministros para oitiva e realização de algumas diligências, existem 
previsões expressas de delegação dessa competência para determinados atos. Então imaginem por ex. o 
processo do Mensalão, que tinha gente do Brasil inteiro. Vcs acham que o relator estava se deslocando para 
todos os lugares do Brasil para ouvir pessoas? Claro que não. Então é possível que ele delegue. 
Inclusive foi criado há alguns anos um cargo no STF de juiz auxiliar. Cada ministro tem 
direito a dois juízes auxiliares, são juízes estes que são federais, Ney Bello foi juiz auxiliar do Gilmar 
Mendes. O que não deixa de ser uma delegação de competência. Esses juízes sim, podem se deslocar, 
realizam diligências. É sempre um juiz criminal e um juiz para todas as outras causas. 
Alem disso eles podem solicitar para um juiz federal daquela localidade para que realize a 
diligência. É o que acontece por ex. com os processos do TRF que solicitam igualmente dos juízes federais 
da cidade, os processos do TJ em que os desembargadores solicitam através de carta de ordem pro juiz da 
cidade. Pq as pessoas não são obrigadas a viajar pra serem ouvidas, a justiça é que tem que providenciar 
isso. se quiser vai, se não quiser também não é obrigado. 
O que não é uma das hipóteses de prorrogação da competência, aqui é tão somente uma 
delegação. Na prorrogação via de regra não é por solicitação do originariamente competente. Geralmente 
é praticado algum ato que se considera como nulidade relativa, dentro daquela classificação que obviamente 
foi criticada pelo Ricardo, vcs ouviram. E por não ser uma nulidade absoluta é prorrogável. Ou seja, aquele 
ato praticado por um juiz relativamente incompetente passa a ter validade e se prorroga. Mas que depois 
cominem com os atos decisórios, pq uma vez prorrogada essa competência ele continua competente por 
todo o processo. Isso ocorre em varias situações expressas no Código. As cartas precatórias, e de ordem 
são ex. disso, de delegação, ou seja, de exceções a indelegabilidade. 
Princípio da Irrecusabilidade 
OBS.: Quando falarmos de competência não falaremos da competência para inquérito da 
policia civil, militar e etc. quando nós falamos aqui de competência nós estamos falando exclusivamente 
de competência jurisdicional, não é na competência no sentido do ato administrativo. Então em tese o 
delegado de policia por ex. não tem competência no sentido de parcela de jurisdição. Competência que o 
delegado de polícia tem é a competência administrativa de presidir inquéritos policiais. Mas as regras 
estabelecidas no CPP para competência acabam sendo aplicadas por analogia especialmente da 
competência em razão do lugar no que diz respeito ao inquérito policial. 
É um princípio muito mais voltado ao jurisdicionado, muito mais do que à jurisdição. 
Contudo pode-se fazer uma leitura às avessas. Por irrecusabilidade deve-se entender que a jurisdição é 
irrecusável. O jurisdicionado não pode simplesmente recusar a jurisdição, como regra – pois aqui existem 
as mesmas exceções de suspeição e impedimento. Obviamente se houver indícios de que o juiz é suspeito 
ou impedido o jurisdicionado pode alegar estas exceções a fim de recusá-la. Até pq o juiz natural deve ser 
um juiz imparcial. Então a irrecusabilidade quer dizer exatamente que como regra a jurisdição é irrecusável. 
Ninguém pode se eximir da jurisdição. Ninguém pode simplesmente recusar o seu juiz natural, salvo os 
casos de suspeição e impedimento. 
OBS.: A diferença entre a indeclinablidade e a irrecusabilidade é o sujeito. Um diz respeito 
ao juiz e o outro aparte. Mas que ambos podem ser lidos às avessas, pois na verdade é uma dupla face da 
mesma coisa. 
Bem, a grande discussão, talvez o que haja de mais interessante em competência é 
exatamente saber quem é o juiz competente pra julgar determinado caso penal. Como iremos saber quem é 
o juiz competente para julgar um homicídio por ex. onde os atos de execução foram executados em Tuntum, 
mas o cidadão só morreu um mês depois em Teresina? Uma lesão corporal seguida de morte onde o fato 
principal é praticado em um local e o resultado qualificador em outro? Em todos os crimes qualificados 
pelo resultado? Como fazemos pra saber qual é o órgão competente pra julgar o prefeito? Qual é a justiça 
competente? O prefeito que cometeu um crime eleitoral? Como é que nós vamos saber quem vai ser 
competente pra julgar uma quadrilha que praticou diversos crimes em várias cidades próximas, ex. em toda 
a grande São Luís – pequena/média... Ribamar ☺, Paço do Lumiar, Raposa e São Luís. Quem será 
competente o juiz de que comarca? Tirando só a Raposa que não é comarca é termo. (...)

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