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DESCRIÇÃO Apresentação dos conceitos de escola de administração científica; organização racional do trabalho (ORT); fordismo; além da teoria clássica da administração; da burocracia; e de escola das relações humanas. PROPÓSITO Compreender a importância das primeiras escolas do pensamento administrativo e sua evolução para uma visão focada nas tarefas e na estrutura das organizações, uma abordagem mais humanística, centrada nos indivíduos. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever as contribuições de Frederick Taylor para a administração científica e de Henry Fayol para a administração clássica MÓDULO 2 Descrever o modelo burocrático de Max Weber MÓDULO 3 Descrever as origens da escola das relações humanas INTRODUÇÃO Ao longo dos anos, a Administração foi influenciada por diversos atores, tais como: filósofos, economistas, empreendedores em busca do capital, organizações religiosas e militares, entre outros. Além disso, um dos grandes marcos na história da administração foi a Revolução Industrial, que tornou o ambiente das organizações complexo e mais desafiador. Quando falamos da indústria, podemos considerá-la como aquela que é responsável pela transformação das matérias-primas por meio de máquinas e trabalhadores. Esse processo passou, então, a ser feito pela manufatura nas indústrias. Vale lembrar que antes era o trabalho artesanal, ou seja, realizado por pequenos trabalhadores independentes. Estes eram os donos dos meios de produção, ferramentas e matéria-prima, que vendiam o produto de seu trabalho para um mercado local. Com essa mudança, os artesãos passaram a trabalhar nas indústrias em troca de um salário e suas pequenas oficinas foram substituídas pelas manufaturas. Esse processo daria início ao sistema do capitalismo. É importante ressaltar que, nessa época, não havia a divisão de trabalho que conhecemos hoje, isso porque todas as fases da produção eram feitas pela mesma pessoa. Em decorrência dessa revolução da indústria, surgem as primeiras abordagens da administração que se dedicaram a estudar as consequências geradas pela Revolução Industrial, como, por exemplo, o crescimento acelerado e desorganizado das empresas. Por isso, a partir desse processo, as empresas iniciaram uma transformação no que antes era baseado na tentativa e erro, e na improvisação para o estudo a partir de métodos científicos. Isso gerou o aumento da eficiência e da competência destas empresas no que se refere a melhores rendimentos dos seus recursos, gerenciamento dos seus processos e aumento da competição no mercado que se formava. MÓDULO 1 Descrever as contribuições de Frederick Taylor para a administração científica e de Henry Fayol para a administração clássica A ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO No início do século XX, dois engenheiros foram responsáveis pelo desenvolvimento dos primeiros trabalhos sobre a administração de forma pragmática. FREDERICK WINSLOW TAYLOR Frederick Winslow Taylor, um engenheiro norte-americano, iniciou a chamada teoria ou escola da administração científica, com o objetivo de ampliar a eficiência da indústria a partir da racionalização do trabalho do operário. javascript:void(0) javascript:void(0) HENRI FAYOL Henri Fayol, um engenheiro europeu, desenvolveu a teoria ou escola clássica, focada no aumento da eficiência das empresas a partir de sua organização e, também, da aplicação de princípios gerais da administração em bases científicas. Por causa dessas duas correntes de pensamentos, a abordagem clássica da administração tem duas orientações diferentes que, em certa medida, são opostas entre si, mas que se complementam. VAMOS COMPREENDER, A SEGUIR, UM POUCO MAIS SOBRE CADA UMA DESTAS ESCOLAS DE PENSAMENTOS. javascript:void(0) javascript:void(0) ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA A concepção da administração científica teve início nos EUA, por meio de estudos de engenheiros nativos, como Frederick Winslow Taylor (1856-1915), Harrington Emerson (1853- 1931), Henry Lawrence Gantt (1861-1919), Frank Bunker Gilbreth (1868-1924) e outros. Além desses, Henry Ford (1863-1947) costuma ser incluído pela aplicação desses princípios em seus negócios. Taylor deu início a suas experiências e seus estudos a partir do trabalho do funcionário que atuava no chão de fábrica, o operário ou trabalhador. Posteriormente, seu estudo teve uma trajetória inversa, ou seja, analisou operários e depois os demais processos da empresa. Por isso, a ênfase nas tarefas é o que marca essa escola de pensamento. SEGUNDO TAYLOR, A ADMINISTRAÇÃO DEVERIA SER TRATADA COMO CIÊNCIA. PORTANTO, BUSCAVA MELHORIA NOS RENDIMENTOS DOS SERVIÇOS DOS OPERARIADOS DA ÉPOCA, QUE ERAM DESQUALIFICADOS E TRATADOS COM DESLEIXO PELAS EMPRESAS. Naquela época, não havia interesse em qualificar o trabalhador, porque o pensamento é de que aquela mão de obra era dispensável e facilmente substituível. Seu estudo sobre os tempos e movimentos revelou que centenas de operários desqualificados significava baixa produtividade e, consequentemente, lucros decrescentes, forçando as empresas a contratarem mais operários. Preocupado em eliminar os desperdícios e as perdas sofridas pelas indústrias norte- americanas da época, e aumentar os níveis de produtividade, Taylor provocou uma revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. E é importante dizer que conseguiu o feito por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. TAYLOR BUSCOU A DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS PARA A ADMINISTRAÇÃO DAS EMPRESAS E TINHA O OBJETIVO DE RESOLVER PROBLEMAS QUE RESULTASSEM DAS RELAÇÕES ENTRE OS OPERÁRIOS. NO SEU ENTENDIMENTO, O BOM TRABALHADOR NÃO DISCUTE AS ORDENS OU INSTRUÇÕES COM SEU PATRÃO, APENAS AS CUMPRE. No ano de 1895, Taylor expôs à Sociedade Norte-Americana de Engenheiros Mecânicos um estudo experimental denominado Notas sobre as correias. Derivado das suas reflexões sobre o que seria a administração por eficiência, publicou ainda um segundo estudo chamado Um sistema de gratificação por peça, em que mostrava um sistema de gratificação e administração dos operários. Anos mais tarde, em 1903, o mesmo teórico publicou seu livro Administração de Oficinas, que trata de técnicas de racionalização do trabalho, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos. Dando sequência em seus estudos, no ano de 1911, publicou outra obra, Princípios de Administração Científica, concluindo que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação de toda a empresa a fim de tornar coerente a aplicação de seus princípios. A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO (ORT) Partindo da observação de seus estudos, Taylor percebeu que os trabalhadores aprendiam a maneira de executar suas tarefas por meio da observação dos seus companheiros vizinhos. Por isso, o trabalho era executado de diferentes maneiras e métodos, gerando diferentes índices de produtividade para cada trabalhador. Dessa forma, ele concluiu que os administradores, e não os operários, deveriam determinar qual deveria ser a melhor maneira de realizar um trabalho. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como decorrência desta decisão, o autor dividiu as atividades da seguinte maneira: a administração ou gerência era responsável pelo planejamento (estudo detalhado do trabalho do operário e o estabelecimento do seu método) e pela supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a produção); e os trabalhadores ficavam com a execução do trabalho. A substituição dos métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de organização racional do trabalho (ORT), que consiste nos aspectos listados a seguir: SELEÇÃO DO TRABALHADOR DE FORMA CIENTÍFICA Cada operário deve desempenhar a tarefa que seja compatível com as suas aptidões. O seu desempenho deve vir do resultado de treino. Dessa forma, tal seleção se torna importante para o trabalhador, pois se sente valorizado;e para a empresa, que consegue elevar a sua produtividade. TEMPO-PADRÃO Para Taylor, era essencial que a empresa contasse com parâmetros de controle da produtividade, porque se o salário do trabalhador estiver garantido independentemente desta, ele certamente produzirá o menos possível, devido à sua natureza preguiçosa. Com esse controle, o trabalhador atingirá, no mínimo, a produção que foi estabelecida pela gerência. ESTUDO DA FADIGA-HUMANA Um dos engenheiros que participava desta abordagem da administração científica, Frank Bunker Gilbreth, estudou os movimentos com base na anatomia e na fisiologia humanas. Seu intuito era entender os efeitos da fadiga na produtividade do trabalhador. Com os resultados, ele constatou que a fadiga predispõe o trabalhador para a redução da sua produtividade e qualidade do trabalho. Além disso, é responsável por: aumentar a rotatividade de funcionários, desvios de tempo, possíveis doenças e acidentes de trabalho, e diminuir a capacidade de esforço do trabalhador. Em resumo, pode-se dizer que restou constatado que a fadiga é um redutor da eficiência do operário. HOMO ECONOMICUS Taylor defendia que o ser humano é profundamente influenciado pelas recompensas econômicas e materiais. E procura o trabalho não porque gosta de trabalhar, mas como um meio obter os recursos financeiros que este proporciona. Sendo assim, o trabalhador é motivado pelo medo de não conseguir se alimentar e pela necessidade de ganhar dinheiro para sobreviver. PLANO DE INCENTIVO SALARIAL A ORT defendia que o salário do trabalhador deveria ser proporcional ao número de unidades que ele produzia. Essa determinação se baseia no conceito do homo economicus. TRABALHO EM CONJUNTO Taylor acreditava que os altos salários — desejados pelos trabalhadores — e o baixo custo de produção — almejado pela administração da empresa — poderiam ser conciliados com a busca do maior grau de eficiência e produtividade. Nesse sentido, quanto mais o trabalhador produzia, maior seria sua remuneração e, consequentemente, maior seria a produtividade da empresa. DESENHOS DE CARGOS E TAREFAS Com a preocupação sobre a racionalidade do trabalho do operário, a ênfase nas tarefas levou os engenheiros a tornarem mais simples os cargos para obter o máximo de especialização de cada trabalhador. DIVISÃO DO TRABALHO ESPECIALIZAÇÃO DO OPERÁRIO Além do desenho dos cargos e das tarefas, quanto menor e mais simples forem estas últimas, maior será a habilidade do trabalhador em desempenhá-la. Ademais, ao realizar um movimento simples repetidamente, o trabalhador imprime velocidade em sua atividade e aumenta o número de unidades produzidas. Isso elevaria, também, seus ganhos, uma vez que seu salário é proporcional ao seu esforço. VEJA A SEGUIR MAIS ALGUNS DESSES MÉTODOS CIENTÍFICOS: SUPERVISÃO A gerência ou supervisão de cada trabalhador deveria ser especializada por áreas, tal como cada operário. O supervisor seria o responsável por controlar o trabalho dos funcionários, verificar o número de unidades produzidas e o cumprimento da produção padrão mínima. ÊNFASE NA EFICIÊNCIA Taylor defendia o “the best way”, ou seja, existe o melhor e único jeito de executar uma tarefa. Para descobri-la, a gerência deve estudar os tempos e métodos, dividindo os movimentos das tarefas executadas pelos trabalhadores. CONDIÇÕES DE TRABALHO Em seus estudos, Taylor verificou que as condições do trabalho interferiam nos resultados. Por isso, algumas medidas deveriam ser implementadas, como a adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho, o arranjo físico das máquinas e dos equipamentos e a melhoria do ambiente físico de trabalho. Somadas a essas, podemos dizer que a diminuição do ruído, a melhor ventilação e iluminação no recinto das atividades, também, podem minimizar o esforço e a perda de tempo na execução do trabalho. PADRONIZAÇÃO Uma das principais contribuições do trabalho de Taylor está relacionada com a aplicação de métodos científicos para obtenção de uniformidade e redução de custos. Isso significa criar a padronização dos métodos e processos de trabalho, máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes, para eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. PRINCÍPIO DA EXCEÇÃO A preocupação de Taylor estava direcionada aos resultados que estavam fora dos padrões esperados, com o intuito de corrigi-los. Desta forma, o princípio da exceção é um sistema de informação que apresenta seus dados apenas quando os resultados verificados na prática divergem ou se distanciam dos resultados previstos em algum programa. As bases de aplicação da administração científica são: 1. ESTUDO DE TEMPO E PADRÕES DE PRODUÇÃO 2. SUPERVISÃO FUNCIONAL 3. PADRONIZAÇÃO DE FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS 4. UTILIZAÇÃO DA RÉGUA DE CÁLCULO E DE INSTRUMENTOS PARA ECONOMIZAR TEMPO 5. PRINCÍPIO DA EXECUÇÃO 6. PLANEJAMENTO DAS TAREFAS E CARGOS 7. FICHAS DE INSTRUÇÕES DE SERVIÇOS 8. PRÊMIOS DE PRODUÇÃO PELA EXECUÇÃO EFICIENTE DAS TAREFAS 9. DEFINIÇÃO DE ROTINA DE TRABALHO Bases de aplicação da administração científica. Fonte: Autora, 2020. FORDISMO Um dos precursores da administração científica que ficou amplamente conhecido até os dias atuais é Henry Ford (1863-1947). Ele iniciou sua vida como mecânico e, em 1903, criou a Ford Motor Co. Seu objetivo era popularizar um produto que antes era produzido artesanalmente e destinado aos milionários da época:, vender carros a preços populares. Até mais que isso, oferecia assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época. Entre os anos de 1905 e 1910, Ford proporcionou uma grande inovação: o sistema de produção em massa. Ele não inventou o automóvel e nem a linha de montagem, mas inovou na organização do trabalho, pois implementou a produção de maior número de produtos acabados com a maior garantia de qualidade e menor custo possível para a época. A racionalização da produção de Ford proporcionou a linha de montagem que permite a fabricação em série de forma especializada. Nesse sistema em massa, o produto é padronizado, assim como o maquinário, o material, a mão de obra e o desenho, gerando um custo mínimo para a empresa. Essa disrupção promovida por Ford teve maior impacto sobre o modo de vida dos indivíduos do que inúmeras outras invenções do passado. Alguns anos depois, em 1913, sua fábrica produzia 800 carros por dia. No ano seguinte, Ford repartiu com seus trabalhadores uma parte do controle acionário da empresa e estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas. Em outras fábricas da época, a jornada alterava entre dez e 12 horas de trabalho diário. "O modelo de Ford foi um sucesso gigantesco e, no ano de 1926, já existiam 88 fábricas que empregavam 150.000 trabalhadores e produziam mais de 1 milhão de carros por ano. Suas fábricas utilizavam o sistema de concentração vertical, ou seja, produziam desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado. Além disso, concentravam a cadeia de distribuição comercial por meio de agências próprias. O Fordismo atingiu seu ápice após a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, conhecidas na história do capitalismo como “os anos dourados”. Uma frase de Ford que afirmava que poderiam ser produzidos carros de qualquer cor, desde que fossem pretos, ficou conhecida mundialmente. A frase se refere ao que acontecia porque a tinta de cor preta secava rapidamente e os carros poderiam ser montados o mais depressa possível. Dessa forma, a rigidez nos processos que proporcionou o sucesso desse modelo de produção industrial por muitos anos, também, representou seu declínio. TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Uma segunda corrente faz parte da abordagem clássica da administração, que é a corrente dos anatomistas e fisiologistas da organização, que foi desenvolvida na França. ESSA ESCOLA TEVE COMO EXPOENTES: HENRI FAYOL (1841-1925), JAMES D.MOONEY, LYNDALL F. URWICK (1891-1979), LUTHER GULICK (1892–1993) ENTRE OUTROS. Nessa teoria, a preocupação estava em aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos departamentos das empresas e de suas interrelações estruturais. Por isso, a ênfase na estrutura (anatomia) e no funcionamento (fisiologia) da organização. Nesse sentido, os estudos da escola clássica são inversos aos da administração científica, pois tratavam de analisar fenômenos que vinham de cima para baixo. Isso quer dizer: da direção para a execução, e de toda a organização para os seus departamentos. A escola clássica da administração foi uma corrente teórica orientada administrativamente. A ênfase na anatomia é a sua principal característica, pois a atenção para a estrutura organizacional, para os elementos da Administração, os princípios gerais da Administração e a departamentalização eram o grande foco de estudo. Os estudiosos dessa escola de pensamento defendiam que o cuidado com a súmula e com a visão global permitia uma maneira adequada de subdividir a empresa sob a centralização de um gestor principal. Henry Fayol assumiu a direção geral da mineradora de carvão francesa Commentry- Fourchambault-Decazeville por volta de 1888. Essa empresa atravessava processo de falência e Fayol foi responsável por devolver saúde econômica e financeira para companhia. SAIBA MAIS Fayol reuniu os 58 anos de estudos, pesquisa e observação em sua principal obra: Administração Industrial Geral (Administration Industrielle et Generale), publicada em 1916 e traduzida para o inglês em 1949. Quando pensamos no desenvolvimento do saber administrativo contemporâneo, temos em Henry Fayol um dos principais responsáveis. O estudioso ficou conhecido como o pai da administração. Podemos dizer que uma das suas principais contribuições é conhecida até os dias atuais como gestão administrativa ou processo administrativo. Foi a primeira vez que a palavra “administração” foi ouvida como disciplina e profissão, que, por sua vez, poderia ser ensinada por meio de uma teoria geral da administração (TGA). Para Fayol, o trabalho do gestor está distinto das operações técnicas das empresas e a administração é uma função que deve ser tratada de forma diferente de outras funções, como finanças, produção e distribuição. A partir dessa especificidade, Fayol colaborou para que se torne mais nítido o papel dos executivos. POR MEIO DOS SEUS ESTUDOS, FAYOL IDENTIFICOU 14 PRINCÍPIOS QUE DEVEM SER SEGUIDOS PARA QUE A ADMINISTRAÇÃO SEJA EFICAZ. ESSES FUNDAMENTOS PODEM SER VISTOS COMO UMA ESPÉCIE DE INDICAÇÃO ADMINISTRATIVA UNIVERSAL, QUE, SEGUNDO O ESTUDIOSO, DEVEM SER APLICADAS DE MODO FLEXÍVEL. ELES SÃO: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1. DIVISÃO DE TRABALHO A designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. 2. AUTORIDADE E RESPONSABILIDADE Sendo a primeira o direito de mandar e o poder de se fazer obedecer, e a segunda, a sanção — recompensa ou penalidade — que acompanha o exercício do poder. 3. DISCIPLINA O respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes. 4. UNIDADE DE COMANDO De forma que cada indivíduo tenha apenas um superior. 5. UNIDADE DE DIREÇÃO Um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. 6. SUBORDINAÇÃO Do interesse individual para o interesse geral. 7. REMUNERAÇÃO DO PESSOAL De forma equitativa e com base tanto em fatores externos quanto internos. 8. CENTRALIZAÇÃO O equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. 9. CADEIA DE COMANDO Linha de autoridade, ou hierarquia, a série dos chefes desde o primeiro ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas. 10. ORDEM Um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar. 11. EQUIDADE O tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários. 12. ESTABILIDADE DO PESSOAL A manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento. 13. INICIATIVA Que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes. 14. ESPÍRITO DE EQUIPE (UNIÃO) Consciência da identidade de objetivos e esforços. Destinos interligados. AS FUNÇÕES BÁSICAS DA EMPRESA De acordo com Fayol, a administração é uma atividade comum a todos os negócios humanos, sejam eles familiares, governamentais ou empresariais. Esses empreendimentos necessitam de planejamento, organização, comando, coordenação e controle, mesmo que sejam em menor grau. Para responder a essa necessidade, Fayol criou, então, sua própria teoria acerca da administração, partindo da divisão das empresas em seis atividades ou funções distintas. O que conhecemos hoje como áreas da administração era chamado por ele de funções básicas da empresa, que eram divididas em seis grandes áreas: 1. FUNÇÕES TÉCNICAS, RELACIONADAS À PRODUÇÃO DE BENS OU DE SERVIÇOS DA EMPRESA. É A ÁREA DE PRODUÇÃO, MANUFATURA OU OPERAÇÕES; 2. FUNÇÕES COMERCIAIS, RELACIONADAS À COMPRA, VENDA E PERMUTAÇÃO; 3. FUNÇÕES FINANCEIRAS, RELACIONADAS À PROCURA E GERÊNCIA DE CAPITAIS; 4. FUNÇÕES DE SEGURANÇA, RELACIONADAS À PROTEÇÃO E PRESERVAÇÃO DOS BENS E DAS PESSOAS; 5. FUNÇÕES CONTÁBEIS, RELACIONADAS A INVENTÁRIOS, REGISTROS, BALANÇOS, CUSTOS E ESTATÍSTICAS; 6. FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS, RELACIONADAS A PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, COMANDO, COORDENAÇÃO E CONTROLE QUE, SEGUNDO FAYOL, ERA A MAIS IMPORTANTE DE TODAS, POR ISSO, DEFINIU CADA UM DE SEUS COMPONENTES. Trataremos deste tópico a seguir. AS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS Neste vídeo, serão abordadas as funções administrativas de Fayol. Como vimos, para Fayol, as funções administrativas são de extrema importância e envolvem os elementos da administração, isto é, as funções do administrador. Essas funções são divididas em cinco componentes: 1. PREVISÃO Esta função é responsável por avaliar o futuro e o fornecimento de recursos em função dele. Está relacionado com o planejamento a longo prazo, pois prevê antecipadamente os objetivos pretendidos, independente da área de atuação e dos meios que serão praticados para o alcance desses objetivos. 2. ORGANIZAÇÃO Proporciona aquilo que é importante ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social. Essa função pode ser entendida como o ato de colocar em prática o que foi planejado, atribuindo responsabilidades e delegando para as pessoas envolvidas a autoridade necessária para que consigam executar suas atividades sem problemas. 3. COMANDO Esta função conduz o funcionamento da organização. Seu objetivo é alcançar o máximo retorno dos trabalhadores no interesse dos aspectos globais do negócio. Aqui, o gestor precisa estimular os colaboradores a assumirem mais responsabilidades de maneira direta e indireta. A função do comando é fundamentada em princípios que focam no colaborador e se subdividem em três categorias: direção, liderança e motivação. 4. COORDENAÇÃO Esta função é responsável pela harmonia dos interesses coletivos em detrimentos dos interesses individuais ou de áreas, ou departamentos, que possam causar algum prejuízo para a organização. Ela é responsável por contribuir com o fortalecimento da cultura organizacional, reduzindo a disputa entre os setores existentes e criando um sentimento de colaboração entre todos os envolvidos. 5. CONTROLE Por fim, e considerada fundamental, esta função se refere à apuração de que todos os processos ocorrem em conformidade com o plano inicial, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. Seu objetivo é localizar possíveis fraquezas e erros para corrigi-los e prevenir sua recorrência. Fayol defendia que, na atividade de controle, é possível alcançar a máxima função administrativa, com a realização da identificação, avaliação e controle dos resultadosplanejados e dos objetivos e metas desejadas. Em suma, esses são os elementos da administração clássica de Fayol que constituem o chamado processo administrativo. Estes podem ser localizados no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. ATENÇÃO Independentemente do nível hierárquico existente na organização, todos desempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais. Ao longo dos anos, a ciência do comportamento exerceu muita influência sobre a teoria administrativa, mas os pontos de vista dos autores clássicos nunca deixaram de subsistir. OS PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO, A DEPARTAMENTALIZAÇÃO, A RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO, ENTRE OUTROS REFERENTES A ABORDAGEM CLÁSSICA, NUNCA FORAM TOTALMENTE SUBSTITUÍDOS POR OUTRA ABORDAGEM, SEM QUE ALGUMA COISA FOSSE MANTIDA. Posteriormente, as novas escolas ou teorias administrativas tiveram como ponto de partida ou como crítica algum pressuposto da abordagem clássica da administração. Estas, que buscavam obter uma posição diferente em relação à abordagem clássica, estavam, geralmente, relacionadas a ela. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Descrever o modelo burocrático de Max Weber A TEORIA DA BUROCRACIA DE MAX WEBER O sociólogo Max Weber, nascido em 1864 na Alemanha, promoveu um estudo detalhado sobre a forma racional de administração das organizações que começaram a ser aplicadas a partir da década de 1940. NAQUELE PERÍODO, AS ORGANIZAÇÕES CRESCIAM EM GRANDE VELOCIDADE E NECESSITAVAM DE MODELOS ORGANIZACIONAIS DEFINIDOS E CLAROS. Por isso, a criação de procedimentos exatos e concisos para controlar e integrar centenas de trabalhadores operários distribuídos nos diversos setores era fundamental. Além disso, a burocracia surge da fragilidade da teoria clássica e da teoria das relações humanas (oponentes entre si) e que não traziam uma abordagem global e integrada para lidar com os desafios organizacionais. A teoria da burocracia de Weber realça a formalização, ou seja, a obediência a normas, rotinas, regras e regulamentos. Além disso, reforça a divisão do trabalho, a obediência às ordens dos gestores e a conferência de status às posições hierárquicas elevadas, a impessoalidade e a profissionalização e competência técnica dos trabalhadores. Para Weber, no modelo de burocracia ideal, as empresas devem promover ou contratar profissionais exclusivamente pelo mérito/competência. Posto de outro modo, no contexto da administração pública, a burocracia era o exemplo ideal contra as escolhas arbitrarias e pessoais. Os postulados de crença na racionalidade técnica, na especialização funcional, na hierarquia, na previsibilidade e na estrutura formal aproximam a burocracia weberiana dos enfoques clássicos da administração. Ambas escolas de pensamento surgem na mesma época, sofrendo influências da realidade histórica e científica de seu tempo. Por isso, representavam o grupo de métodos e valores convenientes com a sociedade industrial, ou seja, o ápice da racionalidade funcional. Apesar das similaridades entre as escolas de pensamento. Há importantes diferenças, enquanto os clássicos se preocuparam com os detalhes e especificidades e pretendiam intervir na organização para aumentar sua eficiência, a teoria de Weber orientava-se para o ambiente intraorganizacional. Acreditava que deveria ser mais descritiva e explicativa. Isso aconteceu porque estes estudiosos se dedicaram a conhecer o contexto social mais amplo, identificando o fenômeno crescente da autoridade racional e legal nas sociedades modernas. O pensamento de Max Weber sobre a burocracia não advém de preocupações com a condução das empresas ou com a apresentação de normas e princípios científicos para auxiliar os administradores em seus desafios organizacionais. WEBER ERA SOCIÓLOGO E, POR ISSO, SEU OBJETIVO ERA COMPREENDER O SENTIDO DAS ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE MODERNA, E DE QUE FORMA ELAS ATUAVAM COMO ESPAÇO DE OBSERVAÇÃO DA MODERNIDADE E DA RACIONALIZAÇÃO. Posto de outro modo, o interesse de Weber pelas organizações é decorrente de seu interesse em compreender o processo de modernização e racionalização na sociedade. Por isso, seu trabalho possui um caráter distinto de muitos teóricos da administração. OS TIPOS DE AUTORIDADE WEBERIANA A partir da teoria weberiana, é possível explicar um novo comportamento social: o burocrático. Para entender e definir de forma mais clara a burocracia, Weber identificou três tipos de autoridade (ou dominação): RACIONAL/LEGAL TRADICIONAL CARISMÁTICA Racional/legal Neste tipo de poder, a aceitação da autoridade se baseia na crença, na legalidade das leis e regulamentos. Aqui, pressupõe-se um tipo de dominação legal que busca legitimidade no caráter prescritivo e normativo da lei. Nesses casos, os subordinados aceitam as ordens dos dirigentes como justificadas, porque concordam com determinados preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É um tipo de autoridade técnica, meritocrática e administrada. EXEMPLO Sua legitimação vem da justiça da lei, da promulgação e regulamentação de normas legais previamente definidas. Exemplos são: Estados modernos, grandes empresas, exército, entre outros. Tradicional A autoridade tradicional, feudal ou patrimonial, constitui-se na crença de que a tradição e os costumes legitimam aquele dirigente. Não é racional. Nesse sentido, os subordinados aceitam como legítimas as ordens superiores que emanam dos costumes e hábitos tradicionais ou de fatos históricos. Nesses casos, os subordinados aceitam as ordens dos dirigentes como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pelas quais as coisas foram feitas. EXEMPLO Sua legitimação vem de tradição, hábitos, usos e costumes. Exemplos são: os clãs, as tribos, as famílias e empresas familiares, entre outros. Carismática Na autoridade carismática, a aceitação ocorre a partir da lealdade e da confiança nas qualidades normais do dirigente. Não é racional. Por isso, um dirigente que personifique um carisma incomum ou excepcional atingirá a legitimidade da sua autoridade de qualquer subordinado. Nesses casos, os subordinados aceitam as ordens dos dirigentes como justificadas, por causa da influência da personalidade e da liderança do dirigente com o qual se identificam. EXEMPLO Sua legitimação vem de características pessoais como heroísmo, magia, poder mental, que são carismáticas do líder. Exemplos são: os grupos revolucionários, partidos políticos, nações em período de revolução, entre outros. CARACTERÍSTICAS DA BUROCRACIA SEGUNDO WEBER MAS, AFINAL, O QUE É BUROCRACIA? Burocracia, no senso comum, é vista como aquela empresa ou organização em que a quantidade de papéis e procedimentos é gigantesca, impedindo as soluções rápidas ou eficientes. Esse termo também costuma ser utilizado para representar o apego que alguns trabalhadores têm aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização. NESSE SENTIDO, O TERMO “BUROCRACIA” PASSOU A SER ASSOCIADO AOS DEFEITOS DO SISTEMA (DISFUNÇÕES) E NÃO AO SISTEMA EM SI MESMO. Curiosamente, o conceito de burocracia proposto por Max Weber é exatamente o oposto do que o senso comum acredita. Essa definição corresponde à organização eficiente por excelência. E, para atingir esta eficiência, a burocracia precisa detalhar — antecipadamente e nos mínimos detalhes — como as coisas deverão ser feitas. Ou seja: a divisão de trabalho, que permite a padronização dos procedimentos técnicos e do exercício da autoridade necessária para o bom funcionamento organizacional. A burocracia weberiana possui um conjunto de característica que serão tratadas a seguir: Caráter legal das normas e regulamentos Rotinas e procedimentos padronizados Caráter formal das comunicações Competência técnica e meritocracia Caráter racional e divisão do trabalho Especialização da administração Impessoalidade nas relaçõesProfissionalização dos participantes Hierarquia de autoridade Completa previsibilidade do funcionamento Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Características da burocracia weberiana. Fonte: Autora, 2020. Caráter legal das normas e regulamentos Uma organização, geralmente, é baseada em uma legislação própria, que definirá de forma antecipada como ela deverá funcionar. Essas normas e regulamentos abrangem, de forma exaustiva, todas as áreas da organização. Também são elas que vão prever as ocorrências, enquadrando-as dentro de um esquema capaz de regular o que acontece no interior da organização. Além disso, esse conjunto de normas é considerado legal porque outorgam às pessoas investidas da autoridade um poder de imposição sobre os subordinados e os meios coercitivos capazes de impor a disciplina. Nesse sentido, a burocracia se torna uma estrutura social organizada de forma legal. Caráter formal das comunicações A organização é ligada por comunicações escritas, ou seja, suas regras, decisões e ações são formuladas e registradas de forma escrita. Por isso, o caráter formal da burocracia, em que as ações e procedimentos existem para promover a documentação adequada e assegurar a interpretação homogênea das comunicações. A burocracia adota formulários que facilitam as comunicações e tornam rotineiro o preenchimento de sua formalização para que as comunicações aconteçam de forma repetitiva e constante. Dessa forma, a burocracia é uma estrutura social organizada formalmente. Caráter racional e divisão do trabalho Uma organização que se caracteriza por uma divisão do trabalho feita de forma sistemática e racional está adequada aos objetivos de eficiência propostos. Existem divisões sistemáticas do trabalho e do poder, que estabelecem quais serão as atribuições de cada parte envolvida, sua esfera de competência e sua responsabilidade. ATENÇÃO Cada um deve saber sua incumbência, sua capacidade de comando sobre os outros e, principalmente, os limites desta tarefa, direito e poder. O conhecimento dessas barreiras existe para que não sejam ultrapassados. E, também, para não interferir na competência alheia e nem prejudicar a estrutura existente. Assim, a burocracia é uma estrutura social organizada de forma racional. Impessoalidade nas relações As atividades são distribuídas de forma impessoal, isto é, pensando nos cargos e funções a serem exercidas e não de pessoas que estarão envolvidas. Por isso, esse caráter impessoal da burocracia. Na administração da burocracia, os empregados não são considerados pessoalmente, e sim como ocupantes de cargos e de funções. Dessa forma, o poder de cada pessoa também é impessoal e procede do cargo que ela ocupa, assim como a obediência prestada pelo subordinado. Isso acontece porque a burocracia adota uma premissa de continuidade ao longo do tempo, em que as pessoas são passageiras em suas atividades, mas os cargos e funções permanecem ao longo do tempo. Por isso, a burocracia é uma estrutura social organizada de forma impessoal. Hierarquia da autoridade A burocracia estabelece cargos segundo o princípio da hierarquia organizacional. Assim, um cargo de nível hierárquico inferior deve estar sob o controle e supervisão de um cargo hierárquico superior. Isso porque segue um modelo de organograma convencional das organizações em que os trabalhadores são distribuídos entre alguns dirigentes. E estes vão comandar muitos trabalhadores em níveis, seguindo o formato piramidal. Nesse modelo, o cargo fica sem controle ou supervisão. Por isso, a necessidade da hierarquia da autoridade para definir os dirigentes para cada escalão de autoridade. Esses cargos estão dispostos em uma estrutura hierárquica que determina privilégios e obrigações, ditados por regras específicas. Esse poder de controle, que advém de uma posição hierárquica, é inerente ao cargo e não ao indivíduo que desempenha essa função. A distribuição desse poder (autoridade) tem como intuito a redução do mínimo de atrito em relação às maneiras definidas pelas regras da organização. Dessa forma, o trabalhador de nível hierárquico inferior está protegido da ação arbitrária do seu superior. Pois as ações de ambos se processam dentro de um conjunto mutuamente reconhecido de regras. Podemos inferir que a burocracia é uma estrutura social organizada de forma hierárquica. Rotinas e procedimentos padronizados Na burocracia, existem regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo e função. A pessoa que ocupa determinado cargo não faz aquilo que deseja, mas o que a burocracia impõe. Ou seja, as regras e normas técnicas regulam sua conduta, cujas atividades são executadas de acordo com as rotinas e os procedimentos. Um conjunto de regras e normas que ajustam o funcionário às exigências do cargo e às exigências da organização garantem a disciplina no trabalho e o desempenho na função em busca da máxima produtividade. Essa racionalização do trabalho encontrou sua forma mais extremada na administração científica, com o condicionamento e o treinamento racionais do desempenho no trabalho. Competência técnica e meritocracia A escolha das pessoas, na burocracia, é baseada no mérito e na competência técnica. As preferências pessoais (particulares e arbitrárias) não são utilizadas para essa seleção. Por isso, todo processo de contratação e promoção é baseado em critérios válidos para toda a organização. Por meio destes critérios universais (racionais): a competência, o mérito e a capacidade do funcionário em relação ao cargo são os aspectos considerados importantes. Por isso, existe a formalidade de realização de concursos, exames, testes e títulos para admissão e promoção dos funcionários. Especialização da administração Na teoria da burocracia, existe a separação clara entre a propriedade e a administração, ou seja, os administradores não são seus donos, acionistas ou proprietários. O gestor não é, necessariamente, o dono do negócio ou acionista, mas sim um profissional especializado na sua administração. Por isso, com a burocracia, surge a figura do profissional que se especializa em gerir a organização, daí o distanciamento da parte interessada no capital do negócio, diversificando as suas aplicações financeiras de capital. O funcionário não pode vender, comprar ou herdar sua posição ou cargo, e estes não podem ser apropriados e integrados ao seu patrimônio privado. A separação entre os rendimentos e bens privados e públicos é uma das características da burocracia e que a distingue dos tipos patrimonial e feudal de administração. Profissionalização dos participantes Na burocracia, os trabalhadores possuem especialização variável de acordo com o nível hierárquico. Aqueles que ocupam posições no topo da organização são generalistas e, conforme os níveis hierárquicos descem, os profissionais vão se tornando gradativamente mais especialistas em suas atividades. Além disso, nessa teoria, o trabalhador é assalariado, ou seja, eles participam da organização em troca de salários correspondentes ao cargo que ocupam. Quanto mais elevado o cargo na escala hierárquica, maiores são o salário e o poder. Cada trabalhador, na burocracia, ocupa um cargo que obtém por sua competência e capacidade. Ele é admitido, promovido ou demitido pelo seu superior hierárquico, que possui total autoridade sobre essas ações. Na burocracia, quando um funcionário ocupa um cargo, o tempo de permanência é indefinido e indeterminado (mas não é vitalício). Na sua duração, conforme o trabalhador demonstre mérito, capacidade e competência, ele pode ser promovido para outros níveis superiores. Assim, o empregado faz do trabalho a sua carreira, ao longo de sua vida. Porém, ele não possui a propriedade dos meios de produção e administração. Ele administra a organização, mas não é o proprietário dos meios de produção. O trabalhador utiliza máquinas e equipamentos para sua atividade, mas não é proprietáriodelas. E, por fim, essa figura, na burocracia, defende os interesses do cargo e da organização, em detrimento dos demais interesses envolvidos. Completa previsibilidade do funcionamento O que se espera da burocracia é a previsibilidade do comportamento dos seus membros. No modelo de Weber, os trabalhadores se comportam de acordo com as normas e regulamentos da organização, para que esta atinja a máxima eficiência possível. Na burocracia, tudo é estabelecido no sentido de prever, antecipadamente, as ocorrências e tornar rotineira sua execução. VANTAGENS DA BUROCRACIA Em seus estudos sobre a burocracia, Weber enxergou diversas razões para explicar seu avanço sobre as outras formas de associação. Para o sociólogo, comparar os mecanismos burocráticos com outras organizações seria o mesmo que comparar a produção da máquina com outros modos não mecânicos de produção. Localização As vantagens da burocracia, para Weber, são: Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização. Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la. Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que é exigido dele e quais são os limites entre as suas responsabilidades e as dos outros. Constância, pois os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias. Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por escrito. Precisão na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres. Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e os papéis tramitam através de canais preestabelecidos. Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é afastado. Além disso, os critérios de seleção e escolha do pessoal se baseiam na capacidade e na competência técnica. Confiabilidade, pois a organização é conduzida de acordo com regras conhecidas, sendo que grande número de casos similares são metodicamente tratados dentro da mesma maneira sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisório, por ser despersonalizado no sentido de excluir sentimentos irracionais, como o amor, raiva, preferências pessoais, elimina a discriminação pessoal. Benefícios para as pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tomarem especialistas em seus campos particulares, podendo encarreirar-se na organização em função de seu mérito pessoal e competência técnica. As vantagens da burocracia. Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 2003. DIANTE DESSAS CIRCUNSTÂNCIAS, O TRABALHO É QUALIFICADO, O FAVORECIMENTO É EVITADO E AS CONDIÇÕES DE TRABALHO FAVORECEM A MORALIDADE ECONÔMICA E DIFICULTAM A CORRUPÇÃO. A ISONOMIA DAS NORMAS BUROCRÁTICAS TEM A QUALIDADE DE GARANTIR A COLABORAÇÃO ENTRE AS PESSOAS, SEM QUE SE SINTAM NECESSARIAMENTE COOPERADORAS. Na burocracia, as pessoas cumprem as regras, principalmente, porque o resultado final é amplamente valorizado e cada qual deve fazer a sua parte para que o objetivo final seja atingido. DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA Neste vídeo, serão abordadas as disfunções da burocracia. Weber defendia que a burocracia é uma organização cujas consequências desejadas se resumem na previsibilidade do seu funcionamento para que possa ser atingido o máximo de eficiência. No entanto, ao estudar suas consequências, é possível perceber que existem consequências indesejadas que levam à ineficiência e imperfeições. A isso, deu-se o nome de disfunções da burocracia, que são anomalias de funcionamento responsáveis, inclusive, pelo sentido pejorativo que o termo burocracia recebeu junto aos leigos. Perpetuado até os dias atuais, quando chamamos de burocracia qualquer tipo de processo ou procedimento lento ou complexo, ou seja, ineficiente. As disfunções da burocracia são: INTERNALIZAÇÃO DAS REGRAS Elas passam a dar mais importância aos “meios do que aos fins”, ou seja, as regras são mais importantes do que as metas e os objetivos organizacionais. Elas passam a ser absolutas e prioritárias. O trabalhador burocrata se torna um especialista, não em sua tarefa, mas em regras e regulamentos relacionados a seu cargo ou função. EXCESSO DE FORMALISMO E PAPELÓRIO Na burocracia, a documentação e o registro da comunicação são obrigatórios. Isso faz com que os processos sejam mais lentos e demorados. Inclusive, o excesso de papéis acumulados ao longo desse processo, ou de procedimentos eletrônicos, faz com que leigos enxerguem que toda burocracia possui um volume gigantesco de papelada, formulários e comunicações. RESISTÊNCIA ÀS MUDANÇAS Devido a padronização e rotina controlada, os trabalhadores, geralmente, se acostumam com a estabilidade e repetição das tarefas, proporcionando uma segurança sobre seu futuro. Quando surgem possibilidades de mudanças, é algo novo para o trabalhador, e isso gera riscos para sua segurança e tranquilidade. Por isso, a mudança passa a ser indesejada por ele. Essa resistência pode ser passiva e silenciosa, ou pode ser agressiva e ativa como as reclamações, greves e tumultos. DESPERSONALIZAÇÃO Como a burocracia é impessoal, os funcionários se conhecem pelos cargos que ocupam e não por suas características pessoais. Os relacionamentos interpessoal e personalizado, nesse sentido, são praticamente inexistentes. Não é raro que as pessoas sejam conhecidas por seus números de registros em vez de seus próprios nomes. CATEGORIZAÇÃO COMO BASE NO PROCESSO DECISÓRIO Aqui, aquele que ocupa um cargo hierarquicamente superior toma as decisões, independente do que conhece sobre o assunto. Entretanto, categorizar é uma maneira de classificar as coisas, para lidar com elas de forma mais fácil. Processos decisórios que possuem menor categorização tendem a buscar alternativas diferentes e criativas. SUPERCONFORMIDADE DAS ROTINAS E PROCEDIMENTOS De forma a garantir que os trabalhadores façam exatamente o que precisa ser feito, a burocracia possui procedimentos e rotinas determinadas. Isso gera dificuldade de inovação e crescimento pessoal e organizacional. Dessa forma, a rotina se torna sagrada para o trabalhador. Isso gera limitação na liberdade e espontaneidade deste, além da incompreensão do real significado das suas tarefas. Podendo ocorrer incapacidade treinada ou deformação profissional em muitos casos por causa da perda da iniciativa, reflexão, criatividade e inovação. EXIBIÇÃO DE SINAIS DE AUTORIDADE A burocracia enfatiza a autoridade, sendo, portanto, necessário desenvolver um sistema capaz de indicar para todos aquele que detêm o poder. Dessa forma, surgem símbolos ou sinais de status para demonstrar a posição hierárquica dos trabalhadores, tais como: uniformes, localização das salas e do banheiro, refeitórios diferenciados para os trabalhadores, entre outros. Tudo isso é utilizado como forma de identificar quem são os principais dirigentes da organização. Por exemplo: no exército, os uniformes constituem um dos principais símbolos de autoridade reconhecida visualmente por todos. DIFICULDADE NO ATENDIMENTO AOS CLIENTES E CONFLITO COM O PÚBLICO Na burocracia, o funcionário está voltado para o interior da organização, para as suas normas, os seus regulamentos, os procedimentos internos, e o superior hierárquico que avalia seu desempenho. Isso torna difícil a realização de tarefas que sejam voltadas para o atendimento das necessidades dos clientes. Além disso, eles são atendidos de forma padronizada, de acordo com as normas preestabelecidas para isso. Ou seja, de forma inflexível e impessoal, sem considerar as especificidades de cada indivíduo. ATENÇÃO É importante destacar que a burocracia weberiana não considera a organização informal, aquela estudada pela escola das relaçõeshumanas como sendo o conjunto de interações e relacionamentos estabelecidos entre as pessoas. Talvez, porque este conceito se contraponha ao de organização formal, que é aquela constituída pela estrutura organizacional composta de órgãos, cargos, relações funcionais, níveis hierárquicos. A TEORIA DA BUROCRACIA TAMBÉM NÃO CONSIDERA A VARIABILIDADE HUMANA. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Descrever as origens da escola das relações humanas PALAVRAS INICIAIS Cada escola de administração acaba por representar a forma com que o ser humano, mais especificamente, os trabalhadores, eram enxergados no contexto das organizações. Na escola clássica, por exemplo, nota-se que o trabalhador é visto como uma máquina, e que, portanto, é previsível e não convidado ao pensamento, devendo ser controlado integralmente por seus gestores, especialmente pela figura dos inspetores de fábrica. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal A escola clássica foi basicamente o primeiro movimento que teve o intuito de investigar mais a fundo o papel dos seres humanos em sua relação com as organizações. Porém, outras escolas se desenvolveram, passando a levar em conta os aspectos sociais e afetivos do ser humano. Isso ocorreu, especialmente, após a ascensão da denominada escola de relações humanas. EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE E O SURGIMENTO DA ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS Neste vídeo, será abordado o surgimento da Escola das Relações Humanas. A escola das relações humanas tem seu marco com os famosos experimentos de Hawthorne, realizados, especialmente, na década de 1920. Eles buscaram, na verdade, comprovar certos preceitos da escola clássica. Porém, seus resultados mostraram que existiam outros fatores que determinavam a produtividade na organização além daqueles expressos pela escola clássica. OS EXPERIMENTOS DE HAWTHORNE FORAM DIVIDIDOS EM TRÊS FASES (1923, 1927 E 1931). Primeira fase Na primeira fase, os pesquisadores tiveram o objetivo de determinar os efeitos da intensidade da luz sobre a produtividade (os estudos da iluminação). ATENÇÃO Note, portanto, que não havia, ali, a intenção de trazer qualquer tipo de abordagem humana para o contexto das organizações. Tratava-se, na verdade, de uma forma de enxergar as empresas e os trabalhadores — ou, mais especificamente, a produtividade — como sendo função dos processos estabelecidos, sem levar em conta os aspectos humanos. Neste experimento inicial, foram selecionados dois grupos de operários. Em um dos grupos, a iluminação permaneceu constante durante toda experiência; e no outro, a iluminação teve a intensidade sempre aumentada. O resultado, como apontam Motta e Vasconcelos (2010), foi o de que a produção de ambos os grupos se elevou. Esse resultado não era o esperado, pois acabou mostrando que a iluminação não era uma variável que afetava o trabalho das equipes, pelo menos não enquanto estivesse em níveis aceitáveis. Ainda dentro deste primeiro experimento, os pesquisadores reduziram a iluminação no grupo de teste e, mesmo com a menor iluminação, a produtividade continuou a crescer. Estava claro, portanto, que existiam outras variáveis afetando a produtividade. Esta descoberta foi histórica para o campo da Administração. Ainda não se sabia que variáveis eram essas, mas o simples fato de existirem fez com que os pesquisadores da área ampliassem o escopo de suas pesquisas. ORA, SE OS PESQUISADORES TIVERAM O CUIDADO DE MANTER OS MESMOS MÉTODOS DE PRODUÇÃO E OS MESMOS SISTEMAS DE REMUNERAÇÃO EM AMBOS OS GRUPOS DURANTE TODO EXPERIMENTO, QUAIS PODERIAM SER OS FATORES QUE ESTARIAM AUMENTANDO A PRODUTIVIDADE? A INTERPRETAÇÃO FICOU CONHECIDA COMO EFEITO HAWTHORNE. O fato de que os trabalhadores eram observados pelos pesquisadores durante o seu trabalho e a comunicação com estes levaram o grupo a considerar que havia maior interesse e preocupação por parte da direção com a melhoria de suas condições de trabalho. E isso fez com que os empregados trabalhassem mais, independente da variação da iluminação. Esses resultados mostraram que o simples fato de serem observados poderia mudar o comportamento dos indivíduos, chamando a atenção para as necessidades afetivas dos empregados (MOTTA; VASCONCELOS, 2010). Segunda e terceira fase dos experimentos As duas fases seguintes dos experimentos de Hawthorne tiveram como foco a comunicação, e não mais a luminosidade. Ficou claro que já havia uma desconfiança sobre a importância das necessidades afetivas dos empregados (sala de montagem de relés e o programa de entrevistas). Na segunda fase dos experimentos, as mulheres que foram colocadas em um grupo de trabalho autorizado a conversar e a interagir durante os processos apresentaram resultados bem distintos de outro grupo que estava proibido de realizar tal interação. Na última fase dos experimentos, realizada no ano de 1931 (sala de montagem de terminais), em um dos grupos de teste, os pesquisadores interagiram menos com os trabalhadores, o que acarretou menor produtividade. Todos os resultados parecem apontar que as condições físicas do trabalho não eram as únicas responsáveis pelo aumento ou pela diminuição da produtividade. Ainda que de cientificidade discutível, estes experimentos trouxeram, em si, a proposta de que o afeto e a necessidade social eram grandes candidatos a alterarem, positiva ou negativamente, a produtividade das organizações. ALÉM DISSO, EM DECORRÊNCIA DESSE ESTUDO, OS PESQUISADORES PASSARAM A DAR MAIS ATENÇÃO PARA OS GRUPOS INFORMAIS NAS ORGANIZAÇÕES, COMO AQUELES FORMADOS PELAS MULHERES NA SEGUNDA FASE DO EXPERIMENTO DE HAWTHORNE. Estava inaugurada, assim, a escola de relações humanas, que é o contrário da escola clássica, possuindo foco mais relacional (entre as pessoas da organização) do que processual. Entretanto, a escola de relações humanas se assemelha à escola clássica por também focar nos aspectos internos das empresas, isto é, naquilo que acontece do escritório para dentro, ou da fábrica para dentro. Posto de outro modo, essa escola ainda não possui foco externo, por exemplo, em análises de mercado que envolveriam a concorrência e o aprimoramento do conhecimento do público-alvo da organização. Essas análises teriam força, na verdade, em movimentos posteriores ao da escola das relações humanas. SAIBA MAIS Hawthorne é, na verdade, a localidade nos EUA (bairro de Chicago), em que foram realizados os experimentos, e não um autor, como muitos pensam. Fábrica da Western Electric Company, 1925. Fonte: Western Electric Company. A experiência de Hawthorne foi realizada no ano de 1927, pelo Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos (National Research Council), em uma fábrica da Western Electric Company, conduzida por Elton Mayo. Sua finalidade era determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários medida por meio da produção. Elton Mayo (1880-1949) foi um psicólogo australiano que se destacou por ser o protagonista da escola das relações humanas, sendo responsável pela coordenação e realização da experiência na fábrica de Hawthorne. Seu livro mais conhecido chama-se Problemas Humanos de uma Civilização Industrial, publicado no ano de 1933 e considerado a bíblia do movimento das relações humanas. ELTON MAYO (1880-1949) Retrato de Elton Mayo, 1935. Fonte: Desconhecida, domínio público. javascript:void(0) Na sequência, a pesquisa em Hawthorne estendeu-se para investigar aspectos relacionados à fadiga humana, a rotatividade do pessoal, os acidentes no trabalho e os efeitos das condições de trabalho sobre a produtividade dos trabalhadores. O HOMEM SOCIAL E OS GRUPOS INFORMAIS Com os resultados dos experimentos de Hawthorne, a visão sobre o ser humano nas organizações passou a mudar. DESTACA-SE QUE, ALÉM DESSES EXPERIMENTOS, CORROBORARAM PARA UMA PERCEPÇÃO MAIS HUMANÍSTICA DO AMBIENTE DE TRABALHO A QUEDA DA BOLSA DE VALORES EM 1929 E A VISÃO DE FREUD SOBRE O SER HUMANO COM APSICANÁLISE. Enquanto a queda da bolsa pôs em xeque o sistema da escola clássica, até então vigente nas organizações. A obra de Freud trouxe, por exemplo, o afeto como um dos temas centrais no estudo da mente humana. Como consequência, a ideia de homem econômico — que é aquele considerado previsível, controlável, egoísta, de racionalidade absoluta, incentivado basicamente pelo dinheiro — passa, gradativamente, a dar lugar à ideia do ser social. E este tem necessidade de afiliar-se a grupos. ESTA NOVA VISÃO TROUXE QUE O HOMEM BUSCA AFETIVIDADE E SOCIABILIDADE, QUE POSSUI UM COMPORTAMENTO MAIS COMPLEXO DO QUE AQUELE PREVISTO PELA ESCOLA CLÁSSICA, E QUE ACABA POR SER CONDICIONADO PELO SISTEMA SOCIAL DE QUE FAZ PARTE E PELA BIOLOGIA. MOTTA; VASCONCELOS, 2010 Ora, se partirmos dessa visão de homem, facilmente notamos que os incentivos monetários, por vezes, não serão suficientes para garantir a motivação e a alta produtividade do trabalhador. POSTO DE MODO PRAGMÁTICO, ESTA PODE SER A PRINCIPAL OU AO MENOS UMA DAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DA ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS PARA ADMINISTRAÇÃO. ATENÇÃO A escola clássica não levava em conta, por exemplo, a necessidade de afiliação que as pessoas em geral têm aos grupos informais, também conhecidos como “panelinha” nas organizações. Como consequência, a turma da escola clássica não levou em conta a influência das panelinhas na produtividade dos trabalhadores. O que hoje parece tão óbvio não era naquele tempo. Os grupos informais são, na verdade, organizados de forma espontânea nas organizações, e não estão expressos, por exemplo, nos estatutos da empresa. As panelinhas ou os grupos informais podem surgir por interesses em comum entre os trabalhadores, por defenderem as mesmas ideias políticas ou por não gostarem do chefe. Em outros casos, por morarem em bairros próximos. O fato é que as razões que levam à formação dos grupos informais são as mais diversas possíveis, mas nem por isso devem ser menosprezadas pela organização. Outro ponto que se destaca é o de que as panelinhas podem contribuir ou prejudicar a empresa, justamente porque tomam uma forma de certo modo invisível ou de difícil identificação. NOMES E IDEIAS RELEVANTES NO CONTEXTO DA ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS MARY PARKER FOLLET, ELTON MAYO, ROETHLISBERGER E DICKSON ESTÃO ENTRE OS PRINCIPAIS NOMES QUE, DIRETA OU INDIRETAMENTE, CONTRIBUÍRAM PARA A VISÃO DE MUNDO TRAZIDA PELA ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS. Folett tratou de três métodos de solução de conflitos nas organizações em contextos de divergências entre trabalhadores e gestores, são estes: método da força, método da barganha e método da integração. De acordo com a autora, o contexto da escola clássica representava a solução de conflitos por meio do método da força, podendo ser ela psíquica ou física. Follet, por sua vez, entendia que é o método de integração o mais adequado para resolução dos conflitos organizacionais. Apesar de ter desenvolvido seus trabalhos anteriormente aos experimentos de Hawthorne, foi após estes que o mundo das organizações pôde, então, se abrir para o pensamento da autora. Enquanto o método da força está ligado à coerção, e o da barganha, como o nome já sugere, à negociação política entre aqueles que estão envolvidos no conflito. O método da integração tem relação com uma solução mais participativa e democrática. Nela, os indivíduos devem integrar-se em prol dos objetivos organizacionais. Elton Mayo foi um grande crítico da escola de administração científica, por colocar os incentivos psicossociais à frente dos monetários. Além disso, compreendeu o papel dos grupos informais nas organizações, que antes não eram levados em consideração pela escola clássica. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Roethlisberger e Dickson fizeram uma importante separação entre eficiência técnica e social. Enquanto a primeira diz respeito à produção de modo eficiente a baixo custo, a segunda trata da criação e distribuição de satisfação e realização para os membros da organização. DECORRÊNCIA DA ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS Com o surgimento dessa escola, tópicos como motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo, entre outros, começaram a ganhar espaço no pensamento administrativo. Os princípios clássicos da administração passaram a ser duramente contestados. O engenheiro e o técnico começam a ceder espaço ao psicólogo e ao sociólogo. O método e a máquina perdem a preferência em favor da dinâmica de grupo. A felicidade humana passa a ser vista sob um ângulo completamente diferente, pois o conceito do homo economicus dá lugar ao conceito de homem social. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Logo, a ênfase simples na organização é substituída pelo foco nas pessoas. A teoria da motivação busca explicar os motivos do comportamento dos indivíduos. Para os estudiosos da abordagem da administração científica, a motivação do trabalhador era a busca do dinheiro e das recompensas salariais e materiais do trabalho. No entanto, após a experiência de Hawthorne, percebeu-se que a recompensa salarial não é o único fator influenciador da satisfação do trabalhador. Por isso, Elton Mayo e sua equipe perceberam que o trabalhador também é motivado por recompensas sociais, simbólicas e não materiais. A força consciente ou inconsciente que leva um indivíduo a determinado comportamento é chamada de necessidade. A satisfação desta motiva o comportamento humano. VOCÊ JÁ OUVIU FALAR SOBRE AS TRÊS FASES DE MOTIVAÇÃO? Na escola das relações humanas, destaca-se que, ao longo de sua vida, o indivíduo evolui por três fases de motivação: à medida que vai crescendo e amadurecendo, ultrapassa os estágios mais baixos e desenvolve necessidades de níveis gradativamente mais elevados. Estas necessidades são: FISIOLÓGICAS PSICOLÓGICAS DE AUTORREALIZAÇÃO Fisiológicas São aquelas relacionadas à sobrevivência do indivíduo, exigindo, por isso, satisfação periódica e cíclica. As principais são: alimentação, sono, atividade física, satisfação sexual, abrigo e proteção contra os elementos e de segurança física contra os perigos. Com a experiência de Hawthorne, foi possível perceber que uma vez satisfeitas essas necessidades básicas dos trabalhadores, elas passaram a não mais influenciar o comportamento deles. COMENTÁRIO Desse modo, a sua atuação passou a ser motivada por outras necessidades mais complexas, ou seja, as necessidades psicológicas. Psicológicas São aquelas aprendidas e adquiridas no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e complexo de necessidades que raramente são satisfeitas em sua plenitude. De autorrealização São as geradas a partir da educação e da cultura de cada indivíduo, e assim como as necessidades psicológicas, são raramente satisfeitas em sua plenitude. O indivíduo, gradativamente, busca satisfações maiores e estabelece metas mais exigentes. A necessidade de autorrealização é o impulso de cada um em realizar o seu potencial e de estar em contínuo autodesenvolvimento no sentido mais elevado do termo. A partir da teoria das relações humanas, os demais estudos de teorias psicológicas sobre a motivação humana passaram a ser aplicados dentro das empresas. VERIFICOU-SE, ENTÃO, QUE O COMPORTAMENTO HUMANO É A TENSÃO PERSISTENTE QUE LEVA O INDIVÍDUO A ALGUMA FORMA DE COMPORTAMENTO, VISANDO A SATISFAÇÃO DE UMA OU MAIS NECESSIDADES DETERMINADAS. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste tema, foi possível descrever as principais contribuições de Frederick Taylor para a administração científica e de Henry Fayol para a administração clássica — escolas de pensamento que formaram a abordagem clássica da administração. Além disso, também vimos a influência que os estudos de Taylor tiveram sobre o modelo de gestão de Ford e como o método de produção em massa e especializado mudou a forma de consumo nosetor automobilístico da época. Vimos ainda o modelo burocrático proposto por Max Weber, que surge da necessidade da criação de procedimentos exatos e concisos para controlar e integrar centenas de trabalhadores operários distribuídos nos diversos setores. Além disso, a fragilidade dos enfoques clássicos da administração em proporem uma abordagem global e integrada para lidar com os desafios organizacionais. Por fim, estudamos a mudança do foco principal na estrutura e nas tarefas das escolas clássicas para o foco nas pessoas na escola das relações humanas que surgiu a partir dos estudos de Elton Mayo. Esperamos que este material possa contribuir para o seu desenvolvimento profissional, bem como pessoal. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BERNANDES, C. Teoria geral da administração: gerenciando empresas brasileiras. São Paulo: Saraiva, 2014. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. GIL, A. C. Teoria geral da administração — dos clássicos à pós-modernidade. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. JONES, G. R. Teoria das organizações. 6 ed. São Paulo: Pearson, 2010. LACOMBE, F. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2010. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à teoria geral da administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MORGAN, G. Imagens da organização. Tradução de Geni G. Goldschmit. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. G. Teoria geral da administração. Ed. revista. São Paulo: Cengage Learning, 2010. SOUZA, H. A. de. Teoria geral da administração. Rio de Janeiro: SESES, 2015. EXPLORE+ Assista ao filme norte-americano Tempos Modernos, de 1936, com direção de Charles Chaplin, e observe o que foi abordado neste tema. CONTEUDISTA Prof.ª Dr.ª Aline dos Santos Barbosa CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
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