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E-book 2 CURRÍCULOS E PROGRAMAS Agda Malheiro Ferraz de Carvalho Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 CURRÍCULO ESCOLAR: SUBSÍDIOS PARA DEBATE�����������������������������������������������������������������������4 Breve Panorama Histórico do Campo de Currículo no Brasil 6 Marcos Históricos da Base Nacional Comum Curricular ����19 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������26 2 INTRODUÇÃO No presente módulo, percorremos caminhos refle- xivos acerca da temática currículo escolar� Esse de- bate tem o propósito de estimular e enriquecer as análises em torno do trabalho educativo, ao buscar contribuir com os esforços coletivos de educadores compromissados e engajados com a formulação e concretização de propostas curriculares mediante o enfoque para as múltiplas dimensões (culturais, sociais, econômicas, políticas, entre outras), que determinam e constituem continuamente as ações pedagógicas em seus diferentes contextos� 3 CURRÍCULO ESCOLAR: SUBSÍDIOS PARA DEBATE O senhor... mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram termi- nadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra mon- tão (ROSA, 1976, p. 20). Partimos da compreensão de que o currículo está longe de ser um documento preestabelecido com um fim em si mesmo, na medida em que tal argumen- to é reducionista e prevê, entre outras questões, as dicotomias na inter-relação constitutiva entre teoria e prática� Ao nos apartarmos dessa colocação, compartilha- mos do entendimento de que “A norma para o cur- rículo, portanto, não é o consenso, a estabilidade, o acordo, mas o conflito, a instabilidade e o desacor- do, porque o processo é de desconstrução seguida pela reconstrução (CHERRYHOLMES apud LOPES; MACEDO, 2011, p� 37)� Diante disso, ao priorizarmos o caráter histórico da produção do conhecimento, o currículo é concebido como um instrumento pedagógico que apresenta 4 múltiplos significados elaborados e partilhados nas trocas sociais� Isso implica entendermos que o currículo se carac- teriza como um artefato cultural e político, fruto da história, da ação dos próprios sujeitos que são to- mados enquanto seres históricos, sendo produtos e produtores dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade� Ao adotarmos o ponto de vista destacado nesse diá- logo, podemos pensar que o ser humano se apropria das objetivações genéricas materiais e espirituais elaboradas pela humanidade no transcorrer do seu desenvolvimento histórico, por meio das relações estabelecidas com outros homens, com isso, par- ticipam da constituição da realidade social na qual se inserem, constituindo-se como seres singulares� Tratando os conteúdos dos currículos por essa pers- pectiva, compreendemos que eles tendem a ser guia- do por princípios de construções coletivas a partir de relações colaborativas� Tendo em vista o compromisso com saberes e prá- ticas pedagógicas orientadas para a promoção de experiências de aprendizagens que permitam aos sujeitos se desenvolverem integralmente, procura- mos abordar elementos centrais à discussão em tela� Assim, no primeiro momento, tecemos referência aos pressupostos advindos do movimento escola nova, que ancora concepções que compõem esse 5 âmbito; em seguida, debateremos os aspectos legais e pedagógicos que constituem o currículo escolar� Podcast 1 Breve Panorama Histórico do Campo de Currículo no Brasil As reflexões tecidas aqui são dedicadas àque- les que se interessam pelo âmbito da educa- ção e possuem consciência que a realidade não se esgota no presente, mas que este é produto de uma construção forjada pelos se- res humanos ao longo do tempo histórico, as- sim como o futuro depende da compreensão do presente e dos projetos e decisões que tomam a partir dela (ANTUNES, 2004). Ao compartilharmos a perspectiva de que a relação do homem com a história está intimamente relacio- nada com o desenvolvimento de sua capacidade de produzir história, consideramos que não há socieda- de que se reproduza sem garantir a sobrevivência biológica dos membros que a constituem� Por essa ótica, entendemos que a potencialidade do gênero humano em elaborar a história está cor- relacionada à capacidade social em transformar a matéria-prima (natural) em bens necessários tanto à produção quanto à reprodução social� Por conse- 6 https://famonline.instructure.com/files/1109101/download?download_frd=1 guinte, o desenvolvimento histórico é constituído por meio da inter-relação dialética entre o homem singular e a sociedade� Frente a tais colocações, partirmos do entendimento de que, historicamente, o currículo assumiu diferen- tes concepções, “[���] indo dos guias curriculares pro- postos pelas redes de ensino àquilo que acontece em sala de aula” (LOPES; MACEDO, 2011, p� 19)� Dessa forma, é importante olhar para as raízes no cenário brasileiro, à medida que essas múltiplas definições permeiam o que tem sido identificado como currículo no cotidiano escolar� Nesse contexto, as discussões sobre o currículo têm ocupado um papel importante nos debates políticos, por tratar-se de um aspecto fundante às reformas educacionais, sendo entendido como um processo de eleição de conhecimentos tomados como válidos para serem ensinados aos alunos (RIBEIRO, 2017)� Diante disso, expomos as perspectivas formuladas e partilhadas historicamente sobre os significados em torno do currículo, que, de modo fragmentário, são afirmados nas concepções que ancoram os debates desse campo no cenário brasileiro� É interessante começar pela perspectiva que Macedo (2012) identificou como “tradição técnica”, a qual abrange desde as proposições eficientista relativas à década de 1920, as abordagens piagetianas até as chamadas pedagogias da competência para as quais o currículo se caracteriza como um compilado 7 de finalidades e competências a serem alcançadas ou conteúdos coisificados. Nessa tradição, a maioria dos pesquisadores não apresentaria qualquer dificuldade em conceber a proposição de que tanto a educação quanto o ensino são comumente traduzidos como sinônimos no co- tidiano escolar� Sob esse aspecto, não descartamos a possibilidade de que os estudiosos dessa tradição até pudessem apreender a educação mais abrangen- temente que o ensino, mas essas vinculações eram comumente realizadas sem articulações estreitas com o conteúdo curricular (MACEDO, 2012)� Podemos formular a hipótese de que na tradição técnica do currículo está presente um projeto edu- cacional, em vista de que, ao analisarmos o desen- volvimento desse campo nos Estados Unidos, en- tendemos que ele está ligado ao eficienticismo. Tal projeto se amparou na necessidade de incentivo do movimento de êxodo rural, que se caracterizou como o processo de migração da população do campo para o espaço urbano, atraindo essa população para as áreas mais industrializadas� Consideramos que há profundos resquícios da tra- dição tyleriana no campo curricular nacional, à me- dida que seus pressupostos ancoram os sistemas educacionais vigentes que enfocam a necessidade da vida contemporânea fora do âmbito escolar como um dos meios para a definição dos objetivos que os programas educacionais devem almejar (MACEDO, 2012; LOPES, MACEDO, 2011)� 8 Highlight Highlight Consequentemente, ao deslocar o enfoque das tradições técnicas do campo de currículos para a produção de objetivos, as premissas racionalistas tyleriana acabaram por reiterar as correlações entre os programas educacionais e as condições sociais e econômicas típicas do capitalismo, de modo que o currículo vai sendo delineado como um aparato de controle social� Por sua vez, a necessidade da escola para o desen- volvimento econômico do Brasil é enfatizada em diferentes momentos históricos, sob as condições históricas eculturais, e uma das traduções dessa perspectiva se revela na ênfase à educação escolar como uma via de socialização dos sujeitos. Por essa razão, torna-se essencial apresentar as contribuições de Lopes e Macedo (2011): [...] Aprende-se na escola não apenas o que é preciso saber para entrar no mundo produtivo, mas também códigos a partir dos quais se busca explicitar a forma como o sistema es- colar atua para garantir a diferenciação social e denunciando a falsa propaganda da escola como espaço que garante oportunidades a todos. O estudo empreendido por Bowles e Gintis (1976), ao abarcar o papel reprodutor da escola, destaca a função ideológica existente nessa área� Esse aspecto também foi estudado por Louis Althusser� Os autores abordaram a inter-relação da estrutura social com 9 a estrutura de reprodução, que expressa parte dos mecanismos presentes na escola para a reprodução formal da força de trabalho objetivada em condições histórico-sociais determinadas (LOPES, MACEDO, 2011)� Desde o final dos anos 1980, podemos constatar na cena brasileira tentativas de atualização da abor- dagem reducionista de educação, sob condições sócio-históricas distintas, sendo sustentadas pelos princípios do movimento educacional posteriormente identificado como Escola Nova, que ficou reconhe- cido também como escolanovismo� Ao longo dos anos 1930, o movimento educacional conferia à educação escolar a importante função de construir um novo homem, condizente com o ideário civilizatório que se impunha à sociedade industrial emergente no cenário nacional (CAMPOS, SHIROMA, 1999)� Moreira (1990 apud SOUZA, 1993) afirma que uma das primeiras tentativas de organização de propostas curriculares emergiram no Brasil no início do século 20, no cenário das reformas de ensino promovidas em diferentes estados, tendo influências de impor- tantes sujeitos atuantes no movimento Escola Nova, como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Carneiro Leão, Mario Casassanta, dentre entre outros� 10 Figura 1: Fernando Azevedo (1894-1974) Fonte: Wikipedia Figura 2: Anísio Teixeira (1900-1971) Fonte: BBC 11 https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_de_Azevedo#/media/Ficheiro:Fernando_de_Azevedo_(1942).jpg https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53367233 Figura 3: Lourenço filho (1897-1970) Fonte: INEP Figura 4: John Dewey (1859-1952). Fonte: Wikipedia 12 http://inep80anos.inep.gov.br/inep80anos/passado/lourenco-filho-1938/141 https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey#/media/Ficheiro:John_Dewey_cph.3a51565.jpg Pode-se considerar que o campo de currículo na cena brasileira surge das iniciativas do escolanovismo, que sofreu impactos da abordagem progressista em educação, especialmente do pensamento de Dewey e Kilpatrick� Contudo, o campo de saberes e práticas foi implementado mediante a criação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) em 1938 (SOUZA, 1993). Figura 5: Escola criada por Dewey em Chicago (EUA). Fonte: Wikipedia No interior desse diálogo, é importante mencionar- mos que em meandros de 1944 a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos se configurou como uma das principais vias de divulgação do pensamento curricular que estava surgindo no cenário brasileiro (SOUZA, 1993)� 13 https://en.wikipedia.org/wiki/The_School_and_Society#/media/File:Children_in_Washington_D.C._learning_how_a_compass_works.jpg Em 1955, o Inep veiculou a primeira obra nacional em que abordava o tema currículo, cujo título é Introdução ao Estudo da Escola Primária, de auto- ria de João Roberto Moreira� Além das publicações, entre outras ações nessa área, o Inep buscou promo- ver cursos e estudos característicos, sobretudo por meio do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais e dos Centros Regionais, que foram criados a partir de 1955 (SOUZA, 1993)� As Divisões de Treinamento do Magistério ligadas a esses centros “ofereceram cursos sobre planeja- mento curricular e organizaram escolas experimen- tais que funcionaram como laboratórios de estudo e pesquisas sobre currículo e metodologia de ensino” (MOREIRA, 1990 apud SOUZA, 1993, p�117)� Em relação à abordagem do Inep a respeito de Currículo, João Roberto Moreira elucida que havia uma grande tendência progressista oriunda das concepções adotadas por Dewey e Kilpatrick� Tal influência sofreu atualização na esfera brasileira, especialmente por Anísio Teixeira (SOUZA, 1993)� Desde 1932, a influência modernizadora externa tem se ampliado no Brasil, de modo que os participantes desse movimento renovador da educação em ques- tão, assim como os reformadores atuantes nos diais atuais, enxergavam a educação como uma dimensão prioritária para o desenvolvimento da nação, mas também como uma problemática, haja visto que, 14 Highlight Highlight [...] se a revolução orgânica de um sistema cultural do país depende de suas condições econômicas, é possível desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das forças culturais e o desenvolvi- mento das aptidões à invenção e à iniciativa que são os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade (MANIFESTO, 1932 apud CAMPOS; SHIROMA, 1999, p. 485). Segundo o que inferimos do trecho, a educação de- veria tomar outros contornos diante dessa formação socioeconômica, dado que não poderia [...] permanecer inalterável um aparelho edu- cacional, a cuja base residia uma velha con- cepção da vida, na sua rigidez clássica, numa época em que a indústria mecânica, aumen- tando a intensidade, transformou as maneiras de produção e as condições de trabalho, e, criando esse fenômeno novo da urbanização precipitada da sociedade, acelerou as modi- ficações nas condições e nas normas da vida social a que correspondem variações nas ma- neiras de pensar e de sentir e nos sistemas de ideias e de conceitos (MANIFESTO, 1932, apud CAMPOS; SHIROMA, 1999, p. 485-486). Com isso, ao priorizarem a função socializadora da educação, os escolanovistas contribuíram para que ela passasse a atender a função de adequação do in- 15 divíduo ao meio social, sendo que esse processo era visto como uma forma de favorecer o adentramento dos sujeitos na civilização ambiente (MANIFESTO, 1932 apud CAMPOS; SHIROMA, 1999)� Precisamos salientar que o pensamento de relações contínuas entre educação escolar e outras dimen- sões da vida fundadas nas ideias escolanovistas é amparado pelas formulações de John Dewey, quem defendia que a educação não se limitava ao âmbito escolar, mas era incorporada às demais instituições de adultos que têm o papel de dar continuidade e ampliá-la (SOUZA, 1993)� Sendo assim, a diferenciação entre educação escolar e educação da vida possui a tendência de ter suas próprias delimitações e especificidades extinguidas, à medida que ambas estão correlacionadas ao de- senvolvimento do sujeito� Tal pensamento foi traduzido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e guiou, de modo conco- mitante, as Diretrizes Nacionais para o Ensino Médio, em que existe a expectativa de que a educação escolar, [...] especialmente a média, contribua para a aprendizagem de competências de caráter mais geral, visando à constituição de pessoas mais aptas a assimilar mudanças, mais autô- nomas em suas escolhas, mais solidárias, que acolham e respeitem as diferenças, pratiquem a solidariedade e superem a segmentação social (BRASIL, 1998). 16 Postas tais considerações, é possível constatar no movimento Escola Nova, mas também nas reformas educacionais vigentes que a escola é focada a partir de um papel socializador, que podemos constatar em dois princípios basilares explicitados a seguir (SOUZA, 1993, p. 486-487): 1. necessidade de a educação desenvolver hábitos, atitudes e comportamentos nos indivíduos, adequa- dos aos novos tempos, cumprindo, portanto, sua função de criar disposições subjetivas adaptativas� 2. ideia de que a educação escolar deve ser uma educação para a vida, ligando-se de forma estrei- taàs necessidades do mercado de trabalho e aos processos de modernização industrial� Destaque-se que a educação, tanto na Escola Nova quanto nas reformas atuais, tende a assumir um caráter prag- mático e funcional� A concepção de currículo escolar sempre tem pro- vocado calorosos debates nas instâncias políticas� A justiça se faz quando a prática curricular escolar promove o desenvolvimento integral do educando e as habilidades necessárias para a atuação conscien- te da realidade para que o mesmo ajude a promover a superação das desigualdades sociais� O Artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos� São dotados de razão e consci- ência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade” 17 Highlight Nesta perspectiva, o currículo não pode ser pensando fora de uma relação de poder� Visto que a cultura e o conhecimento presentes na sociedade são resul- tantes da criação humana� Conhecimento e cultura acompanham a evolução da sociedade e acontecem sempre num contexto de relações de negociações, conflitos e de poder (SILVA, 2016). O espaço social é composto por diferentes estruturas sociais, multi- culturalismo, múltiplas formas de valores, crenças, gêneros, etnias, diferentes visões de realidade e vá- rias formações etárias� Neste sentido o currículo deve ser visto como um território de possibilidades, essencialmente dinâmico pensando o que se pre- tende ensinar, a finalidade da educação ofertada, metodologias utilizadas e qual o perfil do egresso que a escola pretende formar� O ato de incluir ou excluir determinados conhecimen- tos no currículo estamos definindo a formação que queremos proporcionar para os nossos educandos� Neste sentido Silva (2016, 150) afirma que: “O currí- culo tem significados que vão muito além daqueles aos quais as teorias tradicionais nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território� O currículo é relação de poder. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no currículo é texto, discurso, documento� O currículo é documento de identidade”� Sacristán (2013,23), nesta linha de pensamento as- severa: “Todo currículo se insere num determinado equilíbrio de divisão de poderes de decisão e deter- minação de seus conteúdos e suas formas�” 18 Enfim, a proposta curricular não deixa de ser uma dis- cussão política� Quando um currículo busca justiça social, práticas de direitos humanos, metodologias voltadas para o desenvolvimento pleno, respeitando os princípios éticos, há sempre uma disputa de forças e interesses presentes no espaço de convivência social� FIQUE ATENTO Nessa perspectiva, as formulações colocadas ex- pressam de que maneira as demandas por com- petências no âmbito do trabalho têm incorporado os princípios da Escola Nova, sobretudo a máxima “aprender a aprender”, orientada ao enfoque para os processos de aprendizagem e para a responsa- bilização individualizada do sujeito que aprende� Marcos Históricos da Base Nacional Comum Curricular Neste tópico, apresentamos os principais aspectos históricos do delineamento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que preestabelece os parâmetros de competências e habilidades que os alunos devem desenvolver ao longo dos processos de ensino-apren- dizado, desde os elementos reguladores e orientadores presentes na Constituição Federal de 1988, ao período de homologação em 2017, pelo Ministério da Educação� 19 2013 1996 2014 Implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/9394) BNCC entra no PNE Diretrizes curriculares nacionais de 1997 a 2013 1988 Constituição Federal de 1988 2017 2016 CONSED e UNDIME disponibilizam a segunda versão a todo o país BNCC é homologada em 2017 2015 Primeira versão vai para a consulta pública ● Constituição Federal de 1988: o artigo 210 da Constituição Federal propõe a criação de uma Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental, de modo a garantir uma formação básica comum, bem como o respeito às crenças e aos valores culturais e artísticos, regionais e nacional (BRASIL, 1988). 20 SAIBA MAIS No artigo 210 da Constituição, seção da educa- ção, consta que foram previstos os conteúdos mínimos para o ensino fundamental: 1� O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental� 2� O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunida- des indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem� Saiba mais sobre esses dois itens, acessando: https://www.senado.leg.br/atividade/const/ con1988/con1988_15.12.2016/art_210_.asp ● Implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/9394): em seu artigo 26, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece a adoção de uma Base Nacional Comum Curricular para a educação básica nacional (BRASIL, 1996)� ● Diretrizes curriculares nacionais de 1997 a 2013: as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2013) reiteram, em seu artigo 14, uma Base Nacional Comum Curricular para toda a educação básica e a define como “conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas públicas”� A partir dessas Diretrizes, foram elabo- rados os Parâmetros Curriculares Nacionais, com referências para cada disciplina� 21 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_210_.asp https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/art_210_.asp SAIBA MAIS Saiba mais sobre: Resolução CNE/CEB Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica: Crmariocovas.sp.gov Parâmetros Curriculares Nacionais 1ª a 4ª Séries: Portal MEC� Parâmetros Curriculares Nacionais 5ª a 8ª Séries: Portal MEC Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM): Portal MEC� ● 2014 BNCC entra no PNE: Plano Nacional de Educação define a BNCC como estratégia para al- cançar as metas 1, 2, 3 e 7� ● 2015: Primeira versão vai para a consulta pública: em junho, primeira redação; em julho, construção em foco; em setembro, é publicada a primeira versão� ● 2016: CONSED e UNDIME disponibilizam a se- gunda versão a todo o país: em março, período em que é finalizado a consulta pública; em abril e maio, contribuições são incorporadas e sistematizadas, em seguida, divulga-se a segunda versão� A consul- ta online da primeira versão é encerrada com mais de 12 milhões de contribuições da sociedade civil, professores, escolas, organizações do terceiro setor e entidades cientificas. 22 http://www.crmariocovas.sp.gov.br/Downloads/ccs/concurso_2013/PDFs/resol_federal_04_14.pdf http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12640:parametros-%20%20%20%20%20%20%20curriculares-nacionais-1o-a-4o-series http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series http://portal.mec.gov.br/conaes-comissao-nacional-de-avaliacao-da-educacao-superior/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12598-publicacoes-sp-265002211 ● BNCC é homologada em 2017: em abril, é divulga- da a terceira versão; de junho a setembro, ocorrem as audiências no CNE; em agosto, há preparação das redes MEC e a entrega ao CNE da terceira versão da BNCC, com as partes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental� A base é entregue ao Conselho Nacional de Educação (Consed)� Sobre a relação brincar, escolarização e currículo, Brougère (2004) parte do pressuposto de que o brincar se caracteriza em uma construção social que expressa uma dimensão educativa, ao permitir que as crianças atribuam sentido às suas múltiplas formas de ser, pensar e agir no mundo, sendo um indicativo de que elas incorporam e produzem cultura nas relações sociais estabelecidas com os adultos e seuspares� Ao nos apoiarmos nessa perspectiva, para que as brincadeiras se configurem em um trabalho pedagó- gico comprometido com a apreensão das riquezas produzidas pela humanidade, G� Brougère defende a tese de que é necessário que as situações do brincar sejam previamente construídas e organizadas com essa intencionalidade� Para isso, sugere-se a antecipação das possibilida- des do uso dos recursos lúdicos, sendo importante que educadores tomem em consideração o poten- cial dessas ações no processo de ampliação dos processos simbólicos, ao valorizar a dimensão cria- tiva do desenvolvimento humano, a capacidade de 23 expressão humana, os processos de socialização e apropriação de conhecimento� Assim, amparam a compreensão de criança com ser que autônomo, produtor competente de saberes sociais e de culturas, com vistas a superar a natura- lização de concepções e práticas que envolvam os processos de invisibilidade social, cultural, política, cí- vica e científica voltados a essa categoria geracional. Podcast 2 FIQUE ATENTO Aparecido da Silva é secretário de educação em um município paulista e está colocando em ação a nova proposta curricular em sua cidade, seguin- do os pressupostos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Ele sabe que o desafio de orga- nizar o currículo da cidade é grande, como também sabe que isso é exigido pela legislação vigente� Uma jornalista que também mora no município quer publicar em seu jornal uma reportagem sobre as ações de Aparecido da Silva, por isso, indaga sobre quais são os principais pontos da proposta� A jornalista julgou ser importante que a popula- ção saiba o que está ocorrendo na educação das crianças daquela cidade� Aparecido da Silva responde prontamente que o importante foi contar com a decisão coletiva dos docentes do município, que pesquisaram o que 24 https://famonline.instructure.com/files/1109102/download?download_frd=1 Highlight gostariam de registar nesse momento da cons- trução da proposta curricular� Conta também que, além das áreas de conhecimento e das habilidades propostas na Base, estão acrescentando compe- tências em conformidade com a regionalidade� 2020 é o ano em que as propostas curriculares dos municípios devem ser homologadas e colocadas em prática em todos os municípios do Brasil� Essa mudança almeja uma melhor sistematização dos saberes escolares� Por isso, é fundamental que os moradores e os trabalhadores da educação estejam atentos� 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das discussões efetivadas, pudemos conhe- cer mais sobre o movimento da Escola Nova e o Manifesto que foi importantíssimo para os rumos do Brasil� Em seguida, sem perder o conceito principal, aprofundamos os saberes sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o caminho que precedeu sua existência como marco do currículo no Brasil� 26 Referências Bibliográficas & Consultadas ALIAS, G� Diversidade, currículo escolar e pro- jetos pedagógicos: a nova dinâmica na escola atual� São Paulo: Cengage Learning, 2016 [Minha Biblioteca]� ALMEIDA, S� C� D� Convergências ente currícu- los e tecnologias� Curitiba: InterSaberes, 2019 [Biblioteca Virtual]� ANTUNES, M� A� M� (Org�)� História da Psicologia no Brasil: primeiros ensaios� Rio de Janeiro: UERJ/ Conselho Federal de Psicologia, 2004� APPLE, M� Ideologia e currículo� São Paulo: Brasiliense,1982. 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